07 de julho de 2015

PT AUTÊNTICO QUER DERRUBAR DILMA OU É POR INGENUIDADE? INGENUIDADE?

1. Após as eleições de 2014, uma avaliação foi consensual: o eleitor havia optado por um Congresso conservador e, em especial, por uma Câmara de Deputados amplamente conservadora. A eleição em primeiro turno de seu presidente –Deputado Eduardo Cunha- foi mostra disso. Foi o deputado, em todo o Brasil, que fez a campanha mais transparente com as teses conservadoras ou, se preferem, em base a valores cristãos sobre a vida, a família e a ordem.

2. Com a posse da presidente Dilma, apareceram como um Tsunami a crise econômica, a crise moral, a crise social e a crise política. A autoridade da presidenta foi sendo diluída e as pesquisas de opinião foram rebaixando seu apoio a um dígito apenas. O Congresso – e em especial a Câmara de Deputados- assumiu a iniciativa e a priorização das leis.

3. O presidente da Câmara –deputado Eduardo Cunha- consolidou uma ampla maioria independente do resultado técnico das votações. Colocou para o plenário decidir várias PECs –projetos de emenda constitucional que exigem maioria de 60%. Venceu em geral e quando perdeu, sua maioria, ainda assim, se mostrou expressiva.

4. Num quadro como este, o conteúdo das medidas em votação precisa ser balanceado com os desdobramentos políticos das mesmas. Marcar posição, votar e perder faz parte do jogo, e da unidade do governo do PT.

5. O problema está quando em nome do conteúdo e em base a tecnicalidade do processamento da votação se constrói um cenário de confronto com a ampla maioria da Câmara e seu presidente. Nas votações da maioridade penal o PT e o governo perderam para uma ampla maioria. Numa 303 votos e em outra 327 votos. O PT e os votos convergentes incluindo os ausentes sequer alcançaram 40% dos votos. Isso numa votação ideologicamente atrativa.

6. Discursos e marcar posição ajudam a imagem dos “autênticos”. Mas há limites. A discussão técnica, sobre se a segunda votação da maioridade penal é válida ou não, ajuda a política de imagem dos “autênticos”, dá espaço na mídia… Mas levar ao STF e contar com pronunciamentos de ministros e ex-ministros para criar um clima de que é possível derrubar a segunda votação é um erro técnico até secundário, mas é um erro político gravíssimo.

7. Com o governo do PT cambaleante, confrontar uma ampla maioria parlamentar é radicalizar a reação contra o PT e dar o tempero que faltava à maioria que acha que Dilma não tem como se sustentar. Mas essa maioria ainda não conta com os 2/3 necessários para o julgamento do afastamento de Dilma. A radicalização dos “autênticos” tentando derrubar a segunda votação será a dose que faltava para a construção da maioria necessária ao início do afastamento de Dilma.

8. Que os “autênticos” pensem a quem estão servindo ao subir nesse palanque que pode desabar com eles.

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ARGENTINA: NA CIDADE DE BUENOS AIRES E NO ESTADO DE CÓRDOBA OPOSIÇÃO VENCE CANDIDATOS DE CRISTINA KIRCHNER!

(El País, 06) 1. Na cidade de Buenos Aires, onde votam 7,8% dos argentinos, o kirchnerista FpV (Frente para a Vitória) logrou 21,8% dos votos para prefeito. Há 4 anos havia chegado em segundo lugar com 27,8%. O PRO –Rodrigues Larreta- do candidato presidencial Macri recebeu 45,5% dos votos, não evitando o segundo turno. A coalizão de centro-esquerda Energía Ciudadã Organizada (ECO), liderada por Martín Lousteau, ex-ministro de Economía do governo de Cristina Kirchner entre 2002 e 2008, atingiu 25,6%. Agrupa Unión Cívica Radical (UCR), de centro, até o Partido Socialista.

2. Tão importante como a cidade de Buenos Aires é o Estado de Córdoba, com 8,4% do eleitorado, onde ganhou o candidato a governador do peronismo opositor, Juan Schiaretti, com 39%, na frente da aliança UCR-PRO, com 32,7%, e do kirchnerismo, com 19,2%.