11 de outubro de 2021

VERDES E LIBERAIS PAVIMENTAM O CAMINHO PARA UM GOVERNO LIDERADO POR SCHOLZ NA ALEMANHA!

(El País, 06) Dez dias depois das eleições alemãs, o social-democrata Olaf Scholz se dirige à chancelaria. Os Verdes e os Liberais do FDP, as duas formações com as quais ele precisa contar para formar um governo, anunciaram na manhã de quarta-feira sua intenção de iniciar negociações com o Partido Social-Democrata (SPD) imediatamente. Nada é definitivo. Mas a partir de quinta-feira começam as negociações que, se não descarrilarem, devem ser concluídas com a formação do primeiro tripartite no governo federal da história do país.

Os primeiros a dizer sim para iniciar as negociações com o SPD foram os Verdes. Os dois líderes do partido, Annalena Baerbock e Robert Habeck, indicaram, em uma coletiva de imprensa, que fariam uma proposta a esse respeito aos liberais. O presidente do FDP, Christian Lindner, esteve presente. Apesar de reconhecer que seu partido tem mais afinidades com os democratas-cristãos da CDU, ele pegou o desafio lançado pelos Verdes e anunciou que nesta quinta-feira terão início as conversações tripartidas: sociais-democratas, verdes e liberais. “Acabo de propor a Scholz, de acordo com os Verdes, que se reúna amanhã para uma discussão entre os três”, disse Lindner.

Nem um nem outro afastam a possibilidade de que as reaproximações terminem sem sucesso e acabem cedendo a chancelaria à União Democrática Cristã (CDU), mas tudo parece voltado para a chamada coalizão de semáforos (pelas cores de cada um partido: vermelho para os sociais-democratas, verde e amarelo para os liberais). “O FDP e os Verdes realizaram consultas intensas e discretas nos últimos dias. Apesar de todas as nossas divergências, nas conversas ficou claro que no centro pode ser formado um governo favorável ao progresso”, acrescentou Lindner, que esclareceu que o que começa quinta-feira não são negociações formais, mas apenas “uma exploração”.

Habeck assinalou que a proposta de conversações exploratórias com o SPD e o FDP não representa uma rejeição total da coalizão que reuniria os dois pequenos partidos sob a liderança dos democratas-cristãos de Armin Laschet. O dirigente dos Verdes explicou que as maiores coincidências de conteúdo, especialmente na política social, são entre o SPD e o FDP.

As eleições de 26 de setembro deixaram um cenário político confuso no país mais populoso da UE e com a economia mais poderosa. O SPD de Scholz venceu por uma vantagem mínima, com 25,7% dos votos, ante 24,1% da CDU e seus aliados bávaros na CSU. Dados os resultados iguais, qualquer um dos partidos tem que obter o apoio de outros para obter a maioria parlamentar. Os Verdes – dispostos a conspirar com uns e com outros, mas mais inclinados a Scholz – obtiveram 14,8%. Os liberais melhoraram ligeiramente seus resultados com 11,5%.

A opção mais provável desde o início foi a coalizão semáforo sob a liderança de Scholz, mas ninguém descarta a chamada coalizão Jamaica 100%: um governo liderado pela CDU com o apoio de Verdes e Liberais. Aritmeticamente, também seria possível reeditar a grande coalizão de democratas-cristãos e social-democratas que governou a Alemanha por 12 dos 16 anos de Angela Merkel à frente da chancelaria. Mas nenhum dos protagonistas quer relançar essa coalizão.

As negociações que estão para começar esbarram nos esforços que vêm sendo feitos na CDU para obter o sim de verdes e liberais para chegar à chancelaria. Baerbock deixou claro que o resultado das negociações agora deve ser traduzido em ação política. Habeck está confiante de que as conversas exploratórias não se arrastam muito. “Não se trata de elaborar um acordo de coalizão detalhado. A questão é estabelecer um consenso político ou não”, disse nesta quarta-feira.