Cesar Maia avalia o quadro eleitoral no Rio de Jeneiro em 2014

Ontem, no ex-blog, publiquei uma pesquisa realizada pelo GPP, que foi contratada, ou pelo menos me foi encaminhada pelo Deputado Arolde de Oliveira, do PSD, – uma pesquisa apenas na região metropolitana. Essas pesquisas, quando são em série, mesmo de institutos diferentes, permitem-nos armar o tabuleiro, ou, como os automobilistas preferem, vai se armando o grid de largada.

Fatos novos: temos três fatos novos. O primeiro é a inquestionável liderança da ex-senadora, ex-ministra Marina da Silva, no Rio de Janeiro, embora ela seja candidata a Presidente. O que me permite desdobrar que o candidato que estiver sincronizado com a ex-senadora, provavelmente, vai estar em um patamar de existência. O patamar de existência é aquele entre 5% e 10%, porque é um patamar que permite que a campanha eleitoral produza um multiplicador da sua própria candidatura.

Outro fato novo é a expectativa, cada vez mais concreta, da candidatura do Senador Marcelo Crivella a governador. É um quadro que, para ele, é um quadro muito positivo, porque a eleição vai mostrando que passou de 15% já há chance do candidato chegar no segundo turno. Alguns dizem que o Senador Crivella estaria estimulado, a nível local, a nível nacional, em função da candidatura do ex-governador, atual deputado Garotinho. Certamente, ele sendo candidato, tira votos do Garotinho. Não há dúvida nenhuma. E as pesquisas de hoje já antecipam aquilo que ocorreria se ele fosse candidato a Governador. A candidatura do Senador Lindberg é uma candidatura resolvida.

Até, Sr. Presidente, na semana passada, comentava-se o inverso do que tem se tratado nesses últimos meses. Nos últimos meses falava-se de uma pressão muito grande do extinto Governador Cabral a respeito da saída do Lindberg e da afirmação da candidatura do Vice-Governador Pezão. O que se fala agora é a possibilidade invertida desse processo de desintegração política. Se esse processo tiver continuidade, é provável que o PT proponha o inverso: que o PMDB dê a vice do Lindberg, o que gera uma força de alavancagem muito grande que é dada pelo tempo de televisão. Os dois maiores tempos de televisão são PT e PMDB, mas o PMDB vai forçar isso até onde puder – talvez março/abril do ano que vem – para ver se o Governador ressuscita e para ver se o Pezão consegue um descolamento. Não se sabe a data exata, mas entre o final de dezembro e o carnaval, o Governador Cabral vai renunciar e deixar que o Vice-Governador Pezão se descole e leve o seu nome como Governador buscando algum tipo de alavancagem de eventos, como é o caso da Copa do Mundo, para recuperar um fôlego que nunca teve e agora muito menos. Do Cabral, o que dizem é que o seu filho é um competente quadro da juventude do PMDB. É um quadro bem formado, de qualidade, que seria candidato a Deputado Federal e a sucessor do seu pai, com a extinção do mandato político do Governador Sérgio Cabral.

O Democratas já afirmou várias vezes que terá candidato a governador. Serei eu? Pode ser, mas pode não ser. O Democratas precisa de um candidato que esteja naquele patamar que eu chamei de sensibilidade do eleitor. É um patamar que vai de 5% a 10%, porque nesse patamar, uma campanha bem realizada, uma boa televisão, uma marca durante a campanha com duas ou três propostas fortes elevam a um patamar de 10% a 15%, o que se aproxima daquilo que deve acontecer. Bateu em 15 pontos, a chance de ir para o segundo turno começa a ser efetiva. Vamos supor – o candidato da Senadora Marina Silva. O PSOL terá que ter candidato? Obviamente. Dizem os dirigentes do PSOL que o Deputado Marcelo Freixo quer se resguardar para a candidatura a prefeito. Não importa: se for outro nome, o Vereador Paulo Pinheiro, no tema Saúde, que é um tema em que ele é muito forte, qualquer um vai estar no patamar da sensibilidade eleitoral entre 5% e 10%. Então, vamos lá: Lindberg, Crivella, Garotinho, Pezão, Marina, PSOL, Democratas. Num quadro como esse, é impossível que qualquer candidato atravesse o rubicão dos 25%. Vão estar todos no jogo e, mais ainda, todos entusiasmados porque todos poderão chegar ao 2º turno. Vamos dizer que um candidato tenha 6, 7%. Para 15% quanto falta? Faltam 7, 8, 9 pontos.

Então, entusiasma-se independentemente do patamar em que esteja. Porém, há um fato novo, o terceiro. Falei em dois, a força da Marina e a candidatura provável, forte do Senador Marcelo Crivella. Mas há um terceiro que surge dos movimentos sociais e que através pesquisas telefônicas, principalmente, que são muito rápidas de serem feitas e mostram crescendo, no eleitorado do Rio de Janeiro, um voto conservador. É um contraponto, é natural! Em política é assim, se você tem um lado que se intensifica, haverá uma intensificação do lado contrário. Então, vai-se ter, do ponto de vista de vetores políticos, não estou falando de nomes, vai se ter aí uns cinco vetores políticos com a chegada do voto conservador. Não tenham dúvida de que o voto conservador progride.

Imagino, por exemplo, que o Deputado Federal Jair Bolsonaro possa surpreender com uma enorme votação, na próxima eleição, em função desse vetor conservador que surge como um contraponto a uma sensação de movimento solto que acontece na sociedade do Rio de Janeiro. Aumenta a proporção dos votos brancos e nulos da abstenção? É provável! É provável que uma marca da reação contra os desmandos na política, enfim, de tudo isso que gera um grande multiplicador e que isso produza, provavelmente, um movimento pelo voto branco, nulo ou pela abstenção.

Ora, se no ano passado, em 2012, já tivemos sinais que anteciparam os movimentos deste ano, já um crescimento, aqui no Rio de Janeiro, de votos nulos e abstenção, que foi para a casa de 1/3 do eleitorado. 1/3 do eleitorado! Não seria exagero imaginar que esse 1/3, no mínimo, fosse para 35%. Se for somente para 35%! Ora, se são 100% de eleitores, você tira 35%, ficam 65%. A pesquisa é feita sobre o universo do eleitorado. A pesquisa não é feita apenas com votos válidos; ela feita sobre o universo do eleitorado! 65%. Se Lindberg tem 20%, se Crivella e Garotinho têm 15%, 20 mais 30 dá 50% Sobram 15% para o Democratas, para o candidato de Marina, para Pezão. Então, provavelmente, Lindberg não terá 20%, terá 17, 18%. Crivella, quem sabe, 13, 14%. Garotinho, que cai com a entrada de Crivella, poderá ter 12, 13, 14%, não sei.

O que hoje, na análise do partido Democratas, feita em duas reuniões, inclusive numa reunião ontem, da Executiva ampliada do partido, hoje o quadro pode mudar! Esse quadro de hoje não é o quadro de maio, de alguns meses atrás. Esse quadro pode mudar. Mas o quadro de hoje é que os dois que irão para o 2º turno estão entre 15% e 20% dos votos. Portanto num campo em que todos os candidatos, com uma exceção, o Pezão, todos os candidatos serão competitivos, todos. Vai ser uma eleição interessante. Uma eleição que como é do nosso costume, nosso Democratas, antes PFL, nós estaremos acompanhando com pesquisas sistemáticas, que começarão a ser mensais a partir do mês de outubro. E porque o contato que eu mantenho com Deputados, Senadores, com o instituto de pesquisa, o mensal vira quinzenal. Então pode-se ter uma permanente avaliação. Agora, no final do mês de agosto, creio que na última semana, a MDA que tem contrato ou convênio com a Confederação Nacional de Transportes, fará uma pesquisa nacional. MDA é a antiga Sensus, ex-Vox Populi, que mantém o nome, mas é uma dissidência da Vox Populi, que criou o Sensus. O MDA fará uma imensa pesquisa. E nessa pesquisa nacional vai buscar três informações que serão muito preciosas, inclusive para campanha presidencial, que são as eleições a Governador – de São Paulo, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Eu estou ansioso aguardando porque vamos conseguir ter pesquisas quinzenais, em seqüência, para se fazer uma avaliação. Eu não tomo muito, Sr. Presidente, pela porcentagem específica que tem um candidato. Não, eu tomo por uma faixa de votos que ele pode ter em função da presença de outros candidatos, em função do quadro de expectativas que se cria. Acho que vamos ter uma eleição muito interessante, muito interessante. E chamo a atenção mais uma vez para o voto conservador que ressurge como um contraponto das manifestações que hoje, há mais de 30, 45 dias, tem-se multiplicado, e que voltará muito forte no 7 de setembro, no desfile de blocos carnavalescos, Copa do Mundo e eleições de 2014. Esse quadro que, nós dos Democratas, trabalhamos hoje.