Cesar Maia discursa na Tribuna da Câmara Municipal

Cesar Maia tribuna

Essa decisão do Sr. Desembargador do Tribunal de Justiça em relação à greve – não li inteira, só li o que os jornais publicaram, principalmente a versão mais atualizada online dos jornais. Sr. Presidente, fiquei estarrecido com essa decisão. Se a Prefeitura, o Prefeito – ele, em uma ação dessas, entra sem o processo da Procuradoria, vi rubricado com autorização do Prefeito – vai à Justiça para tentar interromper uma greve, se entende. Agora, não é para isso que ele foi à Justiça. Não vi em nenhum site desses de jornais online, em nenhum deles, vi, por exemplo, que ele pedia que não se descontasse ponto dos professores. Não. Teve um objetivo só: o Sepe. Apontou para o Sepe.

Aliás, Sr. Presidente, semana passada, na Assembléia dos Professores, o Sepe pediu para sustar a greve e o Magistério ficar em estado de greve. Por que a decisão é essa, visando liquidar o Sepe? Uma multa de R$200 mil por dia. E vejam, sempre tive minhas diferenças grandes com o Sepe, biologização, politização, mas é um direito do órgão se pronunciar da forma que entenda. Agora, pedir à Justiça que liquide o Sindicato porque é inimaginável que a entidade de classe possa pagar uma multa de R$ 200 mil por dia. Não olhe aquilo que – antes a Prefeitura falava, o Prefeito, sobre o magistério, desconto, enfim, o que fosse – para mim, é uma barbaridade!

Eu não me lembro – já vão alguns anos, podia ser seu pai!-, eu não me lembro de uma ação, na Justiça, ter como objetivo não a greve, mas a liquidação de um sindicato! Como vai pagar R$200.000,00 por dia?!

Srs. Vereadores, um pot pourri: “Nove milhões gastos pela Prefeitura – Secretaria de Educação – com empresas para fazer avaliação dos alunos”. Fiz as contas: vão ser pagas 500 mil horas/aula de professor para fazer a avaliação dos alunos. Não consegui entender uma coisa tão inacreditável!

Transportes: Hoje tivemos aquela interrupção da BRT, com o protesto dos moradores da área de Campo Grande e tivemos ainda o caso dos trens. A Estação de Piedade foi também queimada e está parada até agora. Ontem, na televisão, o Prefeito e o Secretário de Transportes anunciaram que todos os ônibus vão ter GPS e que isso vai permitir controlar os ônibus. Sr. Presidente, todas as frotas privadas de qualquer tipo de veículo, caminhões, táxis, todas elas, têm GPS para o dono, para a empresa controlar os seus veículos. Ora, se a Prefeitura está gastando mesmo que seja um tostão de GPS para ajudar as empresas de ônibus a controlarem os seus ônibus, é uma calamidade! Eles é que têm que controlar os seus ônibus! São os principais interessados em acompanhar a velocidade do percurso, a velocidade média, qual o motorista que está se atrasando ou não, para onde vai, enfim, eles é que devem controlar isso!

Pergunte a qualquer empresa com grande frota de veículos, todos os veículos possuem GPS! Por exemplo, a Polícia Militar! Os veículos têm GPS para que o empresário controle os seus equipamentos! Agora, aparece o Prefeito na televisão dizendo que com isso vão multar as empresas! Pelo amor de Deus, ninguém é idiota! Querem dar dinheiro para os empresários? Ou eles estão pagando?

Hoje, a Presidente do PSOL, que foi acusada pela Deputada Cidinha Campos, várias vezes, e que agora em função de funcionários de gabinete a terem denunciado – a Deputada Cidinha Campos deu um flagrante na sua rival, aquela que ela criticava -, ela pediu demissão da Presidência do PSOL. Eu tenho absoluta certeza que a Deputada cometeu alguma irregularidade, certamente, e ali está comprovado, e parece que ela reconheceu isso hoje, que realmente cometeu irregularidades. Mas nunca que se pudesse, ali, acusá-la de algum comportamento. Penso que isso deve levar todos nós, políticos, principalmente aqueles que sempre usam a tribuna, a retórica, as entrevistas para levantar suspeitas e acusações sobre outros políticos, a terem cuidado: procurem direitinho para ver se se comprova aquela acusação, aquela denúncia, ou se é uma hipótese apenas. Não use com estilo a retórica da hipótese: quem lê, lê como acusação. Tenho certeza de que o PSOL virá aqui hoje e dará seus esclarecimentos, afinal, é uma Deputada, presidente estadual do partido.

Engraçado, a Fifa fazia exigências a que não se podia fugir. Eram inflexíveis. No entanto, as condições de licitação no Maracanã mudaram completamente. Os estádios que precisavam ser demolidos não serão demolidos, e ficou por isso mesmo. Bem, se mudaram as condições, legalmente tem que se fazer nova licitação. Eu li a carta do Flamengo e me lembrei de uma proposta que fiz ao Botafogo, ao Fluminense e ao Flamengo, em relação ao Engenhão, quando se discutia a licitação, que era copiar o modelo de San Siro, modelo de dois clubes, Internacional e Milan. Eles constituem uma empresa, a cada jogo de cada qual toda a renda é deles, e a gestão do estádio, com seus bares, museus, shows, vai para a empresa dos dois, que divide proporcionalmente pelos dois clubes.

Finalmente, essa questão das máscaras. A Justiça decidiu hoje que mascarados têm que se identificar. Não vejo nada demais, qualquer pessoa tem que se identificar. Se eu ando na rua, a pessoa vem… Outro dia, eu estava passando pela Rocinha, estava num carro com o vidro um pouquinho mais escuro, não era escuro, não, mas veio um policial, com fuzil e disse: “Identidade”. Eu, imediatamente, fui tirar. “Ah, Prefeito, pelo amor de Deus, sou seu eleitor.” “Não, agora, não. Agora você vai ter que ver minha identidade. Vote em mim de novo, mas olha a minha identidade.” Eu acho perfeitamente normal. Agora, proibir de usar máscara, eu já não entendo. Como vai ser no Carnaval?

Os blocos não podem usar máscara? O desfile de escola de samba não pode ter ninguém de máscara, ninguém mascarado? Eu acho que é excesso. Não acredito que a Alerj aprove essa medida. Agora, uma vez tendo uma pessoa mascarada, se um policial se aproximar e pedir para mostrar a carteira de identidade, alguns vão dizer que vai haver um volume muito grande de carteira de estudante falsificada. Pode ser, mas o direito da polícia de pedir a identidade é natural, líquido e certo, para mascarados e para não mascarados.