09 de dezembro de 2014

DIREITA-ESQUERDA: POLARIZAÇÃO IDEOLÓGICA PÓS-ELEIÇÃO E VOTAÇÃO DO SUPERÁVIT PRIMÁRIO! PSOL VOTA COM PT! PSDB CAMINHA PARA A DIREITA!

1. A queda do muro de Berlim e a desintegração da URSS trouxeram ao Centro, tanto os partidos de esquerda, como também os partidos de direita. No Brasil, essa dinâmica foi acelerada durante o governo Lula. A esquerda do PT perdeu o comando do partido com o mensalão, o sindicalismo assumiu, e o PT caminhou para o Centro.

2. Esta convergência entre direita e esquerda, no centro, era explicada por politólogos por uma hipotética convergência entre PSDB e PT no governo, diferenciados por nuances. A campanha presidencial de 2010 não alterou esse quadro. De certa forma, a crise financeira mundial de 2008 sim, ao levar o governo Lula para um keynesianismo de consumo, quebrando a lógica dos chamados fundamentos macroeconômicos.

3. O estagflação na segunda metade do governo Dilma trouxe de volta o confronto de ideias entre direita (mercado) e esquerda (estado), acentuado na eleição de 2014. De um lado, Armínio Fraga e de outro Guido Mantega. A cada debate presidencial na TV, essa fissura –esquerda-direita- ficava mais clara. A política econômica e a questão moral vinham como pretextos pela direita e a política social e a intervenção estatal vinham como pretextos pela esquerda.

4. Após a eleição, os fatos e dados sobre a crise fiscal, o caso Petrobras, o câmbio subindo e a bolsa caindo serviram de cenário para que Aécio Neves radicalizasse as críticas ao engodo eleitoral, indo ao extremo de dizer na TV que “perdeu a eleição para uma organização criminosa”. Essa radicalização serviu para radicais de direita pedissem o impeachment da presidente em pequenos grupos em SP.  O PT reagiu dizendo que se armava um esquema golpista. Uma retórica semelhante ao início dos anos 1960 – udenista x janguista.

5. Na passagem para o segundo turno, a afirmação pública de líderes do PSOL, que estariam com Dilma, sinalizou que a esquerda ideológica poderia se reagrupar. Eleita Dilma, ela procura acalmar o mercado com a escolha do ministro da fazenda mas –em nível político- se somou à polarização.

6. As 18 horas de debate em torno do PLN 36 –mudança da LDO- mostraram com transparência, que um novo (antigo) quadro político está se instalando sem qualquer inibição.  Nas três votações básicas nessas 18 horas, o PSOL votou com o PT. Os discursos inflamados da oposição –PSDB e DEM especialmente- as declarações à imprensa, as caras, bocas e gestos, a cada hora mostravam uma oposição caminhando mais à direita.

7. O foco inicial de demonstrar que Dilma mentiu na campanha e Aécio mostrou a realidade foi caminhando para obstruir a aprovação do PLN-36 e –abertamente- abrir um processo contra Dilma por crime de responsabilidade. Isso, que até poderia ser um momento pós-obstrução do PLN, se transformou num argumento pré-votação.

8. A oposição errou ao radicalizar por três razões: vestiu a fantasia da direita, empurrou o PT para a esquerda num momento que seu fisiologismo estava estampado, e empurrou o PMDB em direção ao governo. Essa é uma tradição do PMDB. Sempre que o debate político ganha intensidade ideológica, a –digamos- esquerda do PMDB assume a hegemonia do partido e se desloca politicamente para o entorno da esquerda.

9. É assim –com a volta da polarização esquerda-direita- que a politica –oposição e governo- entra em 2015. Qual será o resultado disso? Para fazer memória de riscos, sugere-se a leitura (20 páginas) de A DESORGANIZAÇÃO DOS ANOS 1970, de Frederico MAZZUCCHELLI. Ver no blog de economia de José Roberto Afonso.

* * *

MOISÉS NAIM (07/12): A ASSOMBROSA REVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO PETRÓLEO!

1. Está em marcha uma revolucionária redistribuição global de renda. Somente nos últimos seis meses, os preços do petróleo caíram cerca de 40%. Isto significa uma transferência equivalente a 2% do tamanho da economia mundial dos produtores aos consumidores a cada ano. Assim, os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) deixarão de receber 316 bilhões de dólares. E a OPEP é apenas 35% do mercado mundial (em 1974 era 50%). Os países da OPEP e outros petro estados como a Rússia irão sofrer uma severa redução em suas rendas, que irá forçá-los a fazer dolorosos ajustes econômicos.

2. Em contrapartida, para os consumidores de petróleo no mundo inteiro preços mais baixos significam uma poupança de mais de um trilhão de dólares. Para os americanos, equivale a um corte de impostos de 110 bilhões por ano. Para a China, cada dólar a menos no preço significa uma economia anual de 2,1 bilhões de dólares. A agricultura mundial também será beneficiada. Um dólar de produção agrícola consome cinco vezes mais energia do que um dólar de produção industrial.

3. As razões para a queda dos preços do petróleo são conhecidas. O consumo de energia diminuiu, porque a economia mundial cresceu pouco e a oferta aumentou dramaticamente graças às novas tecnologias que estão sendo aplicadas, principalmente nos EUA. De 2008 até hoje, os EUA aumentaram a sua produção de petróleo em 80%. Esse crescimento supera sozinho tudo o que é produzido por cada um dos países da OPEP, exceto a Arábia Saudita.

4. O consenso entre os especialistas é que no próximo ano, os preços do petróleo estarão abaixo da média dos últimos três anos. Se isso for verdade, as consequências serão enormes. Entre os países produtores, o choque de preços baixos afetará mais a Venezuela e o Irã. A crise venezuelana pode forçar o governo a limitar seus envios de petróleo subsidiado para os países vizinhos, causando uma grave crise econômica em Cuba e Jamaica, entre outros.  Algo semelhante acontece na Rússia.

* * *

SUPERVIA NÃO ESTÁ CONSEGUINDO COLOCAR R$ 300 MILHÕES EM DEBÊNTURES PARA INVESTIMENTO!

(Estado de SP, 09) Investidores institucionais teriam feito restrições à emissão de R$ 300 milhões em debêntures da SuperVia, concessionária de trens controlada por conglomerado; empresa de saneamento do grupo também adiou rodada de apresentação de projetos. Conforme apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a SuperVia – concessionária de trens metropolitanos do Rio de Janeiro controlada pela Odebrecht TransPort (braço de transporte do grupo) – deve enfrentar dificuldades para vender R$ 300 milhões em debêntures (títulos da dívida). Segundo fontes do mercado, alguns investidores institucionais teriam manifestado restrições à operação.