28 de outubro de 2015

CRISE DE QUATRO LADOS MOSTRA QUE POÇO AINDA NÃO TEM FUNDO!

1. A cada dia a crise brasileira se aprofunda e se torna mais complexa. Uma crise de 4 lados – Política, Econômica, Social e Moral. A crise política se traduz hoje em impasse no Congresso, com a denúncia em relação ao presidente da Câmara. E deve ser agravar muito mais com a introdução de novos nomes de parlamentares em função de delações premiadas adicionais, cruzadas e apoiadas no alcance externo das investigações.

2. Se não bastasse, a investigação sobre o filho de Lula, com busca e apreensão em suas empresas, azedou definitivamente as relações Lula-Dilma que, supostamente, têm dado sustentação ao ministro da justiça, teoricamente responsável pelas ações da Polícia Federal.

3. A crise econômica, além da queda do PIB em 2015 de 2% ou mais, já projeta queda do PIB em 2016 em algo como 1,5%. O crescimento da dívida pública, acelerado pelo aumento do dólar, antecipa a relação Dívida/PIB para o nível de 70%, marcando uma tendência ascendente. A indústria enfrenta a crise mais grave desde sempre. O ajuste fiscal, hoje, na prática e dentro de 2016, se resume a manter os vetos presidenciais em matérias que aumentam despesas e ao repatriamento de recursos.

4. A crise social avança através do desemprego crescente. Dos 5% de 2015, já passa dos 8%, e a curva do desemprego aponta para 10% ou mais no início de 2016. O IBGE, semana passada, divulgou o corte do desemprego entre os jovens entre 18 e 24 anos. Dos 12% com que abriu 2015, hoje se encontra em mais de 18%. E há uma precarização adicional do mercado de trabalho com a queda dos empregos com carteira assina e ampliação da informalidade.

5. A questão moral vem sendo aprofundada através da operação Lava-Jato, com novas delações premiadas. A operação Zelotes abriu um novo leque de delações e denúncias. Quem tinha dúvidas que não havia limitação nas investigações do judiciário, do ministério público e da polícia federal, agora não tem mais. Vale para todos os andares do edifício social.

6. A convergência das 4 crises, com aprofundamento simultâneo delas, está tendo um efeito geométrico na intensidade da crise geral.  A cada dia fica mais claro que há uma necessidade extrema de um acordo político nacional. Imaginar que possa ocorrer com Dilma é ilusão apenas.

7. Se o presidente da Câmara aceitar o pedido de impeachment em função de fatos novos, como pedaladas em 2015, o tema que Dilma imaginava superado retorna com toda a força em função da necessária tramitação através de etapas até chegar ao plenário. Dessa forma, conviver-se-ia com um encalhamento político.

8. Diz a tradição política que, no limite, a crise política se resolve por ela mesma, de uma ou outra forma, com ou sem Dilma. Aguardemos.

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LULA X DILMA: TERCEIRO ROUND!

(Painel – Folha de SP, 28) 1. No encontro com lideranças do MST, no sábado, em São Paulo, o ex-presidente Lula disse que cobraria de sua sucessora que cumpra o compromisso assumido de assentar 120 mil famílias até o final de seu mandato.  Lula disse que o movimento precisa “lutar e pressionar” para que o governo avance e ultrapasse a tímida marca de 12 mil famílias assentadas até agora.

2. Siga o mestre. Nesta terça, portanto três dias depois do encontro, cerca de 1.000 militantes do MST ocuparam a sede do Incra, em Brasília, para cobrar a promessa da presidente Dilma Rousseff.

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PIB DE 2013 SÓ SERÁ ALCANÇADO EM 2019!

(Folha de SP, 28) Recessão prevista para 2015 e 2016 vai reduzir o tamanho da economia brasileira. A recessão brasileira vai ser tão intensa nos próximos anos que o tamanho do PIB do País só vai voltar ao patamar de 2013 em setembro de 2019. O cálculo é do economista da NeoValue Investimentos Alexandre Cabral. De acordo com ele, o tamanho da economia brasileira em 2013 era de R$ 5,513 trilhões, valor que só será alcançado em setembro de 2019. Cabral usa como base as projeções do relatório Focus, do Banco Central, para fazer a sua projeção. Segundo o boletim, os analistas esperam uma recessão de 3,02% para este ano, e de 1,43% em 2016.

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NA ÁREA PORTUÁRIA E NO SAMBÓDROMO, PRÉDIOS LANÇADOS COM GRANDE DESTAQUE “ESTÃO ÀS MOSCAS”!

(Folha de SP, 25) 1. Com obras concluídas há seis meses na região central do Rio, ao lado do Sambódromo, o edifício EcoSapucaí chama atenção pela arquitetura de Oscar Niemeyer, uma fachada de 22 mil metros quadrados de vidros, e pela a absoluta falta de inquilinos. A cinco quilômetros dali, o Port Corporate Tower, primeiro da revitalização da região portuária, foi inaugurado há quase um ano, mas só tem um ocupante: a Tishman Speyer, a proprietária do empreendimento. O edifício custou cerca de R$ 280 milhões. Os projetos fazem parte de uma leva de prédios corporativos -ramo chamado de lajes, em que empresas alugam até andares inteiros- lançados no início desta década, no embalo da revitalização das regiões para a Olimpíada. Os prédios estão às moscas.

2. A zona portuária tem 22,05% de espaços em vacância (vazios), perto da média dos últimos trimestres da área, que antes estava abandonada.  O EcoSapucaí, por exemplo, tem heliponto, sala de reunião, lojas, restaurantes e uma das maiores lajes do mercado (quase 5.000 m²). O aluguel de metro quadrado custa R$ 110 por mês. O preço varia conforme a negociação. Com a dificuldade de atrair inquilinos, o prejuízo, neste caso, fica para o fundo soberano de Cingapura, que comprou o prédio da gestora Hemisfério Sul Investimentos (HSI) no início deste ano.

3. Com o mau momento do mercado, metade dos empreendimentos com previsão de entrega até 2018 na zona portuária deve ser postergada ou cancelada, segundo Thierry Botto, diretor da Cushman & Wakefield no Rio de Janeiro. São cerca de 20 prédios programados. O conjunto de cinco torres do magnata norte-americano Donald Trump seria um candidato a isso. Com valor de venda de até R$ 6 bilhões, as Trump Towers ainda estão em avaliação na prefeitura e podem ou não começar a ser construídas em 2016.