Cesar Maia informa: ‘Me chama de vereador, que eu gosto’

O DIA – 20/02/2013

Rio –  Se alguém me dissesse que o ex-prefeito Cesar Maia (DEM) começaria o primeiro pronunciamento de seu mandato como vereador elogiando o prefeito Eduardo Paes, eu diria, cheia de razão: “É mais fácil o Garotinho elogiar o Pezão.” Mas, ao perceber que o ‘elogio’ foi só para deixar claro que ele tem espiões na administração do ex-pupilo peemedebista, só pensei no trabalho que esta legislatura vai me dar.

Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia

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O primeiro elogio é ao prefeito Eduardo Paes. Eu soube hoje por meus colegas da Secretaria Municipal de Fazenda que o projeto de lei mudando, aumentando o IPTU, não será mais apresentado. É uma decisão clarividente do prefeito. Muitas vezes, em política, dar um passo atrás é dar muitos passos à frente”, disse Cesar para um plenário surpreendentemente em silêncio só para ouvir o discurso do democrata de 67 anos que tirou ontem do armário um terno que não usava há 15 anos.

Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia

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Cesar também deu, praticamente, um manual de como vai funcionar no novo cargo. Não vai tomar a iniciativa de criar CPIs porque, simplesmente, não acha que sejam eficazes. Nem vai fazer uma oposição sangrenta ao chefe do Poder Executivo. “Até porque surgiu nestas mãos de parteiro de tantos fatos importantes da política carioca, como o vereador Luiz Antônio Guaraná, excepcional auxiliar que tive”, metaforizou, demais da conta, lembrando que o líder do governo na Casa também foi sua cria.

Em compensação, com ar de quem está ali em missão de paz, deixou claro que vai lutar para levar a plenário projetos seus que vereador nenhum vai ter coragem de votar contra. E que vai tentar enlouquecer Paes e seus secretários com requerimentos de informação sobre absolutamente tudo o que diz respeito à administração municipal — com ênfase no que chama de “privatização da Saúde”. Na manga, ele tem a Constituição Federal, que permite atribuir, na Justiça, “crime de responsabilidade” a quem não responder as perguntas em 30 dias, mentir ou dar uma resposta que seja o famoso “tergiversar” — em bom português: enrolar. Só ontem, foram 23 requerimentos de informação e outras proposições que somaram 53 atos legislativos.

Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia

Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia

Ah, sim, em entrevista, Cesar admitiu que todo o debate que levantar será preparação de terreno para 2014 e 2016.

Não, prefeito Eduardo Paes, não creio que pedir ajuda ao Papa seja uma boa ideia.