25 dicas para a campanha eleitoral

1. O fracasso é certo quando se tenta agradar todo mundo. Escolha o seu lado, o seu discurso.
2. O seu adversário de votos é quem pensa como você ou se dirige ao mesmo perfil de eleitor.
3. O seu antagônico é atacado só para lhe dar nitidez.
4. Primeiro o eleitor decide em quem não se deve votar. Ajude.
5. Eleição é como lavoura. Os meios de comunicação irrigam. Mas só o contato direto semeia.
6. Candidato que se explica, perde.
7. Tenha sempre a iniciativa. Jogue com as peças “brancas”.
8. Discuta só o tema que você propôs. O tema proposto pelo adversário deve ser simples ponte para você chegar ao seu.
9. Candidato tem que se comprometer.
10. Em debates perguntar é sempre mais arriscado que responder. Na resposta você fala por último. A pergunta tem que imobilizar o adversário e impedi-lo de mudar de tema.
11. O tema honestidade é visto pelo eleitor de outra forma. O tema certo é CONFIANÇA.
12. A comunicação de campanha tem que mostrar que os valores do candidato são os mesmos do eleitor. Valores e crenças básicas são a base da campanha.
13. A linguagem do marketing político é a do marketing de valores e não do marketing comercial.
14. O eleitor vota racionalmente, embora com pouca informação. Ou seja: relaciona causa e efeito.
15. O centro é o alvo, não é o ponto de partida. Ou seja, se parte desde posições nítidas para se atingir espaços políticos de centro.
16. O voto mistura crenças e conjuntura. Esquecer quaisquer das duas é perder a eleição.
17. Não necessariamente divulgue a agenda. Só a que interessa.
18. As pesquisas mexem com o animus de campanha. E com o financiamento.
19. Não ataque diretamente. Use “ouvi falar”, “dizem”, “soube”, ou na TV locutor ou testemunhais.
20. Os ataques devem ser desconcertantes, surpreendentes. As agressões (gritos e palavras chulas) ofendem o eleitor.
21. Currículo não ganha eleição. O que ganha eleição é capacidade de desenvolver a campanha. É a campanha.
22. O eleitor vota pragmaticamente. Ele já sabe como usar as pesquisas. O voto útil é fundamental e já ocorre no primeiro turno.
23. Não ataque todas as candidaturas no primeiro turno. Você precisará de uma delas, pelo menos, no segundo turno.
24. Referência ao Impeachment de DILMA ajuda o eleitor a te localizar politicamente.
25. As Redes Sociais são muito mais fortes para o NÃO que para o SIM.

29 de julho de 2016

25 DICAS PARA A CAMPANHA ELEITORAL!

1. O fracasso é certo quando se tenta agradar todo mundo. Escolha o seu lado, o seu discurso.
2. O seu adversário de votos é quem pensa como você ou se dirige ao mesmo perfil de eleitor.
3. O seu antagônico é atacado só para lhe dar nitidez.
4. Primeiro o eleitor decide em quem não se deve votar. Ajude.
5. Eleição é como lavoura. Os meios de comunicação irrigam. Mas só o contato direto semeia.
6. Candidato que se explica, perde.
7. Tenha sempre a iniciativa. Jogue com as peças “brancas”.
8. Discuta só o tema que você propôs. O tema proposto pelo adversário deve ser simples ponte para você chegar ao seu.
9. Candidato tem que se comprometer.
10. Em debates perguntar é sempre mais arriscado que responder. Na resposta você fala por último. A pergunta tem que imobilizar o adversário e impedi-lo de mudar de tema.
11. O tema honestidade é visto pelo eleitor de outra forma. O tema certo é CONFIANÇA.
12. A comunicação de campanha tem que mostrar que os valores do candidato são os mesmos do eleitor. Valores e crenças básicas são a base da campanha.
13. A linguagem do marketing político é a do marketing de valores e não do marketing comercial.
14. O eleitor vota racionalmente, embora com pouca informação. Ou seja: relaciona causa e efeito.
15. O centro é o alvo, não é o ponto de partida. Ou seja, se parte desde posições nítidas para se atingir espaços políticos de centro.
16. O voto mistura crenças e conjuntura. Esquecer quaisquer das duas é perder a eleição.
17. Não necessariamente divulgue a agenda. Só a que interessa.
18. As pesquisas mexem com o animus de campanha. E com o financiamento.
19. Não ataque diretamente. Use “ouvi falar”, “dizem”, “soube”, ou na TV locutor ou testemunhais.
20. Os ataques devem ser desconcertantes, surpreendentes. As agressões (gritos e palavras chulas) ofendem o eleitor.
21. Currículo não ganha eleição. O que ganha eleição é capacidade de desenvolver a campanha. É a campanha.
22. O eleitor vota pragmaticamente. Ele já sabe como usar as pesquisas. O voto útil é fundamental e já ocorre no primeiro turno.
23. Não ataque todas as candidaturas no primeiro turno. Você precisará de uma delas, pelo menos, no segundo turno.
24. Referência ao Impeachment de DILMA ajuda o eleitor a te localizar politicamente.
25. As Redes Sociais são muito mais fortes para o NÃO que para o SIM.

* * *

QUEIMADAS BATEM RECORDE E SOBEM 57%!

1. Antes mesmo do auge da temporada seca no País, o foco de incêndios em todo o território em 2016, foi 57% maior do que no mesmo período do ano passado. Com 40.765 focos detectados até anteontem, é a maior taxa desde o início da série histórica, em 1998, segundo levantamento divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O dado foi anunciado em tom de alerta. “Ainda estamos no começo da temporada de queimadas. O que aconteceu até agora é talvez 15% ou 20% de tudo o que ainda vai acontecer”, disse o pesquisador Alberto Setzer, coordenador do monitoramento de queimadas do Inpe.

2. O problema é particularmente grave na Amazônia, que sofre um ressecamento do solo como reflexo de forte El Niño, mas ocorre no País inteiro e não pode ser explicado apenas pelo fenômeno climático. “Em São Paulo até tivemos muita chuva e o Estado teve aumento de 145% até agora em relação ao ano passado. O Rio Grande do Sul registrou aumento de 72%, e a região foi bastante castigada pelas chuvas. Em Brasília aumentou dez vezes o número de queimadas e não está mais seco lá do que em outros anos”, enumera. Ele aponta que unidades de conservação também estão sendo afetadas. Só ontem havia 172 áreas protegidas com algum problema.

27 de julho de 2016

QUANTO O SETOR PÚBLICO GASTOU COM A OLIMPÍADA 2016? E O SETOR PRIVADO? UMA EQUAÇÃO MUITO DIFERENTE DA ANUNCIADA!

1. Quase todos os dias são divulgadas pela imprensa afirmações que nessa Olimpíada a maior parte do gasto correu por parte do setor privado. E essas afirmações são feitas com tamanha convicção como se fossem verdades, inquestionáveis, coreografias em designs nos power points.

2. Não é assim. Existem pelo menos 3 tipos gerais de gasto do setor público cujo desembolso é indireto. O primeiro é quando o setor público transfere patrimônio ao setor privado. O caso mais comum são seus imóveis, em especial o solo urbano de sua propriedade.

3. Por exemplo o caso do Parque Olímpico, cuja concessão de 75% do solo do antigo autódromo foi transferido ao setor privado para a construção de prédios. O gasto público no caso é o valor potencial desse solo. Ou seja, quanto o setor público receberia se vendesse a preços de mercado, incluindo as mudanças urbanísticas autorizadas por lei para estes prédios, ou seja, gabarito e volumetria?

4. No patrimônio do setor público está incluído também a possibilidade de alterar a lei, criar solo através de altura ou volumetria. O solo criado é patrimônio do setor público. É o caso dos 75% da área do Parque Olímpico citada acima. É muito mais.

5. Isso ocorreu em várias regiões da Barra da Tijuca. O próprio -e polêmico- Campo de Golfe foi viabilizado por lei através de mudança de gabaritos em várias áreas da Barra da Tijuca. Outra vez gasto público, criando solo por lei e transferindo ao setor privado.

6. A Vila Olímpica foi outro caso desses. O pagamento -ou compensação- ao setor privado foi feito de duas formas. A primeira foi o pagamento do aluguel por todos os 3.600 apartamentos que compõem a Vila Olímpica. Façam as contas pelo período de bloqueio e uso.

7. Ainda na Vila Olímpica foi aprovada uma lei aumentando em 50% o gabarito dos prédios, passando de 12 andares para 18 andares. Ou seja, um enorme custo através de solo criado. Quanto custará cada apartamento após a desocupação? Um terço desse valor é gasto público. Façam as contas.

8. Finalmente, para não irmos mais longe, o gasto tributário, ou seja, a redução de tributos, a isenção de tributos, a anistia e a remissão de dívidas tributárias para as empresas construtoras e a hotelaria.

9. Esse conjunto constitui um gigantesco gasto público – via criação de solo, via gasto tributário, e via pagamento de serviços.

10. Esse pode ser um interessante dever de férias nas faculdades de arquitetura, de economia e de contabilidade. Garantidamente os 60% decantados, que teriam custado ao setor privado, simplesmente não existem. Todo o gasto realizado pelo setor privado foi compensado por concessões e transferências e mudanças na lei do setor público. Nada mais que isso. Fora disso é conto da carochinha.

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FRANÇA: NOVE MESES PARA AS ELEIÇÕES! TUDO PARECE POSSÍVEL!

1. Quando faltam nove meses para as eleições presidenciais em França, as hipóteses de reeleição de François Hollande parecem cada vez mais reduzidas. O presidente socialista enfrenta o peso de três grandes ataques terroristas em solo francês no espaço de 18 meses, greves e manifestações constantes por causa de reformas económicas altamente contestadas, uma taxa de desemprego estagnada nos 10%, o incumprimento das metas do déficit exigidas a nível europeu, a ameaça dos defensores de um referendo sobre a saída francesa da UE, desarticulação e troca de críticas entre membros do governo, a multiplicação de candidatos ao Eliseu – entre declarados e potenciais. Isto só para citar alguns dos desafios do homem que chegou à presidência de França em maio de 2012.

2. 67% dos franceses não confiam no presidente e no seu governo para lutar contra o terrorismo, revelou uma sondagem Ifop, realizada para o jornal Le Figaro após o ataque que matou 84 pessoas em Nice, na Riviera Francesa, na noite do feriado nacional do 14 de Julho. Enquanto agora apenas 33% dos inquiridos confiam no governo, nos barómetros semelhantes do Ifop, realizados entre janeiro do ano passado e janeiro deste ano, o nível de confiança dos franceses situava-se entre os 49% e os 51%. A queda foi, em seis meses, de 16%. Agora um em cada dois franceses considera que o país está em guerra.

3. Pouco depois de ter começado o fogo-de-artifício no Passeio dos Ingleses, em Nice, um tunisino de 31 anos atropelou mortalmente 84 pessoas e fez mais de 200 feridos. Os acontecimentos levaram a líder do partido Frente Nacional a pedir a demissão de Cazeneuve. “Em qualquer outro país do mundo um ministro com um balanço de mortalidade tão horrendo como o de Cazeneuve – 250 mortos em 18 meses – ter-se-ia demitido”, declarou Marine Le Pen. Até então, a dirigente da extrema-direita francesa andava entretida com o impacto da vitória do Brexit no referendo britânico de 23 de junho, prometendo uma consulta semelhante aos franceses se chegar a presidente nas eleições de 2017.

4. “Tudo o que deveria ter sido feito nestes 18 meses não foi”, disse no domingo à TF1 Sarkozy, que além de ex-presidente é também ex-ministro do Interior de França. “Devíamos ter feito mais, melhor, mais depressa”, disse, por seu lado, à BFMTV Alain Juppé. “Antes [de Nice] havia um reflexo coletivo de apoiar o governo, mas agora a necessidade de culpar alguém destruiu isso”, afirmou à Reuters o analista político Thomas Guenola. A questão é que os franceses parecem fartos. Segundo um inquérito interativo Harris para a revista Marianne, realizado entre 24 e 27 de junho junto de 3796 maiores de 18 anos e divulgado no início deste mês, 82% dos inquiridos não querem Hollande como candidato ao Eliseu, 71% não querem Sarkozy; 63% preferem Juppé a Sarkozy, 62% preferem Macron a Hollande; 38% apoiariam a candidatura de Marine Le Pen, 32% a de François Bayrou e 31% a de Jean-Luc Mélenchon. A nove meses de distância tudo parece possível.

26 de julho de 2016

PREDITORES DO VOTO!

1. Nos últimos meses, o instituto de pesquisas GPP realizou uma série de cruzamentos de pesquisas sobre as prioridades dos CARIOCAS, os problemas que enfrentam e o que esperam do futuro e de novos governos.

2. É claro que a percepção das pessoas está afetada por sua vida, por suas relações, pelas notícias que leem, ouvem e veem, e não só pelas ações dos governos – federal, estadual e municipal.

3. Tradicionalmente, os sociólogos e politólogos entendem estas percepções como predições de voto. Várias vezes o cidadão entende que uma questão é importante para ele, mas não acredita que os governos serão capazes de resolver esse ou aquele problema.

4. Nesse sentido, uma prioridade para o cidadão pode não ser um preditor de voto de escolha dos governantes. No caso, isso se aplica inteiramente à situação atual que vive o carioca.

5. Os menores preditores seriam Segurança, com 1,9; Trânsito, com 1,8; e Geração de Empregos com, 1,1. Com a proximidade da eleição municipal é provável que esses menores preditores estejam relacionados com as responsabilidades de um futuro governo municipal.

6. Quais são os maiores preditores de voto nessa conjuntura? Em primeiro lugar, a “Capacidade e Eficiência Administrativa”, com 22,2; em segundo lugar, as “Obras de Urbanização e Infraestrutura”, com 19,7; e em terceiro lugar “Postos de Saúde e UPAs”, com 9,4. A “Preparação da Cidade para a Olimpíada”, como seria natural, vem em seguida, com 8,1.

7.  Conheça a tabela completa do que seriam os maiores preditores até os menores.

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TAXA SOBRE O PETRÓLEO, CRIADA PELO GOVERNO RJ, INVIABILIZA A EXPLORAÇÃO A PREÇOS ATUAIS!

(Folha de S.Paulo, 25) 1. Taxas criadas pelo governo do Rio podem tornar inviável a exploração de petróleo no Estado se os preços internacionais da mercadoria continuarem nos níveis atuais, de acordo com um estudo feito pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). A questão motiva uma queda de braço entre petroleiras e o governo fluminense. Para o presidente da Petrobras, Pedro Parente, pode inviabilizar o leilão do pré-sal proposto para o ano que vem.

2. Segundo cálculos dos economistas da UFRJ, com a cobrança das novas taxas, criadas no fim de 2015, os campos do pré-sal contratados no modelo de partilha da produção só serão viáveis com petróleo a US$ 114 por barril. Na sexta-feira (22), o petróleo tipo Brent, negociado em Londres, encerrou o pregão cotado a US$ 46,14 por barril.

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EFEITO-BRASIL! URUGUAI: RECESSÃO COM INFLAÇÃO!

(Folha de S.Paulo, 24) 1. Apesar de estar numa situação mais amena que seus companheiros, o Uruguai entrou para o clube dos países da América do Sul que sofrerão neste ano a temida combinação de inflação e falta de crescimento. Estimativas indicam que a economia não avançará em 2016. O governo de Tabaré Vázquez prevê alta de 0,5% no PIB, mas economistas não acreditam na projeção. O Itaú, que estimava expansão de 0,6%, agora fala em zero.

2. A inflação deverá fechar o ano próxima dos 11%, enquanto a meta do banco central era de 3% a 7%. Do lado do PIB, a situação brasileira é um dos fatores que prejudicaram o desempenho uruguaio. Importando anualmente entre 15% e 18% dos bens produzidos pelo Uruguai (sobretudo cereais, lácteos e automóveis), o Brasil é o segundo principal sócio comercial do país. No primeiro semestre deste ano, no entanto, as compras brasileiras do vizinho caíram 16%.

25 de julho de 2016

REINCIDÊNCIA E REDUÇÃO DE CRIMINALIDADE! ENORME ERRO DE MEDIÇÃO NO BRASIL E SUAS GRAVES CONSEQUÊNCIAS! 

1. Dos anos 90 ao início dos anos 2000 ocorreu uma forte redução da criminalidade nos Estados Unidos. As estrelas foram Rudy Giuliani, prefeito de NY, e William Braton, chefe de polícia em Nova York.

2. Três foram as razões destacadas por ambos. Primeiro a tolerância zero, ou polícia de proximidade, que veio exaltada pela teoria -depois livro- das janelas quebradas, ou seja, a desordem urbana e os crimes geram multiplicadores autossustentáveis. Segundo o  acompanhamento direto e diário pelo prefeito em contato com os delegados locais.

3. Em terceiro lugar, a certeza que a proporção de criminosos reincidentes, era de tal ordem, que massificar as prisões e retirar os delinquentes das ruas era fundamental e também explicava a forte redução da criminalidade não só em Nova York como nos EUA.

4. Giuliani e Braton fizeram road shows por centenas de cidades e multiplicaram seus contratos de consultoria. Rio e S. Paulo não ficaram de fora através de contratados por governos e associações empresariais. As ações de ordem urbana -tolerância zero- foram multiplicadas mundo afora e em especial na América Latina.

5. No Estado do Rio, entre outras regiões, aplicou-se de forma contundente a política de tirar das ruas os delinquentes prendê-los e condená-los. Dessa forma, como as taxas de reincidência eram muito altas, a consequência seria uma forte e sustentável redução dos chamados “street crimes”, crimes de rua.

6. E assim foi. A população carcerária do Estado do Rio cresceu exponencialmente. Em 2010 eram 24.470, em 2011 eram 28.053, em 2012 eram 3.1855, em 2013 eram 33.747, em 2014 eram 37.937, em 2015 eram 43.359, e em 2016 são 49.874. Um crescimento de 104% em apenas seis anos.

7. Mas a expectativa que se tinha de queda dos crimes de rua -roubos e furtos especialmente- não ocorreu, muito pelo contrário, tanto no Rio como em S. Paulo. Por quê? O que teria ocorrido?

8. Uma hipótese foi levantada recentemente. A revista PIAUÍ (12/072016) mergulhou nela. A taxa de reincidência divulgada reiteradamente seria essa mesma? “A reincidência atinge mais de 70% dos presos no Brasil”. No dia 24 de junho, o leitor Almir Felitte procurou a Agência Lupa, propondo que essa informação fosse checada.

9. “A Lupa se interessou pelo assunto e foi atrás de dados. Descobriu que, em maio de 2012, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) celebrou um acordo de cooperação técnica com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para que fosse realizada uma pesquisa sobre reincidência criminal. O resultado desse trabalho foi publicado no ano passado e expôs a fragilidade da frase proposta por Felitte para verificação. Um em cada quatro condenados reincide no crime: 24,4%.”

10. “O IPEA foi a campo e conduziu sua própria pesquisa. Estabeleceu que trataria a “reincidência em sua concepção estritamente legal, aplicável apenas aos casos em que há condenações de um indivíduo em diferentes ações penais, ocasionadas por fatos diversos, desde que a diferença entre o cumprimento de uma pena e a determinação de uma nova sentença seja inferior a cinco anos. Assim, a taxa de reincidência, calculada pela média ponderada, é de 24,4%. O número foi divulgado em 2015.”

11. Um enorme erro de mensuração (24% de reincidência e não 70%), que mantido o diagnóstico de causas nos EUA aplicado aqui, é provável que tenha produzido mais delinquentes que redução de delitos. Afinal, a lotação carcerária é 75% maior que a capacidade dos presídios.

COM O DEM, FINALMENTE A TRAMITAÇÃO DO PACOTE CONTRA A CORRUPÇÃO!

(Editorial do Estado de S.Paulo, 24) O pacote de medidas contra a corrupção está travado há mais de um ano na Câmara e agora o novo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anuncia que quer vê-lo aprovado até 9 de dezembro, Dia do Combate à Corrupção. O presidente da Câmara reuniu-se na terça-feira com representantes do Judiciário e do Ministério Público e com um grupo de deputados, entre eles o relator do projeto na comissão especial designada para debater a matéria, Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Com o apoio de todos, Maia garantiu que dará prioridade à tramitação desse pacote de projetos. São dez medidas destinadas a aperfeiçoar, acelerar e tornar mais rigoroso o processo de investigação e julgamento dos casos de corrupção na gestão da coisa pública. É mais uma boa notícia que o renovado comando da Câmara dos Deputados dá ao País.

22 de julho de 2016

QUE TEMAS TERÃO DESTAQUE NA CAMPANHA MUNICIPAL DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO?

1. Uma questão tem intrigado os estrategistas e marqueteiros dos candidatos a prefeito do Rio. Que tema ou temas serão destacados pelas candidaturas? Não é tarefa simples, especialmente numa conjuntura de enorme desgaste dos políticos e crise abissal.

2. A segurança pública, que ficou fora de foco nas 5 últimas eleições municipais, volta com força, seja pelo aumento da criminalidade, seja pelo terror externo que cria uma sensação de insegurança interna, seja pela sensação de insegurança existente.

3. A saúde pública, destacada nas pesquisas pelos eleitores como o maior problema de todos, abre a eleição sem vocalizador. A privatização da saúde pública através das OSs não mudaram esse quadro e a crise estadual na saúde não permite o cidadão diferenciar responsáveis, apesar das tentativas municipais.

4. A educação pública que, em geral, tem interlocutores pela esquerda, não deve ter, pois os problemas do magistério ganham prioridade na comunicação dos candidatos em relação à política educacional.

5. A mobilidade urbana (transportes), apesar dos grandes investimentos realizados, enfrenta uma situação paradoxal. A prioridade dada aos BRTs objetivando a reestruturação do transporte radial de massa, em curto prazo, produziu um enorme desconforto nos passageiros em relação ao transporte porta a porta de ônibus e vans. A linha 4 do metrô será inaugurada parcialmente e só após as eleições poderá servir de fato como alternativa. Ou seja, um imenso investimento sem capitalização eleitoral para este ano.

6. Mais uma vez -vide 2008- a concentração de gastos e atenção exigidos pela Olimpíada produzirá uma sensível queda de qualidade na conservação nas regiões Norte e Oeste, que concentram 75% da população, e que reagirão como ocorreu em 2008 a este desconforto.

7. A capacidade administrativa, que é uma prioridade num momento de crise, não combina com os perfis dos candidatos apresentados. A insegurança do servidor público em relação ao alcance das medidas que estão sendo analisadas nacional e estadualmente vem amplificada com a crise que chegou à previdência municipal.

8. Os valores da família e da vida inevitavelmente terão destaque pelo perfil do candidato que lidera todas as pesquisas, e a força do discurso dos que vêm a seguir dele. As fragilidades de candidatos em relação a esse tema será aproveitada nos debates.

9. A questão social, que em várias eleições anteriores destacava as políticas de inclusão social, nesta eleição traz como carro chefe a taxa de desemprego, especialmente dos mais jovens e a dificuldade de propostas municipais surgirem como alternativa, num momento pós Olimpíada.

10. A corrupção, destaque nacional com a Lava-Jato, pousará na eleição municipal em função dos grandes investimentos e sua qualidade com os exemplos que a imprensa vem sublinhando.

11. Finalmente, uma eleição apresentada como re-reeleição, coloca uma difícil disjuntiva, seja pelo natural “desgaste de material” depois de 8 anos, seja pela referência estadual do mesmo partido, seja pelo declínio de avaliação. Numa eleição com TV 35 dias e sem a concentração de tempo de TV das 2 eleições anteriores e o desvio de foco provocado pela Olimpíada, a tarefa dos estrategistas e marqueteiros será complexa, pelo menos complexa.

* * *

MELANIE TRUMP X MICHELE OBAMA: PLÁGIO OU MARQUETAGEM?

1. O discurso de Melanie Trump relativo a frases de um discurso de Michele Obama de anos antes foi plágio mesmo ou marquetagem? Cópia ou intencional?

2. Inquestionavelmente, a “gafe” colocou Melanie e seu discurso como destaque imediato nos telejornais pelo mundo todo.

3. A imprensa identificar em minutos o plágio de frases sociais normais de primeira-dama em convenção de anos atrás é impossível. E a cobertura foi imediata.

4. Das duas uma. Ou a assessoria de Obama identificou e informou imediatamente, ou a assessoria de Trump fez de propósito e vazou durante ou logo após o discurso.

5. Com isso, conseguiram um destaque para modelo-esposa que, sem isso, teria passado desapercebida. Melanie veio aos telejornais.

6. A gafe permitiu expor sua beleza e se tornar um personagem nesse início de eleição, coisa que não havia acontecido nos meses das primárias.

7. A redatora do discurso pediu demissão no dia seguinte. Como era de se esperar, Trump não aceitou. Talvez tenha recebido até uma gratificação.

21 de julho de 2016

PROIBIÇÃO DE COLIGAÇÕES PARA DEPUTADO FEDERAL É UMA CLÁUSULA DE BARREIRA IMPLÍCITA E DE MUITO MAIOR PROPORÇÃO!

1. Com a eleição do novo Presidente da Câmara de Deputados, reiniciou-se o debate a respeito da reforma política e das medidas iniciais que poderiam ser adotadas. Os dois eixos principais que voltaram a ser levantados foram Cláusula de Barreira e Proibição de Coligação nas Eleições Proporcionais.  

2. A resistência maior é quanto a Cláusula de Barreira que exigiria um Emenda Constitucional na medida que o STF considerou a introdução da mesma por lei, anos atrás, inconstitucional. Fala-se em 2%. A Proibição de Coligação nas Eleições Proporcionais gerou, inicialmente, muito menor resistência, especialmente pelos partidos –ditos- ideológicos.

3. O paradoxal é que a Proibição de Coligação nas Eleições Proporcionais implica numa Cláusula de Barreira implícita e de proporção muito maior na maioria dos Estados, pelo menos quando se aplica às eleições para Deputado Federal.

4. Vejamos por quê. Usando os dados das eleições de 2014 para Deputado Federal por Estado calcula-se o quociente eleitoral, ou seja, o número de eleitores que compareceram às urnas dividido pelo número de vagas para Deputado em cada Estado. Em seguida, se divide este cociente eleitoral pelo número de eleitores que compareceram às urnas.

5. Esta % é uma Cláusula de Barreira Implícita. Vejam a tabela no final para os Estados para Deputado Federal. Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, S. Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, no caso de Proibição de Coligações para Deputado Federal, teriam uma Cláusula de Barreira Implícita, no entorno dos 2% que se propõe.

6. Mas, em vários Estados, a Proibição de Coligações para Deputado Federal cria uma Cláusula de Barreira Implícita de 10% ou mais. E em outros a porcentagem ficaria em valores intermediários entre mais ou menos 2% e mais ou menos 10%.

7. Na prática haveria um forte enxugamento do número de Partidos, reduzindo fortemente a pulverização partidária nos Estados com menores bancadas. O mesmo não aconteceria nos Estados com maiores bancadas.

8. Tabela por Estado. As porcentagens indicam a cláusula de barreira Implícita por Estado com a proibição das coligações proporcionais.

20 de julho de 2016

EXPECTATIVAS ANTECIPAM RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA E DA POLÍTICA!

1. Os atores econômicos e políticos já antecipam a expectativa que têm quanto a recuperação da economia e da política brasileiras. A Bolsa de Valores que em janeiro marcava 38 mil pontos fechou a semana passada em 56 mil pontos, num crescimento de quase 50%. Nas últimas semanas aforam registradas quedas contínuas do dólar em relação ao real. Depois de atingir 10,67% no ano passado, o mercado prevê uma inflação pouco superior a 7% em 2016, o que significará uma melhora no poder de compra dos consumidores.

2. A eleição do deputado Rodrigo Maia para presidente da Câmara de Deputados com 62% dos votos contra 38% de Rosso, superando a maioria absoluta, contrariou os prognósticos que acompanharam essa eleição por toda a semana. Esse é também um indicador de antecipação por parte dos deputados da reversão do desmonte político-parlamentar que tem marcado os últimos 4 meses.

3. No fim de semana o Datafolha divulgou os resultados de sua pesquisa nacional de opinião pública. “Na comparação com fevereiro, antes do início do processo de impeachment da presidente Dilma e da posse do governo interino do presidente Michel Temer, o Índice Datafolha de Confiança (IDC) registrou melhora em cinco dos sete indicadores que compõem o índice geral. No conjunto, o IDC registrou 98 pontos, uma alta de 11 pontos em relação a fevereiro.”

4. “O maior salto, de 34 pontos entre fevereiro e agora, foi em relação à expectativa de avanço da situação econômica do país, que passou de 78 para 112 pontos.  Em relação à perspectiva pessoal dos entrevistados, o aumento foi de 17 pontos, passando de 128 para 145.  Pela metodologia do Datafolha, índices acima de 100 são considerados positivos e abaixo disso, negativos.”

5. 50% dos brasileiros acham que o Brasil será melhor com Michel Temer na presidência até 2018 contra 32% que preferem Dilma. A rejeição a Temer –conceitos Ruim+péssimo-  alcançou 31%, menos da metade dos 65% de Ruim+Péssimo de Dilma antes de ser afastada. Pela primeira vez nos úlitmos meses os que acham que a situação econômica do país –38%- vai melhorar, superam os que acham que vai piorar – 30%.

6. O otimismo quanto à economia, a confiança do consumidor, o crescimento do índice Bovespa e a valorização do real vem diretamente relacionada com a mudança de governo. 58% dos brasileiros querem o impeachment de Dilma e 71% acreditam que Dilma será afastada definitivamente.

7. A reversão das expectativas ocorre sem que medidas concretas e de impacto tenham sido adotadas. A sustentabilidade dessa reversão exige que os fatores subjetivos venham acompanhados de fatores objetivos, vale dizer a aprovação de medidas que reorientem a economia.

8. O fato novo é que as expectativas atuais legitimam e criam a base para que mesmo as medidas –ditas- polêmicas, possam ser aprovadas. As condições estão dadas para a reversão dos quadros econômico e político. Mas só a aprovação de medidas econômicas concretas garantirão a sustentabilidade da tendência ascendente deste quadro.

9. Como a sabedoria política ensina que o Congresso não vota contra as “ruas”, então é questão de dar urgência às medidas necessárias para que elas aproveitem a impulsão da opinião pública e construam um novo quadro econômico e político para o futuro.

* * *

BOVESPA TEM 10ª ALTA COM MELHORA DE AVALIAÇÃO DO BRASIL!

(Estado de S.Paulo, 20) 1. A melhora da percepção sobre o Brasil garantiu ontem a décima alta consecutiva da Bovespa, sequência que não se via desde agosto de 2010. Previsões de crescimento da economia brasileira para 2017 feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Instituto Internacional de Finanças (IIF) ampararam os mercados locais, apesar da instabilidade no exterior trazida pelo recuo do índice de expectativas econômicas da Alemanha em julho ao menor nível desde novembro de 2012, o que frustrou as projeções dos analistas.

2. Na Bovespa, o fluxo estrangeiro vem garantindo o desempenho favorável do índice. Petrobrás foi destaque positivo, apesar da queda do petróleo, enquanto Vale recuou, em linha com o minério de ferro. No fechamento, o Ibovespa marcou 56.698,06 pontos, na máxima do dia, em alta de 0,38%. Na mínima, o índice chegou a cair 0,42%. Os juros futuros terminaram perto dos ajustes da sessão anterior, com viés de queda no trecho curto e de alta na parte longa, depois de uma manhã de correção a partir de preocupações vindas do exterior.

3. As principais taxas de Depósitos Interfinanceiros (DIs) curtos passaram a exibir leve queda a partir do meio da tarde, com montagem de posições na expectativa de alguma sinalização sobre futuros cortes da Selic pelo Copom, que anuncia hoje a decisão de política monetária, após reunião de dois dias. Quanto à decisão do Copom, permaneceu o consenso de estabilidade da taxa básica em 14,25%. O dólar, por sua vez, reduziu a alta frente ao real em meio à espera de fluxo financeiro, após subir mais de 1% na parte inicial da sessão, acompanhando o desempenho externo. No balcão, o dólar à vista fechou a R$ 3,2572 (0,22%), pouco acima da mínima de R$ 3,2547 (0,15%).

19 de julho de 2016

A AMBIÇÃO “ESPERTA” SERÁ ESTIMULADA NAS CIRCUNSTÂNCIAS DAS ELEIÇÕES DE 2016!

1. Em fins de 1995, o ex-ministro do trabalho do presidente João Goulart, João Pinheiro Neto (falecido em 2006), dizia numa conversa política que o grande erro de JK foi não ter candidato à presidente na eleição presidencial de 1960. Lembrava, no Brasil, apenas nas eleições o eleitor se interessa pela política, e que um governante se ocultar no processo eleitoral para sua sucessão é apagar a memória mesmo dos melhores feitos.

2. Uma prática que vem crescendo no país é um governante bem avaliado não participar da eleição de sua sucessão, com candidato de seu partido com expectativa de derrota, de forma a que volte a ser candidato na eleição seguinte sem ter que levar a marca de derrotado na eleição anterior.

3. Um vetor desta prática é um governante em final de mandato olhando para uma eleição subsequente, num quadro de dificuldades para a eleição do candidato de hoje de seu partido, simular sua participação mas na verdade jogar para a derrota de “seu” candidato.

4. Uma versão mais radical disso é quando o governante escolhe um candidato seu para perder e conta com a incapacidade do governante que o sucederá para ser exaltado depois por comparação. E então ser candidato na eleição seguinte.

5. Outra versão disso, essa mais, digamos, esperta, é quando o governante, aspirando um posto de governo mais alto em que seu partido governa hoje em situação de grande desgaste, jogar para perder na eleição atual e já definir um projeto novo.

6. Ou seja, após a eleição perdida para sua sucessão, troca de partido, de forma a que não carregue o desgaste de seu partido na gestão de hoje, do governo que pretende disputar amanhã. Muitas vezes a negociação -discreta- com o partido para o qual se mudará após a atual eleição já ocorre durante esta.

7. Na eleição para prefeito em 2016 isso já está ocorrendo. O desgaste do PT nacionalmente e de outros partidos em gestões estaduais em estados falidos levarão a prefeitos de hoje, com pretensão a governador em 2018, a optar por uma destas alternativas espertas.

8. Na primeira hipótese, o caso JK, a omissão afetou a memória política da opinião pública. JK não contava com isso. E na eleição indireta do general Castelo Branco votou a favor deste como senador.

9. As demais hipóteses citadas acima dependem das circunstâncias. E as circunstâncias de hoje em nível nacional e de vários estados estimularão a omissão, a participação simulada ou a troca de partido a seguir.

* * *

“PRODUTIVIDADE BRASILEIRA É A PIOR DESDE OS ANOS 50”!

(Estado de S.Paulo, 17) 1. O abismo que separa a produtividade brasileira da americana não para de crescer. Enquanto os Estados Unidos conseguem fabricar um produto com apenas um trabalhador, no Brasil, a mesma peça exige quatro pessoas. É a pior relação desde a década de 1950, quando o País vivia os reflexos da industrialização iniciada 20 anos antes. A má notícia é que, com inúmeros gargalos para serem superados e afundado numa das piores crises da história, o País não esboça nenhuma reação para reverter esse quadro no curto e médio prazos.

2. No fim do ano passado, um trabalhador brasileiro era capaz de produzir US$ 29.583 e um americano US$ 118.826, segundo levantamento do Conference Board, compilado pelo pesquisador Fernando Veloso, do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Nas palavras do Nobel de Economia, Paul Krugman, “produtividade não é tudo, mas no longo prazo é quase tudo”. Na prática, ela está diretamente relacionada às riquezas geradas por um país e seu comportamento determina o padrão de vida da sociedade.

3. Até 1980, o Brasil conseguia melhorar a sua produtividade em relação aos concorrentes e diminuir a diferença para os Estados Unidos – hoje considerada a economia mais produtiva do mundo. “Entre as décadas de 1930 e 1970, havia um crescimento fácil da produtividade brasileira por causa do processo de industrialização que levou parte dos trabalhadores rurais para as fábricas – trajetória vivida hoje pela China”, afirma a diretora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Fernanda De Negri. No melhor momento na relação entre os dois países, em 1980, pouco mais de dois trabalhadores brasileiros produziam o mesmo que um americano. A partir daí, no entanto, o cenário mudou e o Brasil foi ficando para trás.         

4. Com a abertura comercial, até houve um ganho da produtividade das empresas brasileiras, mas a um custo muito alto por causa da quebradeira de várias empresas que não estavam preparadas para a concorrência internacional. “Na indústria, por exemplo, houve um ganho de produtividade muito grande até 1997 e a gente atribui parte à abertura. Ela forçou as empresas a produzir melhor, mas também eliminou as mais ineficientes”, diz Regis Bonelli, pesquisador do IBRI/FGV. Atualmente, a economia brasileira enfrenta um cenário perverso. O setor produtivo tem dificuldade para aumentar a sua eficiência porque passou a conviver com problemas que vão da baixa qualificação do trabalhador ao chamando Custo Brasil, que envolve a elevada e complexa carga tributária, excesso de burocracia e má qualidade da infraestrutura – um dos pesadelos das empresas no País. Sem ferrovias suficientes e com as estradas em condições precárias, qualquer eficiência conseguida dentro da fábrica é achatada pelos custos logísticos.

5. A Weg, multinacional presente em 11 países, sabe bem o que isso significa. “Nos Estados Unidos, um caminhão consegue percorrer 400 quilômetros (km) num dia. Aqui, conseguimos só 45 km”, diz o superintendente Administrativo e Financeiro, André Luis Rodrigues. Ele destaca que o descumprimento de prazos acarreta multas à empresa, já que o atraso pode comprometer o andamento de um projeto. Parte desses problemas é resultado do baixo investimento nos últimos anos – no primeiro trimestre de 2016, ficou em 16,9% do PIB (na China, é de quase 50% e na Índia, 33%). “Menos investimentos significa menos produtividade, do trabalho e de capital. Apenas a qualificação da mão de obra não é suficiente se a empresa não investe em máquinas modernas”, diz o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi),

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OLIMPÍADA: CRESCE A REJEIÇÃO, SEGUNDO O DATAFOLHA (14-15/07/2016)!

1. 50% dos brasileiros são contrários à realização. Em junho de 2013 eram 25%. Há três anos, 64% eram favoráveis aos Jogos. Agora, o número retrocedeu para 40%. A aversão ao megaevento do esporte é maior entre os moradores das regiões Sul e Sudeste, entre pessoas com mais instrução e com renda familiar mensal de cinco a dez salários mínimos. Moradores do Norte e Nordeste e os jovens demonstram apoio maior à realização da Olimpíada.

2. O Datafolha apontou ainda que 63% acreditam que o evento trará mais prejuízos do que benefícios para os brasileiros em geral. Eram 38% na pesquisa de 2013. No Datafolha de 2013, 35% se disseram muito interessados no evento. Agora o índice caiu para 16%. A taxa dos que afirmaram não ter nenhum interesse saltou de 28% para 51%. O percentual dos que se consideraram um pouco interessados pelos Jogos recuou de 37% para 33%.

3. A avaliação é menos negativa entre os moradores da cidade do Rio. De acordo com 47% dos cariocas, os Jogos trarão mais prejuízo do que benefícios. Fazem a avaliação contrária 45%.

18 de julho de 2016

NEM NA BOLSA NEM NA OLIMPÍADA: NUNCA APOSTE TUDO NUMA SÓ AÇÃO!

1. A última (entrevista) do prefeito do Rio sintetiza as entrevistas e declarações anteriores. Ao The Guardian ele disse: “A Olimpíada é uma oportunidade perdida”. Oportunidade perdida para quem? Na verdade foi um ato falho que sucedeu a outras declarações imprudentes e na mesma linha.

2. Após sua reeleição –compulsória, como tem acontecido em quase todos os casos em que o governante tem pelo menos uma avaliação regular-, encheu-se de orgulho e passou a conversar com os seus e a vazar para a mídia que sua meta era a Presidência da República em 2018.

3. Mas como quase sempre acontece, nos segundo governos reeleitos a opinião pública se torna mais crítica. Afinal, os coelhos que o governante tira da cartola no primeiro governo já são previstos no segundo governo, não surpreendem, não impactam. Isso ocorre não só pelos fatos em si, mas pelo estilo e perfil de quem governa que se torna conhecido.

4. O prefeito do Rio mesclou uma certa arrogância com um certo deboche nas suas declarações. E a partir do final de 2013, a curva de sua popularidade declinava cada vez mais. Isso o deve ter irritado e as reações se tornaram mais impulsivas. Chegou até a agredir num bar um músico que o ironizava. Esqueceu-se da máxima de Lacerda (“apoio dos servidores pode não lhe dar eleição, mas a rejeição é garantia de derrota”) e os conflitos com os servidores aumentaram a cada semana.

5. Mas tanto fazia para ele, fatos e pesquisas. Afinal, tinha uma bala de prata no bolso e uma arma precisa para lançá-la: a Olimpíada, que seria a sua consagração e o elevaria aos píncaros de sua consagração política. O Planalto Central era a próxima estação.

6. Mas à medida que o tempo avançava, novos fatos acentuavam seu desgaste junto à população. Se a crise nacional construía um cenário de sombras, a crise estadual –administrativa e econômica- caía em sua cabeça. Procurou se descolar de tudo o que produzia desgaste: seu deputado/chefe da casa civil foi a Brasília votar pelo impeachment de Dilma.

7. O milionário gasto em publicidade já não produzia efeitos. E no meio desse processo, a forte simbologia cênica da queda da ciclovia na orla aparecia como um presságio. Entre mosquitos e balas perdidas seus marqueteiros lhe orientaram: a culpa de tudo isso não é sua, transfira a peteca para quem de direito. No mesmo bairro dos seus palácios, o governador usou a Olimpíada para buscar os recursos federais e cobrir parcialmente o que chamou de calamidade pública.

8. A imprensa internacional repercutiu. Estava na hora de jogar para outros a peteca da crise. Declarou que a crise estadual era de incompetência e que até tentava ajudar. Que na prefeitura está indo tudo bem. E que a segurança pública, de responsabilidade estadual, era “terrível, era horrível”.

9. As inaugurações de final de governo teriam um efeito cumulativo e a apoteose na Olimpíada e na eleição de seu sucessor. As pesquisas continuaram a mostrar desgaste e impopularidade. A eleição pós-olímpica e a presidência da República dos sonhos passaram a pesadelo. Mandou um crítico nas redes sociais se mudar do Rio. E elas repercutiram: Mas não é ele que vai morar em New York após sair do governo?

10. E veio o ato falho final na entrevista ao The Guardian: “A Olimpíada é uma oportunidade perdida”! Perdida para quem? Especialmente para ele mesmo. Subiu à memória a lição de tantos séculos (econômica, militar, política…): Não jogue todas as suas fichas num só número. Não aplique tudo o que tem nas ações de uma só empresa.

15 de julho de 2016

A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DOS SEIS MESES DE MANDATO DO DEPUTADO RODRIGO MAIA!

A. (Editorial do Globo, 15) O mandato de Rodrigo Maia é curto, mas será nele que se decidirá boa parte do futuro do Brasil nos próximos anos.

1. A vitória de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na disputa pela presidência da Câmara representa uma limpeza de terreno na Casa, para o governo interino de Michel Temer, com a vantagem adicional de ter aproximado ainda mais Eduardo Cunha do precipício da cassação. Maia, no segundo turno da eleição, na madrugada de ontem, obteve 285 votos contra apenas 170 de Rogério Rosso (PSD-DF), nome de Cunha e do centrão na disputa.

2. Maia assume com uma postura correta: esvaziar as tensões, sepultar o longo período em que o lulopetismo transformou o Congresso em território de caça a inimigos, a que foram convertidos todos os seus adversários políticos. As primeiras declarações de Maia, confirmada a vitória, foram neste sentido. E o tom de restauração da “verdadeira política” foi mantido, durante o dia, em torno dos contatos realizados pelo novo presidente da Casa com Temer, com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o tucano Aécio Neves (MG), este do bloco vitorioso com a ascensão do deputado fluminense.

3. Começa-se a abrir um saudável espaço para o diálogo, essencial no enfrentamento da agenda estratégica das reformas que Temer precisa aprovar, com a finalidade de resgatar o país da crise e dar-lhe segurança e estabilidade numa fase longa e necessária de crescimento equilibrado e de reconstrução.

B. (Editorial do Estado de S.Paulo, 15) 1. O fortalecimento político do governo interino de Michel Temer, o desprestígio de Eduardo Cunha que provocou o esvaziamento do Centrão e a confirmação do papel marginal a que o PT está relegado na cena política são as boas notícias que resultam da vitória de Rodrigo Maia na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, com 285 votos. Além disso, a votação recebida pelo democrata fluminense indica que, com engenho e determinação, ele poderá transformar seu mandato-tampão de seis meses e meio no primeiro passo decisivo para a recuperação plena do papel institucional da Câmara e da hoje extremamente desgastada imagem da chamada classe política.

2. O novo presidente da Câmara estará prestando um grande serviço ao País se der, a partir do diálogo e do respeito e também do estímulo às divergências, os primeiros passos em direção ao objetivo de livrar os deputados do garrote do autoritarismo externo e interno e transformar a Câmara num genuíno foro de ampla discussão dos problemas nacionais e da proposição de medidas para enfrentá-los.

* * *

“RODRIGO MAIA REPRESENTA A NOVA SITUAÇÃO”! “CAIU COMO UMA LUVA”!

(Eliane Catanhêde – Estado de S.Paulo, 15) 1. A eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara foi uma vitória do presidente interino Michel Temer, que atuou o suficiente para render resultados, mas não mergulhar na crise interna nem atrair chuvas e trovoadas. Foi coisa de político hábil e experimente, que precisa agora canalizar essas qualidades para fazer o País andar, a economia reagir e os agentes políticos e econômicos acreditarem minimamente que “yes, he can”.

2. O perfil do vitorioso estava traçado naturalmente, faltava encaixar um nome. Rodrigo Maia caiu como uma luva: 46 anos, quinto mandato, filho do conhecido político Cesar Maia, ele representa a “nova situação” – PSDB, PPS, PSB e o próprio DEM –, transita bem em todos os partidos, não orbitou em torno de Eduardo Cunha e, ao que se saiba, passa ao largo da Lava Jato. Temer fala em “pacificar” a Câmara, Maia disputou e venceu prometendo exatamente “pacificar” a Câmara. É isso que o País precisa e os próprios deputados e funcionários querem desesperadamente. Depois do “nós contra eles” das gestões do PT, da tragédia Eduardo Cunha e do vexame Waldir Maranhão, é preciso paz. Paz para trabalhar, debater, construir e se recompor com a sociedade. Até porque, em algum minuto, as prisões vão começar. É preciso uma casa sólida, confiável.

* * *

“…MÉDIO CLERO COM EXPECTATIVA E CAPACIDADE DE ASCENSÃO”!

(Valor, 15) 1. Pai de Rodrigo Maia (DEM-RJ), eleito presidente da Câmara, o ex-prefeito do Rio por três mandatos Cesar Maia (DEM) afirma que a gestão do filho representará uma inflexão no estilo da Casa, sem levar à frente pautas conservadoras, como defendia o ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “O presidente de um Legislativo democrático não prioriza suas opiniões”, diz Cesar Maia, em entrevista ao Valor.  Noutra distinção em relação a Cunha, que ascendeu na Câmara como líder do Centrão, formado por partidos e deputados sem grande expressão, o ex-prefeito do Rio afirma que Rodrigo Maia não se dirigiu ao baixo clero, quando – em discurso antes da votação do segundo turno, na madrugada de ontem – pregou o fim do “império dos líderes”. “Claramente ele fala ao médio clero, com expectativa e capacidade de ascensão”, pontua o hoje vereador. Para Cesar Maia, a tese de um “plenário aberto”, com as articulações “sem restrições ideológicas”, foi fundamental para a vitória do filho.

2. Em sua visão, o papel de Rodrigo Maia será de cooperação com o governo Michel Temer, dada a seriedade da crise econômica e ressalvadas as preferências da Casa. “A ele cabe a gestão da Câmara dos Deputados e abrir democraticamente o debate, garantindo as forças políticas e em especial o Poder Executivo, num momento grave como esse, que amplia as responsabilidades do Executivo”, diz.  O ex-prefeito diz que quanto à superação da crise fiscal “a iniciativa é do Executivo, nesse momento, pelos prazos”. Economista de formação, Cesar Maia afirma que “há que se avaliar o que o Executivo proporá”, mas considera que, por enquanto, o que Temer defende lhe “parece adequado”, como a proposta de emenda constitucional que prevê um teto de gastos para o governo federal, corrigido apenas pela inflação. “O teto é uma necessidade de transição como um freio de arrumação”, diz.

3. Sobre a flexibilização das dívidas dos Estados e o reajuste do funcionalismo público, Maia considera que são necessários, apesar de irem na contramão do ajuste fiscal. “Num Parlamento pulverizado, a gestão política exige talento, paciência e experiência. Até que as forças políticas se cristalizem com suas teses, as concessões feitas eram inevitáveis para compor maioria e [buscar a] pacificação política e social”, diz.

4. Cesar Maia afirma que não deu qualquer conselho ou recomendação ao filho, durante o processo de candidatura à presidência da Câmara. “Zero. Nenhuma. Até porque meu estilo diferente do dele poderia atrapalhar. Nossas identidades políticas são distintas. Não é ideológico: é estilo. Rodrigo desenvolveu a capacidade de articular, de ouvir, tem paciência de fazer política. Eu sou mais ansioso e mais administrativo”, distingue o ex-prefeito, cujo traço sempre foi mais o gosto pela gestão do que pelas costuras políticas. “Identidades diferentes podem ser eficientes cada uma em seu campo. Como jogadores de futebol”, compara Maia.

5. Na articulação para chegar à presidência da Câmara, Rodrigo Maia se aproximou do PT, histórico adversário dele, do pai e do partido de ambos, o DEM. Em agosto de 2005, o então senador por Santa Catarina e presidente da legenda, Jorge Bornhausen, disse que estava “encantado” com a crise do mensalão “porque a gente vai se ver livre dessa raça [PT], por, pelo menos, 30 anos”. Em 2010, no auge da popularidade, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva pregou “extirpar” o DEM da política brasileira, quando fazia campanha para eleger Dilma Rousseff, num comício em Joinville, reduto de Bornhausen.

6. Cesar Maia diz não se sentir vingado pela vitória do filho, que põe o partido novamente numa posição de destaque no cenário nacional. Será o segundo na linha sucessória. “Nada tem a ver. Isso faz parte de um passado que ele se propõe a superar. Lula recebeu os sinais dele por interlocutores. O segundo turno mostrou isso”, afirma o ex-prefeito, sugerindo que Rodrigo recebeu votos de muitos petistas. “A política da vingança, a política do ‘não perdoa um fato’, tem que ser superada. Se não fosse assim como ele [Rodrigo] se aproximaria como o fez de políticos com quem eu tive tantos e fortes atritos?”, diz.

7. Questionado se a eleição do filho antecipa a vitória de um tucano na próxima disputa pela presidência da Câmara, em fevereiro, ou a cassação de Cunha pelo plenário, Cesar Maia preferiu apontar para outra direção: “[Antecipa] uma reforma política progressiva por consenso e não unanimidade”, prevê.

* * *

“PACIÊNCIA É UMA VIRTUDE DELE”!

(Estado de S.Paulo, 15) 1. Filho do ex-prefeito e atual vereador do Rio Cesar Maia (DEM), o deputado federal Rodrigo Maia, do mesmo partido, cumpre aos 46 anos uma trajetória que outros dois filhos de políticos de expressão nacional percorreram nos últimos 21 anos. Luís Eduardo Magalhães, filho do ex-governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), assumiu a presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro de 1995, aos 39 anos. Era filiado ao mesmo partido de Rodrigo, o PFL que deu origem ao DEM. O outro caso é do atual senador Aécio Neves (PSDB-MG), neto e herdeiro político do presidente Tancredo Neves (1910- 1985). Ele foi eleito para presidir a Câmara em fevereiro de 2001, aos 40 anos.

2. Ao contrário dos antecessores, Rodrigo assumiu o primeiro cargo político contra a vontade do pai. “Ele estava indo muito bem no mercado financeiro”, disse Cesar. Embora não tenha concluído o curso de Economia – que iniciou em 1989 –, Rodrigo trabalhou nos bancos Icatu e BMG antes de ser convidado a assumir a Secretaria de Governo do prefeito Luiz Paulo Conde, em 1997. Eleito com apoio de Cesar, que terminava a primeira gestão como prefeito do Rio, Conde poderia ter convidado Rodrigo a assumir uma secretaria somente como forma de agradecimento. Segundo Cesar, não foi assim. “Ao contrário: fui contra. Era um desvio de rota”, disse. “Pais são sempre conservadores.

3. Rodrigo já participava “intensamente” das campanhas políticas, segundo Cesar. O envolvimento de Rodrigo com a política aumentou durante a campanha de Conde. “A participação dele desenvolveu essa vocação. Não pude impedir”, disse Cesar. Em 1998, Rodrigo elegeu-se deputado federal pela primeira vez – está no quinto mandato.

4. Doze anos após deixar a presidência da Câmara, Aécio concorreu à Presidência da República. Luís Eduardo teve a carreira política interrompida, quando era considerado potencial candidato para suceder a Fernando Henrique Cardoso. E qual o futuro de Rodrigo? Para Cesar, a gestão do filho na Câmara vai dizer se e quando isso poderá ocorrer. “Ele não tem pressa. Essa é uma virtude dele”, disse. “Rodrigo e eu temos identidades políticas distintas. Sua capacidade de ouvir e sua paciência para articular são raras. Eu, ao contrário, sou ansioso.”

Cesar Maia fala sobre a eleição do deputado Rodrigo Maia para Presidência da Câmara

Matéria do Valor Econômico.

Pai vê filho como líder do ‘médio clero’

Pai de Rodrigo Maia (DEM-RJ), eleito presidente da Câmara, o ex-prefeito do Rio por três mandatos Cesar Maia (DEM) afirma que a gestão do filho representará uma inflexão no estilo da Casa, sem levar à frente pautas conservadoras, como defendia o ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “O presidente de um Legislativo democrático não prioriza suas opiniões”, diz Cesar Maia, em entrevista ao Valor. Noutra distinção em relação a Cunha, que ascendeu na Câmara como líder do Centrão, formado por partidos e deputados sem grande expressão, o ex-prefeito do Rio afirma que Rodrigo Maia não se dirigiu ao baixo clero, quando – em discurso antes da votação do segundo turno, na madrugada de ontem – pregou o fim do “império dos líderes”. “Claramente ele fala ao médio clero, com expectativa e capacidade de ascensão”, pontua o hoje vereador. Para Cesar Maia, a tese de um “plenário aberto”, com as articulações “sem restrições ideológicas”, foi fundamental para a vitória do filho.

Em sua visão, o papel de Rodrigo Maia será de cooperação com o governo Michel Temer, dada a seriedade da crise econômica e ressalvadas as preferências da Casa. “A ele cabe a gestão da Câmara dos Deputados e abrir democraticamente o debate, garantindo as forças políticas e em especial o Poder Executivo, num momento grave como esse, que amplia as responsabilidades do Executivo”, diz. O ex-prefeito diz que quanto à superação da crise fiscal “a iniciativa é do Executivo, nesse momento, pelos prazos”. Economista de formação, Cesar Maia afirma que “há que se avaliar o que o Executivo proporá”, mas considera que, por enquanto, o que Temer defende lhe “parece adequado”, como a proposta de emenda constitucional que prevê um teto de gastos para o governo federal, corrigido apenas pela inflação. “O teto é uma necessidade de transição como um freio de arrumação”, diz.

Sobre a flexibilização das dívidas dos Estados e o reajuste do funcionalismo público, Maia considera que são necessários, apesar de irem na contramão do ajuste fiscal. “Num Parlamento pulverizado, a gestão política exige talento, paciência e experiência. Até que as forças políticas se cristalizem com suas teses, as concessões feitas eram inevitáveis para compor maioria e [buscar a] pacificação política e social”, diz.

Cesar Maia afirma que não deu qualquer conselho ou recomendação ao filho, durante o processo de candidatura à presidência da Câmara. “Zero. Nenhuma. Até porque meu estilo diferente do dele poderia atrapalhar. Nossas identidades políticas são distintas. Não é ideológico: é estilo. Rodrigo desenvolveu a capacidade de articular, de ouvir, tem paciência de fazer política. Eu sou mais ansioso e mais administrativo”, distingue o ex-prefeito, cujo traço sempre foi mais o gosto pela gestão do que pelas costuras políticas. “Identidades diferentes podem ser eficientes cada uma em seu campo. Como jogadores de futebol”, compara Maia.

Na articulação para chegar à presidência da Câmara, Rodrigo Maia se aproximou do PT, histórico adversário dele, do pai e do partido de ambos, o DEM. Em agosto de 2005, o então senador por Santa Catarina e presidente da legenda, Jorge Bornhausen, disse que estava “encantado” com a crise do mensalão “porque a gente vai se ver livre dessa raça [PT], por, pelo menos, 30 anos”. Em 2010, no auge da popularidade, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva pregou “extirpar” o DEM da política brasileira, quando fazia campanha para eleger Dilma Rousseff, num comício em Joinville, reduto de Bornhausen.

Cesar Maia diz não se sentir vingado pela vitória do filho, que põe o partido novamente numa posição de destaque no cenário nacional. Será o segundo na linha sucessória. “Nada tem a ver. Isso faz parte de um passado que ele se propõe a superar. Lula recebeu os sinais dele por interlocutores. O segundo turno mostrou isso”, afirma o ex-prefeito, sugerindo que Rodrigo recebeu votos de muitos petistas. “A política da vingança, a política do ‘não perdoa um fato’, tem que ser superada. Se não fosse assim como ele [Rodrigo] se aproximaria como o fez de políticos com quem eu tive tantos e fortes atritos?”, diz.

Questionado se a eleição do filho antecipa a vitória de um tucano na próxima disputa pela presidência da Câmara, em fevereiro, ou a cassação de Cunha pelo plenário, Cesar Maia preferiu apontar para outra direção: “[Antecipa] uma reforma política progressiva por consenso e não unanimidade”, prevê.

14 de julho de 2016

AMÉRICA LATINA: OS FALSOS PROFETAS –POPULISTAS- TERMINARAM DESINTEGRANDO!

1. “Governar é fazer crer”, dizia Maquiavel. As lideranças míticas, sejam políticas, sociais ou religiosas, se afirmam por dois caminhos distintos. De um lado, os líderes cuja autoridade se afirma como guias de seus povos. São os detentores da legitimidade pelas ideias que conduzirão seus povos ao paraíso. Perón e Vargas são exemplos.

2. Outras lideranças legitimam a sua autoridade pela ausência. Representam divindades. O que os legitima está ausente deles, está em outro plano. Padre Cícero, no Ceará, e Santa Dica, em Goiás, são exemplos. Maria de Araújo, beata de padre Cícero, em transe, ao meio de milagres, conversava com os anjos.

3. Santa Dica, em transe, ia até a “corte dos anjos” e voltava com as orientações a serem seguidas. Padre Cícero elegia e elegeu-se. Santa Dica elegeu seu companheiro. O monopólio da legitimação pela ausência trouxe e traz conflitos inter-religiosos. A autoridade legitimada pela ausência não é restrita à esfera religiosa. Líderes políticos, em diversas épocas, ao se incluir no universo dos deuses, assim se legitimavam. Ramsés 2º, Júlio Cesar e Hirohito são exemplos.

4. Em outros, a própria nação é uma divindade. Agitam com símbolos milenares, cenografia e coreografia relativas. Representam essa divindade-nação ausente. Hitler (a raça germânica superior) é um caso. Outras vezes, essa divindade é um autor cujas ideias são estruturadas como dogmas. A legitimação pela ausência se refere a eles e a suas ideias.

5. O líder é quem representa essas ideias da forma mais autêntica. Marx foi usado assim. Depois vieram as suplementações de legitimação derivada: leninismo, stalinismo… Outro tipo de legitimação da autoridade se dá pela contra-ausência. Ou seja, uma ausência que coloca em risco o país e exige a delegação de todos ao líder. O “perigo vermelho” foi usado assim, legitimando líderes e ditadores. “O imperialismo ianque”, idem.

6. Mas há um tipo de liderança mítica que se parece com a do tipo guia dos povos. Apenas se parece. Na verdade, legitima-se também pela ausência. O povo, em abstrato, passa a ser uma divindade. Um povo amalgamado que incorpora todos os valores de fé, justiça e de esperança. E de dentro desse amálgama surge o líder, que é ele, o próprio povo, encarnado em sua pessoa, como redentor.

7. As lideranças míticas são desintegráveis pelo fracasso, pela desmistificação (falsos profetas), pela força ou por outros tipos de líderes míticos. Num regime democrático, a força se exclui. Quando a alternância acontece em uma conjuntura de sucesso, a desmistificação não é tarefa simples.

8. Com isso contaram tantos caudilhos latino-americanos nos últimos anos. Mas quando o ciclo mudou, veio a crise. E a liderança mítica deles –o Povo como divindade- fez ele ressurgirem como Falsos Profetas. Foram desintegrados pelo fracasso. Chávez em primeiro lugar.

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“AGORA EU É QUE PRECISO DOS CONSELHOS DO RODRIGO”!

(Blog Lauro Jardim – por Guilherme Amafo, 14) 1. Cesar Maia estava cabreiro ontem à noite, horas antes da votação ainda do primeiro turno. Dizia que, aos 71 anos, sabia que o melhor seria esperar o resultado antes de cantar vitória. Mesmo tendo assistido a tudo do Rio de Janeiro, Cesar foi citado por Rodrigo no discurso antes da votação final, quando ele contou que pisou na Câmara pela primeira vez em 1988, com o pai constituinte, e no discurso da vitória, em que o primeiro a quem o novo presidente da Câmara agradeceu foi a Cesar.

2. No começo desta madrugada, perguntado sobre que conselho daria ao filho, disse Cesar: — Conselho, eu já dei em 1998 e ele lembrou no discurso. Agora eu é que preciso de conselhos do Rodrigo.

13 de julho de 2016

O CUSTO EFETIVO DO ESTADO!

1. As análises sobre o gasto público brasileiro tratam das despesas registradas na forma da lei, em execuções orçamentárias e balanços. Nos estudos sobre a crise do século 17, Hugh Trevor Roper (ed. Top Books) mostra que o ônus para a população vai muito além disso.

2. Na Inglaterra e na França, as coroas criaram sistemas autorizados de extorsão e corrupção, como a “purveyance” e a “paulette”, em que o Estado (a coroa) autorizava a “cobrança” indireta, fora do sistema formal de tributação. O processo foi sendo ampliado, e certos cargos públicos e mandatos passaram a ser formalmente vendidos aos interessados.           

3. Roper mostra que o “Estado da Renascença” no século 17 foi inchando e o fausto tomou conta de palácios públicos e privados, templos e igrejas. O custo formal do Estado cresceu. E o informal, ainda mais. O sistema de aluguel de cargos produzia uma arrecadação paralela por força de extorsão aos contribuintes, fornecedores dos governos e das coroas, ou receptores de serviços. Estados e cortes se descolaram da sociedade. A crise política era inevitável, abrindo caminho, no século 18, para o Estado do Iluminismo.

4. No mundo de hoje, e o Brasil certamente não é uma exceção, esse sistema permanece, informal e nem sempre tão oculto. A demanda de cargos públicos para nomeação, em boa parte, cria uma renda adicional para campanhas ou… patrimônios.

5. O próprio acesso ao mandato parlamentar ou executivo incorpora em seu valor a possibilidade de usufruir de rendas que ultrapassam em muito as remunerações. A diversidade é grande e vai a comissões, autorizações tarifárias, sobrefaturamento, sonegação consentida, venda de flagrantes, extorsão policial e fiscal, venda/aprovação de novas legislações, autorizações de obras e de atividades econômicas…

6. É claro que nada disso se registra nas despesas governamentais. Mas, sendo um custo adicional pago pela sociedade, se fosse possível calculá-lo, dever-se-ia agregá-lo ao “custo do Estado” e à carga tributária paralela, em rubricas de “purveyance” e “paulette”, para não inventar nomes novos. O aumento do número de edis, recém-aprovado, tem um limite constitucional de 5% às despesas. Mas a possibilidade de que sejam novos concessionários de “purveyances” e “paulettes” não pode ser descartada.

7. A sofisticação econométrica existente, informações reservadas e casos notórios levariam, numa pesquisa bem feita, a chegar próximo dessa sobrecarga paratributária brasileira. Só imaginar que o déficit nominal do governo poucos anos atrás era de 3% do PIB e agora –com a contabilidade real- passa de 10% do PIB. Qual o custo das pedaladas se tivessem sido contabilizadas corretamente? Qual o custo da Lava-Jato no gasto público efetivo? Quantos %s do PIB?

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CONFERÊNCIA “POLÍTICA E ESTRATÉGIAS NACIONAIS”!

Relatório de Antonio Mariano – Juventude Democrata (12/07): palestra do Embaixador e Ex-Ministro Celso Amorim na Escola Superior de Guerra.

1. Dizer que os Estados Nacionais estão perdendo influência em detrimento das organizações internacionais como OMC, ONU, OTAN, etc., é falso. Os Estados nunca estiveram tão fortes e tão presentes nas relações internacionais.

2. A boa vizinhança entre todos os países sul-americanos é de importância fundamental, pois qualquer coisa que aconteça em qualquer país pode reverberar nos demais. Recentemente, por muito pouco, não houve uma guerra entre Colômbia e Venezuela e o Brasil estaria no meio.

3. Para o Brasil a paz é um valor em si, mas que precisa de uma defesa bem equipada, exatamente para que possamos manter vivo este valor. A paz não vem sozinha e precisa de auxílio, por isso uma defesa robusta.

4. Brasil deveria investir mais de seu PIB em defesa. Atualmente o gasto está em cerca de 1,5% do PIB, quando deveria ser de 2%. A média dos BRICs é de 2,5%, mas não deve ser levada tanta em consideração já que Rússia, Índia e China estão em uma intensa corrida armamentista – principalmente os dois últimos.

5. A Aeronáutica precisa ter recursos para implementar de vez seu programa aeroespacial. Brasil é o único país de seu porte que ainda não tem algo do tipo, mesmo já tendo tecnologia para avançar. O único que falta é dinheiro para construir e lançar o veículo lançador.

6. O Exército tem tido dificuldades com os programas de vigilância da Amazônia e de fronteiras, mas também na vigilância cibernética, que é de fundamental importância para a espionagem e contraespionagem brasileira.

7. Já a Marinha tem tido dificuldades para desenvolver seus navios de desenho nacional, como a corveta. O submarino nuclear parece estar caminhando. Marinha tem como plano de defesa a cooperação com países africanos para vigilância do Atlântico Sul. Diversos acordos já foram fechados e a Marinha vem treinando as forças africanas para atividades neste sentido.

8. Ainda na cooperação, a união da América do Sul se faz importante pois sabemos que o Brasil não tem como ser autossuficiente em matéria de equipamentos bélicos. Exemplo disso foi a compra de lanchas fluviais de combate da Colômbia. Todos nós devemos nos ajudar.

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LÍDERES DE AUDIÊNCIA NA TV PAGA!

(Sem Intervalo – Estado de S.Paulo, 13) A GloboNews, um dos canais pagos que mais cresceram este ano (92%), abocanhou um honroso 1.º lugar entre o público AB1 neste primeiro semestre. Ficou 23% acima do 2.º colocado do nicho, o Cartoon Network – que também é vice em audiência geral da TV paga. No ranking de TV paga com o total de indivíduos, a GloboNews ficou com a 8.ª posição. E, filtrando a audiência com mais de 25 anos, o canal de notícias chega ao 4.º lugar.

12 de julho de 2016

O QUE OS CANDIDATOS DEVEM SABER AGORA PARA AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE OUTUBRO?

1. Alguns fatos alteraram as condições do processo eleitoral neste ano, especialmente no Rio.  Primeiro, o tempo de campanha foi reduzido para 45 dias. Segundo, o tempo de TV/Rádio foi reduzido para 35 dias.

2. Terceiro, as doações por empresas estão proibidas. Quarto, os cartazes nas ruas estão proibidos.  Quinto, os candidatos-vereadores terão apenas as inserções e não mais programas, como os prefeitos. Sexto, essas inserções dos vereadores só podem ser feitas no local onde as emissoras de TV são geradoras.

3. No caso das rádios, a capilaridade será muito maior, especialmente nas cidades menores do interior. Sétimo, as redes sociais ganham muito maior relevância e levam vantagem aqueles que já as usam há muito tempo.

4. Oitavo, levam vantagem também aqueles que são candidatos das máquinas nos governos, pois contarão com muito mais trabalhos voluntários e com custo menor de TV, Rádio e Gráfica, numa espécie de economia de escala relacionada com o passado recente.

5. A fiscalização do TRE/MP será muito mais intensa na medida em que a proibição de doação de empresas poderá estimular o caixa 2. As demonstrações dos candidatos devem compatibilizar sempre e com todo o detalhe os gastos eleitorais com as receitas demonstradas.

6. Na cidade do Rio de Janeiro a Olimpíada ocupará todos os espaços dos meios de comunicação e, com isso, a atenção dos eleitores e a mobilização pelas regiões onde ocorrerão as provas. Mesmo nas modalidades de pouca expressão no país, em pouco tempo as pessoas estarão linkadas nas disputas, especialmente na parte final.

7. Em função disso, duas prioridades deverão ser destacada pelos candidatos: a) campanha de proximidade com multiplicação de reuniões, mesmo com grupos pequenos de pessoas. Importante a partir dessas reuniões fazer um cadastro de e-mails, para contatos sistemáticos e sem custo.

8. b) As campanhas ganharão produtividade nos últimos dias. Sendo assim, tanto os recursos quanto os eventos de maior expressão devem ser guardados para os últimos 15 dias. Levam vantagem os candidatos de opinião pública local ou geral.

9. Os candidatos devem ter na ponta da língua suas opiniões e argumentos sobre a corrupção na política, seja para convencimento do eleitor que pode confiar neles, seja para evitar que a quantidade de Não-Voto (abstenção, brancos e nulos) seja muito grande e os atinja. Afinal, os cargos de vereadores e prefeitos terão que ser preenchidos e é bom que o sejam por quem o eleitor confia.

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THERESA MAY, PRIMEIRA MINISTRA DO REINO UNIDO!

(BBC, 12) 1. Theresa May, que completa 60 anos em outubro, entrou na Câmara dos Comuns pela primeira vez em 1992. Ela é uma das pessoas que permaneceu por mais tempo a frente do Ministério do Interior na história do Reino Unido e figura há anos nas listas de candidatos a liderar os conservadores. E é considerada uma das políticas mais fortes e astutas do Reino Unido.

2. Como ministra, foi elogiada por sua imperturbável condução do difícil Ministério do Interior, ainda que o seu apelo político junto ao grande público ainda não tenha sido testado. Ela foi criticada pelo fracasso do governo em cumprir a promessa de manter o número de imigrantes que entram no país abaixo de 100 mil por ano. E em 2014 ela teve que demitir um de seus assessores mais próximos depois de uma amarga polêmica com o seu colega de gabinete Michael Gove sobre a melhor maneira de combater o extremismo islâmico.

3. Theresa May manteve um perfil relativamente baixo durante a campanha do Brexit, o que aumenta a sua capacidade de diálogo com os parlamentares que estavam a favor de deixar o bloco. E, depois do referendo, May foi clara no sentido de que considera que os resultados devem ser respeitados. “Brexit significa Brexit… Não deve haver tentativas para permanecer dentro da UE, nem tentativas de reintegrá-la pela porta dos fundos ou um segundo plebiscito.”, disse a ministra. Ela também descartou uma eleição geral antes de 2020 ou um orçamento de emergência para o Brexit.

4. Ao definir seus objetivos frente as negociações para sair da UE, May disse que “deve ser uma prioridade permitir que empresas britânicas façam negócios dentro do mercado único de bens e serviços, mas também recuperar o controle sobre o número de pessoas que entram no país a partir da Europa”. “Qualquer tentativa de contornar isso, especialmente por parte dos candidatos que fizeram campanha para sair da UE com foco na questão da imigração, seria inaceitável para os cidadãos”, acrescentou.  E May foi clara ao afirmar que não ativaria o artigo 50 do Tratado da União Europeia, necessário para iniciar o processo de saída da UE, antes do final de 2016, para dar ao Reino Unido tempo para “finalizar” a sua posição nas negociações.

5. May, que em 2013 revelou que sofre de diabetes tipo 1, cresceu em Oxfordshire e é a única filha de um vigário da Igreja Anglicana. Ela conheceu seu atual marido, Philip, na Universidade de Oxford, onde estudou geografia.

11 de julho de 2016

RESPONSABILIDADE E TRANSIÇÃO!

1. Os próximos 2 anos e meio compreendem um período de transição e, portanto, de construção das condições de uma recuperação sustentada do país, seja em nível econômico, como político, como social e como ético. O presidente Temer, no início de sua gestão, tem mostrado claramente que é essa a sua estratégia.

2. Porém, essa é uma tarefa coletiva, que deve ser compreendida por toda a sua equipe de governo, pelo poder legislativo, pela sociedade organizada e até pelas redes sociais. Duas eleições estarão compreendidas neste período: em 2016 as eleições municiais, e em 2018 as eleições nacionais e estaduais.

3. As eleições municipais em outubro são vistas pelos políticos como acumulação de força para as eleições nacionais. Mas não é assim que a sociedade as percebe, pois participa delas para enfrentar seus problemas do dia a dia. Cabe ao governo federal dar o exemplo e não incluir as eleições municipais como um objetivo em si para seu fortalecimento político.

4. Da mesma forma, cabe às lideranças do poder legislativo atuar dentro dessa conjuntura como de um período de transição, que exige foco, prudência, paciência e clareza quanto às prioridades. O ano de 2016 já está dando sinais dessa transição. Os conflitos que cercam o processo de impeachment são naturais e esperados e serão superados até o final do ano.

5. Talvez a Olimpíada abra um interregno de mais tranquilidade. Mas, para isso, os próprios responsáveis políticos por ela devem dar o exemplo e não se exaltar em declarações descontroladas que só fazem abrir frestas nas relações federativas.

6. A gestão política na pré-campanha e na campanha de 2018 será complexa em função da disputa pelo poder presidencial. Crescerá a retórica oportunista, confundindo a população em relação a transição, construindo utopias para colher votos. O governo e as lideranças do legislativo devem enfrentar esse período com firmeza e com uma comunicação pedagógica.

7. Por tudo isso, o ano de 2017 será um ano de mais tranquilidade e decisivo para a afirmação e a consolidação da transição produzindo a pedagogia necessária e um forte impacto de esperança na opinião pública. A ansiedade dos políticos será menor, os sinais positivos já estarão ocorrendo, o que permitirá a compreensão e a importância dessa transição.

8. 2017 será um ano decisivo para que o ciclo descendente do país não seja ampliado, e estimule a postura proativa dentro desse quadro de transição para a reversão dos fatos e das expectativas.

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BRASILEIROS COM MAIS DE 60 ANOS: 8% EM 2000, 12% EM 2016, 19% EM 2030!

(Vinicius Mota – Folha de S.Paulo, 11) 1. Com menos crianças para cuidar e ainda poucos aposentados para sustentar, um país deveria acelerar o crescimento da produção por habitante. Essa expectativa foi periodicamente frustrada no Brasil nos últimos 35 anos. Novamente agora. No ano 2000, menos de 8 em cada 100 brasileiros tinham 60 anos ou mais de idade. Hoje essa proporção já se aproxima de 12. Em 2030, para cada centena de habitantes, 19 serão pelo menos sexagenários.

2. O salto terá alcançado quase 150% em 30 anos, uma das mais rápidas metamorfoses demográficas da história das nações. A marcha do envelhecimento prosseguirá até a metade do século, quando 30 em cada 100 terão 60 anos ou mais. O que acontece no Brasil, observando-se a perspectiva das décadas por vir, é uma pequena tragédia. O país jovem é apenas remediado e pouco produtivo. A despeito disso, gasta 10% do PIB para sustentar seus aposentados e pensionistas.

3. O país maduro ali na esquina, se não realizar um pequeno milagre na produtividade, vai se espatifar contra o muro da falência civil.

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JAPÃO: PLD DO PRIMEIRO MNISTRO ABE CONQUSITA 2/3 DO PARLAMENTO!

(Reuters/Folha de S.Paulo, 11) O premiê do Japão, Shinzo Abe, conseguiu neste domingo (10) uma ampla vitória de sua coalizão na eleição para a Câmara Alta do Parlamento, segundo apontam pesquisas de boca de urna. O Partido Liberal Democrático (PLD) de Abe e seus aliados têm a “super maioria” de dois terços necessária para concretizar um de seus projetos mais polêmicos: a revisão da Constituição pacifista pós-guerra.

08 de julho de 2016

PALESTRA EM ASUNCIÓN-PARAGUAI A CONVITE DO PREFEITO MUNICIPAL PARA SUA EQUIPE!

No ato foi assinado o irmanamento entre Asunción e Rio de Janeiro.

1. QUESTÕES CONCEITUAIS:
-Direito Privado e Direito Público.
-O que é Globalização.
-A revolução eletrônica e as relações em tempo real.
-Redes Sociais: revolução na democracia direta.

2. ORGANIZAÇÕES:
-Estrutura das Organizações Privadas e Públicas ontem e hoje: das organizações piramidais às organizações em forma de disco-voador, às organizações em forma de pipeta.
-Organizações Municipais de proximidade e o sistema de ouvidoria e as redes sociais.
-Organizações Municipais Completas, de Serviços Gerais e de Serviços Urbanos.

3. O QUE DEVE FAZER UM NOVO GOVERNO MUNICIPAL APÓS AS ELEIÇÕES:
-Auditoria de todos os atos do governo anterior nos últimos seis meses.
-Dívida Financeira e Dívida Operacional.
-Série de 10 anos das principais receitas e despesas –por natureza e por função- deflacionadas.
-Despesas rígidas e flexíveis.
-Espaços a curto e médio prazo para entrarem as prioridades do novo governo.
-Iniciar as ações básicas do novo governo –especialmente os investimentos- nos primeiros 3 trimestres de governo.
-Poupar e Gastar.

4. OS GRANDES EVENTOS E AS CIDADES.
-Causas e consequências. O caso do Rio: PAN, Copa do Mundo e JJOO-_2016.

5. FUNÇÕES DE GOVERNO E COMUNICAÇÃO:
-Comunicação como um função geral de governo.
-Funções e Órgãos devem acumular o que fazem e o que comunicam.
-Alguns governos municipais inovadores e grandes comunicadores: Delanoé em Paris, Leoluca Orlando de Palermo, Rudollf Giuliani de New York, “Ken” Livingstone prefeito de Londres, Antana Mockus de Bogotá.

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PÓS-BREXIT! TONY BLAIR: “O CENTRO TEM QUE PREVALECER”!

(Tony Blair, ex-primeiro-ministro do Reino Unido – The New York Times/Estado de S. Paulo, 28/06) 1. Os efeitos mais duradouros do Brexit, no entanto, poderão ser os políticos – e com implicações globais. Se as reverberações econômicas continuarem, a experiência britânica será evocada como alerta mas, se houver acomodação econômica, movimentos populistas de outros países ganharão força.

2. Como isso foi acontecer? A direita britânica encontrou um tema que está causando palpitações na política mundial: imigração. Uma parte do Partido Conservador, aliada ao Partido pela Independência do Reino Unido (Ukip), de extrema direita, agarrou-se a esse tema e centrou nele sua campanha para a saída. A estratégia, no entanto, não teria dado certo sem o apoio de uma significativa parcela do eleitorado trabalhista.

3. Esses eleitores não receberam uma mensagem firme de seu Partido Trabalhista, cujo líder, Jeremy Corbyn, não foi enfático sobre permanecer na UE. Eles se sentiram, então, atraídos pela promessa do Brexit de que poria fim aos problemas de imigração. Além disso, preocupada com o achatamento salarial e cortes nos gastos públicos, essa faixa trabalhista viu o referendo como oportunidade de protestar contra o governo.

4. As tensões na Grã-Bretanha que levaram a esse resultado do referendo são um fenômeno universal, ou, pelo menos, ocidental. Movimentos insurgentes de esquerda e direita, apresentando-se como porta-vozes de uma revolta popular contra o establishment político, podem se alastrar e crescer rapidamente. A cobertura jornalística, hoje polarizada e fragmentada, apenas encoraja tal insurgência – efeito multiplicado várias vezes pela revolução das redes sociais.

5. Já estava claro, antes do voto Brexit, que movimentos populistas modernos podem assumir o controle de partidos. O que não estava claro era se poderiam dominar um país como o Reino Unido. Agora, sabemos que podem. O centro político é demonizado como elite inacessível, ao passo que os líderes da insurgência são considerados gente como a gente – o que, no caso da campanha pelo Brexit, é risível.

6. O centro político perdeu seu poder de persuadir, além das conexões essenciais com as pessoas que procura representar. O que se vê hoje é uma convergência entre extrema esquerda e extrema direita. A direita ataca imigrantes, enquanto a esquerda investe contra banqueiros. Mas o espírito de insurgência, a raiva ventilada contra os que estão no poder e a insistência em respostas fáceis e demagógicas para problemas complexos são os mesmos nos dois extremos.

7. Alguns governos poderão ser cooperativos. Outros, buscando desencorajar movimentos separatistas similares, nada farão para tornar fácil a saída britânica.  O Reino Unido é forte, com um povo resistente e energia e criatividade em abundância. Não duvido da capacidade dos britânicos de superar seus problemas, seja qual for o custo. Mas o estresse já é visível.

8. O centro precisa retomar sua força política, redescobrir a capacidade de analisar os problemas que encaramos e encontrar soluções que pairem acima do populismo raivoso. Se não conseguirmos fazer a extrema esquerda e a extrema direita recuarem antes que arrastem as nações europeias em seu experimento imprudente, o fim será o mesmo que tais situações sempre têm na história: na melhor das hipóteses, desilusão, na pior, divisão rancorosa. O centro tem de prevalecer.

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PARA OS AMBIENTALISTAS AVALIAREM COM TODO O CUIDADO! AFINAL, ESTAMOS EM PROCESSO ELEITORAL!

1. Prefeitura do Rio publicou (07/07) o Decreto 41.947 que altera o Decreto 41.728.

2. Na prática, o novo decreto permite a instalação de antenas de celular em “Zona de Conservação ou de Preservação da Vida Silvestre das Áreas de Proteção Ambiental”, o que antes era proibido.

3. Além do mais, no § 1º do Art. 6º do decreto original, que trata sobre a proibição de instalação em certos lugares, está escrito que “As ERBs e Mini-ERBs só poderão ser instaladas em Unidades de Conservação que admitam o uso sustentável de seus recursos ambientais, mediante prévia autorização do órgão gestor e em conformidade com o Plano de Manejo.”

4. No novo decreto, ele retira a parte do “que admitam o uso sustentável de seus recursos ambientais”, deixando apenas a parte da autorização do órgão gestor.

07 de julho de 2016

DUAS NOTAS POLÍTICAS PÓS-BREXIT! LÍDER DO UKIP RENUNCIA! RAINHA SE ENCONTRA NA ESCÓCIA COM LÍDER INDEPENDENTISTA! PRIMEIRÍSSIMO MUNDO!

A.1. O líder do partido nacionalista britânico UKIP disse nesta segunda-feira que vai abandonar a liderança, um anúncio que surge dias depois da vitória do brexit no referendo de 23 de junho. “A vitória do lado do ‘sair’ no referendo significa que os meus objetivos políticos foram atingidos”, disse Nigel Farage, em conferência de imprensa em Londres. Farage disse ainda que deixa o UKIP “num bom sítio”, mas que não é “um político de carreira” e que já fez a sua parte. “Durante o referendo disse que queria o meu país de volta…, agora quero a minha vida de volta”.

2. Não é a primeira vez que Farage deixa a liderança do partido euro cético e anti-imigração: já se tinha demitido em 2009, devido a lutas internas no partido; e novamente no ano passado, depois de ter falhado a eleição como deputado, tendo voltado atrás pouco tempo depois. Desta vez, garante que isso não vai acontecer. Nigel Farage, de 52 anos, foi um dos fundadores do UKIP em 1993. Cáustico, qualificado de racista por alguns, falhou seis vezes a eleição para o parlamento britânico, mas está desde 1999 no Parlamento Europeu, tendo dedicado a carreira a denegrir as instituições europeias.

3. Farage acrescentou ainda que agora o país precisa de um “primeiro-ministro do brexit” para conduzir as negociações da saída da União Europeia. Num comunicado, Nigel Farage considerou que o seu partido poderá ainda “conhecer dias melhores” se o próximo governo não mantiver os compromissos ligados ao ‘Brexit’.

B.1. A rainha Elizabeth II realçou a importância de manter “a calma” num mundo com “desafios”, ao inaugurar a nova legislatura do parlamento da Escócia. Disse aos membros do parlamento de Holyrood, em Edimburgo, que o mundo é cada vez mais “complexo e exigente” e que os acontecimentos dos dias de hoje se desenvolvem a uma “velocidade extraordinária”. A rainha, acompanhada pela líder do governo escocês, Nicola Sturgeon, destacou que os tempos atuais trazem “esperança”.

2. “Claro que todos vivemos e trabalhamos num mundo cada vez mais complexo e exigente, no qual os acontecimentos e os desenvolvimentos podem e têm lugar a uma velocidade extraordinária, e ter a capacidade para conservar a calma e estarmos serenos pode ser às vezes duro”, admitiu a chefe de Estado britânica. A soberana destacou também a necessidade de pensar as coisas com serenidade, a fim de observar como os “desafios e as oportunidades” podem ser abordados da melhor maneira.

3. A intervenção de Elizabeth II coincide com momentos difíceis na Escócia, depois de a região votar a favor da permanência na UE. Na sequência deste resultado, Nicola Sturgeon indicou que fará todo o possível para defender os interesses da Escócia na UE e não descartou a possibilidade de convocar outro referendo de independência, depois do de 2014, no qual os escoceses rejeitaram a separação do Reino Unido.

4. Sturgeon destacou no parlamento escocês a importância de que os membros desta sessão legislativa mostrem “coragem e determinação” para ajudar os escoceses.  “O nosso compromisso coletivo para com o povo da Escócia é o de que não devemos fugir de nenhum dos desafios que enfrentamos, sem importar quão difíceis ou profundos sejam”, acrescentou.

5. Ao mesmo tempo, a líder independentista sublinhou que o dever do parlamento é “nunca diminuir o nosso lugar no mundo”, em clara referência ao vínculo com o bloco comunitário. “Hoje, ao celebrar um novo começo (legislativo), olhemos com esperança (…) para trabalhar sem descanso pelo bem de todos os escoceses e, ao fazê-lo, ter a nossa participação numa Europa mais forte e num mundo melhor”, acrescentou.

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IMPASSE: AUDIÊNCIA PÚBLICA (06) SOBRE VALORIZADO TERRENO DA RUA MARQUÊS DE SÃO VICENTE NA GÁVEA!

Relatório de Lucas Antunes da Juventude DEM.

Audiência Pública para discutir as condições de ocupação para imóvel localizado à Rua Marquês de São Vicente Nº 104 – Gávea -Data: 6 de julho-Horário: 19h-21h30- Local: Planetário da Gávea – Auditório- Presentes: 150 pessoas + 3 funcionárias da Secretaria de Urbanismo + presidente AMAGÁVEA.

1. Exposto pela mesa de representantes dos órgãos oficiais e dos interessados: – Mais de 30 anos de abandono/esvaziamento da edificação que abrigou o laboratório farmacêutico Moura Brasil / – Há anos a AMAGÁVEA busca uma solução viável para a ocupação do terreno / – Em 2000 ia ser criado um CT (centro tecnológico) da PUC, depois área foi comprada pela rede de supermercados Mundial em 2003 / – Impacto negativo à ambiência urbanística e paisagística do bairro / – Motivo de preocupação dos moradores, por ser criadouro de insetos / – Desapropriação do terreno não efetivada pela Prefeitura, ainda falta previsão da implantação do Parque Sustentável (criado pela lei 5.757)

2. Foi apresentado o projeto comercial da rede de supermercados Mundial.  – Moradores não chegaram a um consenso, pois havia um conflito entre a AMAGÁVEA, a AMECAT e moradores não-ligados a nenhuma associação. /- Algumas pessoas apoiavam ter um supermercado, outros um centro comercial, outros um conjunto habitacional, outros o parque, outros CT da PUC. / – Alguns propuseram uma pesquisa na internet, outros uma consulta popular dos moradores da Gávea com urnas. – Mais de 30 perguntas e pedidos de fala por parte dos presentes para demonstrar a falta de informações claras e propostas consistentes. /- Maioria dos moradores, todavia, não quer centro comercial nem supermercado, mas vê com dificuldades construir residencial, parque ou CT. / – Qualquer empreendimento médio ou grande aumentaria o congestionamento de carros na rua e de pessoas na calçada, e a Gávea é pequena.

3. No final: impasse, sem solução, sem consenso.

06 de julho de 2016

A TÁTICA DE DILMA REFORÇA A PERMANÊNCIA DE TEMER!

1. Os representantes de Dilma na comissão especial do Senado que analisa o impeachment adotaram a tática de quanto mais retardar a votação final melhor. Contam reverter votos de senadores ou fatos novos que possam desmoralizar o presidente Temer. Essa é uma tática suicida.

2. Temer governa como presidente efetivo olhando os dois anos e meio que tem à frente. Com isso, aprova leis, aplica políticas, introduz ações, reconstrói a máquina federal, os cargos em todos os escalões e empresas, redireciona a execução orçamentária…

3. Estabelece-se cada dia mais o consenso que a equipe econômico-financeira –liberal- de Temer é uma esperança das coisas mudarem. Mesmo setores de centro e centro-esquerda têm essa percepção. Nesse sentido, o governo Temer –por enquanto- não tem oposição “interna”, seja política, seja social.

4. A oposição de fato se dedica a denunciar um suposto “golpe”, se organiza e se mobiliza em função disso. Ou seja, a oposição de fato radicalizou à esquerda sua postura. Com isso, ela se torna antípoda às medidas e ações do governo Temer.

5. Ou de outra forma: a hipótese do retorno de Dilma –com a base que lhe dá sustentação no PT, PCdoB, CUT, MST, et caterva e suas palavras de ordem- cria a certeza que aquele hipotético retorno de Dilma significará uma implosão da situação atual: remudarão tudo. Ou seja, o poço das crises política, econômica, social será muito mais profundo que hoje. Será como a ação de uma perfuradora de poços de petróleo do pré-sal.

6. Esse é um quadro que apavora as empresas, os investidores internacionais, os desempregados, os governos estaduais e municipais, os governos que interagem com o Brasil, os empregados, os sindicatos fora da CUT/MST. Essa percepção crítica chega a cada dia mais e mais aos Senadores que votarão o impeachment em 2 meses ou pouco menos.

7. A tática do “é golpe” funciona como um bumerangue e cai na cabeça de Dilma e seguidores. Senadores que estavam de fato indecisos não estão mais. E se reservarão até o painel marcarem os seus votos. A sensação, logo após a votação, será de alivio para todo o país. E de depressão para os que acreditaram na possibilidade da volta de Dilma. Esses ficarão sem rumo, o que ocorre sempre que uma liderança convence seus seguidores de uma tática suicida.

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DESEMPREGO JOVEM, LEGADO OLÍMPICO, DESVIOS SUSPEITOS!

1. (Globo, 05) Prefeito do Rio diz que situação hoje é terrível, mas que tropas federais vão atuar nos Jogos. Obs.: E nas ruas? Quem atua é a PM. Declaração desmotivante.

2. (M. C. Frias – Folha de S. Paulo, 05) Pouco mais da metade, 50,4%, dos gregos com até 25 anos estava sem trabalho, segundo dados de maio da Eurostat (agência de estatísticas da União Europeia), pior resultado entre 28 países. Espanha (43,9%) e Itália (36,9%) são os demais membros europeus com as maiores taxas de desemprego para essa faixa etária. No bloco, a média da desocupação foi de 18,6%.

3. (Editorial – Folha de S. Paulo, 05) O dossiê para a candidatura do Rio continha 1.100 projetos de arquitetura e urbanismo distribuídos em 538 páginas. Foram anexados 130 documentos de garantias que, se empilhados, alcançariam 2,5 metros de altura. Trata-se um monumento representativo do que restará para a cidade após a Olimpíada: mais papel do que legado.

4. (Bergamo – Folha de S.Paulo, 05) Operação Lava-Jato azedou o clima em alguns setores da Odebrecht. Valores de propina descobertos pelos investigadores não batem com o que a empresa imaginava estar desembolsando em alguns casos. Há desconfiança de que parte dos recursos foi desviada pelos que administravam ou tinham ingerência sobre o setor responsável pelos pagamentos. Obs.: Memória de assaltos a banco nos anos 70 em que o gerente declarava mais do que foi levado.

05 de julho de 2016

RIO: SEGURANÇA PÚBLICA E O ESTRESSE DO PREFEITO!

1. Pode-se compreender o estresse na forma de desabafo, do prefeito do Rio, à imprensa nacional e estrangeira sobre a segurança pública no Rio. Afinal, o recrudescimento dos índices de criminalidade no Rio ocorre exatamente no momento da Olimpíada.

2. O prefeito sonhava com a consagração de sua administração tendo como emblema os Jogos Olímpicos. Isso não ocorrerá mais. E não apenas em função da segurança pública. Não é um ciclo favorável. A começar pela crise econômica, política, ética e social que atinge especialmente o Rio.

3. As taxas de desemprego afetam duramente o Rio. A aposta nos royalties do petróleo e no endividamento ruiu. Poderia se prever em 2014? Se sim, o próprio prefeito deveria ter alertado. O fato é que os serviços públicos foram muito atingidos por essa crise e, é claro, a segurança pública.

4. A crise ética chegou ao Rio e as investigações e delações começaram a ter também sotaque carioca. Problemas com obras que não ficarão concluídas no prazo criaram um clima de insegurança. O Metrô e a fotografia da ciclovia partida ganharam destaque.

5. Mas com a criminalidade crescendo, a segurança pública foi escolhida pelo prefeito para lavar as mãos e dizer: não tenho nada com isso, é problema dos outros do Estado em primeiro lugar. E escolheu palavras fortes para dizer isso: vergonha na cara, desmando, terrível, horrível.

6. Mas se ele acompanhasse os ciclos de segurança pública no Rio veria que essa ciclotimia é comum e, por isso mesmo, esperada. Basta entrar no site do Instituto de Segurança Pública da Secretaria de Segurança Pública no link de estudos. Há uma análise de 35 páginas sobre a criminalidade no Rio entre 2003 e 2015.

7. Ali vai se ver, e as conclusões do estudo vão sublinhar, que o último desses ciclos ocorreu entre 2013 e 2014, quando a criminalidade cresceu e muito no Rio. Mas o ano de 2015 foi de refluxo, ou seja, os índices de criminalidade voltaram a cair de forma intensa, especialmente os homicídios.

8. Com estes números destacados pelos governos e pela imprensa durante 2015 e no início de 2016, criou-se a sensação que o ciclo de 2015 prosseguiria por 2016 formando um contra-biênio a 2013-2014. Entrevistas, estatísticas, gráficos, fotos e comemorações. Entusiasmo.

9. O prefeito estava calmo e alegre, excluindo a segurança pública de suas preocupações olímpicas e -como consequência- eleitorais. Mas o ciclo positivo foi curto e o contra-ciclo voltou com intensidade. E se não bastasse o crescimento dos índices de criminalidade, estes vieram acompanhados das crises econômica, social e administrativa do governo do Estado.

10. Com um explosivo choque de expectativas e a proximidade dos Jogos Olímpicos, o prefeito estressou e buscou o máximo destaque lavando as mãos e focalizando culpados. E se a imagem pré-olímpica não ia bem, com o estresse do prefeito, piorou. Afinal, depois de 7 anos, desde a escolha do Rio para a Olimpíada, é a primeira vez que isso ocorre. Antes eram afagos e agora agressões. Todos juntos! E agora?

11. Evolução dos principais indicadores de criminalidade e atividade policial no Estado do Rio de Janeiro – 2003 a 2015.