09 de março de 2017

AS VILAS OLÍMPICAS DA PREFEITURA DO RIO!

1. Uma primeira experiência de Vila Olímpica ocorreu no Morro da Mangueira -durante o governo Sarney- sob estímulo de Alcione e Chiquinho. A partir de 1994, a Prefeitura desenhou e implantou um sistema de Vilas Olímpicas. Nos últimos anos elas vêm enfrentando um processo cíclico. A partir de 2015, voltaram a ser reativadas em base ao modelo original. Nesse início de governo, em 2017, sob alegação de abertura de novas licitações, as Vilas Olímpicas sofreram um novo processo de suspensões e fechamentos.

2. O projeto “Vilas Olímpicas” tem como base a proximidade das comunidades de baixa renda e favelas, a articulação com as escolas e caminhos alternativos para os jovens, retirando a pressão e a atratividade do tráfico sobre os adolescentes e jovens. A progressão dos alunos na rede escolar enfrentava e enfrenta uma resistência, produto do desestímulo dos alunos, em função dos exemplos de seu entorno.

3. Os estudos mostraram que se teria que colar a escola em atividades que apontassem claramente para a mobilidade social aos alunos, de forma a estes terem interesse em permanecer nas escolas. Suas referências claras estavam e estão nos esportes e nas artes onde estão os seus “heróis” e apontam para o sucesso pessoal e econômico.

4. Nesse conceito, a Prefeitura ampliou a rede de quadras esportivas (e não cimentados) nas escolas e criou os programas de clube escolar e oficinas de artes. Mas teria que ir além do muro das escolas, então surgiu o programa de Vilas Olímpicas próximas às comunidades. A integração delas com as escolas é um ponto fulcral, como, aliás, afirmou o atual secretário de educação. Essa proximidade permite as escolas desenvolverem a ideia de Escolas-Parque de Anísio Teixeira.

5. E o programa avançou e as Vilas Olímpicas passaram a focar talentos esportivos e estimular suas integrações como atletas (escolinhas). Incluíram as “Escolinhas de Balé. Adicionaram programas para a Terceira Idade, com grande sucesso. E os programas para Pessoas com Deficiência. O sucesso desses, serviu como lastro na defesa da candidatura do Rio para os Jogos Pan-americanos de 2007 e foi claramente destacado e estimulou o Para-Pan, que ganhou visibilidade internacional.

6. Só em um caso o tráfico na comunidade tentou influenciar as ações da Vila Olímpica: na Maré. E por isso ela foi fechada por três meses até que a comunidade pressionasse no sentido de que aqueles não se metessem mais nas atividades. Um outro caso significativo foi a Vila Olímpica de Padre Miguel. O antigo horto, abandonado e que servia de depósito de corpos, foi transformado em Vila Olímpica. Os jovens de um lado e do outro do antigo horto estavam divididos pela presença dos traficantes. A Vila Olímpica terminou com essa divisão e as atividades incorporavam jovens e adultos sem identificação de “origem”.

7. As Vilas Olímpicas passaram a ser prioridade em regiões por toda a cidade: Mangueira, Santa Cruz, Campo Grande, Padre Miguel (onde começou a carreira da Rosângela dos Santos, velocista, medalha de bronze na olimpíada de Pequim, em 2008, e ouro no Pan de Guadalajara, em 2011), Acari, Mato Alto, Gamboa, Caju, Maré, Vidigal, da Rocinha (do Estado), Complexo do Alemão, Centro, Vila Kennedy, Santo Cristo, Vila Isabel, Ilha do Governador, Encantado…

8. A descontinuidade do sistema de Vilas Olímpicas, através da atratividade do esporte, afeta a mobilidade social e permanência de alunos na rede pública, a inclusão social de crianças e jovens, a inclusão de pessoas da terceira idade, a identificação de talentos esportivos, de pessoas com deficiência, etc. Anos atrás, a terceirização delas recebeu críticas do Tribunal de Contas do Município (TCM), que sugeriu e foram adotados contratos com Faculdades de Educação Física, de preferência próximas às Vilas Olímpicas. Depois entraram as OSs, que encareceram esse processo, parcialmente corrigido pelos cortes no “engordamento”, realizados a partir de 2015.

9. Mereceria do atual prefeito um destaque como prioridade municipal, inclusive por sua estratégia eleitoral, “cuidar das pessoas”, que o importante são as pessoas.