25 de novembro de 2015

CRISE FINANCEIRA DO ESTADO DO RIO VEM DESDE ANTES DA QUEDA DO PREÇO DO BARRIL DO PETRÓLEO!

A. (Ex-Blog) A.1. O IBGE divulgou os dados do PIB dos Estados entre 2010 e 2013. Os dados que surpreenderam a todos foram os relativos ao PIB do Estado do Rio de Janeiro. Toda a propaganda oficial e o noticiário local e nacional destacavam que o Estado do Rio vivia uma ressureição. Investimentos privados e públicos, parceria íntima entre os governos estadual, federal e municipal, destaque nacional, gestão elogiada, privatizações e terceirizações, agências dando grau de investimento, a volta dos empréstimos internacionais por bancos privados, etc.

A.2. Mas a divulgação pelo IBGE, semana passada, dos dados dos PIBs estaduais entre 2010 e 2013, portanto bem antes da queda dos preços do barril do petróleo que derrubaram em mais de 50% o valor dos royalties transferidos ao Rio, mostrou que a crise econômica do Rio vinha de antes. Nesse período, o PIB do Rio foi o que teve menor crescimento no país: apenas 60% da média nacional. E tomando só o ano de 2013 o PIB do Rio cresceu 40% da média nacional.

A.3. Se o PIB do Rio tivesse crescido com a média nacional, o ICMS seria hoje mais de 6 bilhões maior do que é, aliviando a crise fiscal do Estado na pós-queda dos royalties. A imprensa divulgou (20) os dados novos do IBGE para o Estado do Rio.

B. (Globo, 20) B.1. O Rio de Janeiro foi o estado com menor avanço do PIB entre 2010 e 2013, com 5,7%, segundo os dados das contas regionais do IBGE divulgados, para R$ 626,320 bilhões. A média nacional foi de expansão de 9,1%, para R$ 5,316 trilhões. Considerando apenas o ano de 2013, o PIB fluminense cresceu 1,2%, também abaixo da média nacional, de 3%. Naquele ano, o estado com pior desempenho foi o Espírito Santo, com 0,1%.

B.2.  — O Rio de Janeiro tem uma estrutura produtiva oca e, assim, fica mais vulnerável, dependendo da indústria do petróleo — diz Bruno Sobral. Para o professor da Uerj, os números mostram uma “estagnação” da presença do Rio no cenário nacional: — A economia do Rio de Janeiro aproveitou de forma insatisfatória as potencialidades da economia do petróleo para incentivar sua indústria de transformação.

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QUEDA DAS RECEITAS DO ESTADO DO RIO EM 2015 É DE R$ 11 BILHÕES, SEGUNDO SECRETÁRIO DE FAZENDA!

(Cristina Frias- Folha de SP-23) 1.  A expectativa de queda de receitas do setor de óleo e gás continua a se deteriorar em Estados com forte presença da Petrobras e de outras empresas do segmento. No Rio de Janeiro, a Fazenda estadual estimava no início deste ano, uma queda de mais de 30% nas receitas de royalties e Participações Especiais do Estado em 2015, na ordem de R$ 6 bilhões, em relação a 2014 (R$ 8,7 bilhões). Hoje, a projeção já é de um recuo de 62% em relação ao ano passado -a arrecadação no setor não deve passar dos R$ 5,4 bilhões.

2. O Rio, sede da Petrobras, concentra 80% das operações da companhia e a recente paralisação nas atividades da empresa afetou o Estado. O recuo bem mais acentuado do que o que se esperava anteriormente, se deve, segundo o secretário estadual de Fazenda do Rio de Janeiro, Julio Bueno, à crise no setor e à queda do preço do petróleo, que representa cerca de R$ 3 bilhões.  “O outro fator, mais profundo, é a retração da arrecadação pela falta de crescimento do Rio de Janeiro, que é de aproximadamente R$ 8 bilhões. Então, a perda total da economia do Estado em 2015, por causa da crise do setor de óleo e gás e a queda nos preços do petróleo, está em torno de R$ 11 bilhões”, afirma Bueno.

3. “Houve um tombo brusco em 2014. Como a receita estava crescendo de forma sustentada nos últimos anos, o Estado estava programando receitas e despesas contando com uma continuidade no ritmo de crescimento da arrecadação. Bruscamente, o cenário mudou completamente.”

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RELAÇÃO DÍVIDA/PIB CRESCE E BRASIL VAI PERDER GRAU DE INVESTIMENTO DAS DEMAIS AGÊNCIAS DE RISCO!

(Alexandre Schwartsman – Folha de S. Paulo, 25) 1. A relação dívida-PIB é uma fração na qual o numerador, a dívida, cresce em linha com a taxa de juros, na ausência de um saldo primário. Já o denominador, o PIB, cresce pela combinação do aumento real da atividade e dos preços, este segundo conhecido como inflação.

2. É óbvio que a fração só aumenta se o numerador crescer mais rápido que o denominador, ou seja, se a taxa de juros for maior do que a combinação entre inflação e crescimento real do PIB. Posto de outra forma, na ausência de um saldo primário, a razão dívida-PIB só cresce se a taxa real de juros (isto é, a diferença entre a taxa nominal de juros e a inflação) for maior que o crescimento real do PIB.

3. A evolução da dívida-PIB, portanto, depende da taxa real de juros, conclusão que só escapa a quem não distingue numerador de denominador. Isto dito, vamos aos números.

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VENDAS DE IMÓVEIS NO RIO CAEM 41% EM 5 ANOS!

(Globo, 23) 1. Dez anos. É o quanto o mercado imobiliário residencial do Rio recuou em termos de unidades lançadas neste ano de crise. De janeiro a agosto, foram 4.431, mesmo volume registrado em igual período de 2005, de acordo com dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Em vendas, a marcha a ré chega a 2010, despencando de 9.678 para 5.638 unidades comercializadas, queda de 41% em cinco anos. Os números refletem, ao mesmo tempo, o esforço do mercado para vender e, principalmente, reduzir o gordo estoque de imóveis novos. Nos primeiros oito meses de 2015, bateu 12.515 unidades. Em agosto de 2013, eram 9.471.

2. — É o pior resultado em lançamentos em dez anos. E não há sinal de melhora. É que vivemos, agora, o oposto do que ocorreu nessa década, quando a estabilidade econômica e a maior oferta de crédito, a juros mais acessíveis, para empresas e consumidores impulsionaram o mercado — avalia João Paulo de Matos, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi-RJ).

3. A crise de confiança, continua ele, freou demanda, investimentos e vem fazendo o setor encolher. Matos destaca que o desempenho do mercado imobiliário acompanha o da economia. Em 2010, foram 10.692 unidades lançadas no Rio, mais que o dobro deste ano, de janeiro a agosto. Naquele ano, o PIB do Brasil foi de 7,5%, o maior resultado desde 1986. De lá para cá, a taxa de crescimento econômico vem caindo. A previsão de economistas do mercado financeiro para este ano é de retração de 3,10%, segundo o último Boletim Focus, pesquisa do Banco Central.

4. — O setor está encolhendo, a exemplo de outros no país. Em poucos anos, saltamos da escassez de mão de obra para o corte de empregos — destaca Matos. No estado do Rio, houve retração de 18.533 postos de trabalho na construção civil de janeiro a setembro, segundo o Sinduscon-Rio, entidade fluminense que reúne a indústria do setor. O sindicato destaca, porém, que a perda está abaixo da média do país, pois as obras de mobilidade e revitalização urbana, em consequência da realização dos Jogos 2016 na cidade, mantêm canteiros em atividade. Com isso, o resultado do ano ainda é positivo, com 666 vagas de trabalho.