27 de outubro de 2015

ALGUNS APRENDIZADOS DAS ELEIÇÕES ARGENTINAS! LIDERANÇAS! REDES SOCIAIS!

1. No dia da eleição, em almoço na universidade do trabalho, o ex-presidente da CGT, Rodolfo Daer, após fazer um retrospecto da história do sindicalismo e relações com partidos, citou Peron que, em visita a CGT em 1951, afirmou: “Os sindicatos não são fortes pela quantidade de seus militantes, mas pela qualidade de seus dirigentes”. Se vale para os sindicatos, vale muito mais para os partidos políticos brasileiros, onde lhes falta dirigentes de qualidade.

2. A Argentina desistiu dos partidos na disputa de poder nas eleições. Oficializou as coligações e as legitimou como o instrumento mais apto para democratizar o processo eleitoral. Paradoxalmente, no Brasil, os analistas entendem as coligações como um atraso e querem que sejam proibidas por lei.

3. As redes sociais tiveram destaque nas campanhas. A campanha de Scioli contou com uma assessoria de alta qualificação para as redes sociais, com técnicos profissionais e maior gasto financeiro. Mas organizou esse processo só para a campanha eleitoral. O PRO, de Macri, tem esse trabalho continuo há mais de 2 anos, profissional e financiado. A política através das redes sociais não pode ser confundida com o momentum eleitoral, como o fazem os pré-candidatos no Brasil.

4. A apresentação de Gimenez, responsável pela comunicação através das redes sociais, da campanha de Scioli foi uma aula, mas não produziu os resultados possíveis por ter sido contratado para a campanha. Ele lembrou que, em geral, os políticos e em especial os candidatos não acreditam nas redes sociais para atrair os eleitores. Deveriam entender que na eleição se tenta vender um produto que o eleitor não gosta: 70% dos argentinos não têm interesse.

5. As empresas usam crescentemente o marketing digital. Os partidos não. Esse é um trabalho que deve ser personalizado, até porque há que desenvolver permanentemente tecnologias para tanto.  Gimenez lembrou que Redes Sociais são “específicas”: uso da internet para chegar a grupos específicos: segmentar, recortar, desde o básico (fator geográfico…), até preferências específicas com mensagens específicas. Isso exige pesquisa nas redes para direcionamento. Há que fazer trabalho permanente e orgânico nas redes.

6. Cada pessoa no Facebook, disse, tem entre 200 e 300 amigos. Aqui se identifica temas e preferências. A equipe de Redes deve estar dentro da direção da campanha eleitoral, ao par com a assessoria de comunicação – mídia e publicidade. Internet é a possibilidade de interagir. TV e Rádio são unidirecionais. Internet é como um focus grupo gigante. Por isso, inserções que fazemos várias vezes temos que retirar. Hoje se fica mais tempo na internet que na TV. Deve-se criar alternativas para quem está conectado através de Links. Vídeos têm que atrair nos primeiros 5 segundos ou no máximo 15 segundos.

7. Nenhum dos três coordenadores de campanha dos três principais candidatos (Scioli, Macri e Massa) sequer referiram às redes sociais.

8. Assessor do UNA de Massa sublinhou que campanha pelas redes precisa de financiamento e organização. Tem que atuar e reproduzir o que existe (fatos, ideias, processos) e não sobre o nada, inventado. Não pode ser ficção.  Abaixo de 20 anos não usa TV: só internet e netflix. Só o PRO de Macri tem este trabalho orgânico e permanente.

9. Sobre isso, o presidente da Juventude do PRO, em reunião um tempo atrás em Buenos Aires, disse que fazia parte da equipe de redes sociais de Macri, que a equipe é constante e tem mais de 20 membros só para internet e que muitos são recrutados advindos da Juventude do PRO.

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IBOPE E OS PRESIDENCIÁVEIS! PESQUISA ENTRE 11 e 21 DE OUTUBRO!

1. Os que dizem que não votariam de jeito nenhum em Lula pularam de 33% em maio de 2014 para 55% agora. É a maior rejeição entre todos os nomes testados. Cresceu menos, mas também cresceu a taxa dos que não votariam de jeito nenhum em Aécio (de 42% para 47% em um ano), em Marina (de 31% para surpreendentes 50% em um ano), e em Serra (de 47% para 54% em dois anos). Não há comparativo, mas a rejeição a Alckmin e a Ciro é igualmente alta: 52% para ambos.

2. O crescimento generalizado da rejeição mostra que o desgaste de Lula, embora maior do que o dos demais, não está sendo capitalizado por ninguém. Ao contrário, uma fatia crescente do eleitorado demonstra desprezo por todos os políticos, inclusive por aqueles que, como Marina, pretendem simbolizar renovação. Isso aumenta a incerteza e abre espaço para surpresas em 2018.

3. Apesar de decadente, a taxa de eleitores que dizem que votariam com certeza em Lula ainda é maior do que a de todos os seus rivais: 23% (era 33% em maio de 2014). Em segundo lugar aparece Aécio com 15%, seguido de perto por Marina, com 11%. Serra tem 8%, Alckmin tem 7% e Ciro, 4%.

4. Aécio (42%), Lula (41%) e Marina (39%) empatam tecnicamente em potencial de voto – a soma de eleitores que votariam neles com certeza ou poderiam votar.  Serra e Alckmin têm potencial equivalente: 32% e 30%, respectivamente. Ciro tem 20%.