22 de agosto de 2016

OLIMPÍADA-2016! GESTÃO DAS COMPETIÇÕES UM SUCESSO! GESTÃO ESPORTIVA/COMPETITIVA DO COB UM FRACASSO!

1. Como este Ex-Blog já comentou antes, são 4 as razões que levam os países a disputar a sede da Olimpíada: a imagem global da cidade-sede; a capacidade de realizar o evento; o legado urbano; o legado esportivo. A profunda crise econômica-política-social-ética e os problemas de segurança pública afetaram o fator imagem, o que não é culpa dos organizadores do evento.

2. As transmissões de TV, seja a NBC emissora oficial, seja a excelente complementação da TV Globo/SporTV, exaltaram as belezas naturais do Rio e tiveram um sentido pedagógico. O legado urbano foi minimizado nas transmissões, na medida em que caberá ao tempo produzir os efeitos na percepção das pessoas.  Mais uma vez, desde a organização da ECO-RIO-92, a articulação entre o governo federal e a prefeitura do Rio mostrou a capacidade de promover grandes eventos.

3. Finalmente o legado esportivo. Há que dividi-lo em duas partes. A primeira é relativa ao caráter internacional da Olimpíada. Tanto na organização do COI, através do comitê local, da atratividade para as plateias, para os países, para as equipes, para grandes atletas, quanto em relação aos resultados, com novos recordes mundiais e olímpicos, qualidade da competição, da disciplina e das arbitragens, foi uma Olimpíada que nada deixou a dever às anteriores, desde o show de abertura ao de encerramento.

4. No entanto, o impacto esportivo interno sob gestão do COB fracassou. É compulsório que sempre o país-sede aumente consideravelmente o número de medalhas conquistadas. Além dos 7 anos entre a escolha do país-cidade sede, que permite uma preparação intensa de atletas selecionados, ainda existe a vantagem do clima, dos torcedores, do ambiente urbano conhecido, do tempo de preparação no local, etc.

5. O legado esportivo interno é a mudança do patamar de competitividade do país-sede candidato durante o evento e depois. Para isso, mesmo antes da escolha 7 anos antes, se inicia um processo de qualificação de atletas de alto rendimento. Para isso, o COI estimula que as cidades candidatas sejam sede de “olimpíada” regional, como os Jogos Pan-americanos, no caso do Rio de Janeiro em 2007. Cada vez que um/uma atleta de 19/20 anos subia ao pódio, e foram centenas, deve-se lembrar que quando o Rio foi escolhido para sede eles tinham 12/13 anos.

6. Um número usado como referência para a nova sede é o aumento das medalhas conquistadas em pelo menos 10. Esse passou a ser um objetivo, ou quase uma certeza em países com estrutura básica. A escolha de Atenas foi uma exceção porque guardou a simbologia da origem da Olimpíada, cem anos depois da primeira Olimpíada da era moderna, de modo a que se preparasse dada a complexidade arqueológica e urbana da cidade.

7. Desde que o sinal para Atenas foi dado em 1996, ano do Centenário, Grécia, em Atenas, obteve 8 medalhas, em 2000 cresceu para 13 medalhas e em 2004 quando foi sede, obteve 16 medalhas. Na medida que o trabalho esportivo não foi sustentável após a Olimpíada a Grécia retornou a um patamar mínimo, pré-olímpico.

8. China, em 2000, obteve 58 medalhas, em 2004, conquistou 63 medalhas, e quando foi sede em 2008, 100 medalhas potencializando os fatores favoráveis de localização. Superado este fator, a China manteve-se como potência olímpica entre os 5 principais países. Em 2016 alcançou 70 medalhas.

9. A Austrália, quando Sidney foi sede em 2000, cresceu para 58 medalhas. Agora em 2016 atingiu 29 medalhas. A Grã-Bretanha criou um forte programa de apoio à atletas de alto rendimento em 2000 quando atingiu apenas 28 medalhas. Quando foi sede em 2012 conquistou 65 medalhas e em 2016, manteve basicamente este patamar com 67 medalhas.

10. O Brasil, no Rio de Janeiro, após os Jogos Pan-americanos de 2007, obteve na Olimpíada de 2008 em Pequim 12 medalhas, sinalizando para sua futura condição de cidade sede. Em 2012 já cidade-sede ganhou 17 medalhas. Em seguida, os analistas do COB projetaram mais 10 medalhas em 2016 quando o Brasil conquistaria algo como 27 medalhas.

11. O resultado foi, nesse sentido, pífio: ficou no mesmo patamar alcançado em Londres, ou 19 medalhas. O grande objetivo do COB era estar no TOP 10. O Brasil ficou em 13º lugar. Com os recursos do COB, através da Lei Piva (244 milhões em 2015), dos patrocínios de empresas estatais, é inevitável responsabilizá-lo pelo fracasso esportivo. Caberia levantamento, auditoria ou mesmo uma comissão de controle apurar as razões desse fracasso numa olimpíada em seus país e numa cidade que sedia o próprio COB.

12. Abaixo, a meta de 25 medalhas para 2016 com as modalidades e os/as atletas correspondentes, projetados em junho de 2016, dentro da tendência de o país sede agregar em torno de 10 medalhas.

Nove medalhas de ouro
Alison e Bruno no vôlei de praia masculino
Larissa e Talita no vôlei de praia feminino
Futebol masculino
Arthur Zanetti nas argolas da ginástica artística
Mayra Aguiar no judô categoria até 78kg
Martine Grael e Kahena Kunze na vela categoria 49er FX
Bruno Soares e Marcelo Melo nas duplas masculinas do tênis
Vôlei de quadra masculino
Vôlei de quadra feminino

Oito medalhas de prata
Ágatha e Bárbara Seixas no vôlei de praia feminino
Robson Conceição no boxe categoria até 60kg
Erlon de Souza e Isaquias Queiróz na canoagem categoria C2 100m
Diego Hypólito no solo da ginástica artística
Alan do Carmo nos 10km da maratona aquática
Ana Marcela Cunha nos 10km da maratona aquática
Robert Scheidt na vela categoria Laser
Duplas mistas de tênis

Oito medalhas de bronze
Fabiana Murer no salto com vara
Rafael Silva no judô categoria acima de 100kg
Maria Suelen Altheman no judô categoria acima de 78kg
Érika Miranda no judô categoria até 52kg
Poliana Okimoto nos 10km da maratona aquática
Jorge Zarif na vela categoria Finn
Bruno Fratus nos 50m livre da natação
Aline Silva na luta olímpica categoria até 75kg

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MEDÍOCRE EVOLUÇÃO DO BRASIL NO QUADRO DE MEDALHAS COMO PAÍS-SEDE!

(Folha de S.Paulo, 22) 1. A evolução do Brasil no quadro de medalhas como país-sede dos Jogos Olímpicos é uma dos piores da história do evento. A delegação chegou ao fim da disputa com 19 pódios, apenas 12% a mais do que os 17 de Londres-2012, até então o recorde de medalhas do país em uma Olimpíada. Em média, sem contar Olimpíadas em que houve boicote, os países-sede acrescentam 13 medalhas à sua bagagem em casa.

2. O desempenho mais destacado foi o da China em 2008, saltando de 63 para 100 pódios. Em Moscou-1980, os então soviéticos foram de 125 para 195, mas não tiveram a concorrência dos Estados Unidos, que haviam decidido boicotar o evento. Nos Jogos do Rio, a Grã-Bretanha conseguiu alcançar uma façanha histórica. O país se tornou o primeiro a superar na Olimpíada seguinte a quantidade de medalhas obtida em casa.  Em Londres-2012, os britânicos, que conquistaram 47 medalhas em Pequim-2008, foram ao pódio 65 vezes. No evento encerrado neste domingo (21), esse número subiu para 67.

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BRASIL GASTOU EM ESPORTES R$ 7,2 BILHÕES EM 2015!

(Coluna do Ancelmo Góis – Globo, 21) A grana do esporte. O Brasil, que está longe de ser uma potência olímpica, não gasta pouco com esportes. Segundo dados da Secretaria do Tesouro, os governos federal, estaduais e municipais gastaram com “desporto e lazer” R$ 7,2 bilhões em 2015.