Cesar Maia participa do III Fórum Internacional Humanitário no Azerbaijão

Convidado do governo do Azerbaijão, Cesar Maia participa do III Fórum Internacional Humanitário, nos dias 31/10 e 01/11 em Baku, Azerbaijão.

A convocatória informa que “o Fórum tem a ambiciosa tarefa de formar uma nova agenda humanitária em uma escala internacional. As mesas redondas serão sobre os seguintes assuntos: Tecnologias Convergentes / Aspectos Humanitários do Desenvolvimento Econômico / Inovações científicas e sua transferência para a Educação / Multiculturalismo e originalidade / Identidade Nacional na Pós-Modernidade / Desenvolvimento Sustentável e Civilização Ecológica / Alcances na Biologia Molecular e Biotecnologia / Os temas da atualidade da Comunicação em Massa na Rede de Informação Globalizada.”

31 de outubro de 2013

PARA ENTENDER O CASO SERRA-AÉCIO E SABER QUANDO ACABA!

1. Em 2006, no desdobramento do mensalão e quando o PSDB sabia que era competitivo, Serra resistiu à candidatura a presidente. Alckmin foi convidado pelos cardeais do PSDB; FHC e Aécio entre eles. Depois disso, Serra resolveu voltar atrás e aceitar. A resposta é que não dava mais. Alckmin, no primeiro turno, alcançou 37% (Lula 43%). Mesmo eleito governador, ficou em Serra a certeza que jogou pela janela a oportunidade. Seu nome tinha muito maior memória nacional que Alckmin, pois havia sido candidato em 2002.

2. Em 2009 –um ano antes da eleição- decidiu ser ele o candidato do PSDB a presidente. Aécio informou que era também pré-candidato e pedia uma votação interna primária para que o partido pudesse decidir. Aécio iniciou com muito sucesso um giro nacional, com entrevistas e palestras, todas essas redigidas à régua e compasso e assessorias.

3. Numa das últimas, em S. Paulo, a afluência era tão grande que tiveram que usar salões adjuntos com telões. Seus discursos afirmavam propostas de governo que entusiasmaram parte do empresariado. Assim foi até dezembro de 2009, quando então, fez a declaração pública de desistência.

4. Serra declarou durante esse processo que não aceitava ‘primárias’ e que não faria os debates regionais que Aécio queria. E ficou a mágoa. Serra segue a máxima de John Kennedy: “Perdoo, mas não esqueço.”

5. Veio a campanha de 2010. Serra abriu a TV receoso da força de Lula. A imagem na TV de abertura eram “os estadistas”, Lula, FHC…, e Serra. Um tropeço. Mas o Ascenso de Marina e a inexperiência de Dilma (apesar do périplo com Lula desde 2009) garantiram muito cedo que haveria um segundo turno.

6. E veio o segundo turno quando, num certo momento, Serra se aproximou de Dilma. E depois a vitória de Dilma. Começaram as contas e as explicações. Afinal, no primeiro turno, Serra havia perdido por 14,3 milhões de votos e só em Minas Dilma havia aberto 1,7 milhão. No segundo turno, Dilma venceu com 12 milhões de votos de frente. E só em Minas venceu Serra por 1,8 milhão, aumentando a diferença do primeiro turno. Aécio se elegeu Senador com 7,5 milhões de votos, abrindo 3 milhões de votos sobre Pimentel, candidato do PT. Itamar, sua dupla, 5,1 milhões. Dilma teve 5 milhões e Serra 3,3 milhões. No segundo turno, Dilma teve 6,2 e Serra 4,4 milhões.

7. E a mágoa aumentou e veio o troco. A previsão deste Ex-Blog é que, da mesma forma que em 2009, em dezembro de 2013 Serra desiste da candidatura a Presidente.

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III FÓRUM INTERNACIONAL HUMANITÁRIO EM BAKU / AZERBAIJÃO, DIAS 31/10 E O1/11!

A convocatória informa que “o Fórum tem a ambiciosa tarefa de formar uma nova agenda humanitária em uma escala internacional. As mesas redondas serão sobre os seguintes assuntos: Tecnologias Convergentes / Aspectos Humanitários do Desenvolvimento Econômico / Inovações científicas e sua transferência para a Educação / Multiculturalismo e originalidade / Identidade Nacional na Pós-Modernidade / Desenvolvimento Sustentável e Civilização Ecológica / Alcances na Biologia Molecular e Biotecnologia / Os temas da atualidade da Comunicação em Massa na Rede de Informação Globalizada.”

O assessor de Relações Internacionais do Democratas e presidente da Comissão de Relações Internacionais da Câmara Municipal do Rio estará presente como convidado do governo do Azerbaijão.

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A VIOLÊNCIA NOSSA DE CADA DIA!

1. (JN, 29) Lojas e escolas da zona norte de S. Paulo não abrem com medo da violência.

2. (JN, 29) Duas estradas são bloqueadas por manifestantes em Belo Horizonte.

3. (JN, 29) Mais um jovem de 17 anos é morto por policial militar em S. Paulo.

4. (O Dia, 30) Rio. Aula de sobrevivência para alunos na Maré na guerra do tráfico.

5. (Extra, 30) Granada explode em perseguição no Centro do Rio; dois ficam feridos.

6. (Folha de SP, 30) Facção criminosa é suspeita de atuar em protestos em SP.

7. (Folha de SP, 30). Cineasta sofre assalto bem ao lado bem ao lado de prefeito Haddad. SP.

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2013 TERMINA COM IMPORTANTE GRAU DE INCERTEZA!

(Delfim Neto – Folha de SP, 30) Estamos terminando 2013 com um importante grau de incerteza, mas com os seguintes resultados: 1) crescimento do PIB em torno de 2,7%; 2) taxa de inflação ligeiramente abaixo de 6%; 3) robusto déficit em contracorrente da ordem de 3,6% e uma relação dívida bruta/PIB parecida com 60% do PIB. Há, entretanto, desconforto com alguns controles de preços (inflação reprimida) e com a relação dívida/PIB, não só pelo seu tamanho, mas pelas perspectivas de seu crescimento, apesar de ela ser, basicamente, em reais.

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O BEIJO DA MORTE DA POLÍTICA MACROECONÔMICA DE DILMA!

(Alexandre Schwartsman – Folha de SP, 30) 1. As contas do país acumulam nos últimos 12 meses déficit pouco superior a US$ 80 bilhões (3,6% do PIB), aumento expressivo em relação aos US$ 50 bilhões (2,2% do PIB) registrados nos 12 meses anteriores.  Números ainda mais altos não podem ser descartados no ano que vem, pois os fatores determinantes da sua expansão ainda estão em pleno funcionamento e nada indica uma interrupção desse processo.

2. Reconciliar esse desenvolvimento com fluxos mais escassos de capitais será o grande desafio em breve e o provável beijo de morte para nossa mal formulada “nova matriz macroeconômica”.

30 de outubro de 2013

CHAVISMO MUNICIPAL E ESTADUAL!

1. Dezenas de politólogos sublinham o desequilíbrio entre os poderes, com a hegemonia absoluta do executivo, que se espalhou na América Latina, alguns anos após os processos de democratização.

2. O chavismo “aprimorou” esse processo. Na onda das vitórias eleitorais, foram feitas radicais mudanças constitucionais, lideradas pela Venezuela, seguidas pela Bolívia, Equador e Nicarágua. Argentina avançou na mesma direção. E em diferentes graus em grande parte dos países. O Brasil não é exceção.  Mas a troca de votos dos parlamentares por benesses não fica restrita ao “mensalão” federal.

3. Aliás, a denominação “mensalão” tem origem nessa prática, mais ou menos ostensiva, nos níveis municipal e estadual. Há que se dar a verdadeira dimensão ao “mensalão” em nível municipal e estadual.

4. Quando o vereador ou deputado estadual faz um Voto Cego no que quer o executivo, em troca de espaços na máquina, benefícios diversos, dezenas de empregos em serviços terceirizados, indicações para obras diretamente em cartas-convite, ou em “boa vontade” em licitações, indicações de ONGs dirigidas por “laranjas”, ajuda de fornecedores ou concessionários em campanhas eleitorais…, e por aí vai.

5. O Voto Cego cria maiorias inorgânicas, submete os legislativos à vontade dos executivos, rompe o equilíbrio constitucional entre os poderes, “departamentaliza” os legislativos e, na prática, transforma leis em decretos pela certeza de aprovação.

6. Assim, o legislativo só funciona e só vota quando o executivo quer, pois a maioria derruba as sessões por falta de quórum, se desejar. E sempre que há um projeto de lei que produz desgaste nos vereadores ou deputados estaduais que votarem a favor, é um deles, ligado ao executivo, que pede votação nominal para checar quem votou. E quem não votou perde as benesses.

7. Se esta prática não é de simples documentação, as evidências são de tal ordem, em vários casos, que o precedente do “mensalão” dá a base para, no mínimo, começar a incomodar tais esquemas. O que não pode é o eleitor votar em um vereador ou deputado estadual em base ao que o candidato defendeu, mas este, quando assume, adere ao Voto Cego pró-governo, seja qual for, para receber as benesses, seja para seu usufruto, seja para facilitar sua reeleição.

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TROCA-TROCA EM SP PARA APROVAR IPTU: PT USA INTERLOCUTORES!

(Folha de SP, 29) Para garantir a aprovação do reajuste do IPTU, interlocutores do prefeito Fernando Haddad (PT) negociam com partidos da base mais espaço político na administração. Insatisfeitos, vereadores do PSD e do PMDB estão entre os que exigem contrapartida. Eles pleiteiam cargos em subprefeituras e secretarias.  Vereadores ouvidos pela Folha dizem que cargos em subprefeituras e secretarias estão sendo colocados na balança para garantir o apoio.

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RIO: JUIZ DE BANGU DIZ QUE ZONA OESTE ESTÁ VIRANDO UM IRAQUE!

(O DIA, 27) 1. “O que vemos é o aumento da violência na Zona Oeste, que, sem atenção adequada do estado, transformou-se numa espécie de para-raio, atraindo toda a sorte de criminosos”, lamenta o juiz Alexandre Abrahão. Ele fala com a experiência de quem está há quase dez anos à frente da 1ª Vara Criminal de Bangu. Pedra no sapato de bandidos, Abrahão, que já perdeu as contas da quantidade de traficantes, maus policiais e bicheiros que já condenou, costuma comparar a Zona Oeste ao Iraque. “Aqui a guerra é pesada nas três modalidades de crimes”, justifica o magistrado, que vive acompanhado de seguranças desde 2004.

2. Só no primeiro semestre deste ano, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), 109 pessoas foram executadas em Santa Cruz, um dos maiores bairros da região. No mesmo período do ano passado, 84 foram assassinadas. A quantidade de desaparecidos aumentou. É o caso de Bangu, onde 92 pessoas foram assassinadas nos seis primeiros meses deste ano. De janeiro a julho, porém, 217 casos de desaparecimentos foram registrados na 34ª DP (Bangu), 49 a mais que o ano anterior. Em toda a região, 684 pessoas sumiram no primeiro semestre.

3. (Ex-Blog) Fazendo as contas: 109 / 84 = +29,7% e 217 / 168 = +29,2%.

29 de outubro de 2013

DILMA: DOPING PUBLICITÁRIO NÃO ADIANTOU NADA PARA A SUA IMAGEM!

1. A última pesquisa do Ibope de avaliação de Dilma mostrou que nem todos os excessos publicitários conseguiram segurá-la. A pesquisa que vale é de avaliação de Dilma, pois intenção de voto mede coisas desiguais em função do conhecimento nacional dos pré-candidatos.

2. O Ibope avaliou Dilma com três perguntas. A clássica avaliação ótimo, bom, regular, ruim e péssimo e as disjuntivas aprova/desaprova e confia/não confia. Nos 3 casos as avaliações Ruim+Péssimo, Desaprova e Não Confia cresceram.

3. Quando as avaliações de Dilma desabaram após as manifestações nas ruas em junho, estas, com todo o aparato a disposição –máquina, publicitário, imprensa, promoções, lançamento de programas, viagens, acompanhamento semanal e às vezes diário em pesquisas…- não foi suficiente para a recuperação sustentável de sua imagem.

4. Houve um refluxo de pouco abaixo de 35% para algo acima. O teto das avaliações Ótimo+Bom tem estado em 38%. No início, apelou para um plebiscito, querendo jogar o desgaste para o Congresso. Criou o programa do mobiliário para a casa própria. Depois incluiu computadores. Polemizou com a importação de médicos. Sancionou a lei da autonomia dos taxistas. Tudo com comemorações para as câmeras da mídia. Formou rede nacional de TV e Rádio 4 vezes desde junho, a última tentando justificar o leilão do pré-sal, numa curiosa matemática onde 40% se transformam em 85%.

5. Dilma e seus publicitários adotaram a máxima de Dick Morris (publicitário da reeleição de Clinton): “Todo dia é dia de eleição”.  Diariamente cria algum fato para pontear nos noticiários noturnos das TVs. Aumentou o número de entrevistas em rádio. Treinou um sorriso mais simpático e abriu sua porta aos políticos, querendo suavizar sua imagem de durona.

6. Uma avalanche de instrumentos no campo da propaganda latu sensu. Um verdadeiro doping de iniciativas de forma a impulsionar sua imagem e os índices de avaliação positiva. Mas depois do refluxo de uns 5 pontos, estacionou nas avaliações positivas e piorou nas negativas. Ou seja: toda essa massificação para melhorar sua imagem bateu no teto.

7. Isso ocupando 90% do campo de jogo. Quando o jogo estiver aberto, com cada um ocupando parte igual, esse teto não resistirá e voltará ao ponto mais baixo de seu desgaste. O teto de hoje é, portanto, resultante de doping de exposição. A ilusão de vitória no primeiro turno não existe mais, pelo menos para quem sabe fazer as 4 operações e a regra de três.

8. Trechos de seus discursos colocados nas redes sociais mostram certo descontrole. E nem tocamos na questão econômica, que garantidamente não será –nem de longe- um trunfo favorável.

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IBOPE: REPROVAÇÃO A DILMA SOBE EM TODOS OS ASPECTOS!

Pesquisa 17-21/10 com 2.002 pessoas.

Comparação com pesquisa Ibope de setembro.

Avaliação Dilma Ruim+Péssimo: Setembro 22%. Outubro 26%.

Desaprovam Dilma: Setembro: 40%. Outubro 42%.

Não Confiam em Dilma: Setembro: 43%.  Outubro 46%.

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PREFEITURA DO RIO & CIA ILTDA!

(O DIA, 28) 1. Prefeitura do Rio abre mão de R$ 289,5 milhões. Projeto de lei propõe renúncia fiscal e anistia a multas. Valor supera gastos de pastas como Transporte, Trabalho, Ciência e Tecnologia.

2. A Prefeitura do Rio pode deixar de receber R$ 298,5 milhões em seu fundo de arrecadação tributária. O valor equivale a multas aplicadas pela Secretaria Municipal de Fazenda nos últimos dez anos, da qual o prefeito Eduardo Paes pretende abrir mão através de um projeto de lei em andamento na Câmara Municipal de Vereadores. Neste projeto, além do perdão dos autos de infração, a prefeitura também pretende beneficiar alguns setores empresariais  com a redução de 5% para 2% do Imposto Sobre Serviço (ISS).

3. (Ex-Blog) Lembrando que 25% iriam para a Educação e 15% para a Saúde, conforme determina a Constituição. Total 40% dos R$ 289,5 milhões, ou R$ 115,8 milhões.

Cesar Maia analisa o processo de privatização do setor público pelo PMDB do RJ

PMDB DO RJ/RIO: INIMIGO NÚMERO 1 DO SERVIDOR PÚBLICO! RESISTÊNCIA E MUDANÇA!

1. De forma quase simultânea, o PMDB no governo estadual e na prefeitura da capital introduziram políticas de esfacelamento do setor público, substituindo o servidor público, em funções precípuas, por ONGs, OSs, Empresas, Institutos e Fundações. Hoje, 28 de outubro, DIA DO SERVIDOR PÚBLICO, há que se fazer duas convocações: uma de resistência em 2013/2014 e outra de vitória em outubro de 2014, começando pela retirada do PMDB do poder, o que será completado em 2016.

2. Uma questão nuclear, que não entendem aqueles que argumentam com uma, suposta (argh), maior eficiência do setor privado, é que em funções precípuas do Estado, o servidor público, estatutário, concursado, estável, é a única garantia de um serviço público adequado pelo acúmulo de experiência, básico na prestação de serviços públicos essenciais.

3. A estabilidade é a única forma de que a experiência acumulada –fundamental para o exercício das funções sociais (Saúde, Educação, Assistência Social…), das funções institucionais (Procuradoria, Fazenda, Controladoria, Administração…) e das funções urbanas (Urbanismo, Transportes, Infraestrutura…)- seja transferida na forma de serviços públicos que atendam a população.

4. Sem esta experiência acumulada, milhares de pessoas perderiam a vida ou ficariam com sequelas pela inexperiência ou pela rotatividade características da privatização/terceirização na saúde pública. A experiência acumulada numa escola pública com um determinado perfil social de atendimento de seu entorno é fundamental para a adaptação pedagógica e curricular.

5. Hoje já se fala em contratar escritórios de advocacia privados para substituir as procuradorias. Exemplo é a execução da dívida ativa terceirizada (de certa forma o governo do Estado já faz isso ao entregar ao mercado negociação da dívida ativa, transferindo créditos com redutores ou mesmo criando um mercado de precatórios).

6. O terreno preparatório desses processos é a desmoralização do servidor, dando destaque e generalizando casos específicos e aleatórios de mau exercício de função. O caso da Educação Municipal da Prefeitura do Rio está sendo feito com planejamento e perícia privatizadora. Já no início de 2009 se aplicou uma prova importada para quantificar um tal analfabetismo funcional. O alvo, claro, eram os professores. Depois, Institutos, Fundações, ONGs e Empresas passaram a ser contratadas por valores extravagantes para levar kits às escolas que os devem aplicar acriticamente.

7. E agora, uma lei, que em nome da remuneração, liquida o instituto impessoal do concurso público, transfere eleição do diretor para grupos criados pela secretaria, cria o professor múltiplo (que dá aulas de português e matemática, ou quaisquer outras) e se pressiona a jornada de 40 horas em sala de aula de forma a que o professor seja pasteurizado e transformado em um mero aplicador daqueles kits.

8. A privatização da Saúde Pública é um escândalo de bilhões de reais. Esses números –constantes dos orçamentos dos governos estadual e municipal- farão parte de outra nota que este Ex-Blog postará esta semana.

28 de outubro de 2013

PMDB DO RJ/RIO: INIMIGO NÚMERO 1 DO SERVIDOR PÚBLICO! RESISTÊNCIA E MUDANÇA!

1. De forma quase simultânea, o PMDB no governo estadual e na prefeitura da capital introduziram políticas de esfacelamento do setor público, substituindo o servidor público, em funções precípuas, por ONGs, OSs, Empresas, Institutos e Fundações. Hoje, 28 de outubro, DIA DO SERVIDOR PÚBLICO, há que se fazer duas convocações: uma de resistência em 2013/2014 e outra de vitória em outubro de 2014, começando pela retirada do PMDB do poder, o que será completado em 2016.

2. Uma questão nuclear, que não entendem aqueles que argumentam com uma, suposta (argh), maior eficiência do setor privado, é que em funções precípuas do Estado, o servidor público, estatutário, concursado, estável, é a única garantia de um serviço público adequado pelo acúmulo de experiência, básico na prestação de serviços públicos essenciais.

3. A estabilidade é a única forma de que a experiência acumulada –fundamental para o exercício das funções sociais (Saúde, Educação, Assistência Social…), das funções institucionais (Procuradoria, Fazenda, Controladoria, Administração…) e das funções urbanas (Urbanismo, Transportes, Infraestrutura…)- seja transferida na forma de serviços públicos que atendam a população.

4. Sem esta experiência acumulada, milhares de pessoas perderiam a vida ou ficariam com sequelas pela inexperiência ou pela rotatividade características da privatização/terceirização na saúde pública. A experiência acumulada numa escola pública com um determinado perfil social de atendimento de seu entorno é fundamental para a adaptação pedagógica e curricular.

5. Hoje já se fala em contratar escritórios de advocacia privados para substituir as procuradorias. Exemplo é a execução da dívida ativa terceirizada (de certa forma o governo do Estado já faz isso ao entregar ao mercado negociação da dívida ativa, transferindo créditos com redutores ou mesmo criando um mercado de precatórios).

6. O terreno preparatório desses processos é a desmoralização do servidor, dando destaque e generalizando casos específicos e aleatórios de mau exercício de função. O caso da Educação Municipal da Prefeitura do Rio está sendo feito com planejamento e perícia privatizadora. Já no início de 2009 se aplicou uma prova importada para quantificar um tal analfabetismo funcional. O alvo, claro, eram os professores. Depois, Institutos, Fundações, ONGs e Empresas passaram a ser contratadas por valores extravagantes para levar kits às escolas que os devem aplicar acriticamente.

7. E agora, uma lei, que em nome da remuneração, liquida o instituto impessoal do concurso público, transfere  eleição do diretor para grupos criados pela secretaria, cria o professor múltiplo (que dá aulas de português e matemática, ou quaisquer outras) e se pressiona a jornada de 40 horas em sala de aula de forma a que o professor seja pasteurizado e transformado em um mero aplicador daqueles kits.

8. A privatização da Saúde Pública é um escândalo de bilhões de reais. Esses números –constantes dos orçamentos dos governos estadual e municipal- farão parte de outra nota que este Ex-Blog postará esta semana.

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DADOS DIVULGADOS, HOJE (28), DA PESQUISA DATAFOLHA INDICAM PROBLEMAS DE AMOSTRAGEM!

Pesquisa Datafolha na Cidade de S. Paulo dia 25/10 com 690 pessoas.

Os dados abaixo, divulgados hoje (28), pela Folha de SP, indicam, pelo menos, problemas de amostragem.

(Datafolha/Folha de SP) Metade dos entrevistados (52%) declarou pagar IPTU, contra 40% que disseram viver em imóveis isentos da cobrança. Não souberam responder se pagam ou não 8%.

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OS CINCO OLHOS: ENTRE ELES NÃO SE ESPIONAM!

(Walter Oppenheimer – El País, 27) 1. Estados Unidos e Reino Unido não estão sós em sua viagem à espionagem global. Contam com íntima colaboração de outras três nações anglo-saxãs: Austrália, Canadá e Nova Zelândia. Todos juntos formam o que se conhece como Cinco Olhos, um exclusivo clube branco e de língua inglesa cujos sócios juraram colaborar da forma mais estreita possível intercambiando informação de inteligência e repartindo-se o mundo em seus rastreios.

2. Seu início de funcionamento formal foi formalizado pelo Acordo Britânico/Norte-Americano conhecido como UKUSA e assinado em 1946 em caráter de absoluto segredo, até o ponto que sua existência era negada durante muitos anos. Diz-se que o primeiro-ministro da Austrália não foi informado até 1973 de que seu próprio país participava do clube.

3. O pacto dos Cinco Olhos não é só de colaboração, mas de que entre eles não se espionam.

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PRODUÇÃO DE PETRÓLEO NO CAMPO DE LIBRA SÓ EM 2020! FOTO COM O SUCESSOR DO SUCESSOR DE DILMA!

(blog Miriam Leitão, 25) Sobre os investimentos pesados em Libra, a presidente da Petrobras, Graça Foster afirmou que esse campo só vai começar a produzir o primeiro óleo em 2020. A maior parte dos investimentos, portanto, será mais tarde, em 2017, 2018. Por enquanto, fará os dois poços que têm de ser feitos e uma sísmica 3D, que não seriam muito caros.

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ELEIÇÃO NA ARGENTINA: OPOSIÇÃO ARRASA NA CÂMARA DE DEPUTADOS: 63%!

1. Câmara de Deputados. 257 cadeiras. Eleição renovou 127 cadeiras. Oposição elegeu 80 deputados ou 63%. Frente para a Vitória de Cristina Kirchner elegeu 47 deputados ou 37%. Nova composição da Câmara de Deputados: Governo e aliados 130 deputados e Oposição 127 deputados.

2. Senado. 72 cadeiras. Eleição renovou 24. Frente para a Vitória de Cristina Kirchner elegeu 14 senadores ou 58% e Oposição elegeu 10 senadores ou 42%. Nova composição do Senado: Governo e aliados 42 senadores e Oposição 32 senadores.

3. Nos grandes colégios eleitores da Província de Buenos Aires e na Capital, o governo obteve apenas 32,2% e 21,6% respectivamente. Na Capital onde se disputava 3 vagas para o senado, o governo não conseguiu eleger nem um, e das 13 vagas de deputados o governo apenas elegeu 3 e a oposição 10. Na capital o grande vencedor é o prefeito Macri e seu partido PRO, que já se postula a presidente.

4. No maior colégio eleitoral que é a Província de Buenos Aires com 37% dos eleitores, das 34 vagas em disputa o governo venceu 12 e a oposição 22. O grande vencedor é Sergio Massa (prefeito de Tigre), da lista da Frente Renovadora que obteve 43,9% dos votos. Já se postula a presidente.

25 de outubro de 2013

O DISCRETO CHARME DA CANDIDATURA DO DEP. RONALDO CAIADO (DEM) A PRESIDENTE!

1. Um influente Senador do Nordeste, da base aliada à Presidente Dilma, foi abordado sábado (19) à noite num restaurante do Rio por um colaborador deste Ex-Blog. Conversou com ele no bar do restaurante, antes de o Senador ser chamado para jantar. Foram uns 20 minutos. O assunto sugerido pelo Senador foi a hipótese da candidatura do Deputado e Líder do DEM, Ronaldo Caiado, a Presidente da República. O texto abaixo é relativo às anotações feitas e autorizadas pelo experimentado Senador.

2. “Comecemos pela repetida pergunta de Sherlock Holmes a seu assistente, Watson, nas cenas dos crimes: A quem pode interessar? Curiosamente, nesse caso, a todos.”

3. “Interessa à Dilma, pois tira tempo de TV de seus adversários. Interessa a Aécio, pois aumenta a probabilidade de se ter segundo turno. Interessa a Eduardo Campos, pois alivia o constrangimento das declarações de Marina sobre ele. Interessa ao senador Randolfe do PSOL, pois cria um bom campo de polarização. E interessa ao DEM, pois o número 25 irá à telinha todos os dias, fazendo memória a seu público de origem e aos candidatos a deputado, pois aumenta os votos de legenda”.

4. O colaborador deste Ex-Blog contrapôs: E a que quem não interessa? “Bem, disse o Senador, paradoxalmente a Aécio, pois poderia contar com o tempo do DEM e agregar base do agronegócio. A Eduardo Campos, pois Caiado é um excelente polemizador e poderia atingir o lado direito de sua aliança com a Marina. E ao DEM, que sonha com a dobradinha e ter acesso ao poder se ficar com a vice-presidência, mesmo sabendo que no fundo, no fundo o PSDB quer chapa ‘puro-sangue’.“

5. “Cada vetor desses colocará os prós e os contra na balança para se entusiasmar e induzir a decisão favorável de Caiado, ou tentar obstrui-la. Neste momento a candidatura de Caiado avança pela primeira reação favorável de todos os candidatos. Mas o tempo passa e as avaliações internas às candidaturas e as pesquisas vão orientando. Mas se demorar muito, a candidatura de Caiado cristaliza e passa a ser irreversível. É o que eu acho o mais provável.”

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“O PAÍS FOI MORALMENTE ARRASADO PELA EXPERIÊNCIA PETISTA”!

(Artigo de Fernando Gabeira – Estado de SP, 25) 1. Estamo-nos acostumando com as chamas urbanas. Uma pedrada aqui, um coquetel molotov ali, produzimos uma rotina burocrática, sintonizada com o pântano político. Nos fronts político, social e cultural o alarme está soando há algum tempo. Conseguimos sobreviver a uma longa ditadura militar. Será que vamos capitular diante de um governo que distribui cestas básicas e Bolsas Família?

2. O País foi moralmente arrasado pela experiência petista e de todos os cafajestes que o governo conseguiu alinhar. Predadores oficiais e predadores de rua se encontram nessa encruzilhada em que um profundo silêncio político se abate sobre nós, com exceção de vozes isoladas. Precisamos reaprender a conversar, reafirmar valores políticos que não se resumem a casa e comida. Precisamos viver a vida, cuidar mais da bio que da grafia. Precisamos sair dessa maré.

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RIO PASSA S. PAULO COMO A REGIÃO ONDE MAIS SE PERDE TEMPO DE CASA AO TRABALHO NO TRÂNSITO! NUNCA ANTES FOI ASSIM!

(G1, 24) 1. Levantamento divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que 18,6% dos trabalhadores em regiões metropolitanas brasileiras gastam mais de uma hora por dia no deslocamento só de ida de casa para o trabalho. O mesmo levantamento também informou que, pela primeira vez, mais de 50% dos domicílios do país têm carro ou motocicleta disponível para o deslocamento dos moradores.

2. O estudo do Ipea foi feito com base em dados da Pesquisa Nacional por Domicílio (Pnad) de 2012 realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  Em 1992, esse índice era de 14,6%. Segundo o Ipea, o aumento se deve ao crescimento na quantidade de veículos no país, à piora do trânsito, à degradação do transporte público e à falta de mais e melhores obras de mobilidade urbana.

3. Das grandes cidades, aquelas em que os moradores mais levam tempo no deslocamento para o trabalho são Rio de Janeiro e São Paulo, com tempo médio de 47 e 45,6 minutos, respectivamente.

4. Tabela do IPEA das sete RMs com maior tempo gasto no trânsito.

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DUAS BOLHAS ECONÔMICAS! (FOLHA DE SP, 24)!

1. Para o Fundo Monetário Internacional, a dívida bruta do Brasil equivale a 68,3% do PIB; já no cálculo brasileiro, é de 59,3%.

2. Economist Intelligence Unit, braço da revista britânica “The Economist”.  No caso do Brasil, a grande questão que se colocou foi sobre o risco de o endividamento atual das famílias se mostrar insustentável.

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NESTE DOMINGO: ELEIÇÃO LEGISLATIVA! PROVÍNCIA DE BUENOS AIRES DEFINE HEGEMONIA!

(El País, 24) 1. A província de Buenos Aires é tão grande como a Itália e lá vivem 15,6 milhões de habitantes, 38,9% da população da Argentina. Em cada eleição, o resultado da área de Buenos Aires é fundamental para medir a força nacional de um partido ou de um político, uma vez que as fidelidades aqui tendem a ser mais ligadas a pessoas do que a partidos. Isso não inclui a capital.

2. Nas eleições legislativas da Argentina (27), em que será definido se a presidente Cristina Kirchner mantém o domínio do parlamento em seus dois últimos anos de mandato, Buenos Aires volta a ser peça chave para a política do país em um duelo entre o primeiro candidato a deputado do Kirchnerismo, Martin Insaurralde, até recentemente um desconhecido prefeito da periferia da capital, e um adversário que pode emergir como a nova estrela da fragmentada oposição, Sergio Massa (prefeito de Tigre), outro peronista como os aqueles dois, mas deixou o partido do governo, Frente para a Vitória (FPV), em junho.

3. Na última pesquisa realizada pela consultoria Poliarquía, Massa elevou a sua intenção de voto para 41,2%, Insaurralde cresceu para 33,2% e Stolbizer para 12,6%.

Cesar Maia contesta o Orçamento para 2014 do Rio Saúde

O relatório entregue pelo Secretário Municipal de Saúde, nós ficamos aqui discutindo, debatendo, Audiência Pública, se devia ou não devia criar a Empresa Municipal de Saúde, se era privatização, se não era, um conflito grande. Nós ficamos aqui semanas e semanas, e o Secretário veio aqui defender. Ele explicou, sofisticou, por que a Empresa Municipal de Saúde era um caminho superior às OSs, que eles contrataram esses anos, gastando bilhões. Agora, ele vem com o relatório, nos entrega e diz assim: “Orçamento para 2014 – Rio Saúde – Empresa Pública de Saúde do Rio de Janeiro: orçamento total: R$ 7.000,00”. É deboche? É deboche? E toda aquela defesa da empresa, como uma alternativa para saúde? E toda aquela discussão que foi travada aqui, conceitos, sindicatos? Despesa de pessoal e encargos dessa empresa: R$ 1.000,00; Despesas de custeio: R$ 5.000,00; Investimentos: R$ 1.000,00. Mil reais deve ser o quê? Um celular. É inacreditável! É um desrespeito! Porque, se dissesse que essa empresa foi aprovada semana passada, eu entenderia, até porque o orçamento dá flexibilidade para se fazer aditivos.

Não está no Orçamento! Bem, porque tem um dispositivo que todos os governos usam que permite a transferência de crédito de uma rubrica para outra e, aí, vai se incluir. Mas não havia planejamento. Quatro meses depois, não ter uma informação avançada? Que fossem R$ 3 bilhões, R$ 4 bilhões. Uma previsão de concurso público celetista, que é o que prevê aquela lei? Nada.

Então, aquilo ali foi aprovado por lei para quê? Não tenho dúvida nenhuma de que essa avalanche que desabou nas ruas do Rio de Janeiro, tendo a reação à privatização da Educação como elemento motor vai acontecer também com a Saúde.

24 de outubro de 2013

O “PRECARIADO”:  PESSOAS OCUPADAS COM EMPREGO PRECÁRIO!

(Caderno Prosa – Globo, 19) 1. Diz Guy Standing (Precariado: a nova classe perigosa): Não há números confiáveis sobre isso, mas minha aposta é que na Europa Ocidental, particularmente em países como Portugal, Espanha, Grécia e Itália, e no Japão e na Coréia do Sul, o precariado corresponde agora a mais de um terço da população adulta, enquanto antes da crise era um quarto. O precariado representa a nova classe perigosa por duas razões. Em primeiro lugar todos os seus membros rejeitam as velhas ideologias e os partidos políticos. (…) Em segundo lugar, há uma parte que é transformadora, na medida que quer se tornar uma classe suficientemente unida para ser capaz de impor sua agenda no discurso político, a fim de abolir a si mesma, o precariado.

2. Diz Ruy Braga (A política do precariado no populismo à hegemonia lulista): Esse proletariado precarizado acabou se colocando no centro da relação social em países como a Espanha, Portugal, Grécia, a semiperiferia da Europa… De 2009 para 2011 no Brasil, o número de meses que o trabalhador fica no trabalho caiu de 18 para 16. Os acidentes de trabalho tiveram um aumento exponencial em dez anos, houve crescimento das terceirizações. São indícios claros de que o enorme contingente absorvido pelo mercado foi absorvido em condições reais precárias de trabalho, mesmo que não contratuais.

3. (Ex-Blog) Já temos, por várias vezes, mostrado aqui o tamanho do Precariado no Brasil usando os dados da pesquisa mensal de emprego (PME) do IBGE. Por isso o IBGE não usa as expressões emprego e desemprego, mas ocupação e desocupação. Na PME de agosto, nas regiões metropolitanas RE, SAL, BH, RJ, SP, POA, os considerados ocupados, mas com “rendimento-hora menor que o salário mínimo-hora” eram 14,1% dos “Ocupados”. Os “marginalmente ligados a PEA” eram 2,5% dos “Ocupados”. E as “pessoas subocupadas com insuficiência de horas trabalhadas” eram 1,8% dos “Ocupados”. Vale dizer 18,4% de Precariado. Isso só nas áreas urbanas mais importantes. Na RM de Recife e na RM de Salvador, aqueles 18,4% citados acima são 37%, um número abissal. Um precariado maior ou semelhante a Portugal, Espanha e Grécia, citados pelos autores.

4. Site da PME do IBGE.

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GOVERNOS PÚBLICOS E GOVERNOS… PRIVADOS!

Discurso do Vereador Cesar Maia em 17/10 sobre Governos Públicos e Governos…, Privados, apresentando comerciais.

Vídeo de 9 min.

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“QUEM COLECIONOU TANTA IMPROPRIEDADE ASSIM?“

(Trecho com Cesar Maia na matéria sobre Cabral na Revista Piauí deste mês) 1. Numa tarde de agosto, o vereador e ex-prefeito Cesar Maia, do Democratas, despachava em seu gabinete na Câmara Municipal. Vestia uma camisa listrada de branco e azul e tinha uma gravata vermelha pendurada nos ombros como uma echarpe. Assertivo e focado, ele fala rápido, tem o olhar injetado e enormes fios de sobrancelha que apontam para cima como pequenas antenas. Rabiscava o verso de um papel com uma pesquisa do Instituto GPP. O levantamento de opinião pública mostrava que, três meses antes dos protestos, mais de 60% da população não sabia citar uma realização do governo Cabral.

2. Cesar Maia enumerou o recheio do “imaginário popular”, citado por Cabral. “Vamos lá”, começou, “gastos exorbitantes na festinha de sorteio da Copa do Mundo, construção de estádios, a boa vida, viagens para o exterior, ligações promíscuas com Eike, Cavendish, guardanapo, helicóptero, marquetagem, relação péssima com os servidores públicos, catástrofe na serra fluminense e ele sempre viajando, Amarildo, vídeo chamando menino de otário, escritório de advocacia da mulher.” Recuperou o fôlego e perguntou: “É bastante, não?”.

3. Segundo ele, os protestos de junho afetaram a imagem de todos os políticos, mas a situação de Cabral era de outra ordem. “A passagem de ônibus foi um tipping point. Com ele, o que houve foi um processo cumulativo, foi a desfaçatez de anos, que estava represada, que veio à tona”, comentou. Para o ex-prefeito, Cabral virou o retrato acabado da ignomínia da política nacional. “Quando a população se vê à deriva, você tem que escolher sua Geni de estimação, um fato ou personagem para aglutinar e canalizar a revolta das pessoas. Ele foi fácil. Quem colecionou tanta impropriedade assim?”, perguntou.

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ARTISTAS PROTESTAM CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES NAS RUAS!

(Monica Bergamo – Folha de São Paulo, 24) 1. Um grupo de artistas se reuniu anteontem, no Rio, na casa de Wagner Moura, para estudar uma forma de protestar contra a repressão policial às manifestações. E também criticar parte da mídia, que, no entendimento deles, estaria “criminalizando” as passeatas no país. Decidiram gravar depoimentos para espalhar um viral na internet.  Na reunião, eles ouviram a exposição de advogados ligados à defesa dos direitos humanos. Os profissionais disseram que a polícia, quando é truculenta, acaba aumentando a confusão na rua, gerando reações exacerbadas de alguns manifestantes.

2. Estavam presentes, entre outros, Camila Pitanga, Leandra Leal e o advogado João Tancredo, do Instituto de Defensores dos Direitos Humanos. Artistas que não estavam na reunião se comprometeram a enviar vídeos para engrossar o movimento.

Cesar Maia destaca a mudança na dinâmica das manifestações sociais e democracia direta

Semana passada, sublinhei minha preocupação ao ler daqui um artigo do importante, destacado cientista político Fabiano Santos, do IESP e UERJ, a respeito das manifestações sociais nas ruas, mobilizadas pelas redes sociais. Ontem, abri o ex-blog com uma nota a respeito do artigo do eminente professor, e o fiz porque houve uma convergência de opinião entre ele e outros líderes ditos de esquerda sobre essas manifestações. O Professor e essas lideranças iniciaram afirmativas quase que coincidentes, quase que reproduzindo os mesmos parágrafos umas das outras, dizendo que havia uma enorme preocupação com a dinâmica fascista dessas manifestações. E que essa dinâmica era crescente e estava tomando um papel condutor dessas manifestações, cujo aspecto mais evidente seria a violência, perpetrada em pólos dessas manifestações.

No sábado, o ex-Presidente Lula, num discurso numa homenagem – mais uma que recebeu – ele reproduz literalmente esses parágrafos. A dinâmica dessas manifestações começa a preocupar em função de ter uma mobilização fascista. No domingo, o Jornal O Globo, em manchete, reproduziu essas declarações do ex-Presidente Lula. Provavelmente, querendo sincronizar isso que ele disse com os pólos de violência que têm ocorrido nessas manifestações como ocorreu ontem, na questão da privatização parcial do campo de petróleo de Libra.

Isso é perigoso. O que eu coloquei na nota de segunda-feira é que os partidos tradicionais de esquerda e a dita chamada sociedade civil organizada – sindicatos, associações – mostram a sua preocupação de perderem a liderança das ruas. Ora, em vez de estarem preocupados com a liderança que tinham – e o Fabiano Santos cita que algumas bandeiras foram rasgadas, líderes foram xingados – eles deviam entender que a vida continua.

Eu imagino que quando apenas se tinha como elemento mobilizador a voz, o papel, é claro que o tipo de organização político-social no século XIX não era o mesmo da época do rádio, da época de impressoras de alta velocidade, coloridas. E da televisão. E agora, da internet. Eles deviam saber por que as redes sociais avançaram tanto e eles ficaram parados no mesmo lugar, num tipo de organização vertical, estratificada, em que eles tinham o monopólio da interlocução. E que agora eles não têm interlocutor nas redes sociais.

Que processo é esse? Que dinâmica é essa? De que maneira eles têm que entrar de forma a que essa dinâmica – que ninguém vai segurar – caminhe pelo melhor trilho, e não pelo trilho com que eles mostram tanta preocupação.

Primeiro, é uma bobagem conceitual enorme! É fácil. Você quer xingar alguém na política, chama de fascista, chama de nazista. Pelo amor de Deus! O fascismo e o nazismo eram movimentos de massa rigorosamente organizados, centralizados, hierarquizados, com bandeiras conhecidas e defraudadas! Perseguição aos judeus, por exemplo. Não podem ser fascistas mobilizações via redes, que são desierarquizadas, que são horizontais, que não têm lideranças de interlocução. Não tem nada que ver uma coisa com a outra.

Bem, se quiser chamar de anarquistas, não cabe, porque o anarquismo tinha a bandeira de nenhum estado, nenhuma lei. Não há nada parecido no fascismo e no nazismo com essas manifestações. O que eu registro é o temor, pânico presente na CUT, no PT, e no próprio PSOL, porque o vereador Eliomar Coelho esteve aqui, semana passada, repetindo, exatamente, esse mesmo trecho: “Cuidado que o fascismo está começando a liderar as manifestações de rua”. Igualzinho. O Fabiano Santos, que é um grande politólogo, arrumou isso de uma forma elegante; o Lula, depois. A esquerda, Sra. Presidente, esquerda tradicional, está surpreendida pelas ruas que não controla, que não lidera, que não dirige.

O que nos cabe é não deixar, não permitir que esse tipo de discurso caminhe sem a crítica, caminhe sem a disjuntiva, sem o esclarecimento, sem a oposição. Porque, se os meios de comunicação, como todos nós, estão preocupados com a violência, se a violência se dirige a símbolos do capitalismo, segundo os black-blocs, entre eles os próprios meios de comunicação, como um carro da TV Record – absurdamente virado, enfim, assaltado, ontem-, e os problemas que vem vivendo a Rede Globo, todos nós somos solidários a isso. Agora, não é entrar nesses fatos e tomá-los como um todo, porque isso significa fazer o jogo daqueles que, por décadas, tiveram o comando e a liderança centralizada, hierarquizada, dogmatizada, pautada, embandeirada, e que estão perdendo essa liderança.

O que cabe a todos é entender, como já disse, aqui, Sra. Presidente, outras vezes, entender que a democracia direta está mudando, não a democracia representativa, que é sempre impulsionada por esses movimentos de massa, sempre, desde a Revolução Francesa. Ela muda para melhor, em função dos movimentos de massa. É a democracia direta, que deixa de ser associativa, centralizada, hierarquizada, pautada, e se torna uma democracia direta eletrônica, sem hierarquia, horizontal, sem pontos de interlocução: a quem eu vou entrevistar? Até tentaram. Na primeira manifestação, por preços de passagens, tarifas de ônibus, tentou-se localizar quem eram os líderes. E se foi entrevistar o líder. Cinco dias depois, ninguém sabia nem quem eram esses líderes, porque estavam perdidos, ou, – perdidos, não! -, estavam encontrados, mas dissolvidos no meio de manifestações massivas.

O que nos cabe, a nós, democratas, é acompanhar esse processo e buscar a melhor vertente para que a sua impulsão produza elementos de democracia direta que aprofundem, intensifiquem, que acrescentem à questão democrática, e não a resistência que esses segmentos citados iniciam organicamente, fazendo, imaginando que, através dessa denúncia de que são fascistas, de que são nazistas, impressionando os meios de comunicação, eles vão conseguir inibir a manifestação que vem impulsionada pelas redes sociais.

Citei aqui um grande politólogo, Fabiano dos Santos, em seu artigo, na Revista Inteligência, do ultimo trimestre. O próprio Vereador Eliomar também repetiu esse discurso, bem como outras lideranças de esquerda, através de redes, de comentários, de artigos.

O próprio Presidente Lula praticamente repetiu, palavra por palavra, aquele mesmo discurso sobre os fascistas. Nunca vi fascista sem centralidade, sem hierarquia, sem bandeira. Fascista e nazista estão lá com as bandeiras antijudeu, anti-isso, anti-aquilo, todos eles organizados. Até as SA, as organizações de assalto de fascistas e nazistas, tinham uma condição militar organizada, hierarquizada. O que temos que fazer, nós, democratas, é entrar, trabalhar nas redes, discutir, porque não vamos ser livres dela nunca. Porque a lógica delas é não ter essa hierarquia.

Gostaria de sublinhar: por sorte, comentei o artigo do Dr. Prof. Fabiano dos Santos, e depois veio a sequência. Um dia atrás do outro. Cuidado! Na hora de utilizar tempos de violência das manifestações, cuidado, porque são pontos, são partes, não é o todo.

23 de outubro de 2013

HOMICÍDIOS NO RJ, EM 2013, CRESCEM 12,6%! HOMICÍDIOS + HOMICÍDIOS OCULTOS: 45% A MAIS QUE HOMICÍDIOS OFICIAIS REGISTRADOS!

1. Os homicídios dolosos projetados pelas estatísticas oficiais do ISP-SSP-RJ, a partir dos dados já divulgados para o Estado do Rio até julho, serão 4.549. Isso mostra um claro processo de reversão da tendência que vinha desde 2009, quando foram 4.767 homicídios dolosos (HD). Em 2010 foram 4.286 HD. Em 2011 foram 4.279 HD. Em 2012 foram 4.041 HD. E projetados para 2013 serão pelo menos 4.549. Provavelmente mais pela tendência dos últimos meses.

2. Mas a esses números devem ser agregados os homicídios ocultos, ou seja, não registrados por não terem identificação de origem, que nos últimos 14 anos somaram 29.075 homicídios, ou uma média anual de 2,076 homicídios ocultos, ou 45% dos HD dos últimos 7 anos, de 5.088 HD. Isso elevaria a taxa de homicídios por 100 mil habitantes no Estado do Rio, em 2013, de 28,1 oficiais para 40,7 reais.

3. (Extra/Globo Online, 19) 3.1. Quem se debruça sobre as estatísticas de assassinatos, que têm caído nos últimos anos, mal sabe que, por trás daqueles números, estão milhares de nomes e histórias que não aparecem nos registros oficiais. O economista Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), concluiu em julho um estudo apontando que o Rio teve, entre 1996 e 2010, 29.075 homicídios ocultos, ou seja, mortes que são tabuladas como de causa indeterminada, mas que são, na verdade, assassinatos.

3.2. A pesquisa se baseou nos números do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, único banco de dados que permite a comparação nacional de mortes violentas entre os estados. Cerqueira analisou características socioeconômicas de quase 1,9 milhão dessas mortes, ocorridas em todo o Brasil entre 1996 e 2010. A constatação foi de que o país não foi capaz de identificar, no período, a causa do óbito em 9,2% dos casos, número que corresponde a 174 mil vítimas. A estimativa é que 74% dessas mortes não identificadas se tratavam de homicídios.

3.3. No Rio, estado com maior número de mortes com causas desconhecidas em 2010, Cerqueira identificou dois problemas: a falta de qualidade na produção de dados e a má articulação entre as organizações, como a Polícia Civil, o Instituto Médico-Legal e a Secretaria de Saúde.  — No Rio, a primeira coisa que a polícia faz é descaracterizar a cena, seja por falta de treinamento, por falta de conhecimento ou porque ela mesma está envolvida com a morte — afirma ele. Isso ocorreu, por exemplo, na Favela do Rola, em Santa Cruz, na operação de 16 de agosto de 2012, quando houve cinco mortos. Vídeos revelados em maio passado pelo EXTRA mostraram os policiais alterando a cena das mortes, afetando a investigação posterior.

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“DE LÚCIO COSTA PARA DILMA”!

(Elio Gaspari – Folha de SP, 23) 1. Eu não entendo dessas coisas, mas vejo que o seu governo, bem como administrações estaduais e municipais, estão deslizando para um clima em que substitui-se o debate por eventos. As controvérsias foram transformadas em confrontos, e a manifestação mais ostensiva do poder público está na mão da polícia. Isso não faz bem. Começamos a nos confrontar por causa de um aumento de tarifas de transportes impostas por prefeitos onipotentes que recuaram depois que a rua protestou. Agora temos confrontos por causa de cachorros. Será que perdemos a capacidade de conversar, admitindo a possibilidade de dar razão ao outro?

2. Quero pedir um favor à senhora e ao prefeito do Rio: Quando houver a possibilidade de pancadaria na Avenida Lúcio Costa, por favor, troquem seu nome. Durante o charivari ela passará a se chamar “Avenida Ato Institucional nº 5”. Feita a paz, se quiserem, recoloquem minhas placas.

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EMB. RUBENS RICUPERO: DILMA TEM UMA VISÃO ESTREITA DA DIPLOMACIA!

(Trechos da longa e excelente matéria no Valor, 21) 1. Ao demitir, há pouco mais de dois meses, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, Dilma decidiu que havia chegado a hora de mudar. Mas não apenas o titular da pasta. A presidente, segundo interlocutores, quer arejar o estilo e as práticas de uma das mais antigas instituições brasileiras. Na última formatura, Dilma perguntou a um assessor: “Quantos são engenheiros?” Nenhum era. Engenheiros, acredita a presidente, teriam uma visão mais objetiva e direta para solucionar os problemas e desafios apresentados por um mundo tão complexo como o do século XXI.

2. As provas são rigorosas, exigem conhecimentos sólidos de história, relações internacionais, inglês avançado, francês e espanhol razoável. Mas agora, se depender da vontade da presidente, exames e curso terão mais exigências. Ela acha que os futuros representantes do país no exterior devem aprender e saber expressar-se em árabe, mandarim e russo, além dos imprescindíveis inglês, francês e espanhol. A presidente defende também que os jovens estudantes intensifiquem o conhecimento de relações comerciais e negócios e que reforcem o domínio do uso das redes sociais.

3. Dilma mandou cortar os orçamentos das representações no exterior destinados a almoços, jantares, coquetéis, aluguéis de carros. Ela, dizem seus assessores, acha que esses eventos são desperdício de tempo. Os diplomatas discordam e afirmam que os eventos constroem relações que resultam em negócios e oportunidades.  Se o temperamento de Dilma não se casa com os costumes da diplomacia, servidores reclamam de sua impaciência e cobranças ríspidas.

4. Diz o Embaixador Rubens Ricupero: “A presidente Dilma tem uma visão estreita do dia a dia da diplomacia. Ela não entende que é impossível separar diplomacia e política externa”. Diz o ex-Ministro de FHC Celso Lafer: “Isso é um assunto de Estado. A política externa é de Estado. O presidente da República conduz a política externa e dará ênfase aos assuntos que considerar mais importantes. Mas essa política não pode ser resumida aos objetivos de um partido”.

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BRASIL O QUARTO DO MUNDO EM NATIVOS-DIGITAIS (15-24 ANOS)!

(Folha de SP, 22) O Brasil é o quarto país do mundo em nativos digitais –jovens de 15 a 24 anos que estão conectados à internet há pelo menos cinco anos. Segundo a ITU, agência da ONU especializada em tecnologias da comunicação, o número de nativos digitais já representa 30% da população jovem mundial ou 5,2% da população mundial de 7 bilhões de habitantes. São 363 milhões de jovens com acesso à internet há pelo menos cinco anos, dos quais 20,1 milhões no Brasil.

22 de outubro de 2013

DIREITA: O VOTO ESTÁ NO CONSERVADOR E NÃO NO LIBERAL!

1. Semana passada o Datafolha/Folha de SP divulgou uma pesquisa procurando situar o eleitor brasileiro no campo ideológico em função de respostas a perguntas que indicariam essa opção. Alguns anos atrás, em pesquisa, Nouvel Observateur/IPSOS, se usou esse método para localizar ideologicamente o eleitor francês. O GPP reproduziu essa pesquisa nacionalmente aqui, quando se pôde situar uma maioria à direita, mas não em qualquer lugar de seu espectro.

2. Em grandes rasgos, podem-se identificar dois grandes ramos da direita: o Conservador e o Liberal. O que as eleições dos últimos 20 anos na América Latina mostram é que o discurso Liberal é perdedor e o discurso Conservador é vencedor ou competitivo. Desde a crise financeira de 2008 que na Europa essa tem sido a regra.

3. Mesmo antes, a campeã do liberalismo, Margareth Thatcher venceu as 3 eleições para chefe de governo com uma mínima maioria, isso num momento em que o Labor (socialdemocracia) estava fortemente fragilizado.

4. Menem e FHC venceram suas primeiras eleições com compromissos socialdemocratas, foram reeleitos sob o prisma da insegurança e do caos no caso da vitória de seus adversários e governaram com programas liberais. Mas viveram o desgaste da “acusação” pela oposição de serem liberais. O segundo turno em 2006 mostrou isso. E o segundo turno em 2010, de forma mais acentuada ainda, pela questão dos valores cristãos.

5. No Brasil, o discurso Conservador reforça o papel do Estado e questiona o Mercado como “Deus Ex Machina”. Nesse sentido, é percebido pelo eleitor como um discurso semelhante à esquerda. Diferencia-se em relação aos Valores Cristãos ou da Família, tanto da esquerda quanto da direita liberal. Afirma o império da lei e da Autoridade, sem tergiversações quanto à propriedade e a necessidades fluídas de mudanças constitucionais. Aliás, autoridade algo demandado hoje no Brasil.

6. Nesse sentido, faz o discurso da estabilidade institucional e sócio-familiar. Afirma os valores da identidade nacional. Sua política externa é independente e não atrelada nem às grandes potências nem ao terceiro-mundismo. As funções precípuas do Estado –Educação, Saúde, Segurança Interna e Externa, Fiscalização, Justiça- são sublinhadas na sua comunicação. As relações com o Poder Legislativo são institucionais, afirmando a independência dos poderes, sem barganhas.

7. O discurso Conservador, numa campanha eleitoral, faz com que a percepção do eleitor aproxime a percepção que tem da esquerda da que tem dos liberais, cruzando os desgastes recíprocos. O discurso conservador é Popular, dá identidade e mobiliza.

8. Na medida em que a direita brasileira, desde a eleição de 1989, se encantou com a modernidade liberal, nunca mais foi opção de poder. 2014 está aberto –mais uma vez- a esta opção.

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A REVITALIZAÇÃO DA ÁREA PORTUÁRIA DO RIO NÃO PODE SER A DECADÊNCIA DO PORTO!

(André – UPRJ.com.br, 18) Após a leitura da entrevista concedida pelo Sr. Alberto Gomes da Silva, Presidente da CDURP, ao site NetMarinha em 15/10/2013, constatamos, mais uma vez, que a Prefeitura do Rio de Janeiro não incluiu o porto nos seus planos. Sim, o portão 24 será fechado e, com isso, decretado aquilo que podemos considerar o fim do Porto do Rio, pois, definitivamente, o viaduto de Benfica e o acesso pela Rua Carlos Seixas, que termina no funil do bairro do Caju não comportarão a demanda de veículos que usam o portão 24, seja pela quantidade, seja pelo tamanho dos veículos e das cargas transportadas.  Caminhões cegonhas, bitrens, e carretas que transportam cargas especiais (com excesso) não conseguirão fazer curva no viaduto de Benfica e, mesmo os que conseguirem, terão dificuldades para trafegar dentro do bairro do Caju. O novo acesso ao porto, construído em 2010, através da Rua Carlos Seixas, que é em mão dupla, não suportará esse novo trafego de caminhões, até porque, não foi construído com esse intuito.  O tráfego de caminhões no bairro do Caju mais que dobrará e, se hoje em dia é extremamente ruim, com o fechamento do portão 24 será impossível.

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DECRETO DE DILMA FAVORECE PLANO DE SAÚDE DO PT SEM LICITAÇÃO!

(Estado de SP, 22) 1. Decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff em 7 de outubro atropela o STF, a PGR e o TCU ao beneficiar uma entidade sob intervenção da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e que está na órbita de influência política do PT. O ato presidencial dispensa a Geap Autogestão em Saúde, uma fundação de direito privado, de participar de licitação para vender planos de saúde para servidores da União. Com isso, a entidade não precisará concorrer com operadoras do setor privado para participar de um mercado potencial de 3 milhões de usuários e que movimenta cerca de R$ 10 bilhões por ano, de acordo com integrantes do setor.

2. Bastará que o órgão público interessado em contratá-la firme convênio por meio do Ministério do Planejamento, conforme o decreto publicado no Diário Oficial da União. A medida abre espaço para concentrar na Geap o atendimento ao funcionalismo público, hoje pulverizado entre 34 operadoras. No dia 8 de outubro, no mesmo dia da publicação do decreto presidencial, a Geap registrou em cartório o novo estatuto, em que confirma ser uma fundação de direito privado. A União, pelo estatuto, é a patrocinadora da entidade.

3. Apesar de ter recebido repasses do governo federal de mais de R$ 1,9 bilhão nos últimos 10 anos, a entidade é considerada uma caixa-preta porque não presta contas ao TCU. Em março, a ANS decretou intervenção da Geap em razão dos resultados negativos que vinha apresentando – dívida de cerca de R$ 260 milhões.  A Geap é uma entidade de autogestão em Saúde criada pelos próprios servidores para atuar originalmente em apenas quatro órgãos públicos: os ministérios da Previdência e da Saúde, a Dataprev) e o INSS. A entidade, no entanto, firmou convênios sem licitação com cerca de outros 80 órgãos (hoje diz atender 99, segundo informa em seu site), e atende mais de 600 mil servidores.

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SEGUNDA PARTE: “E UMA VEZ NA RUA, A MULTIDÃO MULTIPLICOU AS DEMANDAS E A POLÍTICA PENETROU A VIDA COTIDIANA”!

(Adalberto Cardoso, sociólogo e professor do IESP-UERJ – revista INTELIGÊNCIA  -terceiro trimestre de 2013 – A Mercantilização da vida coletiva e as jornadas de junho)

1. A agenda do direito à cidade  não esgota, obviamente, os sentidos dos protestos. Uma vez na rua, a multidão multiplicou as demandas, e a política penetrou a vida cotidiana. Tudo foi politizado, quer dizer, os interesses dos mais diferentes grupos sociais foram vocalizados na linguagem do direito e endereçados a quem de direito, isto é, o mundo da política. E a política é uma forma de desmercantilizar a vida cotidiana, porque ela põe em suspenso os horizontes de expectativas ao questionar os fins da ação pública.

2. Nesses momentos, todos se projetam na insatisfação dos que estão nas ruas, mesmo quem não acha que sua vida está tão ruim assim. Todos buscamos modelos externos onde projetar nossa própria experiência, outros com quem dialogar, com quem construir significados para nosso infortúnio ou nossa felicidade. Para isso vamos ao cinema, lemos livros, cultivamos amizades, participamos, hoje, de redes virtuais de sociabilidade, construímos ou aderimos a atores coletivos. Para isso nos desdobramos nas coisas que produzimos ou criamos. Para nos dar a conhecer a nós mesmos.

3. As redes sociais também devem ser pensadas como lugares de construção e afirmação de identidades, afinidades, cumplicidades e engajamentos.  As relações entre as pessoas, nas redes, emulam os encontros face a face, mas o fazem de maneira aparentemente rasa e estereotipada, já que não comprometem de maneira cabal a individualidade. A unidade do outro, aqui, é dada pelo que cada um pensa ser o conjunto de coisas que os une, os diversos elementos de afinidade que se entrelaçam nessa imagem abstrata daqueles a quem cada um se dirige. E cada qual se reconhece nesses elementos e se encontra consigo mesmo ao imaginar seu leitor abstrato.

4. Esse é sem dúvida um mecanismo identitário, dialógico, recíproco … e mostrou-se poderoso mediador da construção de identidades coletivas, quando mobilizado para convocar o engajamento dos amigos.  Um movimento nas ruas é um momento desse tipo, e muito especial, porque instaura no ambiente a possibilidade de identificações coletivas, agora materializadas em corpos reais, energia real, slogans reais, isto é, não meramente abstratas ou fruto de minhas idiossincrasias ou anseios pessoais. Ele possibilita a criação de uma, na verdade de múltiplas identidades coletivas como projeções do que somos, assim como possibilita a nossa identificação com o que interpretamos como sendo a “vontade das ruas”, na qual nos reconhecemos ou da qual nos afastamos.

5. Ativistas e audiência estão em diálogo constante uns com os outros e com os sentidos que os muitos intérpretes dos eventos lançam ao campo, o que constitui momento de grande criatividade social em relação ao qual todos são obrigados a se alinhar e realinhar à medida que os fatos avançam. Por isso o movimento nas ruas é e será, sempre, político. Por identificação ou repulsa, ele provocará, sempre, os horizontes de expectativas de todos. Impossível ficar indiferente a ele. Impossível fingir que não existiu. Impossível, também, tentar decifrá-lo com análises unidimensionais.

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LAVAGEM DE DINHEIRO DO CARTEL DE SINALOA NO BRASIL! BANCO CENTRAL DEMOROU 10 MESES PARA FECHAR CORRETORA E NÃO DIVULGOU DETALHES!

(Trechos do artigo de José Casado – Globo, 22) 1. Com discrição, no último dia 10 de outubro, o Banco Central comunicou ao governo da Colômbia o cancelamento do registro da corretora brasileira do grupo colombiano –Interbolsa- responsável pela gestão de US$ 5 bilhões em investimentos de 40 mil clientes em nove países, sendo 7 mil no Brasil. O governo brasileiro agiu 10 meses depois do colapso da matriz em Bogotá, na esteira de fraudes com ações e lavagem de dinheiro.

2. A corretora colombiana construiu pontes no mercado de capitais do continente para a lavagem de dinheiro do Cartel de Sinaloa, facção dominante no narcotráfico mexicano. O cartel controla a distribuição de drogas em 78 cidades americanas. É comandado por “Chapo Guzmán” (56 anos). Desde a morte de Bin Laden, ele se destacava no topo da lista de procurados pelo FBI. EUA e México oferecem US$ 35 milhões por sua cabeça.

3. Ainda não se conhece a extensão das tenebrosas transações com o dinheiro de El Chapo em bolsas de valores do continente. É certo que ocorreram a despeito da celebrada vigilância dos bancos centrais, inclusive do Brasil.

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MOÇAMBIQUE: A PASSOS LARGOS PARA UMA OUTRA GUERRA CIVIL!

1. Forças do governo atacaram uma base da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) em uma área de selva no centro do país, forçando a fuga do líder do movimento, Afonso Dhlakama. O movimento é o segundo partido do país. Isso fez com que o grupo anunciasse o fim do acordo de paz que, em 1992, pôs fim à guerra civil no país. Cerca de meio milhão de pessoas morreram durante o conflito que estourou em meio à guerra da independência em relação a Portugal, em 1975. A guerra se deu entre a Renamo e a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido que controla até hoje o poder.

2. “A atitude irresponsável do comandante geral das forças de segurança põe fim ao tratado de paz”, afirmou o porta-voz do partido em Maputo. “A responsabilidade é do governo da Frelimo porque não quis ouvir as queixas da Renamo”, declarou ainda. O objetivo do ataque seria o de matar Dhlakama, mas ele conseguiu escapar para um destino ainda desconhecido. Em um comunicado, a Renamo acusou o presidente Armando Guebuza de estar por trás do ataque.  O porta voz do Ministério da Defesa, Cristóvão Chume, disse que o assalto à base de Sathunjira foi uma resposta a um ataque da Renamo a um posto de controle do Exército.

3. Moçambique terá eleições locais em novembro e eleições gerais no próximo ano.

Jornal ‘O Dia’ entrevista Cesar Maia

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Rio – Do lado de fora do portão trancado da Câmara do Rio, na quinta-feira, um jovem chamou o vereador Cesar Maia (DEM) para cumprimentá-lo com a frase: “O sr. foi o melhor prefeito que meu pai já teve”, levando a crer que tratava-se do filho de um servidor municipal. Ele não deve saber que o hoje político que se diz de centro tem à esquerda (com trocadilho) de sua mesa no gabinete uma imagem do russo Vladimir Ilitch Lenin e já foi preso como subversivo em 1968. Filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), acabou exilado no Chile. Pré-candidato ao governo pelo DEM, Cesar recebeu O DIA para falar de política e deu um susto nos entrevistadores ao defender a possível candidatura a presidente do ruralista Ronaldo Caiado (DEM-GO). Também falou mal do governador Sérgio Cabral e, para não perder o costume, do prefeito Eduardo Paes, ambos do PMDB.

O DIA: O sr. vai mesmo concorrer ao governo do Rio ou sua pré-candidatura é só um balão de ensaio?

CESAR MAIA: Na minha idade (68), depois de ter passado por tantas aventuras, iniciativas, ousadias, quem toma uma decisão sobre um dirigente do partido é a direção nacional. A decisão deles até hoje é que eu deva ser candidato a governador. Por duas razões. Uma de ordem prática: a prioridade do partido nesta eleição, como a de outros que não têm candidato a presidente competitivo, é formar bancada, que redunda em tempo de televisão, em fundo partidário, facilita a vida do partido. Segundo, como as pesquisas vão me dando 8%, 10%, e o líder tá com 20% ou 22%, termina sendo uma candidatura. O líder é Anthony Garotinho (PR) ou Lindbergh Farias (PT), dependendo da pesquisa. Vamos fazer no início de novembro uma pesquisa grande, que vai ser nosso grid de largada.

Com quais candidatos?

Garotinho, Lindbergh, Marcelo Crivella (PRB), eu mesmo, Milton Temer (Psol) e Miro Teixeira (Pros).

A sua hipótese é ser o candidato do Aécio Neves?

E se o Ronaldo Caiado (deputado federal do DEM-GO) for candidato a presidente?

Hein?

É um quadro de alta qualificação, grande orador. Vocês estão pegado o fato de uma origem em que a questão rural era criminalizada no Brasil. Estamos falando de um país em que o que segura é o agronegócio. O país mudou.

Mas, com relação à sua imagem, vindo de onde veio, Caiado não é overdose de direita, não?

Vocês estão imaginando que a média da população tenha essa informação a respeito da origem dele. Não tem.

Qual a grande falha do governo Cabral?

Tudo. O governo do Cabral não tem políticas públicas em área nenhuma das funções precípuas do estado — Educação, Saúde… É uma geleia geral. Pega o orçamento. Você imagina o governo do estado gastar em Saúde menos do que a prefeitura? Você acha isso admissível?

Na Segurança, o que o sr. acha que tem de acerto?

O programa de policiamento ostensivo nas favelas.

E de equívoco?

Cobertor curto. Tiraram a polícia do trânsito: caos no trânsito. Tentaram entregar para a Guarda Municipal, que não tem efetivo para isso. Aí, contrataram esses terceirizados da rua que ficam ali, que não têm experiência, nem autoridade. Tiraram do trânsito porque priorizavam policiamento ostensivo em favela.

Se eleito, o sr. manteria a UPP?

Evidentemente.

Expandiria?

Totalmente.

Qual a sua avaliação do fenômeno das ruas?

Em circunstâncias de apoio muito fortes — publicidade, meios de comunicação… —, o político acaba se prejudicando porque está se convencendo de que aquilo que está sendo visto na superfície é aquilo que as pessoas estão sentindo. Quando, de repente, surge um processo qualquer, que diz “o rei está nu”, e você olha e… opa, a Educação está mal, a Saúde está mal, a Segurança não vai bem, com exceção das UPPs. Então você passa a mudar sua avaliação. Essa máquina gigante de publicidade, de apoio político: todo mundo apoia Lula, todo mundo apoia Dilma… Isso leva o político a um patamar irreal, artificial.

Como será a campanha do sr.?

Do alto ou do baixo (risos) dos meus 68 anos, pretendo não fazer uma campanha juvenil.

O que o sr. chama de “juvenil”?

Ser “juvenil” é colocar o conflito na frente da marca que você quer registrar na campanha, por exemplo, “eu sou anti-qualquer coisa”, como o Lindbergh fez agora nos comerciais em relação ao PMDB. Ele criou naqueles comerciais uma enorme dificuldade de conciliação — ele foi ‘flagrado com a amante na esquina’. Ele foi pesado contra seu aliado. Eu não.

Mas, numa eleição para governador, é natural que os conflitos surjam com relação às questões estaduais…

Claro, no momento certo. Se eu acho que Pezão sozinho, apoiado por Cabral não tem chance nenhuma, eu vou jogar pedra em cachorro morto? Não faz sentido.

O sr acha que ele é “cachorro morto”?

Sim. Mas não descarto que lá na frente o PMDB apoie o Lindbergh. Chega lá na frente, esse aqui está sentindo que não tem nenhuma condição e esse aqui está sentindo que está difícil o páreo, abre cinco secretarias, o PMDB não adere? Você conhece o PMDB? Você não conhece o PMDB, né? Aqui no Rio, é só ideologia pura… (risos).

Alguma chance de juntar o sr. e Garotinho de novo numa aliança?

Não. Se o Caiado for candidato a presidente, minha candidatura vai ser isolada. Isso gera dificuldades. Mas também gera benefícios para aquilo que é mais importante para gente, que é eleger deputado.

Por que não?

Porque a gente fez uma parceria que foi muito correta e foi cumprida, nenhuma reclamação. Mas o eleitor dele não entendeu a parceria.

E o do sr?

Muito menos.

Paes poderia ser candidato e ‘salvar’ o PMDB em 2014?

Para perder? É outro cachorro morto. Não dá tempo para 2014, é cachorro mortíssimo.

Como o sr. avalia a presença da violência nas manifestações recentes?

É marginal…

“Marginal” no sentido de “sem importância”?

É. É tão marginal que eles entram depois que a manifestação está acabando. Na culminação é que surge um grupo de black blocs que se dizem anarquistas. Acho que aí, também, a pessoa olha e diz “não há autoridade”.

Que atitude o sr. teria numa situação como essa?

Não aconteceria comigo.

Mas e se acontecesse?

Comigo não aconteceria porque as pessoas olhariam e diriam “tem autoridade”. Não há autoridade na cidade, não há autoridade no estado. Isso é percebido.

Se o sr. não for candidato a governador, sairá a deputado federal?

Não. Eu sou vereador. Eu não saio mais do Rio, não. Estou na terceira idade.

21 de outubro de 2013‏

SETORES DA ESQUERDA NÃO ENTENDEM A DINÂMICA DAS REDES SOCIAIS E ACUSAM MANIFESTAÇÕES DE FASCISTAS!

1. Em artigo (Primavera Brasileira ou Outono Democrático?) na revista “Inteligência” (terceiro trimestre-2013), o importante cientista político e professor do IESP/UERJ, Fabiano Santos, sublinha a ideia que vem circulando pelas esquerdas, que as manifestações de rua no Rio estariam perigosamente influenciadas por um fascismo militante. Ele diz:

2. “Mas se a ativação do tema da corrupção não foi surpreendente, os ensaios de aproximação das ruas com o fascismo, sim, acabaram assustando bastante… Boa parte dos manifestantes principalmente aqueles vinculados a partidos políticos, em geral de orientação esquerdista, sofreram duro revés… No dia 20 de junho, militantes de partidos políticos e sindicatos tentaram participar de manifestações. Tiveram suas bandeiras e cartazes destruídos… Percebido o problema pelo núcleo inicial de manifestantes, tratar-se-ia agora de uma questão de “disputar o significado das ruas”. A palavra de ordem dos entusiastas das manifestações tornou-se então não permitir que os fascistas dominassem a cena, não permitir que a direita política prevalecesse na tradução do sentimento difuso de insatisfação e inconformismo e canalização da nova energia societal brasileira. A equação fascista, antes apenas recôndita nas mentes de segmentos da elite, leitores de diários cariocas e paulistas, agora é clara e despudoradamente verbalizada em nossa ‘common parlance’.

3. Não se trata apenas da reflexão de um intelectual de porte, mas do que líderes de partidos de esquerda –com ou sem poder- vêm repetindo nos últimos dias. Independente de numa massa difusa se ter de tudo, além de fascistas, anarquistas, punchistas e insurreicionista utópicos de esquerda, a questão não está nesses grupos, certamente marginais, e maximizados agora por estas verbalizações desde setores da esquerda.

4. O ponto está neles terem sido formados em estruturas organizacionais –políticas e sociais- hierarquizadas, onde os líderes são vocalizadores e interlocutores. Quando entram as redes sociais, horizontais e desierarquizadas, a formação deles entra em pânico: como explicar isso? Massa sem líderes? Não há interlocutores? Os manuais leninistas onde se formaram não contém essa hipótese. Nem poderia no final do século 19 e início do 20 onde os únicos meios de comunicação eram a presença física, o papel e o grafite.

5. O que precisam entender é que está mudando o conceito de democracia direta, da associativa, sindicalista, para outra –em redes individualizadoras, onde os interlocutores são… todos. Como estamos no início desse processo, e não se pode ainda projetar de que forma a democracia direta das redes vai se cristalizar, melhor seria que mergulhassem nas pesquisas que hoje se desenvolvem, desde a leitura de Manuel Castels, até os modelos simulados de formação de opinião pública em Columbia ou nos Provedores.

6. Em vez de uma reação psicótica ao risco de “meu mundo caiu”, melhor seria ajudar a construir esse outro mundo de participação popular, dando a ele uma nova organicidade.

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2 TRECHOS SELECIONADOS DO ARTIGO DO PROFESSOR ADALBERTO CARDOSO: PRIMEIRA PARTE!

(Adalberto Cardoso – sociólogo e professor do IESP-UERJ- revista INTELIGÊNCIA – terceiro trimestre de 2013 – A Mercantilização da vida coletiva e as jornadas de junho)

1. A cidade brasileira, grande ou pequena, é resultado da combinação de interesses privados múltiplos com políticas públicas que apenas eventualmente têm no horizonte, justamente, o direito à cidade. Esse termo denota bens públicos, políticas de acessibilidade, mobilidade, lazer, emprego etc., voltadas para todos, portanto universais. Os capitais privados não têm e não podem ter essa perspectiva. Seu objetivo é o lucro, e só agirão tendo como horizonte o bem comum se isso lhes for vantajoso. E apenas os poderes públicos podem gerar incentivos seletivos (na forma de recompensas ou punições) tais que forcem os capitais privados a investir com vistas no bem comum.

2. As cidades brasileiras não são assim. Elas não são planejadas para conferir aos citadinos o direito a ela. Elas, por assim dizer, se “deixam construir” para favorecer os negócios. O território urbano, no Brasil, é o resultado, então, da combinação de interesses dos capitais imobiliários (das construtoras e do mercado financeiro), comerciais, industriais e de transportes, aos quais se sobrepõem os capitais acessórios de comunicações e energia, todos encontrando nos poderes públicos os elementos facilitadores de sua acumulação. A população está, obviamente, no horizonte, já que é ela quem consome e, principalmente, é ela quem vota. Mas seu direito é mais propriamente um resíduo do direito à acumulação capitalista no espaço urbano.

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SETE ANOS DEPOIS, SECRETÁRIO DE SEGURANÇA-RJ FALA DE SEU FRACASSO EM ‘INTELIGÊNCIA POLICIAL’!

(Leticia Sander – Folha de SP, 19) 1. O secretário Beltrame reconheceu que a polícia é lenta na inteligência, fica sabendo dos protestos quase ao mesmo tempo que todo mundo no Facebook, o que dificulta a investigação sobre a articulação dos grupos. Contou ainda ter dito ao ministro da Justiça, que a polícia do Rio não teria a menor condição de assumir o policiamento das manifestações previstas para o dia do primeiro leilão do pré-sal, na segunda-feira (21). Motivo? A PM está exausta, alegou o secretário, passados mais de cem dias de protestos nas ruas.

2. O reconhecimento de deficiências é, sem dúvida, saudável. Resta saber o que está sendo feito para saná-las. Se o Rio já parece ter virado um dos principais epicentros da indignação nacional, os próximos eventos no calendário indicam que o ano de 2014 pode ficar bem pior.

3. (Ex-Blog) O paradoxal é que Beltrame foi da Polícia Federal para a Secretaria de Segurança-RJ por ser especialista em “inteligência” policial. Quando chegou, disse que essa era a sua prioridade. Como se sabe, as ações de inteligência policial são –de certa forma- o contrário da investigação. A investigação parte do dado, do fato conhecido, do delito, para investigar. A “inteligência” vai atrás do “dado negado” e seu instrumento principal é a infiltração. A PF tem avançado muito nas ações de “inteligência”. Mas aqui no Rio, sete anos depois, pode-se afirmar que na matéria que se dizia especialista e que era prioritária, Beltrame fracassou. Ele mesmo diz isso.

Cesar Maia critica novamente a privatização da Educação e Saúde no Rio de Janeiro

Cesar Maia Plenário Câmara

Eu abri a semana, na terça-feira e na quarta, com dois textos, procurando explicar a “conflitividade” que acontece principalmente no Rio de Janeiro. Muitas vezes surge um conflito, um problema e se imagina que é uma surpresa, que caiu do céu. Não é; é um processo cumulativo. A questão salarial. Até diria que, no caso da educação, não é a questão mais importante. A questão mais importante é a educação pública que está sendo atropelada, professor perder completamente qualquer autonomia pedagógica, a escola deixar de ser um universo, a sala de aula. Chegaram aqueles pacotes do Instituto Sangari, Ayrton Senna, Fundação Roberto Marinho, Abril Cultural, e aí vão levando aqueles pacotes para aplicação. Os professores não são operadores de pacotes. Eles têm a sua filosofia educacional, a sua visão do mundo, trabalham numa escola aqui que não é igual à outra. Uma escola em uma comunidade que é controlada por traficantes, a realidade dela é igual à Escola Estácio de Sá, dentro do Forte São João, igual à Escola Roma, em Copacabana? Ou à escola pública que fica dentro de Sulacap? Não é.

Eu tratei disso no segundo capítulo desses dois textos que escrevi, sobre as razões do grande aumento da delitividade no Rio de Janeiro. No capítulo 1 de ontem, dia 15, foram mostrados os elementos do projeto de ruptura com a história e a cultura do Rio, por parte do atual Prefeito e sua equipe, em relação aos vetores urbanos. Hoje, o capítulo 2 trata dos serviços públicos municipais essenciais. Os serviços públicos sociais têm, na Cidade do Rio de Janeiro, antigo município neutro do Império, depois Distrito Federal, em seguida Estado da Guanabara, e finalmente município, sua matriz e sua história. As organizações de longa duração, sejam elas públicas ou privadas, têm sua alma na cultura organizacional que desenvolvem. Não há como geri-las sem entender sua cultura organizacional, sua história, sua dinâmica. A escola pública já era uma prioridade pessoal de D. Pedro II, que assistia os exames de escolha dos professores, que ia visitar as cozinhas para ver o que os alunos estavam comendo. As escolas do Imperador, construídas a partir de 1870 — Primeiro Ministro seria a denominação que nós damos hoje, que era o Presidente do Conselho, o Visconde do Rio Branco — várias delas de pé até hoje, como a Amaro Cavalcanti, também o Centro Cultural José Bonifácio, que foi uma escola pública, aqui perto, Gonçalves Dias, Orsina da Fonseca etc. são marco fundacional da educação pública. Anísio Teixeira, com 31 anos, revoluciona a educação brasileira, como Secretário de Pedro Ernesto, desde 1931. E segue a história da educação com dimensão pública no Rio, passando, claro, por Darcy Ribeiro também.

Isso até 2009, quando se inicia o processo de implantação de um ensino descolado do social, na Prefeitura do Rio, dentro da lógica privada. Ao setor privado cabe definir um projeto pedagógico da atual Prefeitura, pasteurizar as escolas, as salas de aula e os professores, que passam a ser aplicadores desses kits. Volta a serialização e a elitização. “Idebizaram” — IDEB — a escola. Ensinar, para eles, é preparar para tirar nota no IDEB. Em seguida, vender esse pacote para outros municípios e estados, iludidos com esse critério. Agora, quando imaginavam que a exaltação desse método feito por órgãos empresarias e meios de comunicação significava o sucesso, partiram para o lance final: transformar essa ruptura em lei, em regime de urgência, a fórceps, como um decreto lei do período autoritário. E, nesse ponto, essa dinâmica levou ao estresse e explodiu nas redes sociais, nas ruas, nas greves e nas escolas. A perda de caráter público da escola bateu de frente com a história e a cultura da escola pública do Rio, que teve suporte para resistir, por exemplo, nos anos 30, ao avanço da direita católica, aliada a Vargas, nessa empreitada. Uns anos depois, estava de pé outra vez, e com facilidade. Os gestores de hoje não têm o talento daqueles que defendiam uma escola na visão da direita da Igreja Católica de 1935. Eles eram: Cardeal Paes Leme, Francisco Campos, Alceu Amoroso Lima e Getúlio Vargas. Nem eles conseguiram destruir a escola pública no Rio de Janeiro. Perderam. Agora estão implodindo, como uma martelada num biscoito de suspiro.

De nada adianta imaginarem que uma vez a Lei aprovada… E dizem que, quando levaram a hipótese de tirar o regime de urgência, uma autoridade superior da Prefeitura teria dito: “Vão! Essa Lei vai entrar a fórceps!” A fórceps?! O que nasceu disso? Nasceu a perda de autoridade do Prefeito. A desmoralização da Secretária de Educação. Principalmente, a desmoralização profissional, porque agora se sabe a quem eles servem e para que eles servem. É essa que foi a vitória da Lei aprovada.

E pode saber, Sr. Presidente, eu estou nisso há muitos anos: agora virá a resistência silenciosa — muitas vezes se chama de resistência civil. O que vai se dizer numa sala de aula, quando essa greve terminar? O que vai se dizer na escola? O que vai se conversar? O que as professoras vão conversar com as famílias? O que vão dizer que estão fazendo com os seus filhos, hoje? Talvez famílias ansiosas imaginem que é necessária a normalização, como se privatizar fosse normalizar.

Só que as crianças nascem, outras novas, e daqui a cinco, dez, oito, nove, quinze anos, nós vamos vendo essa desintegração. Espero que não seja por muitos anos. Espero que, já em 2014, o PMDB receba a primeira resposta. Em 2016, a segunda e definitiva. E que se possa reconstruir aquilo que tentaram destruir. Espero que não tenham tempo, mesmo apoiados por essa lei absurda.

Da mesma forma, a Saúde Pública, matriz dos mais importantes profissionais de Medicina no Brasil, destaques em todo o mundo, três redes foram se agregando: a da Prefeitura, criada por Pedro Ernesto e coluna vertebral da atual, a do sistema previdenciário getuliano e a rede federal. O crescimento exponencial do setor privado e com ele um mercado de trabalho binário, o desenvolvimento de tecnologia, e com este a socialização da informação, foram criando desafios e crises.

A Constituição de 1988, da qual participei, estabeleceu o SUS como cláusula pétrea, com isso afirmando a centralidade da Saúde pública, reforçada pelo perfil social de nosso povo. A explicação desses problemas veio através do facilitário da incapacidade de gestão do setor público, desculpa encontrada para privatizar a Saúde pública. Crises eventuais ajudaram, mas a defesa da dimensão pública da Saúde efetivamente pública, pelos profissionais concursados, se fez presente. Não confundiram desafios e crises com o caminho esperto da privatização da Saúde pública, para o deleite dos fornecedores de medicamentos, serviços, equipamentos, materiais e, finalmente, até pessoal.

Na Prefeitura do Rio, a partir de 2009, começa a ruptura desse processo, com a aprovação da lei das OS, organizações privadas com o nome de disfarce de OSCIP, da lavra funesta do ministro Bresser Pereira e de sua secretária executiva, atual Secretária de Educação da Prefeitura do Rio.

Sem qualquer tradição e sem a necessidade de licitação, os serviços de Saúde foram sendo assumidos por estas OS, com pessoal próprio, materiais, medicamentos e serviços comprados diretamente, sem controle e sem licitação aberta.

Eu fiz um requerimento de informação à Prefeitura, até hoje não respondido, pedindo para comparar preços comprados pela Prefeitura e preços de medicamentos, materiais e etc comprados por essas OS.

Entre 2010, quando se espalham, e o final de 2013, serão 3 bilhões de reais. Em 2013, seus custos equivalerão a toda a receita do IPTU. A receita de IPTU, este ano, vai entrar na casa de um bilhão e oitocentos, e o gasto com as Os vai se aproximar de um bilhão e setecentos. O gasto com essas OS é 25% maior do que o gasto que a Secretaria Municipal de Saúde tem com os servidores da Secretaria, mas, não satisfeitos, resolveram dar caráter privado aos consagrados hospitais públicos do Rio, constituindo — lei nesta Casa —, a empresa de Saúde com regime celetista e contratações como empresa privada.

Essa dinâmica está às vésperas de implodir. Se já não ocorreu, se deve à distração que foi oferecida para desviar a discussão, através do ‘Mais Médicos’, ou importação de médicos. Acho até que a corporação entrou nessa discussão na contramão com razões, mas produzindo um discurso que eliminava as suas razões. A população, afinal, pede médico. E não era uma questão relevante. Quantos médicos existem no setor público brasileiro? Quatrocentos mil? E quantos entram no “Mais Médicos”, se entrarem todos? Quatro mil e quinhentos? Não era tão relevante, e com isso se produziu uma distração, e o processo não implodiu, mas essa dinâmica, como eu dizia, está às vésperas de implodir. Se já não ocorreu, se deve à distração que foi oferecida para desviar a discussão, através do “Mais Médicos”, com importação de médicos. Com isso, a mobilização se inibiu, para não mesclar uma coisa com outra, mas está viva nas redes sociais, nos hospitais, nos postos de saúde. Em breve, assim como com os professores, explodirá nas ruas, num processo análogo, a luta contra a privatização da saúde pública. Na Espanha já está nas ruas. As intervenções urbanas, estuprando a história e a cultura urbanas, e a privatização dos serviços públicos essenciais da Prefeitura se encontraram no Centro do Rio, como uma pororoca, esmagando nesse encontro tal dinâmica de governar, fora da história e da cultura das organizações públicas.

O excluído agora é o servidor concursado, coluna vertebral dos serviços públicos essenciais. E é ele que resiste e atrai a solidariedade de todos os cariocas, nas casas, nos seus locais de trabalho, de moradia, nas redes e nas ruas.

18 de outubro de 2013

DE VAN GOGH AOS CANDIDATOS EM 2014!

(Das cartas de Vincent Van Gogh a seu irmão Théo)

1. (Julho de 1878 com 25 anos) “Não é de repente, mas somente após muitos exercícios, que se adquire o dom de dirigir-se ao povo com gravidade e sentimento, e sem violência e afetação, pois as palavras, a dizer, devem ter um significado e uma intenção moral e devem conseguir incitar os ouvintes a se esforçarem para que suas inclinações tomem raízes na verdade. Em uma palavra é ser um pregador popular para ali ter chances de êxito.”

2. (Julho de 1880 com 27 anos) “Há homens que tem uma espécie de couraça, uma armadura de aço de preconceitos e convenções; estes quando estão a testa dos negócios, dispõem dos cargos e, por meios indiretos, buscam manter seus protegidos e excluir os homens naturais. ”

3. (Julho de 1880) “A pátria é tudo o que te envolve, tudo o que te criou e te alimentou, tudo que amaste, este campo que vês, estas casas, estas árvores, estas jovens que passam ali rindo, são a pátria. As leis que te protegem, o pão pago por seu trabalho, as palavras que tu trocas, a alegria e a tristeza provenientes das coisas ou dos homens entre os quais vives, são a pátria. O quartinho onde outrora viste tua mãe, as lembranças que ela te deixou, a terra em que ela repousa são a pátria. Tu a vês, tu a respiras em todos os lugares. Imagines os direitos e s deveres, as afeiçoes e as necessidades, as lembranças e o reconhecimento, reúne tudo isso numa palavra e esta palavra será a pátria.”

4. (Setembro de 1881- 28 anos) “Uma vez que o primeiro carneiro passar pela ponte, o resto da tropa o seguirá. Fazer passar este primeiro carneiro pela ponte, aí está a dificuldade.”

5. (Setembro de 1881) “Acredito que se pense muito mais corretamente quando as ideias surgem do contato direto com as coisas e pessoas, do que quando se olham as coisas e pessoas com o objetivo de encontrar esta ou aquela ideia sua.”

6. (Abril de 1882 – 29 anos) “O resultado do que se quer fazer deve ser um ato, não uma ideia abstrata. Só aprovo princípios e os julgo dignos quando eles se traduzem em atos. Determinar se os atos de um homem devem conduzi-lo aos princípios ou os princípios aos atos, esta é uma coisa que me parece tão difícil de saber, e que vale tanto à pena quanto saber quem nasceu primeiro, se a galinha ou ovo. ”

7. (Abril de 1882) “Onde há convencionalismo, há desconfiança, e da desconfiança nasce toda espécie de intrigas. Com um pouco mais de sinceridade, tornaríamos a vida mais fácil para todos.”

8. (Abril de 1882) “Quase todos os que procuram seu próprio caminho tem atrás de si, ou ao seu lado, alguém que permanentemente desestimula. Pode ocorrer que isto atormente e perturbe e que terminem aturdidos, por assim dizer.”

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CARTA-PROTESTO DO DIRETÓRIO ACADÊMICO DE HISTÓRIA E CIÊNCIAS SOCIAIS DA FGV À PREMIAÇÃO DA SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO DA PREFEITURA DO RIO (OBS.: PROFESSORA DA FGV)!

Rio de Janeiro, 14 de Outubro de 2013.

1. Nós, alunas e alunos dos cursos de História e Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPDOC/FGV), buscamos, por meio desta carta, nos posicionar publicamente a respeito da premiação “Personalidade Educacional 2013”, promovido pela Associação Brasileira de Educação (ABE), Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e pela Folha Dirigida, que, dentre outros e outras profissionais, irá homenagear a atual Secretária de Educação do Município do Rio de Janeiro, Claudia Costin. Manifestamos nossa estranheza e preocupação diante de tal escolha. A recente greve dos profissionais de educação municipal no Rio de Janeiro é apenas umas das expressões da insatisfação da classe perante as políticas adotadas pela secretária desde o começo de sua gestão, em 2009.

2. Através de uma série de projetos, a homenageada impôs à rede municipal do Rio diversas políticas que, frequentemente, desconsideravam todo o histórico educacional que a rede já havia construído. Com base em estatísticas rasas, busca ranquear as escolas municipais, com critérios únicos para realidades completamente distintas, como podemos perceber analisando as mais de 1.060 escolas do município – que refletem a própria heterogeneidade social da cidade. Ao estabelecer metas de desempenho para as escolas, a Secretária demonstra uma clara preocupação muito maior com resultados e índices do que propriamente com o processo pedagógico através do qual essa educação se dará.

3. Além disso, também nos preocupa o fato de termos cada vez mais em nossas instituições públicas a presença de projetos oriundos da iniciativa privada, dentre os quais da própria Fundação Roberto Marinho, cerceando a liberdade pedagógica de professores e professoras. Diante do exposto e do contexto conturbado que estamos vivenciando, indagamos sobre os critérios que levam à escolha de tal profissional a receber um prêmio que visa “ao reconhecimento público do trabalho desenvolvido por profissionais de diversas vertentes que se dedicam à melhoria do ensino no país*”. O que as ruas e vozes dos docentes que lá se encontram nos mostram é um cenário oposto – que a Secretária Claudia Costin vem prestando um desserviço à educação pública ao vincular uma roupagem meritocrática à ideia de qualidade de ensino.

4. Nós, como alunas e alunos de Ciências Sociais e História, demonstramos nosso apoio aos professores e às professoras da rede municipal – e estadual – de educação, acreditando que é ouvindo quem está cotidianamente dentro de sala de aula que podemos entender melhor o significado das palavras qualidade e democracia.

Diretório Acadêmico de Ciências Sociais e História – CPDOC/FGV

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E, TALVEZ, POR TUDO ISSO: SOLENIDADE É…, ADIADA!

A solenidade para a entrega do título de Personalidade Educacional, que estava prevista para ser realizada na próxima semana, teve sua data suspensa pela comissão organizadora. O novo dia para realização do evento ainda não foi definido, pois depende da escolha de novo local. A entrega, que seria feita no dia 17, teve de ser suspensa por razões logísticas, uma vez que o Jockey Club Brasileiro, onde a solenidade vinha sendo realizada nos últimos treze anos, encontra-se em obras. Ass. Folha Dirigida

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ENQUETE SOBRE BLACK BLOCS TAMBÉM NO FACEBOOK DE CESAR MAIA!

1. O jornal O DIA fez em seu site enquete sobre os Black Blocs. 70% responderam SIM aos Black Blocs e 25,7% responderam NÃO.  4,3% apoiariam se não houvesse violência

2. O Facebook de Cesar Maia fez a mesma pergunta (Você apoia a ação dos Black Blocs?).

3. O resultado foi diferente:  SIM 31,7% e NÃO 56,8% / Apoiariam se não houvesse violência 11,5%.

4. Claro: são perfis diferentes. Mesmo assim os 31,7% são altos.

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PARTE DOS ELEITORES (EM GERAL OS INDECISOS) É QUE DECIDE MUITAS ELEIÇÕES!

(Mariano Grondona – La Nacion, 17) 1. Napoleão dizia que nas mochilas de seus soldados se escondia um bastão de marechal. Na eleição talvez sejam alguns pontos de diferença que farão com que alguns se sintam vitoriosos e outros derrotados. Em uma democracia, são estes alguns pontos que podem definir a diferença entre uma vitória e uma derrota, ainda que as eleições apresentem milhões de eleitores.

2. Alguns poucos eleitores, em suma, substituirão a grande maioria. É a “lógica-ilógica” da democracia. Milhões de vontades se manifestam nela. Mas apenas algumas milhares de vontades, dos eleitores indecisos, em dúvida ou marginais, realmente contam. O ideal da democracia é unanimidade. Mas ela existe apenas em situações excepcionais.   Em situações “normais”, ao contrário, contam, sobretudo as pequenas diferenças. As mínimas distâncias que elas marcam, definem a jornada e, talvez, definam história.

3. Com John Locke e o liberalismo político, afirma-se que não existe uma “vontade geral” e tudo o que existe são diferentes grupos que ganham ou perdem dependendo das circunstâncias, sem que nenhum deles possa reivindicar o monopólio da representação popular, porque apenas ganhará, afinal, até as próximas eleições. Esta interpretação de Locke é a de todas as constituições democráticas. Você ganha por um período, somente até o próximo mandato.

Cesar Maia analisa o quadro eleitoral em 2014 no Rio de Janeiro

AUMENTA A CONFUSÃO PRÉ-ELEITORAL PARA GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO!

1. Os sintomas de desnorteamento dos partidos em relação à eleição para governador do Estado do Rio é cada dia maior. A começar pelo PMDB. Uma reunião reservada de seus cardeais foi vazada com uma proposta de rendição incondicional: ou o PT-RJ apoia Pezão ou o PMDB-RJ não apoia Dilma. Traduções: a) Pezão não tem pernas para vencer sozinho com aliados locais; b) PT nacional quer distância do desgaste do Cabral.

2. Lindbergh -na ânsia de formar uma frente de apoio “catch-all” e exatamente quando se formava a dupla Campos/Marina, apontando para um quadro eleitoral que o PT nacional não contava- declara que vai buscar o apoio do PSB no RJ. Crise e enquadramento do tipo “cala a boca” garoto. Perde uns pontos de confiança interna.

3. Garotinho tentou atrair partidos significativos e fracassou. Ficou isolado. Ruídos do Planalto garantem que Dilma quer qualquer candidato eleito, até os da oposição, menos Garotinho. O PSOL finalmente decidiu voltar com Milton Temer, o que garante maior contundência no discurso e menor amplitude de votos. O nome do vereador Paulo Pinheiro, que traria para o palco o tema Saúde e maior amplitude, foi descartado por ser cristão-novo.

4. Miro Teixeira escorregou e antecipou sua entrada no PROS horas antes de Marina aderir ao PSB. Para ser candidato terá que convencer aos Gomes –Ciro e Cid- que fará a campanha de Dilma e não de Campos e Marina (de quem se aproximou na certeza que sairia a “Rede”, com ele candidato). O PSB não sabe como montar um palanque no Rio para Campos. Está usando sondas de profundidade.

5. Outros ruídos do Planalto informam que Crivella precisa ser candidato: entrará com Dilma no voto evangélico e reduz a intenção de voto em Garotinho de 5 a 10 pontos, abrindo o caminho para Lindbergh. Mas num quadro pulverizado assim, corre com chances de ir ao segundo turno. Tríplice palanque.

6. O PSDB apresenta o nome de Bernardinho para mostrar que está vivo no Rio. Na verdade é emblema da campanha de Aécio, que mais do que ninguém, sabe, que Bernardinho não vai colocar seu prestígio pessoal, sua mobilidade internacional e suas empresas no caldeirão do Rio. Ou seja: PSDB-RJ aguarda Aécio e não sabe para onde vai.

7. Finalmente o DEM que garante, repete e afirma que terá candidato a governador, o que oxigena a legenda dos deputados. O nome que conta é do ex-prefeito e vereador Cesar Maia, que aparece em pesquisas entre 8% e 10%, bom patamar para alavancar, mas, melhor, para fazer legenda. Essa provável decisão, com a possibilidade da candidatura do deputado Ronaldo Caiado a presidente, se torna definitiva.

8. Uma boa notícia para todos: com este imbróglio formado e esta pulverização, quem chegar a 15% terá enorme chance de estar no segundo turno. Isso cria estímulos e motivações: quem tem entre 5% e 7%, está perto dos 15% –ou seja- do segundo turno.

17 de outubro de 2013

AUMENTA A CONFUSÃO PRÉ-ELEITORAL PARA GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO!

1. Os sintomas de desnorteamento dos partidos em relação à eleição para governador do Estado do Rio é cada dia maior. A começar pelo PMDB. Uma reunião reservada de seus cardeais foi vazada com uma proposta de rendição incondicional: ou o PT-RJ apoia Pezão ou o PMDB-RJ não apoia Dilma. Traduções: a) Pezão não tem pernas para vencer sozinho com aliados locais; b) PT nacional quer distância do desgaste do Cabral.

2. Lindbergh -na ânsia de formar uma frente de apoio “catch-all” e exatamente quando se formava a dupla Campos/Marina, apontando para um quadro eleitoral que o PT nacional não contava- declara que vai buscar o apoio do PSB no RJ. Crise e enquadramento do tipo “cala a boca” garoto. Perde uns pontos de confiança interna.

3. Garotinho tentou atrair partidos significativos e fracassou. Ficou isolado. Ruídos do Planalto garantem que Dilma quer qualquer candidato eleito, até os da oposição, menos Garotinho. O PSOL finalmente decidiu voltar com Milton Temer, o que garante maior contundência no discurso e menor amplitude de votos. O nome do vereador Paulo Pinheiro, que traria para o palco o tema Saúde e maior amplitude, foi descartado por ser cristão-novo.

4. Miro Teixeira escorregou e antecipou sua entrada no PROS horas antes de Marina aderir ao PSB. Para ser candidato terá que convencer aos Gomes –Ciro e Cid- que fará a campanha de Dilma e não de Campos e Marina (de quem se aproximou na certeza que sairia a “Rede”, com ele candidato). O PSB não sabe como montar um palanque no Rio para Campos. Está usando sondas de profundidade.

5. Outros ruídos do Planalto informam que Crivella precisa ser candidato: entrará com Dilma no voto evangélico e reduz a intenção de voto em Garotinho de 5 a 10 pontos, abrindo o caminho para Lindbergh. Mas num quadro pulverizado assim, corre com chances de ir ao segundo turno. Tríplice palanque.

6. O PSDB apresenta o nome de Bernardinho para mostrar que está vivo no Rio. Na verdade é emblema da campanha de Aécio, que mais do que ninguém, sabe, que Bernardinho não vai colocar seu prestígio pessoal, sua mobilidade internacional e suas empresas no caldeirão do Rio. Ou seja: PSDB-RJ aguarda Aécio e não sabe para onde vai.

7. Finalmente o DEM que garante, repete e afirma que terá candidato a governador, o que oxigena a legenda dos deputados. O nome que conta é do ex-prefeito e vereador Cesar Maia, que aparece em pesquisas entre 8% e 10%, bom patamar para alavancar, mas, melhor, para fazer legenda. Essa provável decisão, com a possibilidade da candidatura do deputado Ronaldo Caiado a presidente, se torna definitiva.

8. Uma boa notícia para todos: com este imbróglio formado e esta pulverização, quem chegar a 15% terá enorme chance de estar no segundo turno. Isso cria estímulos e motivações: quem tem entre 5% e 7%, está perto dos 15% –ou seja- do segundo turno.

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ARMÍNIO FRAGA: SE POLÍTICA ECONÔMICA NÃO FOR MODIFICADA, VAI DAR DOR DE CABEÇA!

(Entrevista ao Estado de SP, 17)  1. O governo continua, até prova do contrário, com uma postura geral muito fechada, antiquada. Repetindo muita coisa que a gente já viveu, principalmente nos anos 70, no governo Geisel. Um modelo com foco nas estatais, e com a economia bastante fechada. Não levo fé nesse governo como fórmula para o nosso sucesso em longo prazo. Ao contrário, acho que, se não for modificado, vai nos dar dor de cabeça.

2. Há uma ênfase muito grande no papel dos bancos públicos.  O crescimento do crédito, tanto público quanto privado, traz problemas, aqui, na China, nos Estados Unidos. Pode dar alguma ressaca mais na frente. Eu não discrimino entre público e privado, o setor privado também fez as maiores loucuras e bobagens em termos de crédito nos últimos anos. Qualquer movimento de crescimento de crédito muito acelerado tem de ser encarado com bastante receio. É o caso aqui.

3. Caminhamos para um déficit em conta corrente de quase 4% do PIB num momento em que o financiamento pode ficar mais escasso. É um quadro ainda bastante delicado. O Ben Bernanke, presidente do Fed tirou o time do campo em setembro, mas os fatos mais adiante vão exigir a normalização da política monetária americana. Nesse momento, os países que dependem mais de financiamento, que têm déficit em conta corrente e inflação alta, vão sentir. A gente está exatamente nessa situação, e, inclusive, com nossa situação fiscal sendo questionada.

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FRACASSO NA ATRAÇÃO DE TURISTAS ESTRANGEIROS!

(Eliane Catanhede – Folha de SP, 17) Os candidatos deveriam discutir os principais problemas, como o fiasco do turismo num país tão “abençoado por Deus e bonito por natureza”.  O ministro Gastão Vieira admite que o número de turistas estrangeiros gira em torno de 5 milhões ao ano, com um “crescimento monótono”. Um vexame para um país com 200 milhões de habitantes, litoral de fazer inveja, Amazônia, Pantanal, Itaipu, Nordeste, cidade maravilhosa, praia e sol o ano inteiro.

2. Uma alegação recorrente é a distância. “Mas por que 1 milhão de russos vão a Cuba por ano e não tem russo desembarcando aqui?”, pergunta(-se?) o próprio ministro. Porque o Brasil é caríssimo, com impostos de amargar, infraestrutura péssima e constrangedora falta de investimento e de segurança.

3. Os aviões para os EUA, a Europa, e a Ásia estão sempre lotados porque brasileiros vão para lá, não porque estrangeiros vêm para cá. E por que os brasileiros preferem ir para lá, em vez de viajar cá? Por causa dos preços e das condições. No empurra-empurra no governo, ninguém vê isso. Nem os candidatos de 2014.

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CIDADE DAS ARTES (DA MÚSICA) DO RIO DE JANEIRO!

Vídeo institucional de 2 minutos.

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IDEÓLOGO DE CHÁVEZ AFIRMA QUE VENEZUELA CAMINHA PARA O COLAPSO EM SEIS MESES!

(La Nacion, 16) 1. “Se o governo de Maduro e Cabello não tomam medidas inteligentes e drásticas de maneira imediata nos níveis econômico e político, terá os meses contados. Não chegará além de abril de 2014.” Quem tem esta opinião tão pessimista e contundente contra o governo dos ‘filhos de Chávez’ não é um líder da oposição nem um funcionário do ‘império’ (EUA). Trata-se de Heinz Dieterich, o intelectual mexicano-germânico criador do “Socialismo do Século XXI”, que não economiza críticas ferozes contra  gestão do governo bolivariano.

2. O panorama do outrora guru ideológico do ‘comandante perpétuo’ é desolador para Maduro: “Dada a incapacidade total para enfrentar os graves problemas do país que tem demonstrado esse governo, é pouco provável que possa evitar o colapso, a menos que faça uma radical reestruturação do modelo econômico do presidente Chávez e a mudança de 80% dos ministros, que não são eficientes.”

3. A avaliação de Dieterich é tão radical que ele aposta em dois conceitos tabus na Venezuela, mas que vem surgindo insistentemente nos bastidores políticos: sublevação social ou levantamento popular ao estilo do histórico “Caracazo” de 1989.

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OUTROS APARELHOS E CANAIS –OAP, OCN- SUPERAM AUDIÊNCIA DA TV ABERTA ATÉ ÀS 18H!

(Keila Jimenez – Outro Canal – Folha de SP, 16) 1. Pela primeira vez na história da TV brasileira, a audiência somada da TV paga, DVDs e games chegou à liderança de ibope na faixa da manhã, das 7h ao meio-dia. Segundo o Painel Nacional de Televisão (PNT), medição do Ibope no país, a soma do público de Outros Canais (OCN), que compreende canais pagos e canais menores e Outros Aparelhos (OAP), games, DVD, Blu-ray e vídeo sob demanda na TV, registrou em setembro média de 7,9 pontos de audiência das 7h ao meio-dia.

2. Foi líder de audiência no país, na frente de todas as redes abertas. A Globo registrou 7,5 pontos no horário, a Record, 4,3 pontos, o SBT, 3,3 pontos, Band, 1,2 pontos e RedeTV!, 0,5 ponto. Cada ponto no PNT corresponde a 204 mil domicílios no Brasil. Na faixa vespertina (do meio-dia às 18h), OCN, OAP e Globo estão quase empatadas. A rede tem média de 13 pontos, ante 12 pontos de DVDs, games e TV paga.

3. Apenas das 18h à meia-noite, a margem de diferença é grande. A Globo tem média nacional de 25 pontos de ibope. TV paga e outros aparelhos somam 14 pontos.

Vereador Cesar Maia denuncia a mentira do atual prefeito do Rio sobre o reajuste salarial dos servidores da Educação

Eu venho lendo, de ontem para hoje, inclusive com destaque em alguns sites da imprensa, uma declaração mentirosa do Prefeito. Mentirosa, Presidente! Ele diz assim: “Se não se aceitar este plano, os servidores da Educação deixarão de receber 15%”. Não há quinze por cento na lei! É mentira! É mentira deslavada! Todos os servidores receberam reajuste de seis vírgula alguma coisa por cento. O que ele está fazendo é colocar por cima desses 6,7% os oito por cento que constam na lei, para dizer que o governo está dando, de forma diferenciada ao magistério, 15%! É mentira! É mentira! Será que pensa que os leitores desses sites, de jornais, são idiotas? Será que pensa que o magistério não sabe fazer conta? Eu fiquei chocado, tão chocado, que hoje de manhã mandei para cinco pessoas a pergunta: esses 15% são da lei – porque não me lembro, não li – ou acumulam reajuste? Os cinco retornaram dizendo: acumulam reajuste. É uma mentira! Para que essa mentira? Coloca a verdade, que já é um reajuste. Se fosse apenas isso a lei, se a lei fosse apenas 8% de reajuste, já é significativo. O que eu discuto na lei e insisto em discutir não são taxas de reajuste, é a liquidação da Educação pública, do caráter público da Educação municipal, é a privatização da Educação do Rio de Janeiro, com essa tentativa de concentrar professores pasteurizados em quarenta horas!

16 de outubro de 2013

CAPÍTULO 2 SOBRE AS RAZÕES DO GRANDE AUMENTO DA DELITIVIDADE NO RIO!

1. No capítulo 1, ontem (15), foram mostrados os elementos do projeto de ruptura com a história e a cultura do Rio, por parte do atual prefeito e sua equipe, em relação aos vetores urbanos. Hoje, o capítulo 2 trata dos serviços públicos municipais essenciais.

2. Os serviços públicos sociais têm na cidade do Rio de Janeiro, antigo município neutro do Império, depois Distrito Federal, em seguida Estado da Guanabara e finalmente Município, sua matriz e sua história. As organizações de longa duração, sejam públicas ou privadas, têm sua alma na cultura organizacional que desenvolvem. Não há como geri-las sem entender sua cultura organizacional, sua história, sua dinâmica.

3. A Escola Pública era uma prioridade pessoal de D. Pedro II. As Escolas do Imperador construídas a partir de 1870, várias delas de pé até hoje (Amaro Cavalcanti, Centro Cultural José Bonifácio, Gonçalves Dias, Orsina da Fonseca…), são um marco fundacional da educação pública. Anísio Teixeira, com 31 anos, revoluciona a educação brasileira como secretário de Pedro Ernesto desde 1931. E segue a história da educação com dimensão pública no Rio, passando por Darcy Ribeiro, etc.

4. Isso até 2009, quando se inicia o processo de implantação de um ensino –descolado do social- na prefeitura do Rio, dentro da lógica privada. Ao setor privado cabe definir o projeto pedagógico, pasteurizar as escolas, as salas de aula e os professores, que passam a ser aplicadores desses kits. Volta a serialização e a elitização. “Idebizaram” a escola. Ensinar é preparar para tirar nota no IDEB e, em seguida, vender esse pacote para outros municípios e estados, iludidos com esse critério.

5. Agora, quando imaginavam que a exaltação desse método feita por órgãos empresariais e meios de comunicação significava o sucesso, partiram para o lance final: transformar essa ruptura em lei – sem discussão, em regime de urgência, a fórceps, como um decreto-lei. E nesse ponto essa dinâmica levou ao estresse e explodiu nas redes sociais, nas ruas, nas greves. A perda de caráter público da escola bateu de frente com a história e a cultura da escola pública do Rio, que teve suporte para resistir, nos anos 30, ao avanço da direita católica aliada a Vargas nessa empreitada. Uns anos depois estava de pé outra vez. Agora com facilidade. Os gestores de hoje não têm o talento do Cardeal Paes Leme, Francisco Campos, Alceu Amoroso Lima e Getulio Vargas…, e estes perderam. Agora estão implodindo, como uma martelada num biscoito de suspiro.

6. Da mesma forma a Saúde Pública, matriz dos mais importantes profissionais de medicina no Brasil, destaques em todo mundo. Três redes foram se agregando: a da Prefeitura, criada por Pedro Ernesto e coluna vertebral da atual, a do sistema previdenciário getuliano e a federal. O crescimento exponencial do setor privado e com ele um mercado de trabalho binário, o desenvolvimento de tecnologia e com este a socialização da informação, foram criando desafios e crises.

7. A Constituição de 1988 estabeleceu o SUS como cláusula pétrea, com isso, afirmando a centralidade da Saúde Pública, reforçada pelo perfil social de nosso Povo. A explicação desses problemas veio através do facilitário da incapacidade de gestão do setor público. Crises eventuais ajudaram. Mas a defesa da dimensão pública da saúde efetivamente pública, pelos profissionais concursados se fez presente. Não confundiram desafios e crises com o caminho esperto da privatização da saúde pública para o deleite dos fornecedores de medicamentos, serviços, equipamentos, materiais e…, finalmente pessoal.

8. Na prefeitura do Rio, a partir de 2009, começa a ruptura desse processo com a aprovação da lei das OSs, organizações privadas com nome de disfarce de OSCIP, da lavra funesta do ministro Bresser Pereira e de sua secretária executiva, atual secretária de educação da prefeitura do Rio.

9. Sem qualquer tradição e sem a necessidade de licitação, os serviços de saúde foram sendo assumidos por estas OSs, com pessoal próprio, materiais, medicamentos e serviços comprados diretamente, sem controle e sem licitação aberta. Entre 2010, quando se espalham, e o final de 2013 serão 3 bilhões de reais. Em 2013 seus custos equivalerão a toda receita do IPTU. Mas, não satisfeitos, resolveram dar caráter privado aos consagrados hospitais públicos do Rio, constituindo a Empresa de Saúde com regime celetista e contratações como empresa privada.

10. Essa dinâmica está às vésperas de implodir. Se já não ocorreu, se deve à distração que foi oferecida para desviar a discussão através do ‘Mais Médicos’, ou importação de médicos. Com isso, a mobilização se inibiu para não mesclar uma coisa com outra. Mas está viva nas redes sociais e, em breve, assim como com os professores, explodirá nas ruas, num processo análogo de luta contra a privatização da saúde pública. Na Espanha já está nas ruas.

11. As intervenções urbanas, estuprando a história e a cultura urbanas, e a privatização dos serviços públicos essenciais na prefeitura, se encontraram no Centro do Rio como uma pororoca, esmagando, nesse encontro, tal dinâmica de governar fora da história e da cultura das organizações públicas. O excluído agora é o servidor concursado, coluna vertebral dos serviços públicos essenciais. E é ele que resiste e atrai a solidariedade dos cariocas, nas redes e nas ruas.

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O LEGADO SOCIAL DA COPA-2014!

(Letícia Sander – Folha de SP, 16) 1. A perplexidade diante dos estádios milionários e o clamor pela extensão do “padrão Fifa” a áreas historicamente negligenciadas levaram milhares às ruas em junho, tumultuando o entorno dos estádios durante a Copa das Confederações. À época, a cúpula da Fifa se disse surpresa. Mal-estar que só aumentou com as declarações do prefeito do Rio.

2. Às vésperas da final do torneio, no Maracanã, ele reconheceu que os governos erraram e não souberam tirar um legado da Copa do Mundo que está por vir, levando ao desabafo Jérôme Valcke, secretário-geral da entidade. “Se até agora ele não entendeu o legado da Copa, não sei mais o que dizer”, afirmou o francês. Perdoe-me, Jérôme Valcke, mas, se já estava difícil entender o legado da Copa, o que dizer depois das últimas novas?

3. A divulgação, na Folha, de que o preço da passagem aérea no trecho Rio-São Paulo no período do torneio chegou a ficar quase tão caro quanto ir do Brasil para Nova York causou indignação. A reação das companhias, que há tempos testam a paciência dos brasileiros, provou o abuso.  Pegas “no flagra”, se apressaram a reduzir o valor da ponte aérea para o período, jogando às cucuias a lógica da lei da oferta e da demanda a que inicialmente se apegaram para justificar a explosão nos preços. A hotelaria nacional não fica atrás. Reajustes de tarifas para 2014 já estão sendo discutidos e é certo que a estadia em cidades como Rio e São Paulo durante os jogos irá custar os olhos da cara.

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MACONHA PREJUDICA OS ESTUDOS DOS JOVENS!

(Jairo Bouer – Psiquiatra – Estado de SP, 13) 1. Uma nova pesquisa sobre comportamento jovem, divulgada no final de setembro, sugere uma relação entre consumo de maconha e um pior desempenho dos alunos na escola. O projeto Este Jovem Brasileiro, realizado desde 2006 pelo Portal Educacional, do Grupo Positivo, em escolas particulares, tem metodologia simples. Cada aluno responde a uma pesquisa online, no laboratório de informática, em condição de anonimato. Em 2013, as perguntas abordaram sexualidade, drogas, violência, emoções e uso de internet. Foram entrevistados 5.675 estudantes, do 8.º ano do fundamental até o 3.º ano do ensino médio de 67 escolas, em 16 Estados do Brasil.

2. A maconha já havia sido experimentada por quase 10%. O uso aumenta com a idade. Aos 13,  4% já tinham tido experiência com a droga e aos 17,  16%. Quase a metade dos que experimentaram teve o primeiro contato entre 14 e 15 anos, o que mostra a importância de discutir esse tema na escola ainda no ensino fundamental. Entre os que já tinham consumido maconha, 18% usaram todos os dias ou quase todos os dias no mês anterior à pesquisa. Outro estudo recente sobre o tema, o 2.º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, da Unifesp, feito em 149 municípios brasileiros em 2012, revelou que 4% dos jovens a partir dos 14 anos já tinham experimentado maconha.

3. Mas os números mais surpreendentes da pesquisa atual são os obtidos quando se cruzam os dados sobre emoções e rendimento na escola com os de uso de maconha. No total, 13% dos alunos entrevistados já haviam sido reprovados na escola. Entre os que já haviam experimentado maconha, esse número chega a 31%, ou seja, quase um em cada três. Outro dado chama a atenção: 48% dos alunos dizem ter dificuldade em manter concentração em sala de aula (talvez mais um reflexo da geração internet, que consegue executar tarefas distintas ao mesmo tempo, mas tem uma tremenda dificuldade em focar em um só estímulo). Entre os que já usaram maconha, essa dificuldade de concentração parece ser ainda maior: 63%. Já 35% dos alunos referem dificuldade para entender as aulas. Entre os que já usaram maconha, 51%.

4. Quando analisamos algumas emoções, os dados também chamam atenção. No total, 29% dizem se sentir tristes ou desanimados com frequência. Entre os que usaram maconha, o número sobe para 39%. Já 47% disseram se sentir ansiosos sem motivo aparente. No grupo com experiência com maconha, esse índice chega a 54%.

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BOLÍVIA ACUMULA 50% DO PIB DE RESERVAS EM DIVISAS!

(La Razón, 15) As Reservas Internacionais da Bolívia equivalem a 51% do PIB, avaliado em US$ 28,7 bilhões. Com esta informação se confirma que as reservas do país, comparativamente ao tamanho se sua economia são uma das mais altas do mundo, superando proporcionalmente a China, Japão, Brasil, México e Argentina.