18 de maio de 2016

GOVERNO TEMER: PRIMEIROS MOMENTOS! POSITIVOS!

1. Os primeiros dias do governo Temer mostraram muita habilidade política e muita sorte. A maioria parlamentar não é compulsória, tem que ir sendo testada e construída.

2. Quando Temer deu 30 dias para apresentar propostas sobre a Previdência Social, mostrou que não quer antecipar polêmicas. E, no mesmo sentido, não deu um passo sequer na direção da legislação trabalhista.

3. A própria escolha de seus líderes tinha que ser feita de forma suave na medida em que é necessária maioria parlamentar constitucional -60%- e complementar -50%. Por isso, tem que reconhecer blocos sem desprestigiar outros blocos. Todos devem estar somados para se ter a maioria necessária e sustentável.

4. A dinâmica ministerial tende a obedecer a mesma lógica. Até que os ministros assumam na plenitude as suas pastas, se terá vencido o mesmo mês. E para evitar açodamentos, Temer fez um ou outro enquadramento, como no caso do Ministro da Justiça.

5. Há que se gerir essa carência política. Nesse período, as ações ministeriais devem ser corretivas, especialmente de gastos e ainda não proativas. A votação da lei de identificação do gasto fiscal virá a público com valores, mas internamente terá que ser detalhada com o que se corta.

6. Não haverá mobilidade externa até o impedimento definitivo de Dilma. Nesse sentido, as intempestivas declarações dos presidentes bolivarianos foram um presente caído dos céus. O governo Temer marcou claramente sua linha, apenas reagindo sem necessitar tomar nenhuma iniciativa.

7. A escolha da equipe econômica -coordenada por Meireles- demonstra que toda ela jogará na retranca, priorizando a quantificação da herança recebida, para depois o governo Temer poder ser avaliado corretamente, por comparação.

8. O mês dos Jogos Olímpicos reforçará a carência e aproximará, no tempo, o momento do impedimento definitivo de Dilma. E, de forma convergente, a aceleração da tramitação do impedimento no Senado.

9. Portanto, não poderia ter sido melhor para Temer estes primeiros dias. A opinião pública será construída nesse processo inicial, por informação e por comparação.

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“A BOLHA DA DÍVIDA DA CHINA ESTÁ FICANDO MAIS E MAIS PERIGOSA”!

(Washington Post, 16) 1. Seria como descobrir que o império financeiro de Warren Buffett pode ter sido, muito possivelmente, uma farsa. Isso é o que aconteceu no ano passado, quando o homem mais rico da China – pelo menos no papel – perdeu a metade de sua riqueza em menos de meia hora. Descobriu-se que a sua empresa Hanergy pode ser apenas uma Enron com caracteres chineses: Suas ações só conseguiam subir enquanto estava pegando dinheiro emprestado, e só conseguia empréstimos enquanto suas ações estavam subindo.

2. A questão agora, porém, é o quanto do resto da economia da China tem a síndrome da Hanergy, acobertar problemas com dívidas até não conseguir mais. E a resposta pode ser muito mais do que se quer admitir. Dívidas podem ser uma coisa perigosa, e não é só a Hanergy, mas também a própria China que tem um monte delas. De acordo com a revista The Economist, a dívida total da China passou de 155% do tamanho de sua economia em 2008 para 260% até o final de 2015.

3. E isso, por sua vez, criou três grandes problemas. O primeiro é que a maior parte desse dinheiro foi derramado em apenas alguns setores da economia – em particular, aço, cimento e habitação. O resultado foi um excesso que tem empurrado tanto os preços para baixo que as empresas não podem vender a esses preços. Mas elas também não podem deixar de vender, porque precisam de alguma entrada de fundos para, pelo menos, pagar os juros sobre o que devem. Em uma economia normal, a palavra para este tipo de situação seria “falência”.

4. Mas a China está longe de ser uma economia normal. O governo ainda controla uma série de bancos e empresas, para que possa dizer-lhes quando emprestar, quando pegar emprestado, e quando reestruturar ou rolar a dívida, tudo em nome da estabilidade social, em vez de ganhar dinheiro. Ele também pode subsidiar a eletricidade ou simplesmente dar dinheiro às empresas para mantê-las em negócio. Isso nos leva ao problema número 2. É difícil emprestar tanto dinheiro tão rápido sem que um monte vá para pessoas que não serão capazes de pagar de volta. No caso da China, a consultoria Oxford Economics acha que isso poderia acrescer aos empréstimos inadimplentes em até 14% do PIB.

5. Agora, é verdade que a China foi capaz de crescer a partir de um problema de dívida ainda maior, há 15 anos, mas sua economia desacelerou muito para conseguir novamente. Pequim está tentando que os credores troquem suas dívidas incobráveis por participação acionária ou vendê-las a investidores, mas com certeza parece que o governo vai precisar colocar algum dinheiro também. O maior problema, porém, é que Pequim não fez nada sobre isso. Bem, além de torná-lo pior. Por que se diz isso? Porque cada vez que a economia desacelera, como fez no ano passado, o governo só abre as torneiras de crédito novamente – o que se pode ver pelo fato de que seu mercado imobiliário está parecendo uma bolha novamente. Mas, enquanto isso acrescenta mais dívida do que antes, não adiciona tanto crescimento.

6. A China já tem tanta dívida que um monte dos novos empréstimos só estão sendo usados para pagar os antigos, em vez de financiar novos projetos. A Hanergy não é a China, mas a Hanergy é o que há de errado com a China. Uma dependência excessiva de dinheiro emprestado, a crença de que não há nenhum problema que outro empréstimo não possa adiar, e que você pode sempre colocar outra canção após a música parar.

7. Matéria completa do Washington Post.