10 de agosto de 2015

SIMULAÇÕES SOBRE A CRISE POLÍTICA! LEVY: BOA OU MÁ ESCOLHA? E CUNHA PRESIDENTE CONSENSUAL? E A SAÍDA DO PT? E AS SOLUÇÕES?

1. Forma-se um consenso entre parlamentares, analistas, empresários, economistas, etc., que a crise mais grave hoje é a crise política. O apoio parlamentar ao governo esfarelou, a linguagem econômica do governo é uma e a do parlamento é outra, o apoio de opinião pública de Dilma inexiste e por aí vai. Vão surgindo propostas de todos os tipos e de todas as latitudes e longitudes. Uma babel.

2. Dessa forma, é inevitável perguntar: e se Dilma tivesse um amplo apoio parlamentar, mudaria alguma coisa? A primeira simulação seria imaginar se o governo e o PT na eleição do presidente da Câmara apoiassem Eduardo Cunha. Com isso, a oposição orgânica seria empurrada para sua efetiva proporção parlamentar naquele momento, ou uns 20%. O acordo envolveria –naturalmente- as pautas a votar, o comando da reforma política, as questões econômicas e fiscais, etc.  A própria votação de Cunha mostrou que havia riscos de não vencer no primeiro turno. O apoio seria bem-vindo.

3. Mas para garantir efetivamente essa sua ampla base política, Levy não poderia ter sido escolhido ministro plenipotenciário da Fazenda. Essa escolha estilhaçou a esquerda do governo, a esquerda acadêmica e a esquerda social. Para manter a base de 80%, Levy não poderia ter sido escolhido. A escolha para acalmar os mercados ignorou a repercussão política na base orgânica do governo. Numa outra simulação se poderia imaginar a fórmula dos últimos 3 governos: FHC, Lula e Lula. FHC, após 1998, teve Malan como seu ministro de economia de relações exteriores. Armínio Fraga –no Banco Central- conduzia a política econômica.

4. Lula teve Palocci como seu vocalizador econômico num governo, e Mantega –vocalizador socioeconômico-; e Henrique Meireles –no Banco Central- conduzindo a politica econômica nos dois governos Lula. Dilma, par constante de Mantega, mudou essa equação e minimizou o Banco Central e passou a cogerir o Ministério da Fazenda. Dilma poderia ter tentado a mesma formula: um forte presidente do Banco Central e um vocalizador acalmando os mercados para dentro e para fora. Não o fez, pois pensa que entende de economia.

5. Ao escolher Levy para salvar o segundo governo, respondendo a pressão dos mercados, perdeu unidade até na sua base direta e, com isso, perdeu autoridade na sua base aliada. A decisão de dar uma guinada tecnoliberal no governo inevitavelmente abriria uma crise política. Fragilizou o seu apoio orgânico e seu apoio clientelar. Não adianta distribuir cargos sem poder e sem orçamento, na lógica da dita base aliada.

6. Se a crise política é o eixo das crises atuais, só há duas soluções para a permanência de Levy. A primeira seria o PT decidir não ocupar nenhum ministério, nenhuma empresa estatal, nenhuma posição governamental relevante e empurrar Dilma para um governo de personalidades. A segunda seria Dilma renunciar. Nesse momento, Levy sair seria uma enorme turbulência. Dilma se esqueceu da máxima politica: Nunca nomeie quem você não pode demitir.

7. A inflação beijando os 9% atuais é, desde 1999, uma rotina nos governos. O que não é rotina é a estagflação dos últimos anos e projetada para o futuro. Não há saída política por pacto ou consenso. Só com outro governo, seja de personalidades, com Dilma presidente descolada do chão, ou sem Dilma. Não dá mais para voltar atrás e reconstruir as decisões pós-eleitorais.

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EM EDUCAÇÃO BRASIL ESTÁ 25 ANOS ATRÁS DO CHILE!

ÉPOCA (08) – O problema da educação é falta de dinheiro ou de gestão?

Ricardo Paes de Barros – A meta é investir 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação até 2024. Nenhum outro país coloca tanto dinheiro na área. Mas o Brasil tem a educação típica de um país que tem metade da renda per capita brasileira; está 25 anos atrás do Chile e tem apenas metade dos jovens cursando o ensino médio na idade certa. São problemas graves. Então, se pedirem 10% do PIB para mexer na educação, acho que a sociedade brasileira deve dar. Mas deve dar sob a condição de garantir que a situação mudará, com um plano sério, bem explicado, com metas.

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PAULO CUNHA, PRESIDENTE DO GRUPO ULTRA: “HÁ UMA AUSÊNCIA TOTAL DE LIDERANÇAS”!

(Estado de SP, 10) 1. ESP: Como o sr. vê o Brasil daqui para a frente?
Paulo Cunha: O Brasil está muito mal. Está parado, está assustado. Já vi o Brasil parado, assustado em muitas crises, mas nunca vi o País tão sem esperança como hoje. A falta de esperança não é só para o setor empresarial, com a definição de investimentos. Tem a questão toda do País mesmo.

2. ESP: O sr. acredita, então, que essa situação é mais grave que as outras? Pela sua experiência, o Brasil vai encontrar uma solução?
Paulo Cunha: O Brasil vai encontrar uma solução, mas não vai ser logo. E é pela ausência total de lideranças. Nas outras crises, tínhamos lideranças, seja da oposição ou da situação. Tinha mais gente pensando no Brasil. Hoje vejo pouca gente pensando no Brasil, e mais em Brasília. A equipe não tem liderança.

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CANDIDATO DE CRISTINA KIRCHNER, GOVERNADOR DE BUENOS AIRES, VENCE AS PRIMÁRIAS SEM ATINGIR OS 40%!

1. Daniel Scioli candidato de Cristina Kirchner da FPV –frente para a vitória- e governador do Estado de Buenos Aires, venceu ontem as eleições chamadas de “paso” que eliminam das eleições de outubro, os candidatos que não atinjam uma porcentagem mínima. Scioli obteve 37,3% não atingindo os 40% que –no caso da eleição permitiria vencer no primeiro turno desde que o segundo ficasse 10 pontos ou mais atrás. Scioli se apresentou sem coligação.

2. A coligação Cambiemos/Mudemos, liderada por Macri obteve 31,05%, sendo que Macri atingiu 24,9%, seguido de Ernesto Saenz e Elisa Carrió.  A coligação UNA liderada por Sergio Massa obteve 20,9%. Massa atingiu 13% e de La Sota 7,9%. Finalmente os Progressistas de Margarita Stolbizer, reunindo as forças de esquerda chegou a 3,4%.

3. Os candidatos nas coligações, funcionam como uma espécie de sublegenda presidencial. Se agregarem na eleição final –no primeiro turno- a votação de ontem, haverá um segundo turno entre Scioli e Macri pois Scioli não chegou aos 40% e a diferença entre os dois ficou em 6 pontos bem abaixo que os 10 pontos necessários.