Cesar Maia acompanha as eleições no Chile

 

Com o candidato Pinera.

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Leia a análise de Cesar Maia sobre as elieções no Chile:


ELEIÇÕES NO CHILE: PINERA E FREI NO SEGUNDO TURNO! CENTRO/CENTRO-DIREITA CRESCE NO CHILE!

1. O Tribunal Eleitoral informou os resultados para mais de 98% das urnas apuradas: Piñera 44%, Frei 29,6%, Ominami 20,1% e Jorge Arrate 6,2%. Interessante comparar com o quadro político chileno dos anos 50, 60 e 70, antes do golpe. Naquela época -40 a 50 anos atrás-, a direita, liderada por Jorge Alessandri, tinha 1/3 dos votos em média. A Democracia Cristã, da mesma forma. E a esquerda, PS-PC, idem. Em cada eleição as oscilações se davam em torno desta média. Não havia segundo turno.

2. Com os resultados deste domingo se pode dizer que uma parte do eleitorado que se identificava antes com a democracia cristã migrou para Piñera: 11%. Com isso, Frei ficou com 22% dos que votavam historicamente com o PDC e 7,6% dos que votam com a esquerda (PS e PPD) e fazem parte da coligação. Ominami+Jorge Arrate com 26,3% capturaram uma parte importante do eleitorado que historicamente votava com a esquerda ou quase 80% dele. Analistas acham que o voto de Ominami -jovem rebelde- se explica em grande parte como um voto antipolítico ou contra os partidos tradicionais. E que a nova geração -filhos e netos daqueles que votavam no PS+PC antes do golpe- votou nessa eleição numa linha de protesto contra os partidos "tradicionais".

3. Outros entendem que o longo ciclo de transição democrática chileno terminou nessa eleição, e que o voto em Ominami é um sinal disso e que a política chilena cristalizada antes do golpe e reconfirmada depois, chega a seu limite nessa eleição. E que uma derrota de Frei no segundo turno desmontará a Concertación (PDC-PS-PPD).

4. Quanto à expectativa de votos para o segundo turno, as pesquisas de Piñera falam em 30% dos votos de Ominami e que 15% dos eleitores de Arrate (PC) não votam em Frei pela memória negativa de seu pai no período pré-golpe. Os números mostraram que -por enquanto- o uso do assassinato de Frei-pai não produziu efeito eleitoral. É provável que com o amortecimento do Natal e Ano Novo produzam menos ainda. O segundo turno ocorrerá em 17 de janeiro e Piñera parte como favorito. É provável que a abstenção seja maior no segundo turno, outra vez favorecendo a Piñera pela probabilidade, hoje, desse ser um eleitor de Ominami. No discurso de comemoração de seus 20% de votos, Ominami disse que seus eleitores decidiriam como entendessem e que não cabia a ele orientar o voto. O comitê de Piñera vibrou.

5. Se Piñera não tem o carisma próprio dos líderes, pelo menos passa o carisma gerencial. Frei não tem nem um, nem outro. Seu rosto sempre fechado demonstra tensão. No discurso de passagem para o segundo turno, Frei bateu forte em Piñera, dizendo que a presidência da república não poderia concentrar os poderes político, econômico e de mídia, num ataque a condição de grande empresário de Piñera. Esse, por seu turno, disse no discurso da vitória, em palanque armado na frente do hotel onde ficou seu comitê, que se tinha que desencrustrar do Estado essas máquinas partidárias que se apropriaram dele como donas e pela corrupção, atacando a Concertación de Frei. O segundo turno começa quente.