25 de abril de 2018

FAKE NEWS: ANTES, AGORA…, E REDES SOCIAIS! 

1. Espalhar mentiras e boatos denegrindo pessoas ou instituições é prática mais velha que a “Sé de Braga”, como repetia e repete um ditado popular. Marat, um agitador da revolução francesa, com seu panfleto Amigo do Povo, espalhava mentiras, boatos e até verdades. E agitava as ruas. 

2. Em Paris do século 18, as fofocas da corte -mentiras e verdades- eram espalhadas por panfletos que circulavam com grande sucesso. A polícia do rei tinha até agentes secretos para identificar e prender os autores. 

3. Antes de Gutenberg, e com altas taxas de analfabetismo, os boatos -mentiras e verdades- eram espalhados oralmente. Assim foi na idade média e antiga. A disputa pelo poder desde sempre, foi acompanhada pelos boatos -mentiras e verdades. Com os aviões, a partir da Primeira Guerra Mundial, os panfletos eram lançados dos aviões com mentiras e verdades. 

4. A revolução iraniana dos aiatolás levou milhões às ruas através de fitas Cassetes. A Arte da Guerra, de Sun Tzu – 500 A.C., ensinava -e ensina- que a comunicação motivando os seus e deprimindo os outros é fundamental. Na eleição brasileira de 2010, milhões de panfletos e e-mails espalhados pelo PT et caterva, divulgavam uma lista de deputados que teria apresentado uma lei para acabar com o 13 salário. Uma mentira deslavada, pois o 13 salário é cláusula pétrea da Constituição. Dezenas de deputados perderam o mandato por isso. 

5. Evidentemente que os meios de comunicação, hoje e desde sempre, nunca ficaram imunes às fake news. Balzac, em seu clássico As Ilusões Perdidas (1836-1843), em função de fake news da época, denuncia o jornalismo, apresentando-o como a mais perversa forma de prostituição intelectual.

6. Então qual a novidade das Fake News e de toda polêmica gerada nos últimos anos, e especialmente com a eleição de Trump? A cada momento histórico, a multiplicação dos boatos -verdades e mentiras- eram multiplicadas em função da tecnologia disponível. O que inclui a capacidade de comunicação oral.

7. O frei Girolamo SAVONAROLA, no final do século 15, “incendiou” Florença, submeteu os Medicis e atordoou o Papa, com seus pregões. O populismo -incluindo o fascismo e o nazismo- sempre recorreu à retórica, a pregação demagógica e mentirosa. 

8. O que ocorre hoje com a internet e as redes sociais é a gigantesca capacidade de multiplicação eletrônica das fake news. Essa é a novidade. Fazendo uma analogia bélica, antes se usava espadas, pistolas, rifles, fuzis, metralhadoras, canhões, mísseis, bombas, etc. As redes sociais são como a bomba atômica, seu impacto atinge milhões de pessoas. A dura reação às armas químicas tem o mesmo sentido.  

9. O uso das redes sociais para propagar mentiras -as fake news- com uma capacidade mínima de filtragem pelos atingidos, e pelo caráter individual da multiplicação delas, traz como novidade não a propagação de mentiras, mas a enorme multiplicação delas com uma capacidade -ainda- mínima de identificação e reação. Essa é a novidade. 

10. Marat acabou na banheira assassinado (ver no Museu de Bruxelas o quadro de Louis David), Savonarola acabou na fogueira, paradoxalmente da mesma forma que os objetos e textos que denunciava, na Fogueira das Vaidades. Mas certamente estes são métodos que não se usam mais, desde a Inquisição. Espera-se.