21 de junho de 2013

TEORIA DAS CATÁSTROFES APLICADA À POLÍTICA! MORFOGÊNESE POLÍTICA!

1. (wp) A Teoria das Catástrofes é o estudo de sistemas dinâmicos que representam fenômenos naturais e que por suas características não podem ser descritos de maneira exata por cálculo diferencial. Nesse sentido é um modelo matemático de morfogênese. Foi proposta no final dos anos 50 pelo matemático francês René Thom e difundida nos anos 70. Depois, passou a ter uma especial aplicação na análise do comportamento competitivo e nos modelos de mudança organizacional, evolução social, sistêmica e mítica. Um exemplo simples: qual o movimento da queda de uma folha no outono? Que momento deflagrou uma avalanche numa área deserta?

2. A Teoria da Catástrofe foi e é aplicada à Política. São situações políticas que surgem de forma aparentemente surpreendente. A dinâmica política analisada pelos fatos externos e percebidos não é suficiente, pois é um simples exercício de extrapolação. Há que se analisar fatos não imediatamente correlatos que só se tornam visíveis quando deflagrados por uma ação política que não tem relação direta com ele. Exemplo: O bloqueio marítimo alemão à Inglaterra na primeira guerra mundial, que afetou as exportações dos EUA e levou a uma pressão irresistível para que o presidente Woodrow Wilson levasse os EUA à guerra e decidisse a primeira grande guerra.

3. Não se trata de um processo político continuado que pode ser incluído em cenários futuros, como uma crise econômica possível. Trata-se de um fato novo que deflagra outra dinâmica ao processo político corrente. Uma espécie de “tipping point”. Não é planejável nem administrável. Mas uma análise de pontos “invisíveis” vulneráveis no processo político pode simular hipóteses em cima de fatos ainda não existentes. E até provocá-los por simulação e depois por ação.

4. O genocídio de índios no Novo Mundo, produto de doenças transmitidas e que não existiam entre os nativos, sequer foi percebido quando começou a ocorrer. Ou uma expressão que produz uma reação popular durante uma campanha eleitoral como os “marmiteiros” contaminando Eduardo Gomes contra Dutra em 1945.

5. A decisão de FHC de votar a reeleição para seu próprio mandato, que gerou um ciclo de 12 anos do PT, pois seu segundo mandato foi a administração de crises externas (asiática e russa) que contaminaram o país. Paradoxalmente o economista que previu essa onda de crises desde o México, em 1994, Armínio Fraga, foi depois seu presidente do Banco Central no impacto daquelas crises.

6. Há conjunturas em que esses pontos “invisíveis” se multiplicam, pela fragilidade conjuntural. Por exemplo, a crise econômico-financeira a partir de 2008. Que desdobramento terá no sul da Europa? Que fatos poderão ser indutores de rupturas? O populismo cambial e fiscal do governo Lula para vencer a eleição de 2010 criou pontos de reversão econômica e política que só se tornaram claros 2 anos depois.

7. Exemplos à vontade existem em pesquisas pré-eleitorais que mostram candidatos com uns 3% de intenções de voto e um ano ou mais depois se tornam vencedores? Por quê? Na falta de uma análise profunda se atribui ao marketing.  Chávez se beneficiou de uma reversão econômica numa crise que se tornou muito mais grave e sentida pela imprevisão do governo venezuelano que –sem perceber a crise (97/98)- extrapolou nos instrumentos de aceleração econômica, produzindo um “gap” de quase 20 pontos do PIB entre o auge pré-eleitoral e o fundo do poço no coração da campanha em 1998.

8. Estamos vivendo uma conjuntura no Brasil que está multiplicando “pontos invisíveis”. Quais são? Há que analisar exaustivamente. Mas isso certamente produz uma grande volatilidade política, potencial, a nível nacional e regional. Nesse sentido, os melhores conselheiros não são os chamados ‘marqueteiros’, mas os políticos sêniores e os politólogos que mergulham na conjuntura articulando-a com a teoria e a história. Surpresas virão certamente? Quais?

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DILMA CONVOCA REUNIÃO COM MINISTROS HOJE! PARA QUÊ?

1. Fico imaginando o que a imensa maioria desses ministros vai dizer sobre esses fatos. Nada! Já leram Castells? Já leram Abdo? O que leram sobre as análises de sociólogos e politólogos das manifestações dos Indignados na África do Norte e na Espanha? O que sabem do caráter horizontal da multiplicação de informação nas redes sociais?

2. Acima, a nota de abertura deste Ex-Blog destaca a Teoria da Catástrofe aplicada à Política. São fatos que se desenvolvem sem se aflorar. E de repente surpreendem os “distraídos” como Dilma e seu gabinete. É parte integrante da Teoria dos Jogos. O que leram de teoria dos jogos? De que forma os atores decidem? E agora como se aplica a teoria dos jogos em relação a atores virtuais, iguais, dispersos e eventualmente convergentes?

3. E o conhecimento desenvolvido sobre comunicação política? Eles leram pelo menos um livro de Kathleen Jamieson?

4. Dilma deveria reunir-se com especialistas para entender essa dinâmica, que é nova no Brasil, mas muito analisada em vários lugares do mundo. Google, Yahoo, Universidade de Columbia, e tantas outras têm suas vice-diretorias ou departamentos de Opinião Pública.  Alguém no governo acompanha?

5. Nem Dilma sabe nada disso. Vai prevalecer o silêncio. Alguém vai dizer: Deu branco. Bem, pode ser que o publicitário do PT tenha algo a dizer. Claro, começando pela autocrítica por nada ter previsto.

6. Próxima semana este Ex-Blog vai projetar que temas (ou tema) poderão (poderá) dar continuidade as mobilizações.

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ÁREAS CINZENTAS QUE SEPARAM IDEAL DEMOCRÁTICO DA POLÍTICA REAL E DO INTERESSE DOS PROTAGONISTAS! 

(Fernando Straface Diretor do Cippec – Clarín, 17) 1. Que democracia estamos consolidando? A maturidade democrática demanda instituições legítimas e cidadãos que tolerem e respeitem os direitos dos outros. Esta é uma das questões examinadas pela última edição do Barômetro das Américas (Universidade de Vanderbilt), liderado na Argentina pela Universidade Di Tella e publicado pela CIPPEC.

2. O estudo analisa o sistema democrático e a avaliação do sistema político com os seguintes indicadores: o apoio ao sistema democrático, o apoio ao sistema político, na medida em que as pessoas confiam nas instituições políticas, as respeitam e sentem-se protegidas por elas, e o grau de tolerância política, respeito aos cidadãos e direitos políticos dos outros.  Na Argentina, houve um esmagador apoio para a democracia como forma de governo (83,2%), que está entre os mais altos da região. A solução democrática de todas as crises nos últimos 30 anos, reforçou essa convicção.

3. O forte apelo social da democracia convive com uma avaliação positiva, em sua maioria, do sistema político, mas com menor intensidade que o apoio ao sistema democrático (55,4%). Esta diferença reflete a distância entre o “tipo ideal democrático” e a percepção sobre o efetivo funcionamento das instituições políticas.

4. O conceito de “promessas não cumpridas da democracia”, do cientista político Norberto Bobbio, fala sobre as áreas cinzentas que separam o ideal democrático do funcionamento real e os interesses dos protagonistas do sistema e envolve a perda de enraizamento social dos partidos, a personalização da política e o imediatismo das trocas entre representantes e representados.

5. Mas a terceira variável merece uma atenção maior.  Embora ainda elevada, a tolerância política se deteriorou quase 9 pontos estatisticamente significativos: passou de 67,8% em 2008, para 58,9% em 2012.  Tolerância e qualidade do sistema político andam de mãos dadas. A capacidade de um sistema político de produzir boas políticas públicas é baseada em uma expectativa de convivência de longo prazo entre os que disputam o poder e as orientações ideológicas do Governo.

6. A intolerância política de qualquer das partes – governo ou oposição – promove o intercâmbio marcado por um caráter de ruptura, totalizador e deslegitimador do outro. Os líderes políticos e seus referentes sociais e econômicos podem fazer um grande serviço à tolerância política. Eles podem apresentar, perante a sociedade, posições políticas e interesses que, embora divergentes, são baseadas menos na desqualificação pessoal ou na auto referência exemplificadora.

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PROTESTOS E O MAPA DIGITAL DAS REDES SOCIAIS!

(Vera Magalhães – Painel – Folha de S. Paulo, 21) Mapa Digital: Nas 24 horas depois de governo e prefeitura de São Paulo anunciarem a volta do preço das passagens para R$ 3,00, o ativismo nas redes sociais atingiu 36,8 milhões de pessoas. Os dados são de levantamento do grupo Máquina/Brandviewer.  Dos usuários que postaram sobre os protestos, 59,9% são homens, e o Twitter é a rede favorita (62,8%), seguido por Facebook (23,5%) e Google+ (8,4%). A hashtag mais usada foi #vemprarua (2,4 milhões de menções). São Paulo responde por 38,4% dos posts.

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EGITO ROMPE RELAÇÕES COM A SÍRIA! SÍRIA REAGE!

1. A propósito do rompimento definitivo das relações do Egito com a Síria, determinando a retirada do encarregado de negócios egípcio em Damasco e o encerramento da missão síria no Cairo, Mohamed Mursi declarou o apoio do governo e do povo egípcios aos rebeldes sírios, “até que suas demandas sejam atendidas, seus direitos reconhecidos e uma nova liderança eleita”. Mursi também fez apelo à comunidade internacional para a imposição de zona de exclusão aérea na Síria, condenando, ao mesmo tempo, toda intervenção estrangeira na guerra civil em curso no país, em particular a do grupo libanês Hezbollah.

2. Governo sírio reagiu com dureza ao anúncio de rompimento de relações diplomáticas pelo Egito. Segundo ‘fonte oficial’ citada pela agência de notícias SANA, Mursi, ao agir dessa maneira, ‘uniu-se ao bando liderado pelos EUA e por Israel na conspiração contra a Síria’. A mesma fonte apontou que a posição ‘irresponsável’ do Presidente egípcio foi anunciada no contexto dos recentes avanços do exército sírio contra o ‘terrorismo’ e refletiria tentativa de implantar a agenda da Irmandade Muçulmana no Egito. A fonte governamental afirma ainda que seu país está plenamente confiante de que a decisão de Mursi não reflete a vontade do ‘povo egípcio irmão’.