ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA EM RECIFE GERA REAÇÃO NAS REDES!

(María Martín – El País, 30) 1. É a primeira vez que um movimento social organizado, e que utiliza como arma as redes sociais, gritou “basta” contra o modelo de crescimento urbano que prevalece na primeira capital cultural do Brasil, admirada por sua riqueza patrimonial. De um lado do conflito, o movimento social Direitos Urbanos, ativo desde 2012 e insatisfeito com a falta de participação dos cidadãos no debate sobre o desenvolvimento da cidade, atraindo um variado grupo de classe média sem hierarquias que pretende discutir, a partir do zero, o projeto, cuja legalidade é discutida desde que o terreno foi comprado em 2008.

2. No outro canto, um poderoso consórcio imobiliário que detém os macro projetos da cidade e que ajudou financeiramente a campanha eleitoral do governo municipal e estadual, nas mãos do Partido Socialista Brasileiro (PSB) desde 2013.

3. “O planejamento urbano de Recife tem sido feito a partir de megaprojetos”, lamenta Virgínia Pontual, urbanista e professora da Universidade Federal de Pernambuco. “O Novo Recife está em uma lógica onde a iniciativa privada, com o apoio do poder público, faz intervenções através de grandes empreendimentos imobiliários que nunca pensam a cidade como um todo e, menos ainda, em uma perspectiva social.

4. Isso entristece Frederico Faria, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Pernambuco há 11 anos. “Eu gostaria que as pessoas tomassem consciência do valor do nosso patrimônio, que continua a ser a identidade de cada um de nós. Infelizmente, o Brasil não tem esse apego”, lamenta.