08 de agosto de 2016

ASSIM FOI CRIADA A OLIMPÍADA DE 2016 NO RIO!

Respostas por e-mail, a Ítalo Nogueira da Folha de S. Paulo – em 03/08/2016.

P- Como começou a campanha da Rio-2004? Quem a criou?
R- Após ser eleito em 1992, em março de 1993 fui procurado pelos srs. João Havelange e Roberto Marinho e os recebi no Palácio da Cidade. Afirmaram que superação da crise de longo prazo do Rio era ser sede de uma Olimpíada. Que eu deveria inscrever o Rio como cidade-candidata. Não seria escolhida a primeira vez, mas a terceira ou a quarta vez. Assim foi feito. Brasília era a cidade candidata à Olimpíada. O COB reuniu seu Conselho e o Rio assumiu o lugar de Brasília. E começou o processo das candidaturas do Rio.

P- O sr pode dar mais detalhes da reunião de Havelange e Marinho com o sr em 1993? Esse debate havia na campanha para prefeito? O pedido deles foi inspirado no sucesso de Barcelona?
R- Em todas as experiências anteriores inclusive Pré-Guerra.

P- Por que decidiu-se deixar de fora o COB nessa campanha? Nuzman se queixa bastante disso.
R- O COI havia decidido que as candidaturas olímpicas deveriam ser coordenadas pelos comitês olímpicos nacionais. Não sabíamos. Tivemos apoio do Globo para substituir Brasília. Erramos ao tentar fazer uma coordenação política e depois o apoio voltou. Demonstrado porque na disputa Rio x S. Paulo (MARTA era prefeita de SP eu do RIO) a simpatia total foi pelo Rio. A cobertura das apresentações das cidades no auditório do BNDES e a cobertura de nossa vitória foi total. A proximidade do COB (Nuzman) e da Rede Globo é muito grande.

P- Por que a proposta do Fundão não vingou? Urbanistas dizem que faria mais sentido do que a expansão para a Barra.
R- Essa foi a proposta de Barcelona. Só eu fui contra. Meu argumento era operacional. Na Barra da Tijuca a caneta do prefeito decidia tudo. No Fundão seriam 5 canetas: Conselho Universitário, Governo Federal, Governo Estadual, COB e Prefeitura. O golpe final veio em 1996, quando a Comissão do COI esteve aqui analisando o projeto do Rio. Fui contatado reservadamente por um espanhol que compunha a Comissão do COI que me disse que o Fundão era inviável. Nas suas palavras: A Olimpíada é uma festa da raça. As teleobjetivas não podem fazer um foco ao mesmo tempo num superatleta e em alguém subnutrido.

P- Como foi a decisão de disputar o Pan-07?
R- Quando retornei à prefeitura após a eleição de 2000 fui procurado pelo Nuzman pedindo que eu subscrevesse a carta que o Conde havia preparado para a ODEPA. Trouxe a proposta da Região do Maracanã ser a base do complexo Olímpico. Eu disse que não concordava. Teria que ser a Barra da Tijuca por duas razões: 1) segurança pública, pois era uma área de 3 entradas/saídas e edificações separadas pelo plano Lúcio Costa. 2) porque permitia construir um complexo Olímpico amplo e integrado. Nuzman aceitou.

P. Quando o sr fala que o Fundão era uma “proposta de Barcelona”, refere-se a que? Os organizadores de Barcelona-92 ajudaram a elaborar a proposta da Rio-04?
R- Desde 1993 até 2000 a equipe de Barcelona foi consultora da prefeitura do Rio no Plano Estratégico. Conde era muito próximo deles. Consultoria profissional com os mesmos arquitetos-urbanistas responsáveis pelos JJOO-Barcelona.

P- Quem decidiu transformar o Pan-07 em padrão olímpico? Originalmente, ele já não era uma vitrine para a futura candidatura do Rio para a Olimpíada?
R- Vencemos em 2002, na Cidade do México, de San Antonio que era uma cidade dos EUA pronta com todos os equipamentos. Três argumentos nossos foram vencedores: a) Nuzman falou em descentralizar pelos Comitês Olímpicos nacionais a cobertura unitária e integrada da TV, o que permitia a eles ganhos de patrocínio. b) Segurança Pública pelas características da Barra da Tijuca e pela ausência de riscos de terrorismo. c) a importância da paralimpíada que teria apoio semelhante. Vencemos. O projeto era simples e barato. O COB foi chamado pelo COI com a presença de um ex-presidente Samaranche que disse que projeto não ganhava mais candidatura. Era necessário dar garantia aos patrocinadores potenciais. E que, para isso, os equipamentos previstos para o PAN deveriam mudar completamente e ser equipamentos olímpicos. E assim foi. As críticas sobre os novos custos do PAN não levaram isso em conta.

P- O que significa a proposta do Nuzman, para o Pan-07, de “descentralizar pelos COs a cobertura unitária e integrada da TV”? Não houve uma OBS no Pan, como há na Olimpíada? Os direitos de imagem foram pulverizados?
R- O COB garantiria os direitos de imagem (aliás pagos pela prefeitura) e os COs latino-americanos definiriam as coberturas que lhes interessavam. Seriam feitas estas ampliações e garantidos os links aos COs que poderiam negociar os patrocínios em seus países.

P- Qual foi a importância da candidatura de 2012?
R- Na lógica de Marinho e Havelange as candidaturas sucessivas se reforçam e se ajustam. Todas são importantes por isso.

P- O Rio recebeu uma nota pior do que o Doha na primeira avaliação para 2016. Como se classificou e como superou as desconfianças?
R- Numa reunião no Palácio Guanabara, Havelange disse que a cúpula do COI estava muito preocupada com o poder “influenciador” dos países árabes-petroleiros. E que a imagem que ficaria era de cumplicidade. O argumento da Comissão no dia da escolha das finalistas em Atenas em junho de 2008, depois de lido o nome de Doha é que as áreas de Doha exigiriam descentralizar a Olimpíada, o que não seria possível. O Rio foi incluído no lugar de Doha e já partiu com equipamentos testados no PAN, com a presença dos presidentes das federações internacionais e do COI e com o projeto integrado na Barra pronto na área do autódromo, com 3 equipamentos já construídas e articulados pela Linha Amarela com o Estádio Olímpico para o atletismo, modalidade fundamental.

P- Paes disse que no plano estratégico de seu primeiro governo já havia a previsão de buscar a Olimpíada, como forma de alavancar uma cidade que perdeu sua vocação. Foi isso mesmo? Isso já foi inspirado em Barcelona? Por que a Olimpíada era vista como um catalisador para isso?
R- Foi como contei, uma iniciativa conjunta de Roberto Marinho e João Havelange. Esse foi o start, ponto de decisão.

P- Quais mudanças a proposta de 2012 sofreu para 2016? Metro, arenas, finanças…
R- Lembro que o projeto da candidatura para 2016 foi entregue pela prefeitura do Rio e o COB, ao COI em dezembro de 2008 com as cópias traduzidas. Curiosamente a única atividade que o RIO teve nota 10 em 2007 pelo COI foi mobilidade/transportes. O fundamental foi o gerenciamento do tráfego. As linhas fechadas eram flexíveis nos horários, ao contrário de hoje, cuja rigidez produziu os engarrafamentos. 2016 medido pelo número de atletas na Vila Olímpica é o dobro de 2007. Bem. Basicamente seguimos as recomendações do COI em relação a dar segurança total em relação a qualidade dos equipamentos –olímpicos- desde o PAN-2007 e a Vila Olímpica. Aliás, a Vila do PAN, definida pela prefeitura seria onde está localizada a Vila Olímpica. Mas uma imobiliária conseguiu mudar a localização para onde foi feito apesar dos riscos por ser um terreno turfado. O TCU identificou um sobre-faturamento de aluguéis pagos pelo Ministério dos Esportes e mandou reduzir. O ministro Vilaça esteve comigo e explicou. Mas os aluguéis estavam cobertos pelo aumento de gabarito para 12 andares. Aliás, agora é a mesma coisa. O que pagaria os aluguéis seria o aumento de gabarito (modelo Barcelona) de 12 para 18 andares. Mas o CO–2016 está pagando ao mesmo tempo pelo menos 250 milhões (valor de 2014) pelo aluguel dos apartamentos dos atletas.

P- O sr. acha que valeu a pena essa busca? O Rio conseguiu encontrar sua vocação?
R- A busca de sede da Olimpíada pelas cidades têm 4 vetores: a imagem global da cidade, a inserção na elite esportiva preparando atletas, o legado urbano e os eventos esportivos em si. O Rio, pela coincidência da crise de 2014-2016, perdeu o efeito imagem, perdeu o ponto de preparação de atletas para subir os degraus de elite esportiva e fez a escolha de legados urbanos que só poderão amadurecer em prazos mais dilatados, como o Porto Maravilha que micou com a crise do mercado imobiliário. Mas não há dúvida que o quarto vetor, a qualidade dos eventos esportivos, será conquistada.

P- Os filhos de Roberto Marinho também participaram da origem da candidatura de 2012 e 2016?
R- Basicamente a partir do PAN, quando um representante da TV apresentou o projeto da Globo, que se mostrou muito positivo, pois integrava “heróis anônimos” que criavam pequenos polos de um esporte e integrava as escolas e professores de educação física. Com isso, a cobertura desde uns anos antes era nacional e inclusiva. 15 dias depois do PAN fui convidado pelo Dr. João Roberto Marinho para participar da reunião, acho que mensal, das mídias do sistema Globo. Havia uma discussão entre eles se um grande evento como aquele e esse atual valeria a pena para a cidade e para a empresa. Defendi e justifiquei. A opinião favorável dos diretores foi vitoriosa, especialmente porque a cobertura pela TV aberta e especialmente paga (SporTV) foi um sucesso, segundo o diretor de jornalismo Schreder, hoje diretor geral da Rede Globo. Mas pelo que senti havia 60% a favor e 40% contra. Na saída reclamei de um artigo no Globo de Ali Kamel, segundo do jornalismo na época, criticando duramente o PAN e grandes eventos. Dr. João Roberto disse que aquilo mostrava a liberdade interna da Globo.

P- Urbanistas criticam o fato das PPPs olímpicas preverem a exploração imobiliária na zona oeste, o que seria uma pressão para a ocupação dessa área considerada ambientalmente frágil. O sr acha que a escolha da Barra provoca essa pressão? Ela foi boa para a cidade? Não seria melhor insistir no Fundão?
R- O ponto não é esse. Até porque será o mercado que ditará os prazos de ocupação. O ponto é que não se conheceu nem se conhece os valores incorporados nas concessões de espaço e gabaritos. Por exemplo: Na área do autódromo –onde está todo o Parque Olímpico –25% é ocupada pelos equipamentos esportivos e 75% pelos prédios que serão construídos.

04 de agosto de 2016

ALGUNS DESTAQUES NO SEMINÁRIO PARALELO À CONVENÇÃO DO PARTIDO REPUBLICANO NOS EUA! TRUMP É A ANTIPOLÍTICA! IMPORTÂNCIA DA TV CAIU MUITO! ELITE POLÍTICA PERDEU CONTATO COM A SOCIEDADE!

Bruno K. presidente da juventude nacional do DEM e vice-presidente da juventude da IDU convidado da IDU para participar da convenção republicana e do seminário paralelo à convenção promovida pela IDU (União Democrática Internacional) apresentou seu relatório. Deste, vários pontos foram destacados por este Ex-Blog, que inclusive poderão ser úteis às eleições brasileiras, como as municipais desse ano. Seguem alguns pontos destacados.

A- SOBRE AS ELEIÇÕES:

1. Robin Vos (Presidente da Assembleia Legislativa Wisconsin.  – Temos que aprender a propor. Ser ativos ao invés de ser reativos. Temos que ter nossa agenda e nossas ideias. – Os parlamentos hoje votam projetos da forma como já foi decidido pelos chefes dos partidos. Não se debate mais as ideias, não se busca consenso. Muito polarizado. Política se transformou em falar mal e criticar na internet.   

2. Karl Rove (Chefe de Gabinete Adjunto e Estrategista do Presidente George W. Bush) – – Nunca vi uma eleição assim, completamente confusa. – Confiança das pessoas nas instituições é mínima. Não acham Trump capaz de fazer tudo que promete, mas acham ele combativo, querem alguém que brigue. – Elite política perdeu tanto contato com a sociedade que a população quer eleger um bilionário por acreditar que ele é um outsider. – Últimos 20 anos são de radicalismo entre Republicanos e Democratas. Um radicalismo quase igual ao que se sentia após a guerra civil. Não se sabe o que ocorrerá com os partidos após eleição.  – Ambos os partidos mostram alguma frustração com Obama. Os eleitores de Trump acham que Obama foi longe demais na guinada à esquerda. Os eleitores de Sanders acham que ele devia ter ido ainda mais longe. – Perdemos para Obama em 2008 na qualidade e não na quantidade de uso das redes. Ele segmentava o eleitorado e nós mandávamos a mesma mensagem para todo mundo. Mandamos mais, mas gerava menos efeito.

3. Terry Nelson (Consultor Político). – Eleitores Republicanos: Só 25% querem banir os muçulmanos, mas 82% querem banir os sírios especificamente. – Eleitores Democratas estão menos protecionistas economicamente do que antes e republicanos estão mais. – 79% rejeitam o Congresso. Maior rejeição desde 1974. – Em 1992, 37% eram independentes, 34% republicanos e 29% democratas. Em 2005, todos tinham 33%. Em 2016, 40% são independentes, 31% são democratas e 27% são republicanos. Republicanos perderam para independentes. – País vai na direção certa? Hoje, 70% Não e 24% Sim. – Eleitorado mais diverso da história dos EUA: 69% brancos, 12% negros, 11% latinos, 4% asiáticos e 4% outros.

4. Danny Diaz (Coordenação da campanha de Jeb Bush). – Trump é o candidato da antipolítica. O povo quer isso. – A cobertura jornalística sobre Trump foi totalmente desproporcional. Isso ajudou muito. – Trump cria apelidos para os adversários e a mídia repercute.

5. Ed Brookover (Coordenação da campanha de Trump). – Trump: Estratégia é não ser político, não ser diplomático, não ser correto. Falar as verdades, atender a demanda da população por alguém sincero. – Vai tentar mostrar outra face de Trump: Empresário inteligente e homem amoroso com sua família. – Queremos agora expandir o eleitorado de Trump e buscar: Insatisfeitos com Obama, Pessoas antipolítica, Pessoas que nunca votam, Pessoas que acham que os EUA não estão seguros, – A rejeição dos candidatos pode fazer o comparecimento crescer: Pessoas vão votar em um por ser contra o outro. – Não focamos a TV. Importância caiu muito. Pessoas estão nas redes, nos sites, nos blogs. – Temos um grupo de equipe de rua que viaja de estado em estado, muito bem treinado, ao invés de grupos locais. – “Trump não é isolacionista, mas não temos uma palavra que defina o que ele é em termos de política externa”. – Trump vai anunciar durante a campanha convites para pessoas que têm experiência administrativa fazerem parte de seu ministério.

6. Ben Ginsberg (Consultor Republicano).  – É a campanha onde os dois candidatos são os mais impopulares na história. – Se Gary Johnson, terceira via, chegar a 15%, irá aos debates. – Um debate entre Trump e Hillary seria o mais assistido de todos, despertando ódios e paixões, um show.

B) SOBRE POLÍTICA EXTERNA (coordenação do Instituto Republicano). O MUNDO HOJE É MAIS PERIGOSO DO QUE NA GUERRA FRIA!

1. John Kasich (Governador de Ohio e quarto colocado nas primárias). – “Ser nacionalista não é um problema. Problema é ser extremo. O isolacionismo é negativo.”  – “Por que ser anti-imigração? Os imigrantes são positivos, ajudam nossa economia. Deve haver maior controle, mas não essa demonização.” – “Reino Unido fora da União Europeia? Putin comemora!”. – O enfraquecimento da OTAN é o fortalecimento da Rússia, da China e do Islã radical. – Comércio livre é fundamental. Respeito aos aliados também. – “Onde estão os líderes religiosos cristãos que não condenam o terrorismo islâmico duramente?”

2. David Purdue (Senador). – “O mundo hoje é mais perigoso do que na Guerra Fria”. – “Estado Islâmico cresce e ataca dentro do nosso país.” – “Quando os EUA vão voltar a liderar e promover a liberdade?” – “Rússia nitidamente patrocina grupos pró-Rússia na Europa Oriental. Nossos aliados na região estão com medo e nós não ajudamos?” – Arábia Saudita quer resolver questão do Estado Islâmico, mas governo Obama não ajuda.

3. Paul Ryan (Presidente da Câmara dos Deputados e candidato a Vice em 2012). – Nossos inimigos não nos temem mais. Nossos aliados não confiam mais em nós. – O governo não pode fazer ameaças e depois não cumprir, como Obama fez na Síria. – A direita precisa colocar sua plataforma de forma clara. – Temos que recuperar a capacidade das pessoas de se autogovernar, cortar impostos e melhorar o gasto público.

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AMÉRICA LATINA E ESTADOS UNIDOS: A IMPORTÂNCIA DA SEGURANÇA JURÍDICA E DAS INSTITUIÇÕES! CHILE E URUGUAI!

Historiador e especialista em América Latina, Joseph Tulchin, autor de América Latina x Estados Unidos – Uma relação turbulenta.

1. Eu não focaria nas últimas mudanças e suas guinadas à esquerda, guinadas à direita. Isso é muito exagerado na América Latina. Os dois amigos mais próximos dos Estados Unidos na região hoje são governos de esquerda: Chile e Uruguai. Eles têm excelentes relações, mutuamente benéficas. Ao mesmo tempo (os Estados Unidos) vão muito bem também com Argentina e Colômbia, e esperamos que seja assim com (Pedro Pablo) Kuczynski, no Peru.

2. Não se trata de esquerda contra direita. A razão dessa relação ser tão forte com Chile e Uruguai é que são ambos países que gostam do Estado de direito, têm Judiciários fortes, marcos regulatórios claros e são grandes defensores dos direitos civis e humanos. A única diferença é que Chile é muito conservador em questões sociais em razão do grande poder da Igreja. Somos (EUA) muito familiares com esses dois países porque compartilhamos os mesmos valores e eles estão à esquerda.

03 de agosto de 2016

SEM APOIO EMPRESARIAL! FINANCIAMENTO E DISTRITALIZAÇÃO DA CAMPANHA ELEITORAL!

1. A proibição de financiamento empresarial das campanhas eleitorais já começa a apresentar sinais de seus desdobramentos. As primeiras reações foram em relação às vantagens que teriam os candidatos das máquinas governamentais e os de maior renda. E para os imobilistas, a consequência seria a ampliação do caixa 2.

2. Há reações apontando para uma certa desorganização das campanhas neste ano, até que a prática defina os caminhos a seguir. Mas ninguém tem dúvida que essa nova situação veio para ficar. A eleição de 2016 será um primeiro teste, é verdade.

3. As candidaturas proporcionais espalhadas –mesmo as de opinião pública- tenderão a perder fôlego, pela enorme dificuldade de capilarizar as campanhas. O sistema anterior caminhava para o distritão, de forma a eliminar o fenômeno dos grandes puxadores de legenda, a exemplo de Enéas e Tiririca. Não foi aprovado.

4. Os Fundos Partidários definidos no Orçamento da União passarão a ser usados diretamente em campanhas e de forma muito mais tática e ampla que antes. Mas como distribuir o Fundo Partidário em campanhas proporcionais? Os caminhos deverão vir das experiências britânica e norte-americana.

5. São sistemas de voto distrital puro, majoritário e uninominal. As direções nacionais dos partidos dividem os distritos em 3 tipos. Aqueles em que os candidatos do partido não têm chance alguma ou têm chance muito pequena. Aqueles em que são franco favoritos. Estes dois casos são deixados para a iniciativa dos candidatos nesses distritos. Nos distritos competitivos a direção nacional do partido administra e financia a campanha de seus candidatos de forma a conseguir maioria no parlamento.

6. Como as direções nacionais farão no caso do Brasil, em que o voto é proporcional para vereadores e deputados? Para prefeito, a opção é clara: Fundo Partidário apoiar os candidatos competitivos ou favoritos especialmente em cidades maiores.

7. Para vereadores e deputados que o voto é proporcional aberto, as direções nacionais tenderão a usar o Fundo Partidário para apoiar os puxadores de legenda quando o partido concorrer sem coligação. Havendo coligação, as direções locais deverão demonstrar à direção nacional que o apoio do Fundo Partidário poderá eleger mais candidatos do partido na coligação. Os favoritos na coligação não precisarão de apoio do Fundo Partidário.

8. Enfim, a eleição de 2016 indicará os melhores caminhos. Mas, de qualquer forma, a tendência clara será o voto proporcional caminhar para um voto distrital mesmo antes de qualquer reforma tributária. Os partidos tratarão, desde já, de aplicar a metodologia utilizada no regime de voto distrital nas campanhas proporcionais como as de 2016 e daí para frente.

02 de agosto de 2016

DADOS E FATOS ATUAIS SOBRE OS JJOO-2016!

1. Uns meses atrás, este Ex-Blog fazia uma análise do efeito Olimpíada sobre a opinião pública carioca em base aos 4 vetores que os governos buscam ao lutar para sediar os Jogos Olímpicos. Hoje se pode comprovar que a análise estava correta. O efeito imagem da cidade potencializada pelos JJOO, infelizmente, se dissolveu. E a ocupação dos corredores olímpicos –desde os aeroportos- feita pelas forças armadas com fuzis, só agravou a imagem. A presença na abertura de chefes de governo será 1/3 ou pouco mais que em Londres.

2. O efeito (legado urbano) não terá impacto em curto prazo, em 2016. A concentração de investimentos em mobilidade (transportes) destacada no JN de 29/07, em base especialmente às linhas de BRT, desarrumou os hábitos dos cariocas acostumados com o transporte porta a porta dos ônibus. Até que novos hábitos sejam incorporados pelo uso dos BRTs, com otimismo, estaremos na eleição de 2018.

3. Do ponto de vista político, olhando a eleição municipal de 2016, caberá ao candidato do prefeito reproduzir com adaptações o bloco do JN-29/07, que mostrou os investimentos em mobilidade, projetando as vantagens para o futuro, de forma a reconstruir o desgaste do presente.

4. O quarto vetor será bem sucedido: os eventos esportivos. São áreas e equipamentos olímpicos com segurança garantida. E uma vez em competição, o efeito imagem da cidade não importa para os atletas. O “clima” pré-olímpico, a desistência de importantes atletas e as proibições sobre parte da delegação russa, tornarão os JJOO mais competitivos, aumentando o entusiasmo em relação às provas.

5. Mas isso não tem efeito eleitoral, por mais que o governo tente. E o noticiário pós-olímpico, como é costume, dará brilho aos problemas e aos defeitos. Os atletas dos países-alvo potenciais do EI tendem a chegar no Rio perto de suas provas e sair logo após, eliminados ou vencedores. Não vão tirar férias pela cidade. Os perdedores colocarão a culpa nas condições externas que os afetaram.

6. A decisão de produzir eventos de forma a animar a festa foi muito arriscada, pois o policiamento em seu entorno não terá a intensidade, a presença e a percepção da segurança das áreas diretamente olímpica e seu entorno. Os delitos serão deslocados para bairros ou corredores não-olímpicos. Não há efetivo policial capaz de se espalhar pela cidade.

7. Em resumo, a Olimpíada terá o brilho esportivo que teve em outros JJOO e até talvez maior impacto e entusiasmo interno pela competividade (ver 4.), com novos medalhistas, novos heróis. Mas com nenhum efeito eleitoral.

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DECLARAÇÃO DA UNIÃO DE PARTIDOS LATINO-AMERICANOS (UPLA) DIANTE DA EXCLUSÃO DE DEPUTADOS DO PARLAMENTO DA NICARÁGUA PELO SANDINISMO-CHAVISTA!

La Union De Partidos Latinoamericanos (UPLA), frente a la crisis política que se vive en Nicargua por la destitución de parlamentarios opositores al gobierno Sandinista; y
Considerando:

1. Que el Tribunal Electoral de Nicaragua ha entregado el control total del Parlamento al Frente Sandinista, partido del Presidente Ortega, al destituir a 28 diputados del Partido Liberal Independiente.

2. Que para ejecutar esta medida, el Tribunal Electoral utiliza abusivamente una modificación realizada a la Constitución Nicaragüense realizada por el actual gobierno en el 2014, que estableciendo que todo diputado que cambie de opción política pierde su escaño.

3. Que estas medidas tienen por objeto anular a las fuerzas opisitoras de cara a las elecciones de noviembre próximo, tal como ha ocurrido en otros paises del continente donde sus gobiernos son afines al Socialismo del Siglo 21.

Declara:

1. Su enérgico rechazo a estos atropellos a la voluntad popular del pueblo nicaraguence, los cuales comprometen seriamente el régimen democrático en ese país.

2. Exhorta a la OEA y a su Secretario General para que se pronuncien cuanto antes frente a estos graves hechos y condene estos abusos de poder del mandatario nicaraguence que apuntan a radicalizar el régimen dictatorial con careta democrática que se quiere imponer en ese país.

3. Reitera el compromiso de la Unión de Partidos Latinoamericanos (UPLA) con la democracia y con el respeto a los distintos poderes del estado en Nicaragua.   

Armando Calderón Sol Presidente de la Unión de Partidos Latinoamericanos

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VIOLÊNCIA DISPARA NO RIO! DADOS OFICIAIS DO ISP RELATIVOS A JUNHO DE 2016!

(Estado de S.Paulo, 30) 1. Um relatório do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP) mostra aumentos de até 80% em indicadores de violência no Estado em junho passado, em comparação com o mesmo mês de 2015.  Menos de dois meses antes da Olimpíada, os roubos a pedestres no Estado do Rio de Janeiro aumentaram 81,2% no mês passado. Foram 8.011 casos registrados, em média 267 roubos por dia. Em junho de 2015, o ISP contou 4.421 assaltos – 147,33 diários.

2. Os roubos em coletivos também aumentaram 81,7%. Saltaram de 619 de junho de 2015 para 1.125 do mês passado. Somando-se roubos de rua (a pedestres, de celulares e em transportes), chega-se a um aumento de 81,2%, de 5.936 para 10.754, uma média de 357,5 assaltos por dia.

3. Os homicídios dolosos (com intenção de matar) aumentaram 38,2%, de 272 (9,06 diários) para 376 (12,53 por dia). Já os homicídios decorrentes da intervenção policial aumentaram 68,2%, de 44 para 74.

01 de agosto de 2016

A ELEIÇÃO PARA PREFEITO DO RIO-2016! UMA PRIMEIRA AVALIAÇÃO PÓS-CONVENÇÕES!

1. Após a eleição municipal de 2012, uma análise interna do instituto GPP afirmava que os 23% dos votos (incluindo brancos e nulos) conquistados pelo deputado Freixo incluíam os votos anti-Paes pelo efeito voto-útil, na medida em que os demais candidatos perderam fôlego eleitoral. E concluía que o voto efetivo em Freixo estava mais próximo dos 50% que obteve. As pesquisas informadas agora em 2016 confirmaram isso.

2. O efeito-PT-impeachment, por enquanto, afetou destacadamente a deputada Jandira Feghali, que está a menos da metade do que obteve em 2008 para prefeito. E ocupa um modesto quinto lugar. Com as informações de hoje, tenderá a servir como base para o voto útil em Freixo.

3. O deputado Molon precisará desesperadamente que Marina Silva (que continua a mais popular no Rio) o carregue no colo. Ele enfrenta dois problemas: a) Não ter nunca se aproximado dos temas regionais; b) Apesar de aparecer muito no noticiário da TV, ainda não desenvolveu carisma. É percebido como um acadêmico. Permanece longe, em último.

4. O senador Crivella continua liderando com folga. A esperada saída de Romário, que este Ex-Blog previa, o favoreceu. Por outro lado, todos os vetores evangélicos expressivos passaram a apoiá-lo, mesmo os que estão em outros partidos. E atraiu o PR, o que dá uma boa exposição na TV. Crivella definiu uma boa coordenação de programa e até criou uma assessoria católica com tradição próxima à Cúria.

5. Bolsonaro, com a marca do pai, mantém-se em terceiro lugar, a 2 pontos de Freixo. As análises de institutos ainda não identificaram seu potencial de crescimento. Dependerá da campanha em si. O tema segurança o beneficia mais que o uso por outros candidatos. A chave será convencer o eleitor que prefeito pode mesmo fazer alguma coisa. E tem o voto em corporações conservadoras.

6. Em seguida, Indio, mais de 2 pontos a menos que Bolsonaro, e de boa imagem televisiva, não terá mais o apoio do PR, que contava. O tema segurança que tem destacado em comerciais será difícil tirar de Bolsonaro. Pedro Paulo, em sexto, um ponto abaixo de Jandira, terá que torcer pelo impacto dos JJOO em relação a imagem do prefeito, de forma a recosturar a sua própria imagem. Conta com seu tempo de TV e as imagens projetadas para frente do que a prefeitura fez.

7. Osório vem 2 pontos abaixo de Pedro Paulo e quase no mesmo nível que Molon. Conta com Aécio para atrair o PSB, que traria tempo de TV e grife. Disputa o PSB com Indio e Crivella. Leva vantagem pelo fato de o presidente do PSB ser deputado católico orgânico.

8. Um assessor do prefeito dizia outro dia que os números de 2016 vão repetir os de 1992, ou seja, quem chegar aos 15 pontos estará no segundo turno. É provável. Supondo que a situação de Crivella esteja consolidada para o segundo turno (vide as eleições de 2008 e 2014, muito mais competitivas), a briga será pelo segundo lugar. Os candidatos deixarão de olhar para Crivella e disputarão espaço entre eles.

9. Lembre-se da história dos 2 homens e o tigre. Um deles disse ao outro: não quero correr mais que o tigre. Quero correr mais que você.

TEMER COM MAIS APOIO QUE DILMA NA CÂMARA DE DEPUTADOS!

(Sonia Racy – Estado de S.Paulo, 31) Bom de apoio. Levantamento da consultoria Arko Advice aponta que, desde sua chegada ao Planalto, em maio, Temer teve mais apoio, na Câmara, que sua antecessora – 57,19% de votos favoráveis, em 45 votações nominais – contra 48,72% obtidos por Dilma, ao longo de seu segundo mandato. Nesses dois meses e meio, só 8,2% votaram contra o governo – e outros 29,8% se ausentaram. Entre as grandes vitórias de Temer, a consultoria de Murilo Aragão cita a aprovação da DRU e a ampla vitória obtida por Rodrigo Maia para presidir a Casa. Bom de apoio 2 A surpresa: a votação média dos petistas em plenário, na era Temer, deu quase empate: 28,8% contra o governo e 26,9% a favor – enquanto 24,9% se ausentaram.