21 de junho de 2018

PROGRAMAÇÃO DE FORMAÇÃO POLÍTICA DE JOVENS DA FUNDAÇÃO KONRAD ADENAUER! 

Realizado no Panamá entre 9 e 13 de junho 2018. Relatório de Antônio Mariano, Presidente JDEM Rio de Janeiro.

9 de junho, sábado

“Estratégias de campanha: dificuldades e êxitos na mobilização política na Alemanha” – Johann Waschnewski (Prefeito de Burgel, Turingia)

–  Na cidade natal era responsável por organizar pequenos eventos para arrecadar fundos para atividade partidária.

–  Depois de um tempo, “quero fazer parte do Conselho Municipal e fazer mais”. Perdeu, mas foi eleito na segunda eleição, aos 23 anos. Na eleição seguinte, foi eleito vice prefeito. E prefeito aos 29 anos.

–  O principal é nunca prometer por prometer ou prometer demais, as pessoas tem expectativas e você não pode frustra-las

– Uma mensagem de campanha deve contar com 3 tópicos principais e 10 metas, não mais do que isso. E o melhor meio para transmitir isso é no porta a porta, olho no olho.

– O interesse político da juventude vem caindo. Nos jovens de 16 a 18 anos, quando já é permitido votar, a grande maioria diz “não vou votar, porque não gosto de política”. Solução: buscar fazer clubes dentro dos colégios para despertar o interesse, assim como existem clubes de esportes, por exemplo.

– “Nunca ocultei que era da CDU, mas tampouco foi a minha apresentação nos lugares, na verdade como estudei ciência política, aparecia no início mais como um acadêmico:  mas sempre digam a verdade.”

– O tempo é importante, mas é preciso ter perseverança, para alcançar os objetivos.

– Redes sociais: “aqui nós temos muito mais conhecimento que os mais velhos e temos de saber aproveitar isso”.

– Através dos canais digitais da Prefeitura, se aproximaram dos jovens, nem sempre falando apenas de política e sempre com uma linguagem informal.

– Se quiser estar presente sempre, em todos os eventos, caso falte, isso será notado. Então é preciso saber administrar o tempo e saber quais eventos deve ir e quais não seria vantajoso ir.

– Ser jovem não é motivo para ter medo dos desafios, pelo contrário.

– Formalidades afastam dos eleitores, “eu, por exemplo, sou Prefeito, mas nunca uso gravata, mesmo sabendo que Alemanha é um país muito formal”.

– Na Alemanha, se um jovem perde a eleição, o partido não vai pensar “agora perdeu sua oportunidade”, pelo contrário, continuam apostando, porque sabem que o candidato jovem é o futuro que vai levar a mensagem do partido. Os que se sentem mais ameaçados são os políticos na faixa dos 40-50 anos, mas depois dos 60, os políticos incentivam muito, porque sabem que já estão terminando a carreira. Além do mais, pensam “ele vai defender o que meu neto precisa, então preciso apoiá-lo.”

– Reuniões com multiplicadores não precisa ser sempre sobre política. Podem ser sobre outros temas, ou começar falando sobre futebol, por exemplo, para depois falar de política. E tome a liderança, se estiver em um churrasco, faça você a carne, para que os outros vejam que você tem pró atividade.

– Um grande erro cometido por políticos, quando são eleitos, é esquecer as bases do partido e perder o contato com elas.

– “Meus amigos de futebol detestam política, mas explico mostrando as ações e reações e as implicações no pequeno cotidiano, ajuda a criar consciência.”

– O jovem quando entra no partido, deve parar, escutar, aprender e pensar “é aqui que devo estar? Será que realmente combina comigo?” Caso sim, aí sim participar mais, falar e se posicionar.

– “Eu faço o que devo fazer, por isso não tenho medo da prestação de contas e da transparência, mas a comunicação deve ser sempre clara e fluída, caso contrário a população pode reclamar.”

– Ideal seria fazer uma pesquisa e descobrir quais áreas da cidade pensam o que o partido pensa, para ser mais eficiente na estratégia eleitoral.

– A presença em eventos pequenos é tão importante quanto nos grandes, ali o candidato tem maior interlocução e maior geração de empatia por quem o assiste.

“Partidos políticos e sociedade civil: a experiência da campanha de Sarre – Marc Speicher (Deputado da CDU no Parlamento de Sarre)

– Questão imigratória foi um problema em toda a Alemanha e causou sérias discussões entre CDU e a CSU, principal partido parceiro.

– De uma hora para a outra, a popularidade de Merkel caiu mais de 10%.

– As pesquisas mostravam a CDU muito atrás do SPD.

– No Sarre a maioria política é de esquerda, muito por conta da economia do estado, carvão e aço, que leva o SPD a ganhar popularidade entre os trabalhadores.

– Capacitação dos militantes por meio de um aplicativo de celular.

– Investimento em pesquisa para descobrir em quais regiões do estado a campanha deveria ser feita com mais força.

– Voto já pode ser eletrônico, e ainda por carta em alguns casos, como por exemplo, se a pessoa não puder ir votar no dia oficial da eleição. Pode fazer antecipadamente e durante um período de 6 semanas.

– A partir do ano de 2020, Sarre não pode mais endividar-se e irá cortar os gastos. Objetivo é garantir um crescimento saudável e constante.

– No início da campanha, investimento em eventos pequenos e de nicho. Maiores e públicos, apenas na reta final.

– Boas estratégias de campanha fizeram com que o resultado final fosse totalmente diferente do esperado no início, que era a derrota.

– CDU ganhou as eleições municipais em praticamente todos os municípios de Sarre, perdeu apenas em dois, para SPD.

– Cartas enviadas a nichos, com propostas voltadas para eles, como por exemplo, agências de turismo, dizendo que iriam fomentar mais o turismo no estado.

– Militantes do SPD votavam na CDU, porque queriam continuar no governo, mas liderados e não sendo protagonistas.

– Aplicativo utilizado na campanha serviu para mensurar o trabalho dos militantes, realizar cadastro e também compartilhar resultados.

– Importância de se manter um cadastro atualizado: ao enviar o pedido de voto para as casa das pessoas, centenas responderam “fulano morreu há muitos anos e vocês vem me pedir o voto dele?”

– Juventude da CDU tem mais de 120 mil membros, sendo a maior juventude partidária da Europa. Grande fator disso, é que você pode ser filiado na Juventude, mas não necessariamente ao partido.

– Apesar de Merkel ser a presidente da CDU há 18 anos, a participação feminina continua sendo de apenas 28%, número igual do ano 2000.

– Os partidos populistas nascem a partir da falha dos políticos tradicionais, dos governantes, em atender as demandas da população e isso tem sido um fenômeno mundial.

“Exemplos de mobilização nos países representados” – Soren Soika (KAS)

– Apresentação de situações políticas nos mais diversos países da América Latina.

– Conclusão de que o extremismo político não é exclusivo da nossa crise, mas está presente em todo o continente. Na Colômbia, por exemplo, há quem diga quem um candidato é a implantação do chavismo e o outro é ter apoio dos paramilitares.

– Fruto do descrédito contínuo das instituições.

– “Políticos dizem que é importante participar e renovar, mas na hora de permitir maior participação dentro das estruturas partidárias, impõe todas as barreiras possíveis. É óbvio que os movimentos sociais vão crescer e servir de opção ao partidarismo tradicional.”

– “Não adianta o discurso do político ser um, mas na prática ser outro. Com a velocidade e a capilaridade da informação, o cidadão deixou de acreditar no que o político diz.”

“Red Somos la KAS: propostas para o futuro” – Soren Soika (KAS)

– Mesa redonda com apresentação de propostas de trabalho e de integração para a Rede Somos la KAS, apresentadas pelos participantes.

10 de junho, domingo

“Mobilização através de uma comunicação moderna: a experiência da Província de Buenos Aires” – Federico Suárez (Ministro de Comunicação da Província de Buenos Aires)

– Mudança de paradigma, com o cidadão do século XX convivendo com o cidadão do século XXI e mudança na estrutura de representação (muito mais horizontal do que antes).

– Teoria do novo eleitor: cidadão protagonista, mudança na comunicação, saturação de informações.

– “Da velha política vertical para uma relação horizontal.”

– Comunicar, no século XX, era dar uma mensagem que deveria ser compartilhada. No século XXI é conversar, conversas estas que competem entre si por conta do excesso de informação.

– Atualmente a participação não gera institucionalidade (participação em partidos, por exemplo).

– O objetivo de gerar conversas é captar a atenção para as conversas sociais.

– Coisas da sua intimidade, esquemas disruptivos que chamem a atenção e apelar para mais emoção são construções de uma nova mensagem.

– Quando Macri perdeu o governo de Buenos Aires, foi feito um estudo para identificar potencializar suas qualidades e amenizar seus defeitos. Havia muita rejeição pelo seu passado no mundo empresarial, o que foi mitigado para as eleições de 2007, quando foi eleito.

– “O que fazemos e o que falamos é sempre planificado.”

– Estratégias: temas, conceitos, mensagens e canais de comunicação.

– O que se faz, se comunica e o que se comunica, se faz.

– Valores que nos definem: a sã rebeldia contra a velha política, a capacidade de liderança sem personalismo, dizer a verdade, escutar e humildade.

– Valores da Província de Buenos Aires: 1) Fazer, para a população recuperar a percepção de que o governo pode realizar e concluir as obras e; 2) Estar,

– Ao assumirem o governo da Província de Buenos Aires, a capacidade de investimento era de apenas 3% do orçamento, após mudanças, cortes e boa gestão, aumentou para 8%. Um recorde histórico.

– Se um governo tem mais de três eixos, não vai comunicar nenhum. Os escolhidos pela Província foram inclusão, obras e segurança. Depois incluem-se outros temas debaixo do guarda chuva destes três.

– Três eixos de trabalho da comunicação: a agenda da governadora, a imagem do governo como um todo e não setorizado (a população não diferencia os distintos órgão públicos) e a capilaridade (saber diferenciar a mensagem entre as mais diferentes regiões da Província).

– O banco de dados dos moradores da Província está tão bem tratado e atualizado, que o governo consegue mandar uma mensagem aos moradores de um único quarteirão por todos os meios possíveis (SMS, e-mail, redes sociais, etc.) para avisar, por exemplo, que o asfalto está sendo colocado nas ruas próximas.

– Foco das mensagens devem sempre ter três ideias principais: 1) o que?, 2) para quem? e 3) como?

– Etapas da campanha: direção, estratégia, tática, técnica/produção e resultado. Estratégia é da coordenação de campanha, tática do escalão abaixo e produção ainda mais baixo (base).

– Estamos no começo da mudança de paradigma, então não sabemos como a comunicação política vai evoluir nos próximos anos. O que demorava 70 anos para atingir milhões de pessoas, hoje demora menos de um ano. Então, se continuamos a fazer comunicação pensando no século XX, nunca vamos atingir o eleitor do século XXI.

– O centro da atividade política não é mais o político, mas o cidadão, ele é quem deve ser a sua principal mensagem.

“Estratégias digitais e territórios de comunicação” – Juan Manuel Ricciarelli (assessor de comunicação do PRO, Argentina)

– Tudo o que foi planejado em janeiro, precisa ser mudado.

– Uma equipe de 16 milhões de habitantes.

– As ligações aos cidadãos são estratégias que funcionaram com Macri e o PRO expandiu para outros mandatos.

– Comunicação capilar é atender a realidade local, contar o que está sendo feito em cada município da Província e segmentar a comunicação.

– Segmentação: geográfica (agenda, território, eventos, formadores de opinião) > demográfica (estudos qualitativos) > por interesses (conhecimento dos perfis, interesses, gostos) > um a um (base de dados) > hiper segmentação (individual).

– Os valores e as mensagens devem sempre ser positivos, alegres e transmitir confiança no futuro, no progresso e no esforço que vai ser realizado.

– Em um cenário de incertezas, sem dinheiro e com pouca recepção por parte da população, o ideal, a curto prazo, é investir em redes sociais – barato e massivo – mas além disso, fazer um trabalho de imagem de longo prazo.

– Decisões não são tomadas baseadas em emoções.