23 de fevereiro de 2015

DILMA -EM MARCHA BATIDA- DESINTEGRA O MINISTÉRIO DE RELAÇÕES EXTERIORES!

1. Nas cerimônias de entrega de credenciais no Palácio do Planalto realizada ontem, Marco Aurélio Garcia se colocou sempre à esquerda da Dilma – lugar que deveria ser ocupado pelo Secretário Geral do MIRE. Ele é um funcionário de segundo escalão que deveria ser mantido à distância. Trata-se da primeira desfeita pública ao novo Chanceler, Mauro Vieira, que tudo engoliu sem piar…

2. Não há registro na história diplomática de desfeita política entre países tão grave quanto o gesto de não receber as credenciais de um Embaixador estrangeiro que já se encontrava em palácio para isso. Esse gesto tenderá a apressar o fuzilamento do brasileiro preso e afetar gravemente o relacionamento entre a Indonésia e o Brasil Por sinal, o Embaixador indonésio já foi chamado de volta por seu governo. Ninguém teve coragem de enfrentar a ira da Dilma e ponderar a inconveniência daquele seu gesto impulsivo e brutal.

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“EM POLÍTICA E EM COMUNICAÇÃO, NADA PIOR DO QUE TER DE SE EXPLICAR, DIA E NOITE”!

(Eliane Catanhede – Estado de SP, 22) 1. Com seus executivos trancafiados há meses e perdendo financiamentos, negócios e credibilidade, todas as grandes empreiteiras entraram em desespero. E correram para quem? Até onde se saiba, para o amigão Lula, como revelaram as repórteres Débora Bergamasco e Andreza Matais, do Estado, e para o ministro justamente da Justiça, José Eduardo Cardozo, que não faz outra coisa senão tentar se explicar.

2. Em política e em comunicação, nada pior do que ter de se explicar dia e noite, ainda mais num ambiente hostil. Quando as coisas vão bem para o PT e para o governo, as versões colam. Quando as coisas vão mal na economia, na política e na área ética, tudo muda de figura. Os ouvidos se fecham, a boa vontade escasseia.

3. E há um problema teológico e outro “técnico”: Lula não pode tudo, e o governo inteiro promete o que quiser, fala em reviravolta da Lava Jato, ajuda a criar obstáculos jurídicos, mas é preciso combinar com os adversários. Executivo é Executivo, Judiciário é Judiciário. Sem falar que o juiz Sérgio Moro vestiu uma armadura à prova de pressões.

4. O preço, porém, pode valer a pena. Jogar a poeira, a roubalheira e os bilhões roubados debaixo do tapete, em nome da estabilidade da economia, seria muito mais danoso ao Brasil do que abrir essa caixa-preta para defender o interesse nacional de hoje e do futuro. É um bom começo para a turma política, empresarial e executiva botar as barbas de molho e ir mais devagar com o andor da roubalheira.

5. Concluída a equipe econômica, está confirmado que Joaquim Levy é uma ilha no governo. Além de Nelson Barbosa (Planejamento), também Aldemir Bendini (Petrobrás), Luciano Coutinho (BNDES), Miriam Belchior (CEF) e Alexandre Abreu (BB) são leais súditos do império petista. Se a coisa não aprumar, adivinha quem será o mordomo da história…

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ESTADO ISLÂMICO E BOKO HARAM: SUAS DIFERENÇAS!

(Hussein Kalout – cientista político, professor de relações internacionais e pesquisador da Universidade Harvard – Folha de SP, 22)

1. O Boko Haram surge no seio de uma sociedade tribal, dividida religiosamente e permeada por agudas disfunções sociais e institucionais. Trata-se, pois, de um fenômeno endógeno que emergiu, inicialmente, como seita religiosa separatista no nordeste da Nigéria e logo se consolidou, “vis-à-vis” o vácuo de poder após décadas de conflito.

2. Já o EI foi forjado a partir de um conglomerado de forças exógenas como entidade supranacional de terroristas e, ainda, da fusão de múltiplas nomenclaturas num mesmo composto do terror. Engrossam a esquadra mercenária do EI combatentes árabes, paquistaneses, afegãos, europeus, americanos, latinos, eslavos, caucasianos e, ainda, guerrilheiros tchetchenos com experiência da guerra dos Bálcãs.

3. O EI possui estrutura sofisticada de combatentes e substantivo arsenal de armamentos de curto e médio alcance. Sua estrutura econômica é organizada e conectada a plataformas de apoio direto por parte de Estados da região. Seu objetivo transcende o limiar da política local, e sua operacionalidade é vinculada à dinâmica do poder regional e à agenda de segurança internacional. Diferentemente, o Boko Haram possui estrutura bélica de baixa envergadura e sem “know-how” qualificado para combates de longa duração. Ademais, o principal vetor econômico do grupo africano é estruturado no contrabando, no tráfico de drogas, de armas e de pessoas e em saques. O limiar de operacionalidade do Boko Haram é constrito ao contorno entre Chade, Níger e Camarões e, portanto, não representa risco real à segurança internacional.

4. Quanto ao viés doutrinário religioso, o EI assume sua inspiração na ortodoxia do salafismo wahabita. Já os integrantes do Boko Haram pertencem, majoritariamente, aos grupos étnicos hausa e fulani, cuja escola de jurisprudência islâmica é a sunita maliki, comum no norte e no oeste da África. Das cinco escolas de jurisprudência no mundo islâmico, quatro são sunitas (Hanafi, Malki, Shaf’i e Hanbali) e uma é xiita (Ja’fari).

5. A ausência de centralidade hierárquica no sunismo, por meio de suas quatro escolas de jurisprudência, remete a uma comparação ao organograma de hierarquia do protestantismo. Sua formatação é a de uma estrutura clerical mais horizontal. Por esse viés de distribuição do poder religioso, a jurisprudência do sunismo tem sido usurpada.

6. O Boko Haram e o EI criaram, de forma desvinculada da centralidade oficial do islã sunita, sinecuras de jurisconsultos em leis islâmicas sem a devida formação legal. Sua intenção é mover de forma charlatanesca uma fábrica de “fatwas” para acomodar seus interesses. Ambos deturpam de forma grotesca os princípios do islã.