29 de fevereiro de 2016

ENTORNO DE LULA RETOMA A TESE DE QUE É MELHOR DILMA CAIR LOGO E SUAVEMENTE!

Provérbio chinês: “O que ouço esqueço; o que vejo me lembro; e o que faço eu entendo.”

A) 1. Cerca de 3 meses atrás, este Ex-Blog informava que parte do entorno próximo de Lula tinha perdido a esperança com o governo Dilma e entendia que o melhor era convencê-la a pedir licença por prazo indeterminado, por questões de saúde, sistema nervoso, depressão crônica, etc. Com isso, ela se afastaria suavemente, manteria seus direitos de presidente após o mandato (remuneração e equipe de entorno, etc.). Mas o ponto era quem a convenceria disso.   

2. Teria prevalecido a ideia de o PT e Lula apoiá-la e prestigiá-la e, com isso, se amanhã houvesse a necessidade do afastamento de Dilma, nem Lula nem o PT poderiam ser acusados de deslealdade. Os problemas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deram fôlego à tese de esperar para ver. A decisão do STF sobre as regras de funcionamento da comissão do Impeachment reforçaram essa tese ainda mais.

3. Mas os meses seguintes agravaram ainda mais o quadro econômico (perda tríplice do grau de investimento) e político e subtraíram autoridade da presidente. Generalizou-se a tese –tanto no PT, quanto na oposição, no empresariado, na sociedade, quanto na percepção externa– política e econômica de que “não há governo”.

4. Com a prisão do publicitário do PT (de Lula e Dilma), João Santana, criou-se um quadro novo. São ao mesmo tempo quadros do PT sem ser militantes. Os militantes –sejam dirigentes, parlamentares ou não-, quando denunciados ou presos, mantêm um comportamento firme, negando tudo. E o fizeram com a ordem unida dada pela direção lulista e seus advogados. Mas o casal publicitário –sem essa militância e experiência política- trocou os pés pelas mãos. A situação de Dilma se tornou terminal.

5. O PT e Lula abriram o jogo, usando como bodes expiatórios a lei que permite a Petrobras reintroduzir o setor privado no pré-sal e a reforma da previdência. Explicitamente, Dilma perdeu apoio interno, inclusive de Lula. Dilma mobilizou o Itamaraty, que inventou uma viagem às pressas ao Chile, de forma a evitar que ela participasse do Congresso do PT, evitando o constrangimento dos discursos críticos à sua política econômica e até vaias.

6. Com isso, concomitantemente, cresceu a tese do impeachment na oposição e da licença de Dilma no entorno de Lula. Isso ocorrendo ainda em 2016 e com novo governo liderado pelo PMDB, Lula teria tempo para passar para a oposição e sapatear sua tese de que a política econômica e social de Lula estavam certas e errada é a condução de Dilma. Na oposição, Lula afiaria o discurso, a CUT sapatearia a seu lado e sua popularidade voltaria a crescer. Em resumo, Lula seria competitivo em 2018.

B) (Estado de S. Paulo, 27) Na pior crise de seus 36 anos, o PT demarcou as diferenças em relação ao governo Dilma Rousseff e pediu a volta da política econômica levada a cabo pelo ex-presidente Lula da Silva. Em reunião do Diretório Nacional, o PT aprovou um conjunto de resoluções que escancaram as divergências entre partido e governo, irritando o Palácio do Planalto. Após sete horas de debates, o partido lançou o Plano Nacional de Emergência para a área econômica, que propõe 22 medidas para combater a crise, entre elas o uso das reservas internacionais do País para retomar o crescimento econômico e a criação de novos impostos. “Vivemos, de fato, uma encruzilhada entre o passado e o futuro”, diz o documento “O futuro está na retomada das mudanças”. O presidente do PT, Rui Falcão, disse que o objetivo do texto é resgatar as bandeiras econômicas de Lula. “A lógica das propostas é retomarmos, nas condições atuais, o que era o núcleo da política econômica do governo Lula”, disse ele.

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SENADOR DO PT DIZ QUE DILMA VAI PERDER APOIO DO PT! ENTREVISTA AO ESTADO DE S. PAULO (28)!

(ESP) Como se chegou a este ponto de tensão entre o PT e a presidente? – (Lindbergh Faria) Minha tese é que a pauta que a Dilma está escolhendo vai contra a gente. É um movimento, na minha avaliação, consciente por parte da presidente de se afastar das nossas políticas, dos nossos programas. A reforma da presidente colide diretamente com o movimento sindical, com as nossas bases. Estamos no meio de uma guerra, a guerra do impeachment. E tem uma luta nas ruas inclusive. A presidente escolheu uma pauta que vai contra os nossos.

(ESP) Por que a presidente insiste nas propostas das quais o PT discorda? – (LF) O afastamento é muito mais dela do que nosso. Fico pensando até se não é algo consciente, se afastar do PT, tentar construir uma agenda com parte da oposição, o que a gente viu na votação do pré-sal foi isso. Quer passar a ideia de que é a presidente de todo País. Ela tem a ilusão de que pode diminuir essa raiva contra ela, a favor do impeachment, apresentando uma agenda desse tipo, se rendendo a um outro projeto. Ela acha que vai acalmar e pacificar o País com isso. Ela nem vai conseguir acalmar os que estão contra ela no andar de cima e pode acabar perdendo a base dela.

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SUS: RIO DE JANEIRO TEM OS ÍNDICES DE MORTALIDADE MAIS ALTOS DO PAÍS!

1. (Extra/Globo, 29) Em 2015, o estado do Rio teve a maior taxa de mortalidade registrada no Sistema Único de Saúde desde 1984, início da série histórica do Sistema de Informações Hospitalares do SUS. Num período de 31 anos, o estado liderou as indesejáveis estatísticas por 30. Além de ter os índices de mortalidade mais altos do país catalogados pelo SUS, o Rio não sabe, ou não deixa saber, o que determinou esses óbitos: de 2008 a 2015 — período em que as taxas no estado tiveram a alta mais acentuada —, a categoria de diagnóstico com maior proporção entre mortes e internações foi a que não tem causa mortis definida.

2. (Globo, 29) SUS. 2015 Rio teve 6,57 óbitos / 100 mil habitantes. Brasil 4,2. Rio 56% a mais.

26 de fevereiro de 2016

EÇA DE QUEIROS EM 1867: “NA POLÍTICA HÁ POSTERGAÇÃO DOS PRINCÍPIOS”!

(Comunicar Preciso) 1. “Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois fatos que constituem o movimento político das nações. A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse.

2. A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se.

3. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva. À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (…) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espetáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.”

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MARQUETEIROS ENTREGAM O JOGO: PT INDIGNADO!

(Monica Bergamo – Folha de SP, 26) 1. Em seu depoimento, anteontem, Mônica Moura (esposa de João Santana, marqueteiro do PT) afirmou que só dois países, de todos os que já trabalhou, não usam caixa dois para pagar publicitários em campanhas eleitorais: República Dominicana e El Salvador.

2. No Brasil, afirmou, a prática passou a ser evitada depois que o publicitário Duda Mendonça quase foi preso no escândalo do mensalão. Mônica sustenta que, se a campanha de Dilma Rousseff tivesse caixa dois, “todas teriam”, e precisariam ser investigadas, já que as despesas da petista e de Aécio Neves, por exemplo, foram parecidas.

3. A mulher de João Santana afirma também que dificilmente uma campanha presidencial gastaria com marketing mais do que os cerca de R$ 90 milhões que ela e o marido cobraram de Dilma. Não haveria “onde” despejar tantos recursos. Mônica foi interrogada por cinco investigadores.

(Ex-Blog) Os depoimentos de João Santana e Mônica Moura são considerados um desastre pelo PT. Os depoimentos dos militantes, parlamentares ou não, seguem uma linha de não entregar nada. Aliás, é a primeira vez na Lava-Jato que não-militantes integrados ao PT prestam depoimento. Até a Odebrecht estaria indignada com esses depoimentos. Da mesma maneira, no Mensalão com o outro marqueteiro, Duda Mendonça.

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DILMA FOGE DA FESTA DO PT!

Dilma deveria terminar sua missão no Chile amanhã. Depois de árduos e constrangedores esforços do Itamaraty, a missão foi prorrogada até sábado (sem agenda oficial…), de maneira a sua chegada ao Brasil impedi-la de participar do ato PT, a que comparecerá Lula. Que vergonha – e a nosso custo…

25 de fevereiro de 2016

LULA E FHC NO CENTRO DO PALCO POLÍTICO! DESDOBRAMENTOS!

1. Dick Morris, em seu livro –O Novo Príncipe- no capítulo que trata da corrupção de políticos, lembra que a primeira matéria publicada pela imprensa apenas abre a série delas que virá depois.  Assim tem sido com Lula, o apartamento e o sítio. Agora é a vez de FHC, com seu caso extraconjugal e as transferências de recursos. Pelos estudos de Dick Morris, no caso, a série apenas foi aberta.

2. Dick Morris afirma que problemas de comportamento em políticos (caso FHC) são minimizados com o tempo. Nos jovens atinge pouco e entre os idosos atinge muito. Diferente dos problemas que envolvem dinheiro, que sem explicação são fatais.

3. O caso de Lula é uma situação mal operada e mal mesclada. Com suas palestras, tinha dinheiro de sobra para comprar o imóvel e o sítio. Mas preferiu o facilitário de amigos e empresas. Com isso, seu caso ficou na fronteira da percepção das pessoas como de desvios ou troca de favores, o que dá no mesmo.

4. Por falar em facilitário, FHC escorregou também, com a empresa do cunhado de sua amiga. Dizem os políticos experientes que quando um político tem que se explicar, perde. As pessoas comuns não entendem direito as questões –legais- de remessas ao exterior.

5. A repercussão geral sobre a política desses dois casos é desastrosa. Afinal, são os dois –destacados- e principais líderes políticos brasileiros. A reação geral é que tendo se chegado a eles é porque não tem jeito, tem que mudar tudo. A história política ensina.    

6. A Itália, tão citada pelo Juiz Moro, na operação Mãos Limpas, que é uma referência dele, mostra que a hegemonia da Democracia Cristã –e a própria- foi desintegrada, assim como a posição de tercius do PS. O PCI, habilmente, numa conjuntura de esfacelamento do campo soviético, mudou de nome e tornou-se social-democrata/social-liberal. E governou por períodos, teve presidente, e governa hoje.

7. A direita liberal/conservadora/empresarial, com Berlusconi, ascendeu e governou por um longo ciclo, até Berlusconi fazer parte das denúncias comportamentais –com seu harém e festas- e desvios de dinheiro. Mas seu ciclo de liderança durou 17 anos, de 1994 a 2011.

8. Usando a Itália como referência –a partir da operação Mãos Limpas do Juiz Moro- pode-se imaginar que há um vácuo aberto na política brasileira, para Marina por um lado e para Bolsonaro, agora no Partido Social Cristão (PSC), por outro. Álvaro Dias e Ciro Gomes farejaram este vácuo, mudaram de partido e vão explorar essa situação.

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ALGUNS DESTAQUES DA PESQUISA NACIONAL MDA/CNT DE 18-21/02!

1. Tem acompanhado ou tomado conhecimento da operação Lava-Jato? SIM 88,6%.

2. Dilma é culpada da corrupção? SIM 67,8% / NÃO 24,5%.

3. Lula é culpado da corrupção? SIM 70,3% / NÃO 22,4%. // Lula pode ser investigado? SIM 75,7% NÃO 18,7%.

4. A favor do impeachment de Dilma: SIM 55,6% – NÃO 40,3%.

5. Dilma está sabendo lidar com a crise econômica? NÃO 79,3% – SIM 16,8%.

6. Causa da Crise Política: Corrupção 62,1%.

7. Você está empregado? SIM 55,7% / NÃO e procuro emprego: 14,6% / NÃO e não procuro emprego (inclui aposentado, estudante, dona de casa, além dos que desistiram) 25,6%. // Conhece alguém que ficou desempregado? SIM 82,6%.

8. Essa crise vai levar ainda quanto tempo? 3 anos e mais 64% / até 1 ano 7,4% / 1 a 2 anos 24%.

9. Conhece pessoas que contraíram Dengue, Zika ou Chikungunya? SIM 55,6% / NÃO 44,3%. // Tem medo de contrair alguma doença transmitida pelo aedes? SIM 88,7%.

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QUANTOS DELEGADOS TRUMP PRECISA PARA GANHAR A CONVENÇÃO?

1. Até 14 de junho, eleitores terão de indicar os delegados para representá-los nas convenções de cada partido. Para ser apontado candidato, um republicano precisa conquistar 1.237 dos 2.472 delegados disponíveis para o partido. No momento, Trump conta com 67 delegados, contra 22 de Ted Cruz e 9 de Rubio.

2. Clinton e Sanders. Delegados. Hillary Clinton tem 502 delegados; e Bernie Sanders 70, de acordo com os últimos levantamentos da Associated Press. 2.383 delegados são necessários para conseguir a nomeação como candidato do Partido Democrata.

3. Vários analistas, incluindo Mel Robbins, da CNN, consideram que a corrida republicana acabou. Nunca o candidato que venceu as primárias de New Hampshire e South Carolina deixou de se tornar o indicado.

4. Segundo Robbins e matéria da rádio pública NPR, a elite dos Republicanos ainda espera que, com a desistência de Jeb Bush, Marco Rubio possa atrair os votos anti-Trump. Diversos superPACs (comitês que angariam fundos a favor ou contra um candidato, mas que não podem ter vínculos diretos e injetaram mais de USD 600 milhões na eleição de 2012) estão voltando as baterias contra Trump, a favor de Rubio, apontando o que é considerado sua maior fraqueza, o temperamento, mas, até agora, sem sucesso algum.

24 de fevereiro de 2016

A ONDA AZUL COBRE A AMÉRICA DO SUL! A ONDA VERMELHA DESAPARECE!

1. O costumeiro georreferenciamento do voto nos quadros que a imprensa apresenta vai mostrando nos últimos dois anos uma progressiva redução da mancha vermelha, que simboliza as forças políticas do centro para a esquerda, e uma enorme expansão da mancha azul, do centro para a direita.

2. Esse processo se inicia uns anos antes, com o aumento da rejeição dos governos da mancha vermelha. E se acentua mês a mês. Com o novo ciclo de eleições, as altas taxas de rejeição se transformam em mudanças nos governos. Apesar da enorme máquina peronista de Cristina Kirchner e sua resistência à rejeição, as eleições presidenciais surpreenderam as pesquisas no primeiro turno e mostraram a ascensão de uma frente de centro/centro-direita. No segundo turno, a vitória de Macri se deu sem sustos. A mancha azul ocupou quase todo o país.

3. As eleições parlamentares na Venezuela, em dezembro de 2015, apesar de todas as manipulações e prisões perpetradas pelo chavismo, representado pelo pior populismo, o de Maduro, confirmou de forma aplastante o que diziam as pesquisas. A mancha azul ocupou todo o país e a oposição venceu com a maioria constitucional de pouco mais de 2/3 dos parlamentares. O quadro político se inverteu e o governo aprovou lei delegada antes da posse do novo parlamento e –em seguida- passou a agir de forma obstrutiva lastreado por confirmações da Corte Suprema de lá.

4. Evo Morales, apoiado nas pesquisas que lhe davam maioria nacional, chamou a um plebiscito para alterar a Constituição e lhe abrir espaço para mais um mandato presidencial, o quarto, em direção a 2025. Um e outro escândalo de corrupção foram divulgados e Evo Morales censurou os responsáveis, lavando as suas mãos, no conhecido método lulista. E mais perto da eleição surgiu o caso de sua ex-namorada contratada por uma empresa chinesa por milhões. Mas o SIM e o NÃO foram convergindo e chegaram ao plebiscito empatados. Cumprida a tendência, o resultado foi a vitória do NÃO e a rejeição ao quarto mandato. A mancha azul ocupou quase toda a Bolívia, exceção significativa da província de La Paz, fronteira com Peru e Chile. A onda azul cresceu geometricamente em direção ao leste, à fronteira com o Brasil, onde a vitória do NÃO em Santa Cruz e Pando foi acachapante.

5. Agora, em abril, vêm as eleições presidenciais no Peru. A rejeição ao presidente Humala –militar chavista, mas acomodado na campanha pela propaganda petista estilo 2002- atingiu recordes próximos aos números de Dilma. O quadro das candidaturas presidenciais está pulverizado. Lidera a filha de Fujimori. Ascendeu Julio Gusman, economista que já foi do BID, ministro da fazenda e coordenador de gabinete. Criou um partido –Todos pelo Peru- e ocupa o segundo lugar uns 10 pontos abaixo dos 30 pontos de Keiko Fujimori, com um discurso genérico. Humala sequer se arriscou a ter candidato. Independente do resultado, a mancha azul ocupará todo o país.

6. Finalmente, o Brasil, que vive um “ciclo eleitoral” de impeachment com rejeição recorde –talvez- em toda a história política da América do Sul. Dilma respira com a ajuda das máquinas, mas a cada visita do noticiário fica mais difícil sobreviver. A mancha vermelha desapareceu do mapa, e o que se pergunta apenas é: Qual será a cor da mancha que substituirá a mancha vermelha em curto ou médio prazos: a azul de Aécio/Alckmin, a verde de Marina, a roxa de Ciro, a amarela de Alvaro Dias, a rosa de Cristóvam Buarque…? Um segundo turno garantido.

7. Na ausência de lideranças substantivas, o único certo é que a mancha vermelha desparecerá nesse ciclo político. Que a imprevisibilidade de hoje abra caminho para o progresso amanhã.

23 de fevereiro de 2016

NOTAS POLÍTICO-PRÉ-ELEITORAIS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO!

1. A avaliação do governador Pezão está abaixo da de Dilma, que continua na mesma. O ótimo+bom de Pezão está na faixa dos 5% e o ruim+péssimo na faixa dos 70%. Com isso, o saldo negativo de Paes (ruim+péssimo – ótimo+bom) aumentou para mais de 10 pontos.

2. As Olimpíadas não produzirão impacto positivo nas avaliações. Agora o prefeito informou ao COI que o Metrô não ficará pronto até lá e ofereceu um plano B rodoviário. Dilma e Pezão têm os graves problemas deles e desfocam as Olimpíadas.

3. Se o senador Crivella tivesse que desenhar um cenário favorável a ele, o atual seria ainda mais favorável. E a mídia pró-Crivella ainda não engoliu as agressões de Pezão na campanha e continua lançando fogo pela boca.

4. Secretário de Transportes foge do desgaste do governo estadual e se coloca à disposição do PSDB para prefeito. Vai à Brasília conversar, pois aqui não tem conversa. Aécio apoia lá e não ajuda aqui. Isso prejudica a pré-campanha. O caso FHC desbota seu manto consensual e seu sucesso nos restaurantes elegantes. E ele mora no Rio.

5. O PT não sabe o que vai fazer. Lula e Dilma exigem apoio ao PMDB. Mas sem ter o vice e sem aparecer sua marca na TV do PMDB, corre o risco de não fazer nem os 4 vereadores que fez da outra vez. O PMDB, com a caneta na mão, já atraiu 4 vereadores para a legenda. E pode atrair mais. Porém, tende a repetir uma chapa de vereadores coligada por dentro. Sendo assim, dos 17 –próprios- atuais –que podem ser mais- não vai conseguir eleger 10.

6. O PMDB conviverá com a dúvida sobre a candidatura a prefeito até o prazo limite, apesar das repetidas afirmações que nada muda.

7. Os problemas financeiros do Estado e o desgaste político de Pezão estão se transformando num atrito entre os 3 poderes: executivo, legislativo e judiciário. O fogo amigo e aberto numa longa entrevista semana passada, continuará nessa semana.

8. Apoio a Freixo continua atuando fortemente através das redes sociais, tendo o PMDB como alvo. Mas se o adversário for Crivella? Com Crivella no páreo, os espaços que teve em 2012 para crescer fora de seu público, nos opositores ao prefeito, serão muito menores. Romário perdeu o PSB e suas contas e nomeações ganharam enorme destaque na imprensa popular. Deve se conformar com seu longo mandato de senador e não correr riscos.

9. Molon continua esperando o colo de Marina para ser embalado e ter algum pretensão a se aproximar com chances de ir ao segundo turno. Indio ganhou o apoio do presidente de seu PSD e perdeu lastro na prefeitura e com isso capilaridade. Ambos estão fora das polêmicas da pré-campanha, tão importantes para formar imagem. Vide primárias nos EUA.

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A INDEPENDÊNCIA DOS PODERES!

(Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro –  Globo, 21) 1.  Os jornais noticiam um embate entre os poderes Executivo e Judiciário, parecendo dar eco à defesa do governador, que considera privilégio e insensibilidade os questionamentos do Judiciário em receber na data estabelecida pelo governo do estado. No entanto, a discussão não está ligada à data de pagamento, mas sim a repasses pertencentes a cada um dos poderes e às suas autonomias previstas na Constituição Federal.

2. De fato, o artigo 168 da Constituição determina o repasse de valores para o Judiciário, Ministério Público e Defensoria até o dia 20 de cada mês e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) estabelece os limites de repasses (nos estados, o valor arrecadado deve ser dividido da seguinte forma: 49% para o Poder Executivo, 6% para o Poder Judiciário, 2% para o Ministério Público, 3% para o Poder Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas).

3. Em outras palavras, o Poder Executivo tem a chave do cofre, mas não é o dono de todo o valor que está dentro dele. Assim, não pode se apropriar de parcela que não lhe pertence.  Lembre-se de que os limites da LRF funcionam como teto. Ou seja, não podem os chefes dos poderes e instituições gastar mais do que o percentual estabelecido, sob pena de responderem pessoalmente pelos gastos e de terem de se adequar aos limites, inclusive com a demissão de servidores.

4. No caso do Judiciário, o limite de 6% da arrecadação deve ser suficiente para dar conta de uma instituição funcionando em 92 municípios, que teve, em 2015, 1.977.763 sentenças proferidas e mais 4.391.231 ações em andamento. De outro lado, em tempos de crise, todos os poderes sofrem com a necessária adequação aos estreitos limites da LRF, ainda que a queda da arrecadação esteja relacionada à atuação do Poder Executivo.

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“LAVA JATO” DIZ QUE PRESIDENTE DO PERU TAMBÉM RECEBEU PROPINA!

(Jornal Nacional – TVG, 22) 1. O delegado aponta ainda que a Odebrecht pagou propina para políticos de outros países. Diz que a análise de e-mails mostra com “robustez probatória” o pagamento de vantagem indevida a um ex-secretário de transportes da Argentina e ao presidente do Peru, Ollanta Humala.

2. E conclui que “o pagamento a agentes públicos de outros países e ao PT revela práticas criminais até então não descobertas, que certamente envolverão novas investigações sobre novos sistemas ilícitos e agentes corruptores”.

22 de fevereiro de 2016

FUNDOS DE PENSÃO DAS ESTATAIS: LULA PEDIU, TANCREDO NEGOU E PT VOTOU CONTRA TANCREDO!

1. Na saída da reunião, em 1985, entre Tancredo Neves –presidente eleito- e Lula, presidente do PT, a imprensa reuniu todas as câmeras e gravadores à espera da decisão do PT. Afinal, o PT se somaria à frente democrática pela eleição de Tancredo no Congresso ou não?

2. Finalmente, Lula saiu e, cercado pela imprensa, deu as explicações. Disse que pediu 2 coisas a Tancredo: o aumento do salário mínimo e o controle dos Fundos de Pensão das Empresas Estatais. A primeira era apenas fogo de artifício, com uma inflação daquele tamanho. Mas a segunda era para valer. A Veja destacou com foto as declarações de Lula e o que havia pedido a Tancredo Neves pelo –para- o PT.

3. Afinal, o PT treinou no exterior por anos o presidente do sindicato dos bancários de S. Paulo, Luis Gushiken. Na Constituinte, coube a Gushiken a liderança das teses do PT que envolviam os Fundos de Pensão das Estatais. Com Lula eleito em 2002, coube a Gushiken o comando desses Fundos de Pensão, independente de onde estivesse, câmara, ministério e presidente de entidade para-estatal. Gushiken faleceu em 2013.

4. O Globo, neste domingo (21), traz ampla matéria sobre a manipulação daqueles Fundos com imensos prejuízos que somam uns R$ 30 bilhões de reais e sublinha o papel destacado de Gushiken. Esse sempre foi o projeto de poder do PT e se Tancredo Neves tivesse aceito, o PT teria dado a ele os seus votos. Esse era o preço!

5.1. (GLOBO, 21) Quando chegou ao Planalto, em 2003, Lula estava decidido a ampliar esse canal de influência sobre o setor privado, pela via da multiplicação da presença dos fundos de pensão estatais e do BNDES no quadro societário das empresas. Havia um projeto, desenhado desde os primórdios do PT e da Central Única dos Trabalhadores, por iniciativa de Luiz Gushiken, então presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

5.2. Ajudou a escrever o primeiro estatuto, presidiu o PT, elegeu-se deputado federal três vezes e se tornou um dos mais influentes assessores de Lula. Foram os negócios nada ortodoxos entre fundos estatais e empresas privadas durante o governo Collor, em 1991, que levaram Gushiken e dois diretores do sindicato paulistano, Ricardo Berzoini e Sérgio Rosa, a abrir o debate dentro do PT sobre o potencial político dos fundos de pensão — até então percebidos como meros instrumentos governamentais de cooptação de sindicalistas.

5.3. No ano seguinte, a cúpula político-sindical do PT elegeu bancários para diretorias da Previ e da Funcef, derrotando a velha guarda da Confederação dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito. O grupo avançou com a eleição de Berzoini à presidência do sindicato paulistano, com Sérgio Rosa e João Vaccari Neto na diretoria. Meses depois, esse trio teve a ideia de entrar no ramo imobiliário com apoio financeiro dos fundos de previdência: nascia a Bancoop, cooperativa habitacional, hoje alvo de múltiplos processos por suposto desvio de dinheiro para campanhas do PT e calote em mais de dois mil clientes.   Gushiken decidiu não disputar o quarto mandato de deputado federal pelo PT, em 1998. Berzoini ficou com a vaga. Elegeu-se, mas fez questão de continuar na direção da Bancoop até a campanha presidencial de Lula, em 2002.

5.4. Na sede da CUT, Gushiken instalou um curso para formação de sindicalistas em Previdência Complementar. Sinalizava o rumo nas apostilas: “No Brasil, o fundo de pensão como fonte de poder ou como potente agente de negociação nunca foi objeto de discussão nos sindicatos (…) Existe a possibilidade, não remota, de que este monumental volume de recursos, oriundos do sacrifício de milhões de trabalhadores, venha a se transformar num gigantesco pesadelo para estes mesmos trabalhadores”.

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GUERRA NA SÍRIA: 240 MIL MORTOS!

1. A guerra na Síria deixou mais de 240 mil mortos, incluindo 12 mil crianças, de acordo com um novo balanço do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). A cifra corresponde a um aumento de mais de 10 mil mortos em quase dois meses, segundo esta ONG com sede na Grã-Bretanha, que conta com uma vasta rede de fontes na Síria e que estabelece cuidadosamente o balanço de mortos desde o início da guerra.

2. Segundo seus cálculos, o número de mortos entre os civis é, até a data, de “71.781, incluindo 11.964 crianças”. A população síria atual é de 23 257 387 habitantes.

19 de fevereiro de 2016

TORONTO! ENTREVISTA COM CESAR MAIA!

1. Ex-Blog- Como ex-prefeito, o que destacaria em Toronto na visita que fez semana passada? CM- Certamente a qualidade urbana. Toronto é uma cidade comparável à Boston e Chicago. Na semana do NBA All-Star, em que estive, as temperaturas variavam de menos 5 graus a menos 20 graus. Em Niágara menos 35 graus no sábado em que estive. A neve que produz a lama que vemos em New York, e os seus problemas de mobilidade, em Toronto, não afetam a vida e a mobilidade da cidade, em nada. Seu sistema de drenagem e conservação é exemplar. E por falar nisso, Canadá é o único país das Américas em que o Zika vírus não chegou.

2. Ex-Blog- E a demografia de Toronto? CM- Toronto tem 3 milhões de habitantes e uma grande diversidade demográfica. Quase uns 30% são asiáticos de diversas origens mas com a semelhança que percebemos. São 10% os afro-canadenses. A percepção nas ruas, shoppings e na arena do evento, é de proporções ainda maiores. Os de origem europeia são principalmente ingleses (uns 18%), escoceses (uns 14%) e irlandeses (uns 13%). Vivem em Toronto uns 15 mil brasileiros. O Canadá é um país bilíngue – inglês e francês, mas são dezenas de dialetos. É uma cidade de imigrantes construída a partir do final do século 18.

3. Ex-Blog- Como avaliar seu desenvolvimento? CM- É a capital financeira do Canadá, uma cidade global. No Informe Cities of Opportunity, Toronto está entre as 3 principais cidades em Capital Intelectual e Inovação, Transporte e Infraestrutura, Saúde e Segurança, Sustentabilidade e Meio Ambiente. Em Facilidades para fazer Negócios, Toronto só perde para Singapura, Hong Kong, Londres e New York. É primeira em Risco Trabalhista, segunda em Facilidades para abrir um Negócio, quarta em Proteção aos Acionistas, e Risco Operacional.  É a quarta em Cargas Impositivas mais baixas.

4. Ex-Blog- E a economia de Toronto. CM- O PIB per capita supera os 40 mil dólares. É o principal polo financeiro, comercial e industrial do Canadá. É um porto muito importante após a abertura do Canal Marítimo de São Lourenço que abriu o tráfego de navios entre o Oceano Atlântico e os Grandes Lagos. Toronto margeia o Lago de Ontario.  A Bolsa de Valores de Toronto é a maior do Canadá a segunda das Américas após New York e está sempre entre as 10 maiores do mundo.  A taxa de homicídios está em 2 por 100 mil habitantes.

5. Ex-Blog- E a vida cultural? CM- Toronto é sede de importantes museus, teatros e salas de ópera, concerto e balé. Tive oportunidade de ir a três museus importantes com acervos próprios extraordinários do melhor nível internacional. Royal Ontario Museum -museu de história natural e de história/arqueologia-, a Arte Gallery of Ontario -de arte contemporânea, e o Gardiner Museum, com suas espetaculares coleções de cerâmica desde milhares de anos, chinesa, japonesa, da meso-américa…, até uma interessantíssima coleção e história da cerâmica na Inglaterra, com a “guerra” para controle da tecnologia no século 17 e 18, a partir das cerâmicas chinesa e japonesa, e como objeto das elites. Fui também ao Aquário de Toronto, um destaque por sua função educativa, variedade de espécies e facilidade de percurso através de uma esteira rolante de mínima velocidade. Com tecnologia avançada em grandes filtros, mereceria uma visita dos responsáveis pelo Aquário que está sendo instalado na área portuária do Rio.

6. Ex-Blog- Que área urbana o mais impressionou? CM- Certamente um quadrilátero com a combinação de uma grande praça arborizada, da Victoria University, dos Museus Royal Ontario e Gardiner de Cerâmica, (prêmio em arquitetura e uma loja de cerâmica única), uma antiga Igreja Anglicana, e prédios residenciais no estilo londrino. Todo esse conjunto é atravessado pela rua das principais grifes internacionais de moda. Um conjunto eclético, harmônico e exuberante. Todos os projetos de reforma urbana -localizados- deveriam visitar esta área, este conjunto. Bem, e saindo do centro de Toronto em direção a Niágara Falls, visitar a pequena cidade de Niágara on the River, é imperdível. Talvez chamar de uma arquitetura de cidade de bonecas possa ajudar a entender. E um comércio alimentício de alta sofisticação artesanal.

7. Ex-Blog- E você não viu defeitos? CM- Vi dois. Motoristas -pelo menos os de táxi- não usam cinto de segurança.  É o mais intrigante. Na saída quando no aeroporto de Toronto ia pegar o avião para New York. Uma enorme burocracia de controles que nunca havia visto em lugar algum, nem nos EUA. Passei (com minha filha e neto) meu boarding pass em sete pontos de revisão, sendo que em quatro checando o passaporte. A checagem é quase sempre duplicada -eletrônica e fisicamente. E no final -surpresa- há um posto policial de migração dos EUA, com seus policiais fardados e a bandeira dos EUA. Ou seja, território dos EUA no aeroporto de Toronto. Na passagem dos passaportes -com as tradicionais impressões digitais e foto, o oficial perguntou sobre a bagagem, nossas 2 malas despachadas. Ele clicou o computador e apareceram na tela as fotos das duas malas para confirmarmos. E uma pergunta “casual”: -Nas últimas semanas você este na Guiné? -Não, a resposta. Como se sabe Guiné é um narco-estado. Então havia um duplo foco nesses controles: terrorismo e tráfico de drogas. Bem, pelo menos há uma vantagem: a migração dos EUA no aeroporto de Toronto libera totalmente a migração nos EUA e inclusive as malas a serem transferidas ao voo para o Rio não precisam ser rechecadas, como ocorre na passagem pelo aeroporto JFK para outro aeroporto em conexão.

8. Ex-Blog- Mas não poderíamos deixar de perguntar, qual o foco principal de sua ida a Toronto na semana passada?  CM- Foi o NBA ALL-STAR WEEKEND, que é uma festa anual do basquete dos EUA, cujo ponto culminante é o jogo exibição entre os maiores craques da NBA nesse momento. O jogo exibição realizado domingo na arena AIR CANADA CENTRE (umas 30 mil pessoas, completamente lotada), é alternado com homenagens aos veteranos, com malabaristas, com os tradicionais grupos femininos de dança, com rappers… Neste ano houve a apresentação impressionante do Cirque de Soleil (basquete como tema coreográfico), e o show do cantor Sting. São 3 dias de eventos que vão da tecnologia aplicada ao basquete, a reunião com celebridades do basquete e ao jogo exibição dos novos craques, além, claro, do domingo. A cidade fica em festa com os hotéis lotados de turistas/fãs do basquete e as lojas focalizando o tema estão cheias.

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GOVERNO DE GOIÁS DO PSDB PRIVATIZA A EDUCAÇÃO ENTREGANDO AS ESCOLAS A OSs!

(EBC, 18) A partir deste ano, Goiás começará a transferir a administração de escolas estaduais que passarão a ser geridas por organizações sociais (OS). O modelo já é aplicado no sistema de saúde do estado. A implementação em escolas é, segundo o próprio governo, inédita no Brasil. A questão, no entanto, gera polêmica. Um grupo de professores e alunos é contra o modelo de gestão e pede mais diálogo. Já o governo acredita que o setor privado poderá trazer mais eficiência ao sistema de ensino. No estado, 27 escolas estão ocupadas por estudantes em protesto contra as OS.

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NOTAS LATINO-AMERICANAS!

1. Venezuela: Maduro desvaloriza o câmbio oficial de 6,3 para 10 bolívares e simplifica o controle cambial de 3 para 2 bandas.

2. Domingo, plebiscito na Bolívia para mais um mandato de Evo Morales até 2025. Pesquisas dão empate, resultado indefinido.

3. (El País, 18) Venezuela: Maduro se nega sancionar a lei de anistia a presos políticos. Seriam 78 beneficiados, incluindo Leopoldo López.

4. (BBC, 17) Maduro aumenta o preço da gasolina depois de 20 anos. Baixa octanagem custará 1 bolívar e alta 6 bolívares.

18 de fevereiro de 2016

AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS: A FEBRE DE ADMINISTRAÇÃO INDIRETA DOS ANOS GEISEL, ORIGEM DE MUITAS DISTORÇÕES E DESVIOS!

1. Nos anos 1970, no período do presidente Geisel, surgiu como solução mágica para os problemas governamentais a descentralização administrativa através da criação de novas autarquias, fundações e empresas. Governar-se-ia melhor através da “administração indireta e fundacional”, diziam.

2. No período Geisel foram criadas mais empresas estatais, fundações e autarquias que em toda a história da administração pública brasileira, desde a Proclamação da República, até os dias de hoje. Várias delas -anos depois- foram extintas após escândalos demonstrados, como a SUNAMAM e a INTERBRÁS, para citar casos mais eloquentes.

3. Com isso, produziram-se várias distorções, que vão desde o descontrole, a duplicidade administrativa, a descoordenação, a quebra da autoridade, programas e investimentos que surgiam sem articulação com outros órgãos, sem responsabilidade de ministros, secretários e até dos chefes do poder executivo. Depois -já mais recente- veio a febre das ONGs e em seguida das OSs, cujos desvios começam a ser destacados. Virão mais.

4. O prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Julio Coutinho, no início dos anos 80, antecipou-se aos problemas que já ocorriam e publicou decreto, depois com força de lei, autorizando o enxugamento destes órgãos. Não se tratava -na maioria dos casos- de eliminar as suas funções, mas de retornar com elas à administração direta, dando unidade e coordenação à gestão e responsabilizando gestores.

5. O prefeito Marcelo Alencar retomou, com ênfase e prioridade, à ideia de multiplicar a administração indireta. As várias autarquias e fundações criadas passaram a ter a palavra RIO como prefácio de praticamente todas. Com a criação da Controladoria Geral do Município, em 1993, se passou a avaliar com o cuidado e o tempo necessários, as funções que exerciam e a desorganização administrativa que provocavam.

6. O prefeito Cesar Maia, em base ao decreto transformado em lei do prefeito Julio Coutinho, priorizando a administração direta e, portanto, responsabilizando os secretários, em base ao decreto/lei do prefeito Julio Coutinho, realizou um amplo enxugamento, devolvendo às secretarias as suas funções precípuas, retomando unidade, coordenação, articulação entre órgãos e programação.

7. A redução de custos, poderia ocorrer naturalmente, mas o objetivo central era re-responsabilizar a administração direta e reforçar os controles e a gestão. No caso das empresas, a burocracia legal existente exigia um processo de liquidação e, com isso, a existência de uma micro-direção responsável. Mas as funções voltavam ao órgão central.

8. Como os atos foram administrativos -decreto- por força da lei existente, tudo ocorreu sem ruídos, sem conflitos e sem publicidade. A lista de fundações, autarquias e empresas que já não existem e foram alimentadas na época é grande: Rio-Esporte, Fundes, Fundação João Goulart (responsável pelos concursos), SMTU, Rio-Arte, Rio-Aguas, Fundação Rio… Empresas como a Fábrica de Escolas, ainda em liquidação, o Rio-Centro, mantida na época com estrutura mínima para fiscalizar a concessão… A memória deste Ex-Blog certamente falhou em outros casos não listados. Com os decretos publicados, no dia seguinte não ocorreram chuvas nem trovoadas, e as funções necessárias foram absorvidas pelas respectivas secretarias.

9. Agora, o governador Pezão apresentou projeto de lei eliminando autarquias e fundações. Mas o fez com foco errado: o custo. O custo reduzido será naturalmente a derivada segunda da decisão. Mas não deve ser a justificativa. Com isso, o debate foge daquilo que deveria ser: a unidade, a coordenação, o controle, o planejamento e a eficácia estratégica da administração direta. Aliás, cuja debilidade nesses anos responde por grande parte dos problemas financeiros que hoje enfrenta.

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PARA ONDE VAI A ECONOMIA BRASILEIRA?

(Maria Cristina Frias – Folha de S. Paulo, 15) 1. “As receitas do governo vão demorar a voltar ao que eram. Temos de ter senso de urgência na aprovação das medidas necessárias. Só assim voltaríamos a ter a confiança para a recuperação da economia”, diz Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco. “Aprovar medidas estruturais de contenção dos gastos públicos, como limite para os gastos públicos na Lei de Responsabilidade Fiscal e instituir uma idade mínima para a aposentadoria, não só é viável, mas fundamental.”

2. Como a queda na arrecadação torna ainda mais difícil cumprir 0,5% do PIB de superavit fiscal primário neste ano, é preciso buscar uma saída. “Precisaria aprovar medidas, como a CPMF, no Congresso para chegar a 0,5%”, reitera. O Banco Itaú projeta estabilização da economia ainda neste ano e uma queda de 4% do PIB em 2016. “Acreditamos que a economia deverá se estabilizar a partir do segundo semestre deste ano.”

3. Para 2017, Goldfajn espera uma alta de 0,3% [antes, era zero], dependendo da reação da política econômica e dos choques internacionais. O mercado de trabalho, por sua vez, ainda deverá reagir à queda do PIB com alguma defasagem temporal. A taxa de desemprego projetada pelo banco é de 13% em 2016 e deverá atingir 13,4% em 2017.

4. Com relação à forte reação dos mercados internacionais no início deste ano em decorrência da derrocada do preço do petróleo e da China, Goldfajn é menos pessimista. “O mercado exagerou. Não vai durar meses e meses. Os Estados Unidos continuam a crescer, estão saindo da crise.” O patamar, porém, mudou. “Estamos na era de expectativas baixas”, lembra. “A queda do petróleo e da China nos trazem [ao Brasil] inflação via câmbio e recessão via perda de renda”, afirma o economista.

17 de fevereiro de 2016

A DÍVIDA PÚBLICA DA PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO! UM CRESCIMENTO DE 29% QUE EXIGE ANÁLISE! QUEDA DA LIQUIDEZ DO FUNPREVI DE 31%: OUTRO PONTO A SER ANALISADO!

1. O relatório de execução orçamentária, na forma determinada pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) foi publicada no Diário Oficial de 29 de janeiro de 2016. Este Ex-Blog sentiu a falta dos quadros sobre a Dívida Pública e alertou a assessoria parlamentar do prefeito. A Controladoria reconheceu a omissão e no Diário Oficial de 04 de fevereiro de 2016 publicou as tabelas que faltavam.

2. A Dívida Consolidada do Município do Rio de Janeiro alcançou em 31 de dezembro de 2014 o valor de R$ 13 bilhões e 687 milhões de reais. Em 31 de outubro de 2015, o valor da dívida alcançou R$ 16 bilhões e 692 milhões de reais, num crescimento nominal de surpreendentes 22%, quase o triplo da inflação nesse período.

3. Em 31 de dezembro de 2015, o valor da Dívida Consolidada alcançou R$ 17 bilhões e 654 milhões de reais. Um crescimento nominal de 29% quase o triplo da inflação, que chegou a 10%. Em dois meses, de outubro a dezembro de 2015, o crescimento nominal foi de 5,76%, mantendo um valor muito acima da inflação nesse período, que chegou a 1,01% em novembro e 0,96% em dezembro, somando 2%. Ou seja, o crescimento da dívida municipal foi 2,9 vezes maior que a inflação nos dois últimos meses do ano.

4. Caberia ao TCM realizar uma análise das razões, lembrando que o serviço da dívida diminuiu em função da lei aprovada em 2014 e efetivada em 2015, alterando o índice de correção da dívida.

5. No quadro da Dívida Consolidada Previdenciária há um quadro de decisões que na prática corresponde a liquidez do FUNPREVI – fundo de pensão dos servidores municipais. São as Disponibilidades de Caixa, somadas aos Investimentos Financeiros e demais Haveres financeiros.

6. Em 31 de dezembro de 2014 somavam 1 bilhão e 906 milhões de reais. Em 31 de outubro de 2015 alcançaram 1 bilhão 434 milhões de reais. Uma queda tão surpreendente quanto grave de 24,7% em 10 meses. Em 31 de dezembro de 2015 a liquidez do FUNPREVI alcançou 1 bilhão e 447 milhões de reais, acusando nestes 3 meses uma certa estabilidade. Mas comparando com 31 de dezembro de 2014, a queda da liquidez imediata do FUNPREVI em 1 ano foi de 24% nominal.

7. Se aplicarmos a inflação anual de 10%, o mínimo para que um fundo de aposentadoria e pensão mantenha seu valor real, a queda em um ano foi de 31%. Outro número que exige uma atenção e análise ampliadas por parte do TCM.

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ZOOLÓGICO DO RIO: QUE LICITAÇÃO É ESSA?

1. A licitação (?!) do ZOOLÓGICO da Prefeitura do Rio está marcada para o dia 25/02 próximo.

2. Estranhamente, a prefeitura vem realizando investimentos que caberiam ao futuro concessionário. São reparos e obras no ZÔO com mais de 100 trabalhadores através da Comlurb, Parques e Jardins, SECONSERVA, SMAC…

3. Só a SMAC (Secretaria de Meio Ambiente) disponibilizou três empresas privadas, alegando operações compensatórias.

4. O valor desta verdadeira doação ao vencedor da licitação (dizem na rádio corredor que será a Cataratas ou controlada, que já tem outras no Rio) é desconhecido do Zoo e da Controladoria.

5. Talvez o TCM saiba. E o MP possa saber.

16 de fevereiro de 2016

DICK MORRIS: “A ÚNICA MANEIRA DE UM POLÍTICO SAIR VIVO DE UM ESCÂNDALO É FALAR A VERDADE E AGUENTAR O TRANCO”! “UMA MENTIRA LEVA À OUTRA”!

Nota postada no Ex-Blog em 09/06/2011. Cada vez mais atual.

1. The New Prince: Machiavelli Updated for the Twenty-First Century (El Nuevo Príncipe, editora El Ateneo), de Dick Morris (coordenador de Clinton em 2006), é leitura básica para entender a complexidade da comunicação política dos governos, muito maior que a do marketing eleitoral, pois ocorre dia a dia. E se insere num universo diversificado, de imprensa, comunicação direta, boatos, opinião pública segmentada, contracomunicação da oposição e dos insatisfeitos e da internet. Morris fala disso em Governar, na parte 2 de seu livro. Nele, trata de temas como popularidade cotidiana, exercício da liderança, agressividade ou conciliação, inércia burocrática, cuidar das costas (controlar seu partido), cortejar a oposição, grupos de pressão, buscar recursos e continuar sendo virtuoso, o mito da manipulação da mídia e como sobreviver a um escândalo.

2. A este último ponto Morris dedica atenção. “Não há como ganhar na cobertura de um escândalo. A única maneira de sair vivo é falar a verdade, aguentar o tranco e avançar”. Com vasta experiência junto à imprensa dos EUA, lembra que, quando ela abre um escândalo, tem munição guardada para os próximos dias. Os editores fatiam a matéria, pedaço a pedaço, para a cada dia ter uma nova revelação. De nada adianta querer suturar o escândalo com uma negação reativa, pois virão outras logo depois, desmoralizando a defesa. E outros veículos entram com fatos novos para desmentir. Para Morris, a chave é não mentir. O dano de mentir é mortal. “Uma mentira leva à outra e o que era uma incomodidade, passa a ser obstrução criminal à Justiça”.

3. A força de um escândalo é a sua importância política. As pessoas perdoam muito mais aqueles fatos sem relação com o ato de governar. E ir acompanhando a reação do público. “Se os eleitores se mostram verdadeiramente escandalizados com o que se diz que ele fez, é melhor que não tenha feito. Roubar dinheiro quase sempre não se perdoa”. Em outros tipos de escândalo, como os de comportamento, os eleitores se mostram mais suaves e compreensíveis. Os mais velhos são sempre menos tolerantes. Os de idade intermediária tendem a ser mais flexíveis, especialmente com escândalos de comportamento. Os eleitores jovens se fixam mais no caráter do governante. Assim, além da complexidade de enfrentar um escândalo, a comunicação de governo deve ser, pelo menos, etariamente segmentada. Na medida em que o governante nada tenha a ver diretamente com o fato, que os responsáveis sejam de fato afastados por traição de confiança. Caso contrário, o próprio governo será contaminado e terá perdido precocemente a batalha de opinião pública e, assim, a batalha política.

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A QUEDA DOS HOMICÍDIOS EM S.PAULO E O MONOPÓLIO DO PCC!

(Folha S. Paulo, 12) 1. Em anúncio recente, o governo de São Paulo informou ter alcançado a menor taxa de homicídios dolosos do Estado em 20 anos. O índice em 2015 ficou em 8,73 por 100 mil habitantes – abaixo de 10 por 100 mil pela primeira vez desde 2001.

2. Para um pesquisador que acompanhou a rotina de investigadores de homicídios em São Paulo, o responsável pela queda é outro: o próprio crime organizado – no caso, o PCC (Primeiro Comando da Capital), a facção que atua dentro e fora dos presídios do Estado. “A regulação do PCC é o principal fator sobre a vida e a morte em São Paulo. O PCC é produto, produtor e regulador da violência”, diz o canadense Graham Willis, em defesa da hipótese que circula no meio acadêmico e é considerada “ridícula” pelo governo paulista.

3. Professor da Universidade de Cambridge (Inglaterra), Willis lança nova luz sobre a chamada “hipótese PCC”, num trabalho de imersão que acompanhou a rotina de policiais do DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa) de São Paulo entre 2009 e 2012.  A pesquisa teve acesso a dezenas de documentos internos apreendidos com um membro do PCC e ouviu moradores, comerciantes e criminosos em uma comunidade dominada pela facção na zona leste de São Paulo, em 2007 e 2011.

4. Em geral, a argumentação de Willis é a seguinte: a queda de 73% nos homicídios no Estado desde 2001, marco inicial da atual série histórica, é muito brusca para ser explicada por fatores de longo prazo como avanços socioeconômicos e mudanças na polícia. Isso fica claro, diz o pesquisador, quando se constata que, antes da redução, os homicídios se concentravam de forma desproporcional em bairros da periferia da capital paulista: Jardim Ângela, Cidade Tiradentes, Capão Redondo, Brasilândia.  

5. A pacificação nesses locais – com quedas de quase 80% – coincide com o momento, a partir de 2003, em que a estrutura do PCC se ramifica e chega ao cotidiano dessas regiões. “A queda foi tão rápida que não indica um fator socioeconômico ou de policiamento, que seria algo de longo prazo. Deu-se em vários espaços da cidade mais ou menos na mesma época. E não há dados sobre políticas públicas específicas nesses locais para explicar essas tendências”, diz ele, que baseou suas conclusões em observações de campo.

15 de fevereiro de 2016

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DO ESTADO DO RIO EM 2015!

Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro de 28 de janeiro de 2016.

A. RECEITAS:
                    1. Receitas Tributárias 2015: R$ 29,071 bilhões.
                    2. ICMS: R$ 19,189 bilhões.
                    3. IPVA: R$ 920 milhões.
                    4. ITCD: R$ 680 milhões.
                    5. FPE: R$ 933 milhões.
                    6. Dívida Ativa R$ 285 milhões.
                    7. Operações de Crédito: R$ 4,994 bilhões.
                    8. Alienação de Bens: R$ 1,084 bilhão.
                    9. Royalties do Petróleo: R$ 2,308 bilhões.
                   10. Transferências do SUS: R$ 605 milhões. Atenção: A Prefeitura do Rio de Janeiro recebeu de transferência federais via SUS um total de R$ 1,403 bilhão de reais, 131% a mais que o Estado.

B. DESPESAS:
                    1.  Despesas Previdenciárias Liquidadas. Pessoal Civil. Aposentadorias: R$ 7,377 bilhões. Pensões: R$ 2,705 bilhões / Pessoal Militar.  Reformas/Aposentadorias: R$ 2,799 bilhões.  Pensões: R$ 387 milhões.
2.  Pessoal e Encargos Sociais: R$ 19,146 bilhões.  Atenção: Aproximadamente igual a Receita com o ICMS.
                    3.  Serviço da Dívida Pública: R$ 7,285 bilhões. Atenção: O Serviço das Dívidas Interna e Externa são aproximadamente iguais.
                    4.  Legislativo: R$ 1,262 bilhão.
                    5.  Judiciário: R$ 3,864 bilhões.
6.  Ministério e Defensoria Públicos: R$ 1,982 bilhão.
7.  Segurança Pública: R$ 8,627 bilhões.
8.  Educação: R$ 6,191 bilhões;
9.  Saúde: R$ 5,113 bilhões.
10. Transportes: R$ 5,215 bilhões.  Atenção: Dentro destes há um subitem das despesas com Transportes Urbanos de R$ 3,611 bilhões que são subsídios/compensações ao setor.

C. Déficit Fiscal Primário: R$ 3,627 bilhões.

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VÍDEO PELA INTERNET COMEÇA A AFETAR A TELEVISÃO!

(Folha de S. Paulo, 13) 1. Relatório do Instituto Reuters, da Universidade de Oxford, aponta que o vídeo pela internet “começa a afetar a televisão” no mundo. Entre outros dados, compara assinaturas de TV paga e as chamadas “over the top”, diretamente pela internet, como Netflix, de 2011 para 2015 nos Estados Unidos:  A TV paga caiu de 100,9 milhões de domicílios para 97,1 milhões, enquanto o vídeo OTT cresceu de 28 milhões para 50,3 milhões.

2. O Brasil não é destacado no estudo, mas as assinaturas de TV paga recuaram no ano passado após uma década de crescimento, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações):  A queda foi de 3%, passando de 19,6 milhões em dezembro de 2014 para 19 milhões em dezembro de 2015.  Não há dados abertos sobre assinaturas OTT no país, mas a Anatel registrou que as assinaturas de banda larga fixa cresceram de 24 milhões para 25,6 milhões no mesmo período, apesar da crise.

3. Além de um “grande ano para o Netflix”, o Reuters Institute prevê a estreia do “streaming” da Apple, “finalmente”, e o aumento nos serviços via internet das operadoras, como Verizon.  “A disrupção da televisão” já ameaça a TV aberta. Uma amostra teria sido a queda de 5% na audiência, sobretudo telejornalismo, no ano passado no Reino Unido.  O estudo, chefiado por Nic Newman, ex-executivo da BBC, se baseia em respostas de “mais de 130 líderes digitais de 25 países”.

4. Em seu relatório de resultados de 2015, há duas semanas, o Netflix anunciou ter ultrapassado 75 milhões de assinantes “poucas horas depois” da virada do ano, graças a um crescimento recorde fora dos EUA.  Ao vivo pelo YouTube, o presidente-executivo e fundador, Reed Hastings, lembrou que os primeiros passos no exterior não foram fáceis como parecem agora.

5. “O primeiro ano no Reino Unido foi de mercado muito difícil, a mesma coisa no Brasil, por razões diferentes”, destacou, referindo-se aos tropeços com os pagamentos on-line, por aqui.  São ambos hoje “altamente bem-sucedidos para nós”, mas novos problemas se apresentam, agora que falta pouco (China, Coreia do Norte e Síria) para o Netflix chegar a todos os países. O principal é a obtenção de “licenças globais” para séries e filmes, buscando reduzir o desnível nos catálogos.

12 de fevereiro de 2016

SE OS PRINCIPAIS EIXOS RODOVIÁRIOS DO RIO NÃO TIVESSEM SIDO MUNICIPALIZADOS EM 1993, 1994 e 2007, A CIDADE, HOJE, SERIA UM CAOS IRREVERSÍVEL!

1. A desintegração do Estado do Rio de Janeiro sob a gestão do PMDB em seus governos sucessivos, desde 2003, foi um processo cumulativo que atingiu o clímax na implosão em 2015. Suas consequências sobre a capital se fazem sentir progressivamente.

2. Essa situação teria produzido um quadro inadministrável na capital se em 1993 o prefeito Cesar Maia não tivesse decidido municipalizar os principais eixos rodoviários da cidade que haviam sido assumidos pelo governo estadual desde a fusão.

3. Em 1993, numa reunião entre o prefeito Cesar Maia e o governador Leonel Brizola, no Palácio Laranjeiras, foi decidido municipalizar o parque viário na capital. Com isso, o Estado, através do DER-RJ, se concentraria na área do antigo Estado do Rio.

4. Foram municipalizadas a Avenida das Américas, a Avenida -hoje- Airton Senna, a Estrada Lagoa-Barra, o Túnel -hoje- Zuzu Angel e o Viaduto do Joá, o Túnel Rebouças, o Viaduto Paulo de Frontin, a Perimetral (Viaduto JK, demolido em grande parte), a Avenida Automóvel Clube (hoje Luther King). Em 1994, o prefeito Cesar Maia e o Governador Nilo Batista decidiram municipalizar a Avenida Brasil em toda a sua extensão e a Francisco Bicalho.

5. Esse intenso processo de municipalização dos principais eixos viários da cidade do Rio de Janeiro se completa em 2007, quando o prefeito Cesar Maia e o governador Sergio Cabral decidiram municipalizar a Linha Vermelha em seus dois segmentos: o inicial inaugurado para a Eco-92 até o aeroporto do Galeão, e depois, toda a Linha Vermelha (Avenida João Goulart) até a Baixada Fluminense, nos dois vetores em direção a Belo Horizonte e a São Paulo.

6. Essa foi uma decisão estratégica, tanto levando em conta que seria inviável a gestão dos transportes na capital sem o controle completo de seu parque rodoviário, como pela maior capacidade administrativo-financeira da capital.

7. Essa decisão só poderia ter sido tomada quando a legislação nacional decidiu a autonomia política/administrativa das capitais com a eleição direita de seus prefeitos, a partir de 1985. Os impasses entre prefeitura da Capital e governo do Estado em matéria viária eram crescentes, sem assunção central de um responsável. A absurda situação dos veículos (automóveis, ônibus, caminhões, micro-ônibus…) rodarem sobre bases/pavimentos no Rio sob duas jurisdições exigia a municipalização.

8. Agregue-se a essa decisão de municipalização dos principais eixos viários da capital a decisão do governador Marcello Alencar fazer as concessões do transporte sobre trilhos, metroviário e ferroviário. Com isso, a articulação público-privada entre prefeitura e setor privado se deu de forma nova, sem impasses políticos.

9. Assim, o sistema como um todo se expandiu, tanto o rodoviário (Linha Amarela, duplicações das principais vias nas zonas norte e oeste, reconstrução da Avenida Brasil…), como o Metroviário alcançando toda a zona sul e chegando agora à Barra da Tijuca.

10. Com isso, a desintegração estadual não alcançou o sistema de transportes da capital, o que -de outra forma- seria um caos inimaginável nas condições estaduais -cumulativas- desde 2003 até hoje.

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HOSPITAL DIGITAL EM TORONTO: ELOGIOS…, E CONFLITOS TRABALHISTAS!

(Toronto Star, 09) 1. Novo Hospital “digital first” (primariamente digital) de Toronto afligido por problemas pessoais. Os trabalhadores têm queixas sobre a Humber River, mas os executivos da ultra moderna unidade de saúde dizem que sua operação é um sucesso. O hospital tem sido celebrado por seus robôs que preenchem prescrições e o mantra de “digital first”. Mas, enquanto o Hospital Humber River se muda para uma nova instalação de 1,8 milhão de pés quadrados, seus problemas parecem distintamente humanos.

2. Desde que abriu suas portas em outubro, a instalação de North York teve de lidar com a duplicação do seu tamanho, adição de mais 100 leitos, e uma revolução tecnológica. Adicione a tudo isso uma guerra de palavras muito análoga sobre condições de trabalho e de uma efervescente disputa trabalhista entre sindicatos rivais, e se tem uma receita para confrontos – e, de acordo com a representante do sindicato Tim Oribine, risco para a saúde pública.

3. “A frustração está presente em todos os lugares de lá”, disse o representante da Teamsters Local 419, que representa os funcionários da limpeza do hospital. Embora o hospital admita que nem tudo tem sido perfeito desde a abertura, diz que em geral a operação tem sido um sucesso. A controvérsia, agora objeto de um caso no Conselho de Relações Trabalhistas de Ontario, foi provocada em parte pela decisão do novo Hospital Humber River em subcontratar, para realizar alguns serviços de limpeza, a Crothall Healthcare, subsidiária da gigante corporativa Compass Canada.

4. A Teamsters afirma que isso viola os termos de seu acordo coletivo, que proíbe a subcontratação de serviço que poderia ser feito por membros da Teamsters. Isso também criou dois níveis de remuneração, de funcionários decentemente remunerados e terceirizados com baixos salários, argumenta Oribine.

11 de fevereiro de 2016

A FARSA SOBRE O ENGENHÃO NO ACORDO ODEBRECHT-PMDB!

1. No dia 01 de fevereiro de 2016, a Folha de SP publicou uma matéria mostrando que o fechamento do Engenhão foi um erro. Diz assim: “Empresa que projetou Engenhão diz que fechamento foi um erro.  Responsável por projetar o Engenhão a Racional Engenharia afirmou que a arena não deveria ter sido fechada por quase dois anos, como ocorreu. Disse ainda que a intervenção para reforçar a cobertura não era necessária.”

2. Na verdade, foi muito mais grave do que isso. E é a própria matéria da Folha de SP que explica: “A longa interdição beneficiou a concessionária do Maracanã, também liderada pela Odebrecht. À época do fechamento do Engenhão, a empresa negociava com os clubes do Rio para uso da outra arena e o Maracanã se tornou o único grande estádio disponível no período.”  

3. Para este Ex-Blog, nada disso é novidade. Em nota de abertura, o Ex-Blog de 02 de abril de 2013, portanto uns 3 anos atrás, explicava. Abaixo a nota do Ex-Blog na íntegra.

O “ESTRANHO CASO” DA LICITAÇÃO DA CONCESSÃO DO MARACANÃ E INTERDIÇÃO DO ENGENHÃO!

1. A cada hora que passa fica mais clara a conexão entre a interdição do Engenhão e a licitação do Maracanã. Ambas ocorrem no mesmo período. Dias atrás, o Flamengo e o Fluminense assinaram contrato de utilização do Engenhão por 2 anos. Dias antes foi divulgado o estudo de viabilidade do Maracanã com gestão privada, que sublinhava a necessidade de que dois grandes times (Flamengo e Fluminense) fizessem parte do projeto com uso exclusivo –por eles- do Maracanã. O Flamengo tem um campo de treinamento na Gávea. O problema seria o Fluminense. Mas, rapidamente, uns 10 dias atrás, a prefeitura do Rio doou 5 milhões de reais para seu novo centro de treinamento.

2. Surpreendentemente –antes mesmo de conhecer o relatório, como disse na TV- o prefeito do Rio determinou a interdição do Engenhão. Os vazamentos oficiosos produziram um noticiário distorcido na imprensa: risco de desabamento, erros de projeto, participação da Delta, e por aí foi. O caso da Delta tornou-se ridículo, pois a Odebrecht, que construiu a cobertura do Engenhão (com a OAS), se associou anos depois à Delta para ganhar e fazer as obras bilionárias de reforma e cobertura do Maracanã.

3. Já na quarta-feira (27), no final da tarde, menos de 24 horas do anúncio, se passou a saber que se trata de debate técnico entre os calculistas sobre pontos de resistência ao vento em altas velocidades. E se soube mais: essa questão foi levantada em 2010 e a conclusão é que mesmo no caso de reforço no ponto indicado, isso não exigiria interditar.

4. O Jornal Nacional (27) entrevistou o engenheiro calculista Flavio D’Alambert –top nacional em cálculo de estruturas metálicas- e ele disse que tem a mesma certeza que o “Engenhão é um local seguro para jogos esportivos”. E que levaria sua família sem susto ou risco. Ele é também responsável pelas estruturas metálicas dos estádios de Brasília e Cuiabá, em construção.

5. Curiosamente –digamos- o novo estudo foi pedido pela Odebrecht, que constrói o novo Maracanã, à empresa alemã Schlaich Bergerman und Partner (SBP) que, aliás, também é responsável pela cobertura do Maracanã. Essa fez um laudo que informa ser ideal um reforço no tal ponto que estaria um detalhe além do calculado, de forma a se ter garantias plenas para resistir a ventos com velocidade superior a 115 km por hora.

6. Como já havia sido dito e escrito em 2010 (9/11, O Dia), mesmo que houvesse a necessidade de reforço, esse poderia ser feito isolando um trecho, colocando suportes e fazendo os ajustes com calma. No máximo bloquearia 10 mil lugares. O que, aliás, nada mudaria pelo público de futebol hoje no Brasil. Essa possibilidade foi repetida agora: não precisa interditar.

7. Bem, serviço feito para “fortalecer” o edital de concessão e os futuros e pré-conhecidos concessionários. E um dano de imagem para os JJOO-2016, por ser o Engenhão um estádio de atletismo, modalidade-eixo, desde sempre, das Olimpíadas. O COI mandou um recado: não gostou do que leu.

8. (Lance, 30) Dupla de empreiteiras responsável pela construção da cobertura do Engenhão a OAS e a Odebrecht estão de olho aberto na licitação que definirá o futuro grupo gestor do Maracanã.   Das 19 visitas técnicas de grupos interessados no estádio, sete fazem parte de uma das duas gigantes da construção. A lista é composta por Construtora OAS S.A, OAS Arenas S.A, OAS S.A, Construtora Norberto Odebrecht S.A, Odebrecht Properties Entretenimento S.A, Construtora Norberto Odebrecht Brasil S.A e Odebrecht Participações e Investimentos S.A. A OAS está por detalhes para fechar uma parceria com a francesa Lagardère, grupo de mídia com holding voltada à indústria esportiva, enquanto a Odebrecht e a IMX, do bilionário Eike Batista, costuram uma parceria para gerir o complexo esportivo.

9. Canal 51, Discovery em 31/03/2013. Documentário sobre a cobertura do Engenhão.  Os Engenheiros do Consorcio construtor Flavio Cesaris e Sancho Montaldon, disseram claramente que após o descimbramento os arcos se comportaram de acordo com o projeto e dentro do previsto.

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COM REDUÇÃO DA CONTA DE LUZ, ESTADOS PERDEM R$ 5 BILHÕES DE ICMS!

(Folha de SP, 08) 1. Com o cronograma já definido para a retirada dos encargos adicionados às contas de luz pelas bandeiras tarifárias, os governos estaduais devem perder cerca de R$ 5 bilhões nos próximos 12 meses na cobrança de ICMS. A perda mensal deve ficar em R$ 390 milhões, média arrecadada em 2015, quando, em todo o ano, ficou em vigor a bandeira vermelha na conta de luz, a mais cara.

2. O ICMS é um imposto que incide sobre as mercadorias e serviços e a maior fonte de arrecadação dos Estados. No ano passado, essa receita extra do tributo se transformou em uma espécie de 13º para os governos. Desde o início deste ano, o governo federal vem adotando medidas para retirar essa taxa extra cobrada nas contas de luz. Para o mês de fevereiro, foi criada a bandeira vermelha patamar 1, também chamada de bandeira rosa, que é mais barata do que a que estava valendo até janeiro.

3. O encargo adicionado na conta passou de R$ 4,50 para R$ 3 por 100 kilowatts-hora (KWh) consumidos. Para março, já está definido que a bandeira amarela entrará em vigor, reduzindo o encargo para R$ 1,50 por 100 KWh consumidos.

05 de fevereiro de 2016

O DESMONTE DA IMAGEM INTERNACIONAL DO BRASIL: O MAIS DEPRIMENTE LEGADO DO CICLO DO PT!

1. O desmonte da imagem internacional nos governos Lula-Dilma pode ser medido desde a foto de Obama apontando para Lula e dizendo “esse é o cara”, na reunião do G-20 em abril de 2009 (Vídeo). Obama diz que Lula é o político mais popular do mundo. Ironizava? Isso não importa, pois a imagem internacional do Brasil e a de Lula eram muito positivas em qualquer lado que se fosse.

2. A representação do DEM em Varsóvia na reunião do PPE (maioria no Parlamento Europeu), em 2009, ouviu isso. Em 2011, em reunião em Berlim, com a direção do CDU de Merkel, a representação do DEM não apenas ouviu isso, mas se ouviu o CDU que se dizia intrigado por que o DEM era tão crítico ao governo Lula se havia uma opinião positiva consensual sobre o governo dele.

3. O diretor da FLC-DEM, Cesar Maia, ofereceu dados econômicos sobre a balança comercial de produtos manufaturados, sobre a questão fiscal…, que mostravam claramente uma curva gravemente declinante e que o keynesianismo de consumo aplicado para resistir a crise internacional de 2008 estava levando o país para o fundo do poço e que não resistiria após a eleição presidencial de 2010. O deputado Aleluia falou da corrupção do PT já aberta desde o mensalão.

4. Lula circulava como líder popular e da esquerda internacional, queria vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, passeava pelo bolivarianismo latino-americano, assumia a intervenção em Honduras, assumia com sua equipe de marqueteiros campanhas na América Latina, revia contratos e os subsidiava, mostrava intimidade com Cuba, ia à Líbia de Kadhafi, ao Irã nuclear, às piores ditaduras africanas, abria dezenas e dezenas de representações diplomáticas sem nenhuma expressão, etc. Na carteira, levava perdão a países pobres da dívidas com o Brasil, linhas de crédito do BNDES e empreiteiras indicadas a fazer as obras de infraestrutura nesses países.

5. O desmoronamento era previsível para quem olhava as correntes por baixo da superfície dos mares. O desmonte econômico do Brasil, o pior e mais grave de sua história, ficou claro após o estelionato eleitoral de 2014. A economia foi para o buraco: PIB, déficit fiscal, inflação, desemprego, juros…. A corrupção no governo e entre os dirigentes do PT foi aberta na operação Lava-Jato, considerada a maior do mundo dentro de um governo em todos os tempos. A rejeição à Dilma foi para níveis nunca vistos.

6. Se todos estes vetores são graves, o mais grave de todos, pelo tempo que exigirá para sua reconstrução, é a imagem internacional do Brasil. Imagem econômica com a perda do grau de investimento. Imagem política com a desmoralização de seus principais líderes em governo. Imagem ética. Perda de capacidade até de liderar ideias de progresso e modernização na América Latina e África.

7. A reconstrução das imagens pessoais e públicas sempre foi um processo mais complexo e lento, pois além dos fatos deverá conseguir agregar o fator confiança. Será o governo? Serão os políticos? Serão as elites, inclusive empresariais? Dúvidas que só serão corrigidas com o tempo. Tempo que pode ser igual ou maior que o ciclo petista de 16 anos. Isso tem um custo, inclusive social.

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OCDE:  PROJEÇÕES DE CRESCIMENTO DO PIB DE 31 PAÍSES E REGIÕES! 2015, 2016, 2017: EUROPA, EUA, JAPÃO E CHINA!

1. Tabela que saiu no relatório quadrimestral da Comissão Europeia, da União Europeia. Foi publicado dia 04/02/2016 em Bruxelas. Mostra a previsão de crescimento econômico para 2016 e 2017 dos países da UE, EUA, Japão e China, com um comparativo de 2015.  Destaco a Espanha, com previsão de quase 3% e Portugal com quase 2% este ano. E para 2017, a Grécia com quase 3%, também. Enquanto isso, o Itaú prevê uma contração de até 5% do PIB brasileiro em 2016.

2. Parágrafo que foi destacado no site da comissão, sobre a situação europeia. “As economias europeias têm se beneficiado da conjugação em simultâneo de inúmeros fatores favoráveis. Os preços do petróleo mantêm-se a níveis relativamente baixos, o crescimento mundial é estável, o euro continua a desvalorizar-se e prosseguem as políticas económicas de apoio na UE. Quanto à vertente monetária, as medidas de flexibilização quantitativa adotadas pelo Banco Central Europeu têm tido um impacto significativo nos mercados, tendo contribuído para a descida das taxas de juro e a criação de expectativas quanto à melhoria das condições de concessão de crédito. Dada a neutralidade geral da orientação orçamental da UE no seu conjunto – nem restritiva, nem expansionista – a política orçamental apoia igualmente o crescimento. A prossecução das reformas estruturais e o Plano de Investimento para a Europa deverão igualmente surtir efeito ao longo do tempo.”

04 de fevereiro de 2016

“O ESTADO BRASILEIRO PERDEU A CAPACIDADE DE LIDERAR O DESENVOLVIMENTO”!

1. No sábado (30), final da noite, o programa Painel, da Globo News, trouxe ao debate os consagrados economistas -especialistas em política econômica brasileira- Luiz Carlos Mendonça de Barros, Marcos Lisboa e Mansueto Almeida. A mediação coube ao jornalista William Waack, que mais que mediador integrou o debate na mesma linha -e até com mais intensidade- que os expositores em alguns momentos.

2. Duas teses ganharam consenso nesse debate. a) O governo Dilma já acabou. b) O Estado brasileiro perdeu completamente a capacidade de impulsionar e liderar o desenvolvimento econômico. Pelo menos nesta quadratura.

3. Sendo assim, é a primeira vez desde Visconde de Uruguai -no final da regência- que o Estado brasileiro perde a capacidade de liderar o desenvolvimento. Sobre isso, uma leitura importante é “Raízes do Brasil Político” do professor de ciência política Marcus André Melo, da UFPE (Caderno Ilustríssima da Folha de S.Paulo 31/01/2016).

4. Um desdobramento -até certo ponto otimista- desse consenso dos 3 economistas e do mediador, formulado por Mendonça de Barros, é que o setor privado estaria entrando neste vácuo e assumindo o papel que foi do Estado nesses 175 anos.  

5. Outro desdobramento consensual levantado é que apenas no próximo governo, portanto a partir de 2019, esse quadro de anemia estatal e econômica poderia ser revertido. Nesse caso, há alguma dose de otimismo, na medida em que dependeria do novo presidente eleito e sua equipe.  

6. Ou -voltando a tese de Mendonça de Barros- nesse novo ciclo com o setor privado amadurecido pela crise atual, lideraria o desenvolvimento econômico e o setor político -desgastado na crise atual- se ajustaria a esse novo ciclo, lastreado pela opinião pública.

7. Marcos Lisboa sinalizou a tendência da Dívida Pública se aproximar dos 90% do PIB nos próximos anos, e sublinhou que o setor público já está onerado nesse momento com despesa de um serviço da dívida de mais de 8% do PIB. São números que só enfatizam que o Estado, hoje, apenas corre atrás dos fatos.

8. Quase se disse que, num quadro desses, reversões mais intensas da política econômica, especialmente tributárias, só fariam ampliar as distorções existentes, agravando a crise. E que o menos pior seria remar o barco, nesses três anos, evitando turbulências ainda maiores, para não virar, o que -aliás-  interessaria ao governo, para evitar o impedimento presidencial como solução para antecipar 2019.

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100 CIDADES MAIS VISITADAS NO MUNDO!

(Euromonitor – BBC, 01) 1. A Copa do Mundo fez o Rio de Janeiro subir 12 posições no ranking das 100 cidades mais visitadas do mundo da consultoria Euromonitor International, que considera dados de 2014. Como resultado, o Rio subiu da 92ª para a 80ª colocação do ranking. No total, 2,4 milhões de turistas estrangeiros teriam visitado a cidade em 2014. No ano anterior, teriam sido 1,6 milhão.

2. Na América Latina, o Rio ficou atrás de cinco destinos no ranking: Cancun e Cidade do México, no México (respectivamente 44ª e 75ª posições), Lima, no Peru (45ª), Punta Cana, na República Dominicana (65ª) e Buenos Aires, na Argentina (67ª).

3. Pelo ranking da Euromonitor, Hong Kong teria sido o destino mais visitado do mundo em 2014 pelo quinto ano consecutivo.  A cidade asiática, que atrai principalmente turistas chineses, teria recebido um total de 27,7 milhões de visitantes estrangeiros em 2014, cerca de 10 milhões a mais que Londres, o segundo colocado (com 17,3 milhões de turistas). O terceiro colocado da lista da Euromonitor seria outra cidade asiática. Cingapura, que tem uma ampla tradição de turismo de negócios, teria recebido em 2014 cerca de 17 milhões de turistas.

4. Bangkok, na Tailândia, ficou em quarto lugar, apesar do número de pessoas que visitaram a cidade ter caído 7% em 2014 (em função das tensões políticas e de uma queda no número de turistas russos).  Já a quinta posição ficou com Paris, que recebeu 14,9 milhões de turistas em 2014 (1,9% a menos que em 2013).

03 de fevereiro de 2016

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA PREFEITURA DO RIO EM 2015!

Diário Oficial de 29 de janeiro de 2016. Variações Nominais – IPCA acumulado no ano: 10,67%.

A) RECEITAS:

1. Receitas Tributárias: 2015: R$ 9,598 bilhões e 2014: R$ 9,148. Variação: + 4,9%. / IPTU: R$ 2,031 bilhões e 2014: R$ 2,000 bilhões. Variação: + 1,55% / ISS: R$ 5,728 bilhões e 2014: R$ 5,352 bilhões. Variação + 7% / ITBI: R$ 667,093 milhões e 2014: R$ 737,217 milhões. Variação (- 9,5%).

2. Cota Parte do FPM: R$ 189,034 milhões e 2014: R$ 206,585 milhões. Variação: (-8,5%) / Cota Parte do ICMS: R$ 1,916 bilhões e 2014: R$ 1,810 bilhões. Variação: + 5,8 % / Cota Parte do IPVA: R$ 538,929 milhões e 2014: R$ 504,118 milhões. Variação + 6,9%.

3. Dívida Ativa: R$ 493,631 milhões e 2014: R$ 352,069. Variação: + 40%, (Programa de Anistia/Remissão Parcial) / Alienação de Bens: R$ 52, 156 milhões e 2014: R$ 224,740 milhões. Variação: (- 76,8%). Saldo Negativo da soma: (- R$ 31 milhões).

4. Operações de Crédito: R$ 1,872 bilhões e 2014: R$ 1,635 bilhões. Variação + 14,4%.

5. Transferência do SUS: R$ 1,403 bilhão.

B) DESPESAS:

1. Despesas Previdenciárias Liquidadas: 2015. Aposentadorias R$ 2,977 bilhões. Em 2014 foram R$ 2,635 bilhões. Variação + 12,97%. / Pensões: R$ 544,266 milhões. Em 2014 foram R$ 491,645 milhões. Variação + 10,7%.

2. Pessoal e Encargos Sociais –liquidados. 2015.  R$ 12,959 bilhões. Em 2014 foram R$ 11, 796 bilhões. Variação: +9,85%.

3. Serviço da Dívida Pública –juros + amortização. 2015. R$ 787,582 milhões. Em 2014 foram R$ 1,020 bilhões. Variação: (-22,78%). Ganho nominal em função da revisão do serviço da dívida por lei federal: R$ 232,42 milhões.

4. Investimentos: R$ 4,928 bilhões. Em 2014: R$ 3,205 bilhões. Variação: +53,7%.

C)  RESULTADO PRIMÁRIO:

Déficit em 2015: (-R$ 2,292) bilhões.  Em 2014: R$ (-1,405) bilhões.  Variação. Déficit Primário cresceu 63,1%.

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PORTO MARAVILHA CONTINUA “MICADO”!

1. Ver detalhes no anexo: Diário da Câmara Municipal de 26/01/2016 que traz Relatório Trimestral da CDURP sobre Investimentos imobiliários na “nova” Região Portuária.

2. Na página 6, o relatório diz que não houve NENHUM projeto licenciado no último trimestre de 2015, com ou sem CEPACs consumidas. As 38 CEPACS referem-se a mera modificação.

3.  Das 6.436.722 CEPACS apenas 565.706 foram adquiridas ou 8,7%, um fracasso depois de 5 anos.  Nada aconteceu em 91,3% delas.

4. As CEPACS compradas autorizam as edificações com gabaritos de mais de 20 andares.

5. Conheça.

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“BOOM” NOS PEDIDOS DE DEVOLUÇÃO DE IMÓVEIS!

(G1, 01) 1. 41% das vendas tiveram distratos nos 9 primeiros meses de 2015, diz Fitch. Queda dos preços dos imóveis e situação econômica elevaram pedidos. Preço dos imóveis tiveram queda real de 8,48% em 2015, diz FipeZap / Preço médio do aluguel teve queda real de 12,66% em 2015, diz FipeZap / Essa desvalorização, aliada aos juros mais altos para financiar a casa própria, complicou a vida de muita gente. O pedido de devolução, conhecido como distrato, é um direito de quem comprou o imóvel na planta e ainda não fez um financiamento com o banco após a entrega das chaves. Ao quebrar o contrato com a construtora, o comprador, mesmo inadimplente, recebe de volta parte do que pagou e o imóvel retorna para ser revendido ao mercado.

2. Nos primeiros nove meses de 2015, as construtoras receberam de volta 41% das unidades vendidas em lançamentos, um total de R$ 4,9 bilhões, apontou um relatório divulgado este mês pela agência Fitch. Em 2014, esse percentual foi de 29% e, em 2013, de 24%.  O estudo abrange as nova incorporadoras avaliadas pela agência. “Em um cenário em que 35% das unidades vendidas programadas para serem entregues sejam canceladas, os distratos poderiam totalizar R$ 6 bilhões em 2016”, prevê o relatório.

3. No escritório paulista Tapai Advogados, especializado em mercado imobiliário, 73% das ações na justiça em 2015 correspondiam a pedidos de distrato. Em 2014, essa proporção foi de 43% e em 2013, de apenas 16%.   Antes de entrar na justiça, o primeiro passo de quem quer devolver é comunicar a intenção à construtora e tentar negociar uma alternativa, orienta a Associação dos Mutuários de São Paulo e Adjacências (AMSPA). José Paulo, por exemplo, pagou quase R$ 50 mil à construtora até a conclusão da obra e outros R$ 8 mil de taxa de corretagem e vai conversar com a construtora.

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SEGREDOS QUE FAZEM DA ALEMANHA A ECONOMIA MAIS SÓLIDA DO MUNDO!

(BBC, 29/01/2016) 1. Milagre do pós-guerra, a “economia social de mercado” alemã parece ser inabalável: superou as explosões nos preços do petróleo nos anos 1970 e 1980, o impacto da reunificação nos 1990, a recessão mundial de 2008-2009 e está passando firme pela atual crise que atinge a zona do euro. Hoje, o país é um dos três maiores exportadores globais, tem o crescimento per capita mais alto do mundo desenvolvido e um índice de desemprego de 6,9%, bem inferior à média da eurozona, de 11,7%.

2. Segundo o professor Reint Gropp, presidente do Instituto Hall para a Investigação Econômica (IWH), da Alemanha, o modelo germânico se diferencia de forma muito clara do anglo-saxão dos Estados Unidos e do Reino Unido. Mas o que faz dele algo tão particular? Quais são os segredos de seu êxito? “É um sistema baseado na cooperação e no consenso mais do que na competência, e que cobre toda a teia socioeconômica, desde o setor financeiro ao industrial e ao Estado”, explicou Gropp à BBC Mundo.

3. A chamada “economia social de mercado” teve sua origem na Alemanha Ocidental do pós-guerra, que estava sob o governo democrata-cristão do chanceler Konrad Adenauer, e se manteve, desde então, como uma espécie de política de Estado. Sebastian Dullien, economista do Conselho Europeu de Relações Exteriores, concorda que o consenso e cooperação estão presentes em todos as camadas da economia. “No centro estão os sindicatos e os patrões, que coordenam salário e produtividade com o objetivo obter um aumento real dos rendimentos dos funcionários, além de manter os postos de trabalho. A integração é tal que, por lei, os sindicatos estão representados no conselho de administração, participam das decisões estratégicas nas empresas”, afirmou.

4. No sistema financeiro, as cooperativas e os poderosos bancos públicos se encarregam de fazer com que o crédito alcance a todos, não importa o tamanho da empresa ou o quão distante ela fica de um centro econômico. Essa filosofia permite superar uma das limitações do sistema anglo-saxão, no qual as pequenas e médias empresas, diferentemente das multinacionais, não têm acesso ao mercado de capitais e muitas vezes enfrentam dificuldades para se financiar.

5. “Os bancos públicos têm regras claras. Por exemplo: para favorecer o desenvolvimento local, podem emprestar para empresas de sua área, mas não para as de outras regiões. O governo tem representantes nestes bancos, e eles são fundamentais na tomada de decisões. Um princípio que rege sua política de crédito é a manutenção do emprego”, afirma Gropp.

6. ‘Mittelstand’. Esse modelo está enraizado na história germânica. A unificação nacional de 1871, sob Bismark, reuniu 27 territórios governados em sua maioria pela realeza e que haviam crescido rapidamente e de forma autônoma durante a Revolução Industrial.  Dessa semente histórica surgem as Mittelstand (pequenas e médias empresas), que, segundo os especialistas, formam 95% da economia alemã. Diferentemente do modelo anglo-saxão, centrado na maximização da rentabilidade para os acionistas (objetivo de curto prazo), as Mittelstand são estruturas familiares com planos a longo prazo, forte investimento na capacitação do pessoal, alto sentimento de responsabilidade social e forte regionalismo.

7. “A Alemanha é especialmente forte em empresas que têm umas 100 ou 200 pessoas. Com uma característica adicional: apesar de seu tamanho, muitas dessas firmas competem no mercado internacional e são exportadoras”, explica Dullien.

02 de fevereiro de 2016

FECHAMENTO DO ENGENHÃO FOI GOLPE DA ODEBRECHT!

Empresa que projetou Engenhão diz que fechamento foi um erro.

1. Responsável por projetar o Engenhão e realizar a maior parte da obra do estádio do Rio, a Racional Engenharia afirmou que a arena não deveria ter sido fechada por quase dois anos, como ocorreu.

2. Disse ainda que a intervenção para reforçar a cobertura não era necessária. A Racional é uma das construtoras do consórcio RDR (Recoma, Delta e Racional), que se encarregou da primeira -e mais longa- etapa da construção.

3. É a primeira vez que uma das empresas do RDR se manifesta sobre o fechamento da arena levantada para receber o Pan de 2007 e que será sede do futebol e do atletismo na Rio-2016.”

4. Interditado em março de 2013, o Engenhão voltou a receber jogos em fevereiro de 2015, com parte do estádio fechado. A reabertura total ocorreu em julho.  A longa interdição beneficiou a concessionária do Maracanã, também liderada pela Odebrecht. À época do fechamento do Engenhão, a empresa negociava com os clubes do Rio para uso da outra arena e o Maracanã se tornou o único grande estádio disponível no período.

5. Matéria completa

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TV RECORD PASSA SBT E SE CONSOLIDA COMO SEGUNDA AUDIÊNCIA!

(Cristina Padiglione – Sem Intervalo – Estado de SP, 29) 1. Um levantamento feito pela Record, com base no Ibope da Grande São Paulo, de janeiro de 2006 a janeiro de 2016, mostra que a TV de Edir Macedo subiu em todas as faixas horárias, entre 7h e 0h, enquanto o SBT caiu – na madrugada, quando a Igreja Universal está no ar, os seriados exibidos pelo SBT levam a melhor.       

2. Das 7 à 0h, a Record subiu de 5,2 pontos para 6,8. No mesmo período, o SBT caiu de 7,6 pontos para 6,2. A maior virada foi pela manhã (7h às 12h), onde o SBT despencou de 5,5 pontos para 3,9, enquanto a Record subiu de 2,6 para 4,7. A Record foi de 4,4 para 6,5 das 12h às 18h, e de 8,2 para 9 das 18h à 0h. Já o SBT caiu de 8,7 para 6,3 à tarde, e de 8,3 para 7,8 pontos à noite, quando a disputa é mais acirrada.

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ZERO HORA, JORNAL DE MAIOR CIRCULAÇÃO NO RS, NÃO VAI MAIS CIRCULAR AOS DOMINGOS!

(Folha de SP, 30) O jornal gaúcho “Zero Hora” não vai mais circular na versão impressa aos domingos a partir de março. Nos fins de semana, a publicação, uma das maiores do país, terá edição única, ampliada e com mais colunistas e reportagens especiais, e começará a ser distribuída aos sábados pela manhã. Em comunicado, o grupo RBS, dono do jornal, disse ter constatado, após seis meses de pesquisas, que a atual edição de sábado tem uma “vida curta” porque a de dominical circula já no início da tarde de sábado. Aos domingos, os assinantes poderão acessar em tablets uma edição digital do jornal com as últimas notícias.

01 de fevereiro de 2016

2018: CAMPANHA PRESIDENCIAL SERÁ PULVERIZADA!

1. Pela primeira vez desde a eleição presidencial de 1989, a eleição presidencial de 2018 tende a ser pulverizada, com muitos candidatos relevantes. A última vez que isso aconteceu foi em 1989, com Collor, Lula, Brizola, Covas, Afif, Ulysses, Aureliano Chaves, Caiado…Todos os partidos maiores lançaram seus candidatos. E emergiu uma força ruralista hoje fundamental no jogo parlamentar. A partir daí, as eleições presidenciais têm obedecido um sistema binário ou ternário, embora a quantidade de partidos tenha crescido exponencialmente, inclusive com novos partidos relevantes.

2. Por que isso tem ocorrido nesses 20 anos, de 1994 a 2014? O cientista político Jairo Nicolau esclarece: “Um desafio é entender por que diversos partidos importantes têm se recusado a apresentar candidatos à Presidência, preferindo participar de coligações com outros, ou simplesmente não concorrer. Algumas hipóteses podem ser sugeridas. A primeira decorre da estrutura fortemente descentralizada dos partidos brasileiros. Como as unidades da federação são os distritos eleitorais na eleição de quatro dos sete cargos eletivos (deputado federal, deputado estadual, governador e senador) é natural que a política estadual tenha centralidade no sistema político brasileiro. Algumas lideranças partidárias são importantes no âmbito estadual, mas incapazes de se projetarem como lideranças nacionais. Consequentemente, fazem todos os cálculos eleitorais de forma a priorizar a sobrevivência política no estado de origem, deixando em segundo plano as disputas políticas no âmbito nacional.”

3. Mas por que em 1989 isso não ocorreu? A explicação está na imprevisibilidade eleitoral a partir da descontinuidade do regime autoritário –com eleições indiretas até ali, para presidente- e pelo aquecimento do debate político na Constituinte com afirmação de líderes políticos estabelecidos e a ascensão de novos líderes políticos impulsionados nacionalmente pelo debate constitucional e a ampla cobertura que receberam. A partir da acomodação política, com Itamar Franco, e da crise econômica, abriu-se um novo e paradoxal sistema: pulverização partidária e concentração –binária e ternária- na eleição presidencial. Jairo Nicolau –acima- dá as razões.

4. Assim foi em 1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014. No entanto, as razões da abertura do leque de candidaturas presidenciais em 1989 são similares às que se apresentam de hoje até a eleição presidencial de 2018. Primeiro a enorme imprevisibilidade eleitoral e a ausência de favoritismo. O quadro binário PT e PSDB se desintegra na medida em que nenhum deles têm hoje capacidade de aglutinação e seus nomes não contam com a popularidade de favoritos. Nem Lula.

5. Junto à imprevisibilidade eleitoral vem a imprevisibilidade política, ou seja, a pulverização parlamentar de hoje tende a ser muito diferente da pulverização parlamentar que sairá das eleições de 2018. Inclusive com uma pulverização ainda maior que a atual.

6. E fechando o triângulo, a imprevisibilidade econômica. Com metade do governo Dilma perdido, o ano de 2017 estará longe de apontar para uma reversão clara do quadro atual. Longe de qualquer consenso e com a necessidade de atrair o eleitor, candidatos portadores de ideias –as mais diversificadas- vão proliferar. E não se trata de candidatos nanicos como em outras eleições.

7. Em 2018, o PT, o PMDB, o PSDB, o PDT, o PV, a Rede, o PP, etc., já estão em campo, com nomes política e eleitoralmente relevantes. E outros pensam em ocupar espaços com candidaturas presidenciais, que mesmo com uma votação menor se tornam relevantes no segundo turno. E a crise profunda que o país atravessa, com seus desdobramentos sociais, poderá abrir caminho para a emergência de novas forças políticas ou novas lideranças, como ocorreu na Espanha, na Itália e na Grécia nas eleições recentes.

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ABANDONO DO PASSEIO PÚBLICO É CRIME CONTRA A HISTÓRIA DO RIO!

(Jane Santucci, autora de “Os Pavilhões do Passeio Público”, “Cidade Rebelde”, “Babélica Urbe – o Rio dos anos 30) 1. Estamos alarmados com o que está acontecendo com o Passeio Público. Foi tomado por uma população de rua que conta com muitos viciados. Não há a menor possibilidade de visitar o local sem correr grandes riscos. Os ocupantes fizeram buracos nas grades para poder ir e vir mesmo com os portões fechados. Aliás, soube que o Passeio está fechado ao público por falta de segurança.

2. Outras coisas estão acontecendo e merecem explicação, uma das esculturas em ferro fundido das Quatro Estações não se encontra mais no parque. Soube recentemente que o anjinho da bica também não está lá. Uma funcionária da prefeitura disse que foram retirados para reparos, mas diante da situação tão caótica mereceria mais esclarecimentos: em que oficina as peças se encontram? Poderiam ser fotografadas?

3. prefeitura atual que aprecia tanto divulgar suas obras não aproveitaria a oportunidade com as esculturas históricas? A situação é muito preocupante. Depois da reforma de 2004 alimentei a esperança que o Passeio entrasse em uma nova fase e tivesse todo reconhecimento que merece pela grandeza de sua história, mas nos últimos anos foi totalmente abandonado.