18 de novembro de 2013

PERIMETRAL E VASOS COMUNICANTES: O MULTIPLICADOR DA REJEIÇÃO!

1. Ao iniciar a demolição da Perimetral, o prefeito do Rio afirmou que os motoristas buscariam alternativas. Esse processo foi intensificado, chegando no final de semana ao fechamento da Av. Rodrigues Alves. Outra vez, em entrevistas, dirigentes municipais reforçaram a ideia que “os motoristas não só buscariam alternativas, como já estavam fazendo isso”.

2. É verdade. Mas faltou –seja por ignorância, seja para iludir a boa fé das pessoas- dizer que esse encontro de alternativas só amplia o universo dos descontentes. Criado um funil com a derrubada da Perimetral, os motoristas vão buscar alternativas.

3. No início, todos os que usavam aquele corredor se irritam. Com vários encontrando alternativa, aquele corredor passa a fluir melhor. Fluir melhor quer dizer: o tempo gasto atravessando aquele corredor aumenta, mas aumenta menos do que inicialmente, quando do primeiro bloqueio.

4. Os que encontraram alternativas passam a gastar nessas alternativas um tempo maior do que gastavam antes da demolição e bloqueios; e menor do que depois da demolição e bloqueios. Alegria para as autoridades que emplacam na imprensa o sucesso: corredor, agora, X dias depois do início da demolição, está fluindo melhor que no início. Ganham até capa de Jornais e destaque na TV e Rádios. Verdade ou Sofisma?

5. Mas os novos caminhos que vários encontraram –as alternativas-, além de levar mais tempo do que antes da demolição, ainda vão afetar aqueles que não passavam pelo corredor afetado. Ou seja, esses que nada tinham com isso, passam a gastar um tempo maior para atravessar seus caminhos de sempre.

6. São vasos comunicantes do tráfego. São multiplicadores dos descontentes. Se antes –por hipótese- 330 mil pessoas ficariam descontentes, agora –por hipótese- serão 1 milhão de pessoas. O fagueiro prefeito e seu elegante secretário – noviços em matéria de tráfego e trânsito-, campeões da excitação precoce, olham só para o seu foco: o corredor. Em breve saberão que pelo menos 3 vezes mais do que os diretamente incomodados foram afetados.

7. Mais pontos para ruim+péssimo. Menos para regular. Ótimo+bom já está tão baixo que não dá mais para diminuir.

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CHILE: ELEIÇÃO IRÁ PARA O SEGUNDO TURNO! O QUE PODEMOS APRENDER PARA 2014!

1. Bachelet liderou as pesquisas com 60% das intenções de voto e até mais, enquanto a lista de candidatos repetia 2009: três candidatos, sendo 2 das grandes alianças e um tercius –independente- que expressava a antipolítica. Mas quando o processo eleitoral se abriu, eram 9 candidatos e Bachelet veio para o entorno de 45%.

2. Concluída a apuração, ontem, a eleição irá para o segundo turno. Durante a campanha, 4 candidatos se destacaram: Bachelet, que fechou com 46,7%; Matthei, candidata do governo, com 25%; Ominami, independente em 2009 quando obteve 20% que, agora, com seu partido PRO obteve 10,9% (nas pesquisas vinha com um pouco menos de 10%); e Parisi –titular de um popular programa de defesa do consumidor na TV paga e que chegou a 10,1% (nas pesquisas vinha com pouco menos de 15%). Se fosse assim, Bachelet venceria no primeiro turno com quase um ponto de vantagem.

3. Mas surgiram 5 micro-candidatos que tiveram respectivamente 2,78%, 2,33%, 1,26%, 0,57% e 0,19%, somando 7,13% e garantindo o segundo turno.

4. Num mundo globalizado é sempre bom aprender com as eleições em outros países, especialmente aqueles regionalmente mais próximos. O que nos ensinou essa eleição chilena e que pode servir para o Brasil em 2014? a) os micro-candidatos podem garantir o segundo turno numa eleição triangular como a nossa, até aqui; b) a defesa do consumidor é, agora, um discurso eleitoral forte; c) a antipolítica, tendo os temas pós-modernos como referência (redes, meio ambiente, corrupção, cidades…), pode ocupar um espaço maior que 10% do eleitorado, como já ocorreu aqui em 2006 e 2010.

5. A líder estudantil do partido comunista, Camila Vallejo, foi eleita deputada federal no distrito de La Florida com 43% dos votos, longe do segundo. Com ela, outros 3 líderes estudantis foram eleitos: Karol Cariola, também do partido comunista; Giorgio Jackson, da Revolução Democrática (46% dos votos em seu distrito); e Gabriel Boric, da Esquerda Autônoma. A Nova Maioria de Bachelet lhes ofereceu apoio, pois o sistema distrital chileno é de dupla maioria (os dois mais votados). No caso brasileiro, as manifestações de rua ocorreram sem lideranças abertas.

6. Camila presidia a Federação dos Estudantes da Universidad de Chile (FECH). Um mês atrás, seu partido comunista chegou em terceiro lugar. Venceu Melissa Sepúlveda, de 23 anos, do quarto ano de medicina, líder anarquista que defendeu a abstenção, o voto nulo. Sua tese foi bem sucedida. Um sinal do que pode ocorrer a partir das manifestações de rua aqui no Brasil.

7. Estavam inscritos 13 milhões de eleitores. Pela primeira vez as eleições presidenciais e parlamentares chilena se realizaram com o sistema de inscrição automática (carteira de identidade) e voto voluntário. Na eleição municipal recente votaram menos de 50% dos eleitores e, agora, na presidencial um pouco mais de 50%, com uma alta abstenção, no entorno de 48%.

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NOVO SENADO DO CHILE! SÃO 38 SENADORES!

Centro-Direita: UDI 8+RN 8= 16 / Centro/Centro-Esquerda: PS 7+PPD 6+PDC 6 = 19 / 3 independentes, sendo 2 pró-Bachelet e 1 pró-governo.

Embora a candidata do governo a presidente tenha obtido 25% dos votos, seus senadores obtiveram 45% em função do sistema de voto distrital de dupla maioria.

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CHILE: CÂMARA DE 120 DEPUTADOS!

Centro/Centro-Direita: UDI 29 + RN 19 = 48 deputados. / Centro/Centro-Esquerda: DC 22 + PS 17 + PPD 15 = 54 deputados + 6 do Partido Comunista nas listas de Bachelet = 60 deputados. Incluindo os independentes, Bachelet contará com 58% da Câmara e a nova Oposição com 42%.

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“A INCERTEZA HOJE É A POSSIBILIDADE DE O PAÍS SER ENVOLVIDO PELA TEMPESTADE”!

(Trechos da entrevista de Delfim Neto ao Estado de SP, 15) 1. (O que o governo deveria fazer para recuperar a confiança dos agentes econômicos?)  A percepção é muito pior do que a realidade. É preciso reduzir o nível de incerteza. E a grande incerteza hoje é a possibilidade de o País ser envolvido pela tempestade perfeita. … As agências de rating têm dúvidas em relação ao Brasil porque o crescimento do PIB é um pouco menor do que a gente gostaria, não há certeza sobre a evolução da dívida bruta.  Se você maneirar a parte fiscal, vai ajudar a reduzir a taxa de juro real. E com isso desmonta a ameaça de um rebaixamento do Brasil.

2. Quando ocorrer o tapering (redução dos estímulos à economia) nos EUA, para onde irá o câmbio? O câmbio deve dar um overshooting, mas depois se estabiliza.