09 de agosto de 2018

PARTIDÁRIOS E ANTIPARTIDÁRIOS NO BRASIL!

(Cesar Zucco, PHD em Ciência Política – Blog do Ibre, 02/08) 1. A pergunta que fica é como e por que o PT foi o único partido no Brasil a criar uma ligação mais resiliente com eleitores. As explicações óbvias de “aparelhamento” ou “clientelismo” não dão conta do fenômeno, pois o PT cresceu quase que de forma contínua e já era o maior partido em termos de simpatizantes antes de chegar ao poder em 2002, e cresceu novamente depois que deixou o governo.

2. Nós encontramos evidência quantitativa para a tese, já bastante difundida na literatura qualitativa, de que o partido cresceu, ao menos até 2002, acoplando-se a organizações da sociedade civil. Essa estratégia de “mobilizar os organizados”, que não é diferente do que ocorreu na origem dos partidos de massa europeus, permitiu que o PT obtivesse não apenas eleitores, como os demais grandes partidos brasileiros, mas também simpatizantes.

3. É possível que essa estratégia tenha sido relegada para um segundo plano nos anos em que o partido governou o Brasil, seja por decisões estratégicas de seus dirigentes, seja pelas contradições inerentes a ser governo e tentar representar a sociedade civil ao mesmo tempo. É possível também que o arrefecimento da estratégia tenha sido simplesmente fruto da simples escassez de mão de obra, afinal recursos humanos antes dedicados a construir o partido foram dirigidos para a tarefa de governar.

4. Um aspecto importante  é que nem todos os não-partidários são iguais. Há, entre eles, um significativo grupo de eleitores que não simpatiza com nenhum partido, mas que antipatiza com alguma agremiação.

5. De forma análoga ao que encontramos sobre os partidários, os antipartidários de fato não votam em candidatos do partido com o qual antipatizam, e tendem a discordar de posições políticas quando atribuídas a este partido.

6. Uma implicação prática desse resultado é que não é verdade que metade (ou mais) da população brasileira não tem preferências partidárias. Partidários e antipartidários, somados, sempre alcançaram cerca de 60% do eleitorado.