20 de fevereiro de 2015

POLARIZAÇÃO PSDB-PT ERA FALSA! ABRE-SE UM NOVO CICLO!

1. Por anos –analistas de todos os tipos- insistiam que a política brasileira vivia num sistema bipolar entre PSDB e PT, e um pluripartidarismo de periferia. Uma ilusão de ótica política. O ciclo PSDB-PT foi um ciclo de controle da máquina federal, com lastro num quadro econômico favorável (plano real/boom internacional) e personagens de destaque – FHC e Lula.

2. Na medida em que o quadro internacional se desintegrou e que a crise econômica interna formou seu próprio ciclo que já dura 5 anos e pode avançar mais ainda, que os personagens perderam brilho e que os “sucessores” são opacos, a tal bipolarização se desfez como pó e surgiu aquilo que é a realidade: um sistema pluripartidário pulverizado.

3. A capacidade de aglutinação nesse pluripartidarismo de 28 partidos no parlamento desfez-se: sem líder presidencial em meio à crise contínua, sem flexibilidade fiscal, sem ideias, e no meio de um tsunami moral. Abriram-se as portas para uma nova aglutinação, fora do controle do executivo.

4. Acabou a bipolarização. Nas eleições para presidentes da Câmara e do Senado e escolha das presidências das principais comissões, tanto o PT quanto o PSDB ficaram de fora. O PT por inanição política e o PSDB por acreditar que a votação presidencial em 2014 havia sido para ele. A votação presidencial em 2014 foi de rejeição ao governo do PT e não de afirmação dessa ou daquela alternativa.

5. Abriram-se as portas para um bloco, com forças da base “aliada” e da oposição. Formou-se uma Comissão Especial de Reforma Política, que tem a oportunidade de desenhar um sistema que corresponda a realidade política brasileira e não reforce ou reconstrua essa falsa bipolarização.

6. As teses do PT que lhe dão grande vantagem para manter-se como partido hegemônico estão liminarmente derrotadas. O PSDB imagina que as teses que lhe interessam terão respaldo parlamentar como se fosse alternativas ao PT. Não são, pois reforçam a bipolarização.

7. Abre-se um novo ciclo para a política brasileira. Quem viver, verá!

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1964: JANGO DEPOSTO, DEPUTADO MAZZILLI ASSUMIU A PRESIDÊNCIA E MOBILIZOU CONGRESSO PARA ELEGER CASTELO BRANCO PELO VOTO PARLAMENTAR! DEZ MESES DEPOIS…!

1. (Folha de SP, 19/02/2015) 50 anos depois. Castello Branco veta Mazzilli para disputa da presidência da Câmara.

DO BANCO DE DADOS – O presidente Castello Branco anunciou ontem (18/2) o veto ao deputado Ranieri Mazzilli.

O parlamentar foi escolhido anteontem para ser o representante do PSD na disputa da presidência da Câmara. O governo federal alegou que a candidatura de Mazzilli “serve ao esquema da contrarrevolução”.

O Planalto promoveu ontem mesmo a criação de um bloco capaz de seguir com os ideais do movimento que tomou o poder no país em 1964. Espera-se que essa frente, com 30 parlamentares, reúna 205 nomes no Congresso.

2. DEZ MESES ANTES: FOLHA DE SP. CONGRESSO DECLARA PRESIDÊNCIA VAGA: MAZZILLI ASSUME! VEJA A CAPA.

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PEC DA BENGALA: AS RAZÕES PRINCIPAIS!

(Editorial –trecho- Folha de SP, 19) 1. PEC da Bengala (aposentadoria aos 75 anos). Seu princípio torna-se a cada dia mais relevante para a saúde do sistema previdenciário, e justamente por isso deveria ser expandido para todo o funcionalismo. Em 1960, a expectativa de vida no Brasil era de 52,4 anos; atualmente beira os 75, e calcula-se que chegará a 81 por volta de 2050, quando mais de 15% da população terá ultrapassado os 70 anos (hoje são cerca de 5%). As balizas da seguridade social como um todo, e as da aposentadoria compulsória em particular, precisam acompanhar as tendências demográficas.

2. Possíveis efeitos colaterais, como eventual engessamento da estrutura burocrática, podem ser enfrentados com mecanismos específicos que garantam a renovação dos cargos de direção. De resto, com os avanços da medicina e do bem-estar, não há razão para impedir que pessoas experientes continuem trabalhando no serviço público em idades mais avançadas. A outra opção, de todo modo, continuará disponível a cada um.