29 de outubro de 2020

JUVENTUDES POLÍTICAS: DE MASSAS, DE QUADROS E O PODER DE MULTIPLICAÇÃO! OS JOVENS MARX E ENGELS!

1. A clássica divisão dos partidos políticos de massas e de quadros foi facilitada pela estática das ideologias. O partido de massas -dada a ideologia- priorizava a mobilização e estimulava as lideranças carismáticas.  O partido de quadros -dada a ideologia- priorizava a qualidade intelectual de suas lideranças em todos os níveis.

2. Um ponto que os aproximava era serem partidos que partiam de ideologias dadas e -seus lideres, seus quadros e intelectuais- reforçavam as mesmas ideias com argumentos mais sólidos ou mais mobilizadores.

3. Nos anos 30, as juventudes mobilizavam e eram mobilizadas, tanto pelas ideias de direita quanto de esquerda.

4. No pós-Segunda Guerra, as juventudes partidárias referenciadas mais à direita -talvez por se sentirem vitoriosas-  perderam ou reduziram em muito as suas forças de mobilização. Por outro lado, as juventudes partidárias referenciadas à esquerda pela importância e crescimento da influência da União Soviética e da China, e na America Latina, de Cuba, passaram a ser o pólo quase único de mobilização das juventudes.

5. As rebeliões universitárias de 1968 misturaram o campo ideológico com o comportamental e, de certa maneira, funcionaram como uma fronteira que antecipou a debacle da União Soviética e da hegemonia das suas ideias e, paradoxalmente, marcaram a desmobilização das suas juventudes partidárias.

6. Nos últimos anos, a sensação de que a política tinha perdido seu lastro ideológico foi um vetor de desmobilização. Mas -no Brasil- trouxe uma importante novidade. As juventudes de partidos de esquerda perderam o monopólio e, hoje, se pode afirmar que não o têm mais. Isso tanto ocorre nos movimentos estudantis quanto nos movimentos sociais e religiosos.

7. Mas com uma certa fluidez ideológica, as ideologias deixaram de ser estáticas. Ou seja, estão em movimento.  Nesse sentido, as juventudes de massas não trazem nenhuma renovação e se tornam, simplesmente, correias de transmissão com suas bandeiras, camisetas e mesmo com suas redes sociais.

8. As juventudes de quadros -observada a tradição anterior- de formação de lideranças em base a ideologias estáticas -de esquerda ou de direita- o são da mesma forma.

9. Mas surge um vazio a ser ocupado hoje pela juventude de quadros. Formar jovens intelectuais que possam renovar as ideias e ao falarem para o mundo de amanhã, relançarem a política em novas bases, já que pensam com muito maior independência sem terem incorporado ideias que os tornam estáticos.

10. Isto vale também para as redes sociais. E, sendo assim, voltam a ser inovadoras e por isso mobilizadoras.

11. O filme “O Jovem Karl Marx”, de Raoul Peck,  trata dos jovens Marx e Engels, jovens intelectuais de extração social distinta e no entorno de seus 25 anos, enfrentando a repressão dos regimes autoritários e que ao meio de lideranças e intelectuais consagrados como Proudhon e Bakunin e da mobilização deles e outros, e líderes sindicais, para dar organicidade à Liga dos Justos, rebelam-se e afirmam que sob aquelas ideias -por mais radicais ou românticas que fossem- não se organizaria um movimento operário independente renovador e mobilizador.

12. Que o fundamental era fazer uma revisão profunda daquelas ideias. Finalmente é entregue a eles a responsabilidade de escrever um texto que servisse com orientação e plataforma ao movimento operário. Em 1848 saiu do forno -dos 30 anos de Marx e dos 28 anos de Engels- o Manifesto Comunista, base da Liga Comunista. E desencadeador de um novo movimento politico pelo mundo todo.

13. Não se trata aqui -no filme- de ideologia.  Mas de -tendo como referencia este filme- mostrar que a juventude de quadros num ambiente dinâmico, deve ir muito além das ideias estáticas anteriores. Deve mergulhar fundo no campo de ideias que possa renovar a política e apontar para o futuro e, dessa forma, pela força dessas novas ideias, ser fortemente mobilizador.