29 de janeiro de 2016

MICROPOLÍTICA E O PODER!

1. A expressão Micropolítica é um desdobramento de uma teoria que ganhou expressão no século XIX: a microssociologia. Microssociologia, cujo maior expoente foi o francês Gabriel Tarde, tinha –e tem- como coluna vertebral a ideia que a opinião pública se forma a partir da opinião dos indivíduos e dos fluxos de suas interações.

2. As escolas estruturalistas –Marx e Durkheim- ganharam hegemonia no século XX (apagando a microssociologia). Foi assim até a ascensão da interação eletrônica que, partindo de um simples correio eletrônico, ganhou projeção e amplitude com as redes sociais. A equipe de comunicação política de Margareth Thatcher foi a primeira, nos tempos recentes, a usar a micropolítica para transformar suas ideias em opinião pública e, assim, atuar eleitoralmente e em governo.

3. O marketing político, como meio de atingir as massas, é a negação da micropolítica. Por isso a equipe de Thatcher ficou isolada no uso desse método no ciclo de hegemonia do marketing político de massas. A explosão das redes sociais impôs ao marketing político outra leitura do indivíduo como ator político e eleitoral, e dessa forma relançou a micropolítica que volta a ser um método hegemônico de formar opinião pública.

4. A economia neoclássica passa a ser um vetor de explicação da dinâmica econômica a partir do século XIX. Foi a expressão do liberalismo renovado. Os cursos de economia passaram a ter dois vetores: a microeconomia e a macroeconomia. No entanto, são vetores teóricos que não se excluem na medida em que o indivíduo na microeconomia é um ser genérico que representa a demanda seus estímulos e desestímulos através dos preços, etc.

5. A versão recente da microeconomia é o empreendedorismo. Nesse sim, o indivíduo tem nome e sobrenome. Nesse sentido, passa a ser um terceiro lado do triângulo: microssociologia, micropolítica e microeconomia. Uma vez fechado este triângulo, as visões socialistas da política, da economia e da comunicação de massas perdem crescentemente a hegemonia que tiveram até bem pouco tempo.

6. As redes sociais são –nesse sentido- um método que sempre que usadas pelos socialistas, pela esquerda, só fazem reforçar a hegemonia metodológica da micropolítica e de seu triângulo constituinte. O marketing político finalmente entendeu que além da tela da TV as pessoas deveriam ser alcançadas cada vez mais pela interação direta, seja ela pessoal, seja ela eletrônica.

7. Essa ultrapassagem do triângulo Micro, sobre o triângulo Macro é recente e seu tempo histórico é mínimo, é como um ponto do tempo. Nesse sentido, a tendência é que os elementos teóricos constitutivos do Micro, o triângulo SPE (sociologia, política e economia) ganhem profundidade e sofisticação e se tornem a cada dia mais e mais hegemônicos, cada dia mais Poder.

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A CRISE FINANCEIRA DO ESTADO DE MINAS GERAIS!

(Monica Bergamo – Folha de SP, 28) 1. O governo de Minas Gerais anunciará em breve o corte de 165 mil vagas do funcionalismo que hoje não estão preenchidas. O número corresponde a 42% do total de trabalhadores ativos na máquina pública, que chega a 391 mil pessoas. Outros 228 mil são aposentados. A administração também anunciará a fusão de 26 órgãos e secretarias estaduais. “Vamos fazer um corte grande”, diz o governador Fernando Pimentel (PT-MG).

2. O governador afirma que as vagas serão fechadas e que, portanto, não serão realizados novos concursos para que elas sejam preenchidas, como demandam sindicatos de várias categorias. Algumas poucas áreas devem ser poupadas, como a de segurança.

3. Pimentel afirma que a medida é necessária para enfrentar a queda de receita causada pela recessão. Em 2015, a previsão de arrecadação estadual era de R$ 81 bilhões. Entraram nos cofres públicos, no entanto, R$ 75 bilhões. Só o ICMS caiu 8%. O Estado gasta 48,7% da receita com folha de pagamento –perto do teto de 49% autorizado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.