31 de agosto de 2016

PESQUISAS, PROPAGANDA ELEITORAL E VOTO! COMEÇOU A CAMPANHA NA TV!

1. As pesquisas recentes reiteraram as pesquisas anteriores sobre os principais problemas sentidos pelo Carioca. Por exemplo, o Datafolha de 23/08. Os principais problemas indicados pelos eleitores são: Saúde/ hospitais/ postos de saúde: 46% / Segurança/ violência/ criminalidade: 25% / Educação/ escolas/ creches: 8%

2. Em função disso, observando as inserções e os programas eleitorais na TV neste início de campanha eleitoral verificamos que os candidatos a prefeito, basicamente, seguem essas questões destacadas nas pesquisas.

3. A exceção é Jandira Feghali, que traz, em seus programas, inserções, e até no primeiro debate, a eleição para o plano nacional. Enfatiza a questão do impeachment defendendo Dilma e Lula. Lula é o destaque defendendo a candidatura de Jandira. A pesquisa Datafolha mostrou que 14% dos eleitores votariam com certeza em candidato a prefeito indicado por Lula. Jandira agrega a Lula gratuidade para estudantes no transporte público para chegar na fronteira dos 15%, mesmo numa campanha de anticandidata.

4. É provável que essa eleição reproduza 1992 em que o segundo candidato passe para o segundo turno com até 16% (incluindo os brancos e nulos). Portanto, o objetivo de ficar no entorno dos 15% deve atrair todos os candidatos do segundo bloco (excluindo Crivella).

5. Pedro Paulo tem enfatizado a questão da saúde pública. Mais da metade das clínicas da família que cita já existiam como postos de saúde da família, postos de saúde e centros municipais de saúde e, portanto, a atratividade do que diz deve ser menor do que imagina. Mas o intrigante é por que, depois de quase oito anos de governo, 46% da população destaca a saúde como o maior problema. Por que acreditaria agora em promessas nesse setor? Não vai esquecer das campanhas anteriores dos postos de saúde 24h e das UPAs.

6. A segurança pública/violência como segunda prioridade para 25% dos eleitores atrai a comunicação de Bolsonaro e Indio da Costa. Aqui também resta saber se o eleitor vai acreditar que a prefeitura, através da Guarda Municipal armada, teria condição de contribuir como polícia, ou se acha que é pura demagogia eleitoral.

7. Ou seja: destacar algo como prioridade entre os problemas que enfrenta não quer dizer que o eleitor veja o prefeito hoje como solução para esses problemas. E, com isso, pode não ser um condutor de voto.

8. Indio da Costa, fantasiado de Steve Jobs, tem enfatizado em seus programas sua própria imagem em plano fechado na TV. E sublinhado sua experiência de gestão nos governos que participou. Sua comunicação -por enquanto- não é funcional, mas personalística. Gera mais memória de sua imagem e seu nome ao eleitor, em relação aos demais, o que é verdade. Mas levará ao voto?

9. Crivella usou os primeiros programas eleitorais para apresentar sua biografia. Procura descolar-se da percepção de pastor evangélico e mostrar sua experiência e capacidade. E, com isso, dar sustentabilidade a sua folgada liderança nas pesquisas.

10. Osório ainda não conseguiu fixar sua imagem e seus compromissos. E trilhou no segundo programa o perigoso caminho da antipolítica enfatizando uma candidatura independente de partidos e políticos.

11. Os demais, com um tempo mínimo de TV, querem apenas gerar alguma memória. Exceção de Freixo, que usa seus segundos na TV para levar o eleitor às redes sociais e às ruas. Esse caminho re-atrairá seus leitores básicos, que são os jovens, e os de maior nível superior. Que fôlego potencial terá?

30 de agosto de 2016

IBOPE-DATAFOLHA: AS DUAS PRIMEIRAS PESQUISAS PARA PREFEITO DO RIO!

1. Com um intervalo de 4 dias desde o último fim de semana da Olimpíada, o IBOPE primeiro e o Datafolha em seguida entraram em campo para avaliar as intenções de voto para prefeito do Rio. Nos dois casos a proximidade da Olimpíada incorporou este fator.

2. Há muito tempo que não se via duas pesquisas de início da campanha eleitoral darem resultados tão parecidos. E não apenas nos números totais mas também nos cruzamentos. Esse pode ser um sinal de uma proporção alta de voto cristalizado.

3. As ruas estão limpas de cartazes no solo e de cartazes nos imóveis, criando uma sensação europeia de eleição. Ou seja: quem não sabe que se está em campanha eleitoral não saberá, pelo menos por enquanto.

4. Em ambas as pesquisas Crivella dispara entre os de menor nível de instrução e menor renda. Da mesma forma, Freixo mais que dobra suas intenções de voto entre os de maior renda e nível de instrução, acompanhado num patamar um pouco menor de Bolsonaro.

5. Entre os homens, Bolsonaro ocupa o segundo lugar, mas desaba entre as mulheres. Entre os jovens e de forma paralela, Freixo e Bolsonaro crescem. Esse crescimento ocorre mais entre os mais jovens mas se estende uma proporção um pouco menor até os 34 anos.

6. Crivella dispara (47%) entre os Evangélicos, mas não cai tanto entre os católicos 24%. Freixo cresce dobrando suas intenções de voto entre os “sem religião”. Entenda-se: não se trata de ateus, mas dos que não seguem nenhuma igreja mas acreditam em Deus. Aqui Freixo tem 22%.

7. Crivella mostrou habilidade ao estrear na cobertura do RJTV-2 visitando Dom Orani, cardeal católico, com direito à imagem e exposição e escolhendo a questão social como tema.

8. Os demais candidatos pouco oscilam entre os cruzamentos, sem pontos de alavancagem, por enquanto. Ainda é cedo para se prever o impacto do pré-desmaio de Bolsonaro nas suas intenções de voto pela contradição que pode provocar.

9. A TV entrou sexta-feira com tempo global menor e sem uma excessiva agregação a favor de um candidato. Tende a ser uma renhida eleição para o segundo lugar. Os cruzamentos mostram que, hoje, o potencial de crescimento de Freixo é maior em função de seu espalhamento e força indutora de seus focos.

10. Por exemplo. Caetano Veloso cantará o hino nacional na posse da ministra Carmem Lúcia, nova presidente do STF. E, ao mesmo tempo, no programa e nos comerciais do Freixo na TV, Caetano Veloso canta o jingle de Freixo. Isso no início da reta final da campanha.

29 de agosto de 2016

COMENTÁRIOS SOBRE O PRIMEIRO DEBATE PARA PREFEITO DO RIO NA TV BAND!

1. Jandira Feghali assumiu uma postura de anticandidata. Ofegante, destacou sua defesa de Dilma e repetiu a ladainha de golpistas àqueles cujos partidos votaram pelo impeachment. Marcou sua presença pela agressividade, especialmente contra Pedro Paulo do PMDB. Procurou colá-lo a Eduardo Cunha e voltou ao tema da agressão contra a mulher. Sua roupa estampada, não recomendada para debates em TV, mostrava a despreocupação com a avaliação da audiência. Cumpriu sua missão, que não era vencer a eleição.

2. Molon foi o que se saiu melhor. Focou bem a câmera se dirigindo ao eleitor. Fez críticas sistêmicas ao prefeito. Mostrou que o treino em plenário nesses dois anos lhe serviram muito. Faltou suavizar um pouco as feições quando fazia suas propostas. Ocupou bem o espaço de Freixo no debate. E mostrou-se como o mais preparado.

3. Indio da Costa tem usado camisas collants pretas desde os comerciais partidários dos últimos 2 semestres. Ele ou seu marqueteiro devem ter querido gerar uma semelhança com Steve Jobs. No final uma caricatura. Entrou no tema segurança e distribuiu tiros à Prefeitura/Pedro Paulo, Jandira/Dilma e Crivella. O tiro a Crivella é um erro tático, pois quem disputa a ida ao segundo turno e o mesmo eleitorado com ele são Osorio, Pedro Paulo e Bolsonaro.

4. Bolsonaro entrou no tema segurança na primeira pergunta. Prometeu transformar a Guarda Municipal numa subpolícia e armá-la. Na segunda pergunta mostrou insegurança. E depois passou mal, com queda de pressão, quase desmaiando. Essa imagem terminou sendo contraditória a seu discurso forte.

5. Pedro Paulo mostrou ter passado por uma imersão em mídia-training. Seu diretor/instrutor deve ter enfatizado um rosto de calma com leves sorrisos sustentáveis. Mas seus sorrisos foram artificiais e oscilaram entre cinismo e deboche. Errou ao oscilar seu olhar entre a quem respondia e a câmera e, com isso, não falou para o eleitor. Enfatizou BRT e VLT. Se fosse feito o que propôs, o Rio seria uma teia de aranha. Mostrou que seu treinamento para responder a ataques em relação à mulher não foi bem assimilado e seu rosto mostrou muito mais insegurança que a indignação-suave treinada. Ganhou medalha de ouro em lançamento de chutes/números.

6. Crivella –como líder folgado nas pesquisas- procurou sempre ganhar tempo. Frases suaves quase pastorais. Mostrou que sua equipe está bem informada sobre a prefeitura. Escolheu um caminho fácil de memorizar ao fazer críticas pontuais à administração e sempre carregando nas questões sociais. Se não ganhou, certamente não perdeu. Saiu como entrou.

7. Osório foi o que menos proveito tirou do debate. Não falou com a eloquência que tem em suas entrevistas, palestras e reuniões domiciliares. Ficou oscilando e confundindo os que assistiam por ter sido e não ser da prefeitura, por ter sido e não ser gestor olímpico…. Ao tratar do BRT mostrou isso claramente. Não conseguiu ser propositivo e nada do que disse gerou memória. Se disputava eleitor com Índio, saiu perdedor.

8. Todos procuraram mostrar conhecimento da prefeitura, citando números e porcentagens. A questão fiscal ficou à margem das promessas. Nenhum deles convenceu a respeito. Uma tabulação mostraria a intensidade dos chutes. Freixo não perdeu nada em não ter ido.

26 de agosto de 2016

“ATLETAS DEVEM TER MUITO CUIDADO COM A SÍNDROME-2014”!

Ex-Blog entrevista fisioterapeuta de uma das equipes olímpicas. A pedido, as letras LL o designarão.

1. Ex-Blog: O que você está chamando de Síndrome-2014?
LL: Passei a usar esta expressão após a Copa do Mundo de 2014. Nela, vários jogadores do Brasil, e talvez o atleta David Luiz tenha sido o maior exemplo, se excitavam de tal maneira que eram ao mesmo tempo jogadores e torcedores. O entusiasmo os levava às lágrimas antes mesmo do jogo começar. Durante os jogos, a qualquer jogada, desde a mais simples, ao chutar uma bola para a lateral, vibravam como se tivesse sido um gol.  

2. Ex-Blog: E como isso afetava o rendimento deles?
LL: De duas formas. Fisicamente, com perda adicional de peso desde a entrada em campo ao ouvir o hino nacional. Se um jogador de futebol perde, por exemplo, três kg num jogo, a excitação adicional, a Síndrome-2014, pode ocasionar a perda de até mais um kg. E emocionalmente, perdendo o foco, se integrando à torcida e transformando erros e gols do adversário em uma sensação de perda terminal e até de traição à pátria.

3. Ex-Blog: A Síndrome-2014 ocorre apenas em disputas coletivas como futebol, basquete e vôlei ou também em provas individuais?
LL: Depende da interação com a torcida. Em geral, mais nas disputas coletivas pelo entorno de torcedores nos estádios e arenas. Mas também nas individuais. Nas individuais o efeito é mais emocional. Dizer que um atleta individual (ginasta, tenista, nadador, lutador, corredor, saltador…) desenvolve um foco que se descola do barulho da torcida não é verdade. Ele é treinado mentalmente, além de fisicamente, o que os atletas nos esportes coletivos em geral não são. Mas ele ouve o entorno, mesmo durante a prova. Exemplo maior são os tenistas, que se desconcentram se no seu raio de visão ocorrer qualquer movimento. Eles exigem um silêncio completo para jogarem e um a imobilização da torcida. Nas Olimpíadas, o tenista Del Potro não sacava se não tivesse essa garantia. Caminhava para trás e esperava a disciplina da torcida. Bolt, na preparação para as partidas das provas, fazia um sinal da cruz para se concentrar e pedia absoluto silêncio nas saídas.

4. Ex-Blog: Poderia citar, na Olimpíada do Rio, exemplos de derrotas brasileiras em função da Síndrome-2014?
LL: Não gostaria de fazê-lo. Mas um exemplo foi tão flagrante que deveria ser usado na pedagogia de preparação dos atletas: o vôlei feminino de quadra. A TV fazia questão de dar closes bem fechados nas jogadoras brasileiras. Às vezes até quase só na boca aberta de um grito. Nesse exemplo fica claro que a perda de peso e o descontrole ocorreram progressivamente. A equipe, no primeiro set, era uma, muito superior às adversárias. A excitação as afetou fisicamente e com os sets seguintes, emocionalmente, na medida em que vinha a pré-expectativa de derrota.

5. Ex-Blog: É o caso do atleta de salto com vara francês que alegou ter perdido a medalha de ouro pelo barulho da torcida.
LL: Eu li no dia seguinte nos jornais e pedi para ver várias vezes o salto dele, desde a concentração para o antes da corrida para o salto. Vi e revi as feições dele. O que ele alegou (que o barulho, as vaias da torcida o prejudicaram) não foi verdade. Até poderiam ter sido. De fato, no salto do atleta brasileiro houve silêncio, mas muito mais pela expectativa da torcida. É um salto que mal chega a 3 segundos. Olhando as feições faciais do atleta francês, o que se vê, ao contrário da excitação, é uma espécie de desprezo pelo adversário e a certeza da vitória. Realmente houve um fator emocional, mas não o que ele afirmou e sim um certo relaxamento pela certeza da vitória. O atleta brasileiro, desde os primeiros saltos, vinha com seu técnico se exigindo mais, pedindo alturas maiores, ao contrário do francês que se sentia pré-ganhador. Quando no pódio, na entrega das medalhas, o francês chorou, isso ficou claro.

6. Ex-Blog. Que ensinamentos se pode tirar da Síndrome-2014?
LL: Nos esportes coletivos, nossos técnicos, de todos os esportes, deveriam fazer um estágio na liga americana de basquete, a NBA, especialmente no que eles chamam de playoffs. Nos EUA, numa cidade, em geral, só está presente e torcida da equipe dessa cidade. Até o telão em cima da quadra excita os seus e desestimula os adversários com imagens e sons. Os atletas vibram, o banco vibra, mas não há nenhuma superexcitação. Após uma cesta espetacular a favor ou uma reclamação aos juízes, o retorno ao estado de tranquilidade inicial é instantâneo. É só olhar na TV. Os pedidos de tempo pelos treinadores têm também este objetivo. Eles não excitam os jogadores. Mostram táticas num prancheta que cumpre a função de tranquilizar.

7. Ex-Blog: Ou seja, em função da Síndrome-2014 as equipes técnicas devem incluir o treinamento relativo ao autocontrole mostrando pedagogicamente as consequências físicas e mentais?
LL: Sim exatamente isso.  

25 de agosto de 2016

CICLOTIMIA POLÍTICA DE UM GRANDE EVENTO DE CARÁTER POPULAR! OLIMPÍADA-2016: UM CASO!

1. Um grande evento de impacto popular como os casos da Copa do Mundo e da Olimpíada tem sempre 3 fases. E em cada uma delas -governo e oposição- oscilam, ganham e perdem.

2. Na primeira -anterior ao evento- a oposição destaca os pontos negatives ou polêmicos. Questiona se os recursos aplicados no evento, que tem caráter lúdico e atende muito mais as pessoas de maior renda, não seriam melhor aplicados em direção aos mais pobres. Questiona se houve superfaturamento nos gastos. Questiona se houve privilegio na seleção de fornecedores, etc.

3. Na segunda fase, durante o evento (e supondo um impacto positivo), como foram os casos da Copa do Mundo e da Olimpíada, o governo exponencia sua comunicação, sua publicidade e a sinergia com os meios de comunicação que absorvem a audiência ampliada com patrocínios.

4. A terceira fase ocorre após o evento. Imediatamente, o governo procura alargar virtualmente o evento com fatos e declarações. A oposição retoma a crítica feita anterior ao evento. Quanto mais o tempo passa, mais forte é a comunicação da oposição. Quanto mais curto o tempo, mais favorável ao governo.

5. Mesmo a eventualidade de fatos e desvios graves levantados, as comprovações não ocorrerão em curto prazo, em função do tempo necessário às investigações e auditorias.

6. No caso da Olimpíada 2016, com eleições quase coladas ao grande evento, a vantagem do governo é aparentemente maior. Por que aparentemente? Paradoxalmente, quando maior o impacto e a excitação popular durante o evento, maior será o risco, porque o momento seguinte será depressivo. Nas palavras de Carlos Drummond de Andrade: “E agora José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora José?”

7. Essa sensação ocorrendo, o desafio da comunicação do governo será enorme. Lembre-se que esses eventos envolvem diretamente talvez 20% dos eleitores e entre estes os que gostam de esporte -por exemplo- mas não do governo. E há os que se sentiram prejudicados pelo trânsito, pela suspensão de serviços públicos, etc. A audiência das novelas praticamente não mudou, um sinal que a colagem do evento foi maior nos setores de maior renda.

8. Neste ano 2016 de Olimpíada e eleições, ter um termômetro colado no humor da opinião pública pós-evento é fundamental para todos, numa espécie de tracking (pesquisa diária). Fundamental para o governo e fundamental para a oposição.

* * *

ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE A PESQUISA IBOPE PARA PREFEITO DO RIO!

1. 54% dos eleitores não se interessam pela eleição municipal desse ano. 46% se interessam.

2. Crivella. Ponto forte das intenções de voto: Até a 4 série 46%. Ponto fraco: Nível Superior 14%.

3. Freixo. Ponto forte: 16 a 24 anos 22% e Nível Superior 18%. Ponto fraco: Até 4 serie: 1%.

4. Bolsonaro. Ponto forte: Homens 16% e Nível Superior 15%. Mulheres 6%.

5. Maiores porcentagens dos que acertaram o número dos candidatos. Crivella 14%. Pedro Paulo 14%. Freixo 8%.

6. Independente de em quem você vai votar, quem você acha que vai ganhar a eleição? Crivella 30%, Pedro Paulo 11%, Freixo 7%, Bolsonaro 7%.

24 de agosto de 2016

ELEIÇÃO PARA PREFEITO DO RIO: GOVERNO E OPOSIÇÃO!

1. Como ocorre sempre, independente do nível de popularidade ou impopularidade do prefeito em exercício, o candidato desse à reeleição de seu governo, será alvo dos candidatos da oposição. Ou seja, é melhor mudar ou continuar.

2. Nesse sentido, o desgaste sofrido pelo candidato do prefeito, Pedro Paulo, em função do caso com sua esposa amplamente divulgado, passou nos últimos dias por uma decisão jurídica. Tanto o procurador geral Janot como em seguida o Ministro Fux do STF entenderam que os fatos não caracterizavam a origem das agressões.

3. Do ponto de vista jurídico fortalece o argumento do candidato. Do ponto de vista político-eleitoral os desdobramentos serão mais complexos, pois dependerão do tipo de reação da opinião pública. Para a oposição os fatos não irão alterar seus argumentos. A intensidade da resultante de opinião só se conhecerá mais perto da eleição.

4. Outro elemento importante será o impacto da Olimpíada sobre a decisão de voto. Naturalmente, o candidato do prefeito maximizará a repercussão do evento sobre o voto, usando os programas de TV para capitalizar. Do outro lado, a oposição sublinhará as questões do gasto e a ausência de prioridade social numa cidade com tantas diferenças.

5. Outra vez, a força dos argumentos e da propaganda em campanha e de seus multiplicadores sobre a opinião das pessoas construirá a resultante eleitoral, coisa que só se poderá medir na segunda quinzena de setembro. É um jogo complexo porque as críticas não poderão passar como desinteresse pela cidade. E a publicidade correrá sempre o risco de passar como se o evento tivesse resolvido os problemas do Rio.

6. Um elemento novo surgiu com a última intenção de voto divulgada pelo instituto Paraná Pesquisa. No geral, reproduziu as demais pesquisas conhecidas antes da Olimpíada com Crivella acima dos 20%, Freixo acima dos 10%, Bolsonaro em seguida, e Feghali, Pedro Paulo, Osório e Molon com 5% ou menos.

7. A pergunta, aliás tradicional em pesquisas eleitorais, ao eleitor, que candidato independente de seu voto ele acha que ganhará a eleição, Crivella se mantém em seu patamar e a única mudança sensível é a intenção de voto no candidato do governo Pedro Paulo emparelhar com Freixo.

8. É um fenômeno comum o eleitor médio achar que o fator governo com que tem convivido nos últimos anos cria uma vantagem sobre os demais. Mas será a própria campanha que trará a resultante dos pontos negativos e positivos do governo e se vale a pena continuar ou se o tempo produziu o conhecido desgaste de material e é melhor mudar.

                                                    * * *

PESQUISA PARA PREFEITO DO RIO:  IBOPE OLÍMPICO!

1. Não poderia haver um pior período para se fazer uma pesquisa eleitoral no Rio do que no coração da Olimpíada. Especialmente nos bairros com equipamentos olímpicos e com uma ampla interação e mobilização dos moradores nestas áreas.

2. Foi exatamente nesse período que o IBOPE escolheu para fazer o campo de sua pesquisa. Ouviu 805 eleitores no último fim de semana olímpico e no dia seguinte -segunda- quando a Olimpíada atingia seu auge de excitação pública. Mesmo nos bairros -digamos- não olímpicos, a intensa cobertura das TVs terminou envolvendo os demais moradores.

3. Na pesquisa estimulada do IBOPE por intenção de voto, Crivella do PRB lidera com 27% das intenções de voto. Em seguida vem Freixo com 12% e Bolsonaro com 11%. No segundo grupo Jandira e Pedro Paulo estão empatamos com 6%, seguidos de Índio da Costa com 5%, Osório com 4% e Molon com 2%, etc. 25% não escolheram nenhum deles.

4. Comparando com pesquisas de final de junho -antes da vibração olímpica- e portanto 50 dias atrás, Crivella até cresce, mas levemente. Freixo e Bolsonaro ficam onde estavam. A oscilação dos demais candidatos também é quase nenhuma, talvez com exceção de Pedro Paulo -candidato do prefeito- que cresceu 2 pontos.

5. A avaliação do prefeito Eduardo Paes fica aquém do que se imaginava com a exposição que teve nesse período. Ótimo+Bom 27% e Ruim+Péssimo de 32% com um saldo negativo de menos 5%. O evento melhorou a avaliação dele, embora menos do que se imaginava. 50 dias atrás seu saldo negativo era de menos 10%.

6. O IBOPE perguntou sobre a rejeição aos candidatos. Crivella e Jandira com 35% e Pedro Paulo com 33% tem os piores resultados. Comparando com as intenções de voto, Crivella tem saldo negativo de menos 8%, Jandira de menos 29% e Pedro Paulo de menos 27%. Bolsonaro com 31% tem saldo negativo de menos 20%. Freixo com 25% de rejeição tem saldo negativo de menos 13%. Índio, Osório e Molon menos 16%.

7. Para se ter uma ideia, em S.Paulo o IBOPE mostra Russomano líder na pesquisa com saldo positivo de mais 9%. Haddad tem um saldo negativo de menos 43%. Marta de menos 18%. Erundina menos 16%. Doria menos 3%.

23 de agosto de 2016

INÍCIO DA CAMPANHA PARA PREFEITO DO RIO. PRIMEIRO CONFLITO POLÍTICO-JURÍDICO: ACESSO DOS CANDIDATOS AOS DEBATES NA TV!

1. Passada a Olimpíada, durante a qual as campanhas para prefeito ficaram ocultas, a campanha aberta teve início. Como ocorre sempre, os partidos -convidados pelo TRE- foram chamados para serem informados sobre as regras do jogo, ou seja, a interpretação que o TRE formaliza da legislação eleitoral aprovada após as eleições de 2014.

2. Pela nova legislação, só terão direito a participar dos debates pela TV os candidatos dos partidos com um mínimo de deputados federais. Isso não significa proibição. Essa só ocorreria se alguns candidatos não concordassem com a participação de um candidato de partido com um número menor de deputados.

3. Nas eleições anteriores, as emissoras de TV usavam como referência às pesquisas de opinião. Ou seja, um candidato com um mínimo de intenções de voto seria convidado a participar. Por esta regra, o deputado Marcelo Freixo, segundo nas pesquisas de intenção de voto, participaria.

4. No primeiro debate marcado, a emissora de TV usou um critério salomônico: na medida em que os demais concorrentes não se opusessem, todos os candidatos com sensibilidade nas pesquisas participariam. Mas, até de forma surpreendente, pelo menos três grandes partidos não concordaram com a participação de Freixo.

5. Do ponto de vista político, esta negativa é um erro por três razões. Primeiro porque sinaliza um certo temor a esgrimir argumentos com o candidato vetado. Segundo porque numa eleição em dois turnos é importante para os candidatos que têm potencial para ir ao segundo turno que o eleitor dos demais que não cheguem ao segundo turno não acumulem rejeição e eles.

6. Terceiro porque os candidatos que vetaram a participação de Freixo nos debates introduziram um tema contra eles que não estava na campanha. Serão instados sistematicamente a responder por que, pois criaram uma sensação de que não são democráticos.

7. Se a lei não é determinativa, ou seja, não cria um direito para os demais candidatos, ter passado a ser pela interveniência desses outros candidatos é um erro. Resta agora saber o impacto desses fatos sobre a opinião pública. De nada adiantará não tratarem do assunto porque os militantes da outra candidatura, os candidatos a vereador e o próprio candidato irão explorar. E, é claro, as redes sociais, onde a presença de Freixo tem gerado um multiplicador muito maior que dos demais.

8. Finalmente, no domingo, a Band ofereceu uma solução que amplia o debate para todos os 11 candidatos – inclusive os de partido sem representação na Câmara. A proposta foi aceita por todos os candidatos.

* * *

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL DOS EUA: PESQUISA PEW RESEARCH CENTER!

Números e curiosidades da última pesquisa da conceituada Pew Research Center, realizada entre os dias 9 e 16 de agosto. Com os números é possível ver que o perfil dos eleitores de Trump é majoritariamente de brancos evangélicos sem ensino superior; e que as eleições deste ano está muito mais definida por “não deixar o outro vencer”.

Clinton 41%, Trump 37%, Johnson 10%, Stein 4%

Mulheres: Clinton 49%, Trump 30%
Homens: Clinton 33%, Trump 45%

Com pós-graduação: Clinton 59%, Trump 21%
Com graduação: Clinton 47%, Trump 34%

Eleitores de Trump:
Brancos sem graduação: Trump 51%, Clinton 26%
Brancos evangélicos: Trump 63%, Clinton 17%

Voto negativo:
Você diria que sua escolha é mais um voto PARA ___ ou CONTRA ___?

Entre aqueles que apoiam os Republicanos:
2016: Contra Clinton 53%, Para Trump 44%
2008: Contra Obama 35%, Para McCain 59%

Entre aqueles que apoiam os Democratas:
2016: Contra Trump 46%, Para Clinton 53%
2008: Contra McCain 25%, Para Obama 68%

Percepção do candidato:
% de eleitores que dizem que cada um seria um(a) ___ presidente se eleito(a).
Clinton: Ótima 11%, Boa 20%, Regular 22%, Ruim 12%, Péssima 33%
Trump: Ótimo 9%, Bom 18%, Regular 15%, Ruim 12%, Péssimo 43%

Visão do futuro, passado:
Comparada com 50 anos atrás, a vida para pessoas como você, na América, é…
Todos eleitores: Pior 47%, Melhor 36%, Mesma 13%
Eleitores de Clinton: Pior 19%, Melhor 59%, Mesma 18%
Eleitores de Trump: Pior 81%, Melhor 11%, Mesma 6%

O futuro da próxima geração de americanos será ___ comparado com a vida hoje.
Todos eleitores: Pior 49%, Melhor 24%, Mesmo 22%
Eleitores de Clinton: Pior 30%, Melhor 38%, Mesmo 28%
Eleitores de Trump: Pior 68%, Melhor 11%, Mesmo 15%

Essas duas respostas podem ter sofrido influência do perfil dos eleitores de Clinton, pois 24% de seus eleitores são negros e 10% hispânicos (contra 87% de eleitores brancos de Trump), e 28% de seus eleitores se encontram na menor faixa de renda (menos de USD 30 mil/ano), contra 40% que se encontram na classe média, de Trump.

Controle de segurança sobre americanos muçulmanos:
% de eleitores que dizem que como parte dos esforços do governo no combate ao terrorismo, muçulmanos vivendo nos EUA…
Todos eleitores: Não devem ser alvo de mais controle de segurança 64%, Devem ser alvo de mais controle de segurança 30%
Eleitores de Clinton: Não devem ser alvo de mais controle de segurança 82%, Devem ser alvo de mais controle de segurança 14%
Eleitores de Trump: Não devem ser alvo de mais controle de segurança 37%, Devem ser alvo de mais controle de segurança 57%

Economia e Governo:
Aumento do salário mínimo federal de USD 7,25/hora para USD 15/hora.
Todos Eleitores: Contra 46%, A favor 52%
Eleitores de Clinton: Contra 17%, A favor 82%
Eleitores de Trump: Contra 76%, A favor 21%

% de eleitores que dizem que…
Todos eleitores: O governo não tem como fazer mais para ajudar quem precisa 48%, O governo deve fazer mais para ajudar quem precisa 47%
Eleitores de Clinton: O governo não tem como fazer mais para ajudar quem precisa 25%, O governo deve fazer mais para ajudar quem precisa 72%
Eleitores de Trump: O governo não tem como fazer mais para ajudar quem precisa 71%, O governo deve fazer mais para ajudar quem precisa 21%

22 de agosto de 2016

OLIMPÍADA-2016! GESTÃO DAS COMPETIÇÕES UM SUCESSO! GESTÃO ESPORTIVA/COMPETITIVA DO COB UM FRACASSO!

1. Como este Ex-Blog já comentou antes, são 4 as razões que levam os países a disputar a sede da Olimpíada: a imagem global da cidade-sede; a capacidade de realizar o evento; o legado urbano; o legado esportivo. A profunda crise econômica-política-social-ética e os problemas de segurança pública afetaram o fator imagem, o que não é culpa dos organizadores do evento.

2. As transmissões de TV, seja a NBC emissora oficial, seja a excelente complementação da TV Globo/SporTV, exaltaram as belezas naturais do Rio e tiveram um sentido pedagógico. O legado urbano foi minimizado nas transmissões, na medida em que caberá ao tempo produzir os efeitos na percepção das pessoas.  Mais uma vez, desde a organização da ECO-RIO-92, a articulação entre o governo federal e a prefeitura do Rio mostrou a capacidade de promover grandes eventos.

3. Finalmente o legado esportivo. Há que dividi-lo em duas partes. A primeira é relativa ao caráter internacional da Olimpíada. Tanto na organização do COI, através do comitê local, da atratividade para as plateias, para os países, para as equipes, para grandes atletas, quanto em relação aos resultados, com novos recordes mundiais e olímpicos, qualidade da competição, da disciplina e das arbitragens, foi uma Olimpíada que nada deixou a dever às anteriores, desde o show de abertura ao de encerramento.

4. No entanto, o impacto esportivo interno sob gestão do COB fracassou. É compulsório que sempre o país-sede aumente consideravelmente o número de medalhas conquistadas. Além dos 7 anos entre a escolha do país-cidade sede, que permite uma preparação intensa de atletas selecionados, ainda existe a vantagem do clima, dos torcedores, do ambiente urbano conhecido, do tempo de preparação no local, etc.

5. O legado esportivo interno é a mudança do patamar de competitividade do país-sede candidato durante o evento e depois. Para isso, mesmo antes da escolha 7 anos antes, se inicia um processo de qualificação de atletas de alto rendimento. Para isso, o COI estimula que as cidades candidatas sejam sede de “olimpíada” regional, como os Jogos Pan-americanos, no caso do Rio de Janeiro em 2007. Cada vez que um/uma atleta de 19/20 anos subia ao pódio, e foram centenas, deve-se lembrar que quando o Rio foi escolhido para sede eles tinham 12/13 anos.

6. Um número usado como referência para a nova sede é o aumento das medalhas conquistadas em pelo menos 10. Esse passou a ser um objetivo, ou quase uma certeza em países com estrutura básica. A escolha de Atenas foi uma exceção porque guardou a simbologia da origem da Olimpíada, cem anos depois da primeira Olimpíada da era moderna, de modo a que se preparasse dada a complexidade arqueológica e urbana da cidade.

7. Desde que o sinal para Atenas foi dado em 1996, ano do Centenário, Grécia, em Atenas, obteve 8 medalhas, em 2000 cresceu para 13 medalhas e em 2004 quando foi sede, obteve 16 medalhas. Na medida que o trabalho esportivo não foi sustentável após a Olimpíada a Grécia retornou a um patamar mínimo, pré-olímpico.

8. China, em 2000, obteve 58 medalhas, em 2004, conquistou 63 medalhas, e quando foi sede em 2008, 100 medalhas potencializando os fatores favoráveis de localização. Superado este fator, a China manteve-se como potência olímpica entre os 5 principais países. Em 2016 alcançou 70 medalhas.

9. A Austrália, quando Sidney foi sede em 2000, cresceu para 58 medalhas. Agora em 2016 atingiu 29 medalhas. A Grã-Bretanha criou um forte programa de apoio à atletas de alto rendimento em 2000 quando atingiu apenas 28 medalhas. Quando foi sede em 2012 conquistou 65 medalhas e em 2016, manteve basicamente este patamar com 67 medalhas.

10. O Brasil, no Rio de Janeiro, após os Jogos Pan-americanos de 2007, obteve na Olimpíada de 2008 em Pequim 12 medalhas, sinalizando para sua futura condição de cidade sede. Em 2012 já cidade-sede ganhou 17 medalhas. Em seguida, os analistas do COB projetaram mais 10 medalhas em 2016 quando o Brasil conquistaria algo como 27 medalhas.

11. O resultado foi, nesse sentido, pífio: ficou no mesmo patamar alcançado em Londres, ou 19 medalhas. O grande objetivo do COB era estar no TOP 10. O Brasil ficou em 13º lugar. Com os recursos do COB, através da Lei Piva (244 milhões em 2015), dos patrocínios de empresas estatais, é inevitável responsabilizá-lo pelo fracasso esportivo. Caberia levantamento, auditoria ou mesmo uma comissão de controle apurar as razões desse fracasso numa olimpíada em seus país e numa cidade que sedia o próprio COB.

12. Abaixo, a meta de 25 medalhas para 2016 com as modalidades e os/as atletas correspondentes, projetados em junho de 2016, dentro da tendência de o país sede agregar em torno de 10 medalhas.

Nove medalhas de ouro
Alison e Bruno no vôlei de praia masculino
Larissa e Talita no vôlei de praia feminino
Futebol masculino
Arthur Zanetti nas argolas da ginástica artística
Mayra Aguiar no judô categoria até 78kg
Martine Grael e Kahena Kunze na vela categoria 49er FX
Bruno Soares e Marcelo Melo nas duplas masculinas do tênis
Vôlei de quadra masculino
Vôlei de quadra feminino

Oito medalhas de prata
Ágatha e Bárbara Seixas no vôlei de praia feminino
Robson Conceição no boxe categoria até 60kg
Erlon de Souza e Isaquias Queiróz na canoagem categoria C2 100m
Diego Hypólito no solo da ginástica artística
Alan do Carmo nos 10km da maratona aquática
Ana Marcela Cunha nos 10km da maratona aquática
Robert Scheidt na vela categoria Laser
Duplas mistas de tênis

Oito medalhas de bronze
Fabiana Murer no salto com vara
Rafael Silva no judô categoria acima de 100kg
Maria Suelen Altheman no judô categoria acima de 78kg
Érika Miranda no judô categoria até 52kg
Poliana Okimoto nos 10km da maratona aquática
Jorge Zarif na vela categoria Finn
Bruno Fratus nos 50m livre da natação
Aline Silva na luta olímpica categoria até 75kg

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MEDÍOCRE EVOLUÇÃO DO BRASIL NO QUADRO DE MEDALHAS COMO PAÍS-SEDE!

(Folha de S.Paulo, 22) 1. A evolução do Brasil no quadro de medalhas como país-sede dos Jogos Olímpicos é uma dos piores da história do evento. A delegação chegou ao fim da disputa com 19 pódios, apenas 12% a mais do que os 17 de Londres-2012, até então o recorde de medalhas do país em uma Olimpíada. Em média, sem contar Olimpíadas em que houve boicote, os países-sede acrescentam 13 medalhas à sua bagagem em casa.

2. O desempenho mais destacado foi o da China em 2008, saltando de 63 para 100 pódios. Em Moscou-1980, os então soviéticos foram de 125 para 195, mas não tiveram a concorrência dos Estados Unidos, que haviam decidido boicotar o evento. Nos Jogos do Rio, a Grã-Bretanha conseguiu alcançar uma façanha histórica. O país se tornou o primeiro a superar na Olimpíada seguinte a quantidade de medalhas obtida em casa.  Em Londres-2012, os britânicos, que conquistaram 47 medalhas em Pequim-2008, foram ao pódio 65 vezes. No evento encerrado neste domingo (21), esse número subiu para 67.

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BRASIL GASTOU EM ESPORTES R$ 7,2 BILHÕES EM 2015!

(Coluna do Ancelmo Góis – Globo, 21) A grana do esporte. O Brasil, que está longe de ser uma potência olímpica, não gasta pouco com esportes. Segundo dados da Secretaria do Tesouro, os governos federal, estaduais e municipais gastaram com “desporto e lazer” R$ 7,2 bilhões em 2015.

19 de agosto de 2016

A SITUAÇÃO DO MERCOSUL! ENTREVISTA AO ESTADO DE S. PAULO (13) DO ESPECIALISTA EM RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS FELIX PEÑA, QUE AJUDOU A REDIGIR OS ARTIGOS DO TRATADO DE ASSUNÇÃO!

Professor da Universidade Tres de Febrero, Peña estuda a ligação entre os dois maiores países do bloco, Brasil e Argentina, desde a década de 70, quando o temor de um conflito entre ambos plantou a semente do bloco regional. Em entrevista ao Estado, Peña sugere que os integrantes do Mercosul deveriam se indispor por temas mais importantes do que a presidência do bloco.

1) P- Por que o Mercosul chegou a este estágio? R- Para entender o Mercosul é preciso combinar dimensões política, econômica e legal. Sabíamos que começávamos como um mercado comum cuja meta era articular o sistema produtivo. // P- É a pior crise do bloco? R- Já houve outras. O fundamental é ter as regras do jogo claras e o Mercosul muitas vezes foi fraco nisso. Tendo isso em vista, vai se repetir de novo. // P- Qual é a saída? R- Quando se senta para negociar, se você é Brasil e eu sou Argentina, é óbvio que blefamos no começo. Por isso é preciso um terceiro, alguém que faça o que faz o diretor da Organização Mundial do Comércio, escute as partes e largue um papelzinho com uma posição intermediária. Não temos isso hoje e os presidentes e ministros ficam expostos.

2) P- A presidência do Mercosul ganhou importância repentina? R- Não existe a presidência do Mercosul. Alguém já ouviu falar em presidência da ONU? Existe o presidente da Assembleia. O que diz o Protocolo de Ouro Preto é: o Conselho de Ministros tem uma presidência que muda a cada seis meses, não diz que esse país é o presidente do Mercosul. A cada seis meses se passa a presidência do Conselho, que, para isso, precisa se reunir. // P- Brasil e Paraguai dizem que Caracas não cumpriu as normas. A Venezuela diz que a norma manda trocar a cada seis meses. Quem tem razão? R- Sempre na norma internacional há vazios, os espaços para a política. Eu recomendaria consultar o sistema de resolução de controvérsia, que pode levar um, dois ou três meses pra se manifestar. Quando há um conflito desse tipo não importa a preferência ideológica, ganhar tempo é um bom caminho. Não devemos colocar mais fogo nisso.

3)  P- Esse grupo pode avaliar o que fazer se Caracas não cumpriu as normas de adesão ao bloco? R- Se não cumpriu no prazo o processo de adaptação do ordenamento jurídico nacional, há um bom argumento contra. A resposta da Venezuela, ao questionar não ser o único a descumprir, também é interessante. A única maneira é perguntar aos que sabem. Escutemos os integrantes do órgão consultivo. // P- O Uruguai diz que está colocando o jurídico sobre o político ao defender a posse da Venezuela. Em relações internacionais, o importante é manter o equilíbrio. O problema não é a diferença de opinião, mas se existem formas de arbitragem. Precisamos impedir que a situação agrave problemas entre os países e dentro deles. Talvez isso explique a posição do Uruguai. Tudo indica que na Frente Ampla (coalizão governista de esquerda uruguaia) não haja 100% de acordo sobre o tema.

4)  P- A circunstância em que a Venezuela entrou no bloco tem a ver com a confusão atual? R- Provavelmente. A suspensão do Paraguai, em 2012, causou um ressentimento, uma lembrança da Guerra do Paraguai (Brasil, Argentina e Uruguai se uniram para punir Assunção). Por isso, a Venezuela fez há pouco uma referência à Tríplice Aliança, sabia que é um tema de impacto para os paraguaios. // P- A entrada da Venezuela mais ajudou ou atrapalhou? R- A situação interna se complicou e alguns dizem que há efeitos de contágio. Do ponto estritamente econômico, é um sócio atraente, um bom comprador e poderia produzir grãos como outro sul-americano. Há ainda o tema energia. Foi uma boa decisão incluir o país.

5)  P- O Mercosul resiste à entrada de países com perfil diferente? R- O Mercosul foi concebido como Mercado do Cone Sul. Deveria ser Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile. Os chilenos não quiseram. Uma curiosidade é que um minuto antes de fecharmos o acordo, o Celso Amorim (ex-chanceler brasileiro) levantou o braço e propôs modificar um artigo e pediu para mudar o nome, tirar a palavra cone. Aceitamos. // P- O sr. quer dizer que o Brasil já imaginava incluir a Venezuela? P- Sim, era óbvio do ponto de vista brasileiro. Se formos fazer algo, que seja toda a América do Sul. // P- A Venezuela já presidiu o bloco por um ano. O que mudou? R- É preciso perguntar a quem argumenta isso. Tenho impressão que se criou um problema político complicado.

6)  P- O bloco corre risco de divisão? R- A adesão é voluntária, ninguém é obrigado a ficar no Mercosul, são nações soberanas. Isso vale para o Brexit ou para o Mercosul. Agora, se não quer sair ou não tem um plano B, senta e negocia. // P- O conceito dos grandes blocos está em discussão? R- No caso da União Europeia, a razão para a iniciativa britânica foi a guerra. No caso do Mercosul, havia um claro sinal de colisão. E existiam indícios claros de que os EUA entravam para negociar preferencialmente com países da América Latina. Portanto, era claro para Brasil e Argentina que em alguns setores era essencial acertar preferências entre nós.

7) P- Especialistas insistem que o Mercosul está travado. A figura que se imaginou no início segue válida, o trabalho por meio de acordos setoriais. Juntos, podemos sair ao mundo. Não há país que não queira negociar agricultura com Argentina e Brasil.

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TRUMP VOLTA A REFORÇAR O DISCURSO ANTI-ESTABLISHMENT!

(MS) 1. As nomeações de Stephen Bannon e Kellyanne Conway para chefe executivo e gerente de campanha, respectivamente, estão sendo apontadas pela mídia como uma desistência em dar um tom mais moderado a Trump, que pretendia o Partido Republicano e o chefe de campanha Paul Manafort, após quedas nas pesquisas nacionais e nos estados indecisos (Swing States ou Battleground states). Segundo analistas do Wall Street Journal, Washington Post, Real Clear Politics, Politico e USA Today, a tendência é a volta do discurso anti-establishment (contra as instituições oficiais) e um tom mais agressivo que fizeram sucesso durante as primárias.

2. Bannon é ligado à família Mercer, importante família conservadora e que se espera ser agora a principal doadora. As matérias apontam que o rebaixamento de Manafort é a “destruição da última ponte” que ligava Trump aos doadores republicanos mais tradicionais e, portanto, um novo caminho também com relação ao financiamento, já que Trump continua correndo atrás de Clinton na área.

3. Porém, as mudanças, principalmente o nome de Stephen Bannon, dono do site super conservador Breitbart News, têm gerado críticas mesmo de dentro do universo conservador. O site RedState, referência entre os sites conservadores, diz que “Trump julga o caráter e a competência das pessoas somente pelo quão boas elas são com ele. Se a pessoa o elogia, ela faz um ótimo trabalho”. “Se você conhece Bannon você sabe quão desesperada essa jogada é. Ou isso, ou ele já sabe que perdeu e quer recompensar aqueles que o ajudaram a chegar até aqui”.

4. Segundo Rick Tyler, ex-porta-voz da campanha de Ted Cruz, Stephen Bannon tem uma personalidade extremamente volátil e nunca trabalhou em campanhas.

18 de agosto de 2016

OLIMPÍADA, CIDADE, FAVELAS E ESPORTE!

(Entrevista de Cesar Maia, pela internet, a Bruno Vater)

BV- Na opinião do senhor, os jogos trouxeram algum benefício para a população de baixa renda?
R- Tomando como referência o PAN-2007, sim, como as Vilas Olímpicas, o foco no esporte para Pessoas com Deficiência, a atração de jovens de comunidades para os esportes, e não apenas para o futebol, e os esportes por mulheres, e não apenas o vôlei, a visão do esporte como um fator de inclusão, apoiando a associações, ONGs… As escolas municipais e professores de educação física se integraram, assim como iniciativas em comunidades. Nesse sentido, a cobertura da TV GLOBO cumpriu um papel muito mais importante no PAN-2007 que agora, onde se concentrou na mobilização e publicidade.

BV- O prefeito, Eduardo Paes, fala muito da transoeste e Transolimpica. O senhor considera isso um legado para a cidade? Considera que o transporte rodoviário é o caminho correto?
R-  Acho que os corredores de BRTs atravessando, estuprando bairros, como Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Penha, é o mesmo erro do trem suburbano de décadas atrás. O VLT no Centro, alterando os fluxos internos e cortando a Av. Rio Branco é outro erro.

BV- O que o senhor achou da derrubada da Perimetral? E da revitalização da Praça Mauá e criação do Boulevad Olímpico?
R- A revitalização da Praça Mauá certamente foi positiva. Era um projeto integrante do projeto Guggenheim no mesmo píer com o mesmo alcance urbano. A derrubada da perimetral era um objetivo de anos atrás. Mas se estava apenas articulada ao projeto do Porto Maravilha, foi precipitada em uns 20 anos. Vide a situação dos CEPACs, micados, e que nem 10% foram comprados e assim mesmo grande parte por troca por andares virtuais.

BV- O que o senhor acha das remoções para as obras das olimpíadas, como na construção do Parque Olímpico por exemplo?
R- Não entendi a razão da polêmica e fixação na Vila Autódromo, que não conflitava com o Parque Olímpico. Melhor teria sido uma urbanização do local. Terminou sendo uma ação de valorização imobiliária do entorno. E gerou uma ideia de gentrificação desnecessária.

BV- No geral, a Olimpíada vai deixar um legado positivo ou negativo para a cidade?
R- No vetor esportivo, positivo. No vetor imagem da cidade, negativo. No vetor urbano, positivo, embora num tempo bem maior. No vetor formação de atletas brasileiros para 2016, fracassou. O imediato pós-olimpíada será muito polêmico, pois a gestão não-esportiva do evento teve muitos problemas, irritando as pessoas que iam aos eventos e as que não iam. Não trará benefício político aos governantes, como também foi o caso da Copa do Mundo 2014.

 

17 de agosto de 2016

JOÃO HAVELANGE!

Resposta a Sergio Rangel da Folha de S. Paulo.

“A Diretoria do BFR não mudou nome do Estádio Olímpico João Havelange. Nomeou o Estádio de Futebol que passou a se chamar Nilton Santos. O projeto de lei mudando o nome do Estádio Olímpico João Havelange não foi aprovado na Câmara Municipal. Devemos ao Dr. João Havelange a revolução no Futebol brasileiro desde a primeira conquista da Copa do Mundo de 1958. O mundo todo deve ao Dr. João Havelange, a universalização do futebol mundial incluindo todos os continentes. Devemos ao Dr. João Havelange a ideia da Olimpíada no Rio. E depois a conquista da Olimpíada na votação no COI. A inclusão de Doha e sua retirada foi prevista por Havelange. E ele encerrou, em 2009, a defesa do Rio na escolha da cidade sede 2016 num discurso com uma frase que emocionou a todos e que foi aplaudido de pé: ‘Convido a todos vocês estarem no Rio em 2016 para a Olimpíada do Rio e para comemorar os meus 100 anos’.”

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COM HAVELANGE, BRASIL VENCEU AS COPAS DE 1958, 1962 E 1970!

(Folha de S.Paulo, 17) Havelange é apontado como um dos artífices da escolha do Brasil para sede da Olimpíada. Havelange entrou no esporte pelas piscinas, disputando as Olimpíadas de 1936, como nadador, e 1952, no polo aquático. Tornou-se presidente da CBD, confederação que aglutinava vários esportes, incluindo o futebol. Sob sua administração, o Brasil venceu as Copas de 1958, 1962 e 1970.

2. A partir de 1970, começou a alimentar o sonho de presidir a Fifa. Venceu a eleição de 1974, graças a um acordo com o herdeiro da Adidas, segundo o livro “Invasion of Pitch”. A empresa se tornaria parceira da Fifa, status que mantém até hoje. A ISL se tornou a agência de marketing da entidade até falir em 2001.

3. Como presidente, expandiu as competições da Fifa. Aumentou a Copa de 16 para 24 e depois para 32 seleções, criou os Mundiais sub-20 e sub-17, a Copa das Confederações e o Mundial feminino.

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COMO FOI CONSTRUÍDA A OLIMPÍADA DE 2016 NO RIO!

Trechos da entrevista com Cesar Maia.

(Ex-Blog, 08/08/2016) 1. P- Como começou a campanha da Rio-2004? Quem a criou?
R- Após ser eleito em 1992, em março de 1993 fui procurado pelos srs. João Havelange e Roberto Marinho e os recebi no Palácio da Cidade. Afirmaram que superação da crise de longo prazo do Rio era ser sede de uma Olimpíada. Que eu deveria inscrever o Rio como cidade-candidata. Não seria escolhida a primeira vez, mas a terceira ou a quarta vez. Assim foi feito. Brasília era a cidade candidata à Olimpíada. O COB reuniu seu Conselho e o Rio assumiu o lugar de Brasília. E começou o processo das candidaturas do Rio.

P- O sr pode dar mais detalhes da reunião de Havelange e Marinho com o sr em 1993? Esse debate havia na campanha para prefeito? O pedido deles foi inspirado no sucesso de Barcelona?
R- Em todas as experiências anteriores inclusive Pré-Guerra. Na lógica de Marinho e Havelange as candidaturas sucessivas se reforçam e se ajustam. Todas são importantes por isso.

P- O Rio recebeu uma nota pior do que o Doha na primeira avaliação para 2016. Como se classificou e como superou as desconfianças?
R- Numa reunião no Palácio Guanabara, Havelange disse que a cúpula do COI estava muito preocupada com o poder “influenciador” dos países árabes-petroleiros. E que a imagem que ficaria era de cumplicidade. O argumento da Comissão no dia da escolha das finalistas em Atenas em junho de 2008, depois de lido o nome de Doha é que as áreas de Doha exigiriam descentralizar a Olimpíada, o que não seria possível. O Rio foi incluído no lugar de Doha e já partiu com equipamentos testados no PAN, com a presença dos presidentes das federações internacionais e do COI e com o projeto integrado na Barra pronto na área do autódromo, com 3 equipamentos já construídas e articulados pela Linha Amarela com o Estádio Olímpico para o atletismo, modalidade fundamental.

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JOÃO HAVELANGE; ESPORTISTA, POLÍTICO, DIPLOMATA, ADMINISTRADOR, LÍDER!

(Globo, 17) 1. Havelange era ovacionado na defesa da candidatura do Rio. E o Rio começava a garantir ali sua vitória sobre Madri, Chicago, Tóquio e as candidatas anteriormente eliminadas. É possível que alguns, no Congresso do COI em Copenhague, tenham se surpreendido com o discurso de Havelange. Mas certamente não estavam entre os surpresos os que tiveram contato com ele em seus mais de 70 anos de esporte, 51 deles como dirigente — e que combina em partes iguais as vocações de esportista, político, diplomata, administrador, líder. Mais do que o discurso em que resumiu sua fé no futuro, o prestígio pessoal foi decisivo. Em 2009, foi escolhido pelo GLOBO Personalidade do Ano, no Prêmio Faz Diferença.

2. O advogado que se tornou empresário vitorioso no ramo de transportes, com a Viação Cometa, já estava realizado quando trocou pelo papel de dirigente esportivo a carreira de ex-atleta, iniciada nas piscinas do Fluminense — competiu nas provas de natação na Olimpíada de 1936, em Berlim, e polo aquático em Helsique-1952; e ganhou medalha de prata com a equipe de polo aquático no Pan-Americano de 1955.

3. Foi como dirigente da natação que, em 1958, elegeu-se presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD) — que, na época, acolhia diversas modalidades de esporte, tendo o futebol como carro-chefe. Dali, após três Copas do Mundo ganhas, lançou-se a uma missão tida como impossível: ser o primeiro não europeu a presidir a Fifa. Em 24 anos (1974-1998), até se retirar como presidente de honra, transformou o futebol numa instituição milionária. E universal. Mais do que sonhara o lendário Jules Rimet, o francês que criou a Copa do Mundo. A Fifa tem hoje 211 nações filiadas, 18 a mais que a ONU.

4. Apesar de amigo de Sílvio Pacheco, a quem sucedera em 1958, Havelange era visto com desconfiança no mundo do futebol. No momento em que o Brasil partia para mais uma Copa, traumatizado pelas derrotas de 1950 e 1954, um homem das piscinas à frente do futebol soava quase como uma heresia. O político e o diplomata deram-se as mãos. Ele se preocupou com a velha rivalidade Rio-São Paulo, tão prejudicial a outras seleções brasileiras. E entregou ao empresário paulista Paulo Machado de Carvalho o comando de uma delegação repleta de cariocas. E a um treinador paulista, Vicente Feola, a direção técnica de uma seleção com jogadores dos dois estados.

5. A seleção campeã se manteve para o bicampeonato em 1962 (só Feola não foi ao Chile, dando lugar, por motivos de saúde, a Aymoré Moreira). Em 1971, em congresso da Confederação Sul-Americana no Rio, os delegados foram unânimes ao indicá-lo para se candidatar à presidência da Fifa em 1974. Muita gente, sobretudo na Inglaterra de Sir Stanley Rous, achou graça na ousadia. — Preparei, com a ajuda de Abílio de Almeida e Carlos Alberto Pinheiro, programa de visita a 86 países. Estudamos as possibilidades de voto. Não tínhamos chance entre os europeus ocidentais, mas poderíamos conquistar a maioria nos países do bloco comunista, das Américas, da África, todos fora da influência da Inglaterra — contaria décadas depois.

6. Stanley Rous, presidente desde 1961, era candidato à reeleição. Para vencer por 62 votos contra 56, o diplomata teve de se unir ao político, sobretudo na conquista dos votos árabes e africanos. Uma vez eleito, para surpresa geral e indignação britânica, Havelange começou a trabalhar pela sede da Fifa que encontrou em Zurique. Era uma casa de dois andares. No térreo, a sala de reuniões, onde mal cabiam seis pessoas. Em cima, a residência de Helmut Kasser, secretário por mais de 20 anos e braço-direito de Rous nos últimos 13. Kasser vivia ali com a mulher, dois filhos, dois cães e um gato. No livrocaixa, o saldo da administração Rous: US$ 24 e muitas dívidas.

7. Contas no vermelho não impressionaram o brasileiro. Impressionou-o, sim, a pobreza da sede da mais importante entidade do futebol mundial, então comemorando seus 70 anos. Havelange avisou a Kasser: — O senhor vai sair daqui. Vamos lhe comprar a casa que o secretário-geral da Fifa merece. Com empréstimos em bancos suíços, não só a casa foi comprada. A nova sede, a Fifa House, foi inaugurada em 1979, no bairro de Hitzigweg. Em 1998, Havelange deixou a presidência, passando o comando a Joseph Blatter, seu secretário-geral, e tornou-se presidente de honra.

16 de agosto de 2016

80 ANOS DA OLIMPÍADA DE BERLIM: PROPAGANDA E RACISMO!

1. A decisão de atribuir os XI Jogos a Berlim foi tomada em 1931, ainda durante a República de Weimar e antes da ascensão do Partido Nacional Socialista (nazista) ao poder. A cidade favorita era Barcelona, mas a proclamação da II República Espanhola, a 14 de abril de 1931, dias antes da votação, assustou o Comitê Olímpico Internacional (COI).

2. Berlim era uma cidade em espera há pelo menos 20 anos. Recebeu os Jogos de 1916 que foram cancelados devido à I Guerra Mundial. Penalizada pelo seu papel no conflito, a Alemanha regressou ao convívio olímpico em 1928. Atribuir os Jogos de 1936 ao país era um passo no sentido da normalização da relação dos alemães com o COI e com o mundo.

3. Mas com a consagração de Adolf Hitler como chanceler alemão, a 30 de janeiro de 1933, aos poucos, foram-se revelando indícios de que a política não estaria ausente dos Jogos. Em 1934, Bruno Malitz, porta-voz nazista, condenou o desporto moderno por estar infestado de “franceses, belgas, polacos e judeus negros”. A 19 de agosto desse ano, um editorial da publicação “Der Volkische Beobachter” defendeu que os Jogos Olímpicos deviam ser exclusivos a atletas brancos.

4. Para os novos governantes, o evento — e os Jogos de inverno, em Garmisch-Partenkirchen, que antecediam os de verão — seria um gigantesco palco de propaganda do Terceiro Reich e de demonstração da superioridade dos arianos, “a raça pura”, através das qualidades dos seus atletas.

5. O mundo ainda não testemunhara os horrores do Holocausto nem os assaltos territoriais do poder nazista, mas as suas políticas racistas já provocavam repulsa. Introduzidas a 15 de setembro de 1935, as Leis de Nuremberg impunham a xenofobia e o antissemitismo e confirmavam o estatuto “sub-humano” (“untermensch”) dos judeus.

6. Hitler procurava dissipar as dúvidas que cresciam e dava garantias de que atletas alemães judeus seriam autorizados a competir nos Jogos de Berlim, que a política não iria interferir e que o espírito olímpico seria respeitado. O regime nazista procurava mascarar as suas reais intenções, e desmentir que as suas políticas eram discriminatórias, mandando retirar das ruas os indícios de perseguição aos judeus e convocando atletas de ascendência judaica, como a esgrimista Helene Mayer.

7. Campeã olímpica em 1928, em Los Angeles, Helene tinha ficado vivendo nos EUA. Hitler pediu-lhe pessoalmente que regressasse à Alemanha para disputar a qualificação para os Jogos. Em Berlim, a esgrimista seria segunda, atrás da húngara Ilona Elek, igualmente judia. Helene competiu com a suástica no uniforme e fez a saudação nazista quando subiu ao pódio.

8. Outros atletas alemães judeus foram excluídos com o argumento de não pertencerem a clubes desportivos “oficiais”, apesar de terem obtido resultados que os qualificavam. Era o caso de Gretel Bergmann, detentora do recorde nacional do salto em altura, que as autoridades nazistas apagariam dos registos. Ela foi substituída por Dora Ratjen, que ficaria em quarto lugar e que, mais tarde, se descobriria ser… um homem.

9. Apesar das dúvidas e desconfianças que cresciam, o COI decide não retirar à Alemanha a organização dos Jogos. Nos Estados Unidos, um movimento apelando ao boicote, impulsionado pelo membro do COI Ernest Lee Jahncke, tinha cada vez mais apoio entre congressistas, clérigos de todas as confissões, jornalistas, artistas e escritores.

10. Duas posições esgrimiam argumentos: uns defendiam que participar seria apoiar as posições antissemitas de Hitler; outros diziam que havia que separar esporte da política. O próprio COI era equívoco em relação à chamada “questão judaica”. Os EUA acabariam por decidir participar nos Jogos de Berlim, após uma votação renhida. “A política e o desporto não se podem misturar. A única oportunidade de sobrevivência do movimento olímpico é manter-se alheio da política”, defendia Avery Brundage.

11. O estádio foi ampliado para poder receber 110 mil espectadores e a piscina 18 mil. O sistema de transportes dos atletas era eficiente e os equipamentos de contagem de tempos e de foto-finish eram os mais sofisticados alguma vez usados. Nas principais ruas de Berlim, havia grandes bandeiras com a suástica em abundância. Tudo em grande para impressionar os visitantes e quem assistia à distância — os Jogos de Berlim seriam os primeiros a serem transmitidos pela rádio e pela televisão. A grandeza dos Jogos — o sucesso do regime e o orgulho nacional do povo — seria documentada pela cineasta Leni Riefenstahl no filme “Olympia” (1938). Dividido em duas partes (“Festival das Nações” e “Festa da Beleza”) —, onde não faltam multidões sorridentes a desfrutarem do espetáculo.

12. A 2 de julho, Hitler declarou abertos os XI Jogos, numa cerimônia que mais se assemelhou a uma coroação. Na tribuna, acolitado por outras figuras sinistras do regime nazista, o Führer via 100 mil alemães esticarem o braço e ouvia-os gritar o fanático “Heil Hitler”. Perante aquele mar de suásticas, os atletas eram supostos saudarem Hitler.

13. No medalheiro, pela primeira vez na história dos Jogos, a Alemanha tomou o primeiro lugar aos EUA, conquistando 89 medalhas (33 de ouro), contra 56 dos norte-americanos (24 ouros). Entre os medalhados norte-americanos havia dez afro americanos, que conseguiram um total de oito ouros, quatro pratas e dois bronzes. Quatro medalhas de ouro (100m, 200m, estafeta 4x100m e salto em distância) foram ganhas pelo mesmo homem: o afro americano James Cleveland Owens (a alcunha JC, usada por familiares e amigos, seria confundida na escola com “Jesse”), que assim deitaria por terra as teses do nacional-socialismo alemão e o mito da superioridade ariana.

14. Nascido em 1913, no Alabama, este filho de agricultores e neto de escravos, o sétimo de onze irmãos, bateria em Berlim três recordes olímpicos e dois mundiais. Uma afronta para Hitler e todo o aparelho nazista. O presidente do COI, Baillet-Latour, fez saber a Hitler que, como convidado de honra, ou recebia todos os medalhados ou não recebia nenhum.

15. Os Jogos de Berlim teriam sido os de Jesse Owens em qualquer circunstância. Mas o regresso do atleta a casa seria amargo… “Hitler não me desprezou — foi Franklin Delano Roosevelt quem me desprezou. O Presidente nem sequer me enviou um telegrama”, diria o afro americano. Em campanha eleitoral para as presidenciais desse ano, Roosevelt negou-se a receber o atleta com receio de perder votos nos estados segregacionistas do sul.

16. Na Alemanha, Owens tinha partilhado alojamento com atletas brancos, enquanto em muitos hotéis nos EUA havia segregação. Apesar das medalhas ganhas, o atleta continuou a ter de entrar nos ônibus pela porta de trás e, quando de uma recepção em sua honra no Hotel Waldorf-Astoria, em Nova Iorque, teve de usar o elevador de serviço.

17. Os Jogos de Berlim foram os últimos realizados em vida de Pierre de Coubertin. Morreria a 2 de setembro de 1937, em Genebra. O seu coração foi sepultado em Olímpia num jazigo especialmente construído em sua honra. Não sobreviveria, pois, para ver, pela segunda vez, os Jogos serem derrotados pela política — duas edições seriam canceladas por causa da II Guerra Mundial.

15 de agosto de 2016

CAMPANHA ELEITORAL NO RIO COMEÇA INDOOR!

1. Os candidatos a vereador e a prefeito ainda não têm conseguido fazer campanha na rua em função da atenção das pessoas concentrada na Olimpíada. As tentativas de panfletagem estão gerando desgaste, e não voto.

2. Com isso, as reuniões estão sendo realizadas em casa. Mas assim mesmo analisando o calendário das provas olímpicas e vendo aquelas que despertam maior interesse. E isso não termina no final dessa semana.

3. Terminada a Olimpíada começam as polêmicas. Domingo (14), a polêmica na Austrália era se teria valido a pena aplicar 45 milhões de dólares na Natação. Aqui certamente a polêmica virá pelo número de medalhas alcançadas.

4. Três meses atrás se falava que nas cidades-sede o país conquista 10 medalhas a mais que na última Olimpíada. Isso seriam 27 medalhas para o Brasil. Agora já há dúvida se o Brasil conquistará as mesmas 17 de Londres em 2012.

5. A sede no Rio foi escolhida 7 anos atrás. Medalhistas de 20 anos tinham 13 em 2009. O que aconteceu? Faltaram recursos? Faltou foco na renovação? São exemplos das polêmicas que virão. E a discussão tradicional, ou seja, se valeu a pena sediar um grande evento como este em função do investimento, dos resultados e das repercussões.

6. Estes já estão sendo e serão no próximo mês, pelo menos, os temas nas reuniões eleitorais em casa. É bom que todos tenham as respostas na ponta da língua. Bem mais que nos anos anteriores, as medalhas do Brasil dependerão dos esportes coletivos. Mas, mesmo esses, geraram surpresas negativas.

7. Além dos fatos relativos à realização e operação da Olimpíada em si, virão as polêmicas sobre o futuro. A Lei Piva foi bem aplicada? E os equipamentos? Como serão aproveitados?

8. A campanha dentro de casa, neste momento, ainda tem outro problema: distrai a atenção dos participantes sobre os resultados das provas e modalidades ocorrendo naquele momento da reunião.

9. Na prática, a campanha reduzida para 45 dias, em relação a temas políticos, sociais e urbanos, será uma campanha de 15 dias. Importante que os partidos coloquem seus termômetros de pesquisas para conhecer melhor as reações neste momento. É um curioso sanduíche com tempero pessimista: ética na política, olimpíada e os problemas do dia a dia.

* * *

TV: CAI AUDIÊNCIA DA OLIMPÍADA NO EXTERIOR!

(Folha de S. Paulo, 14) 1. No exterior, tanto EUA como partes da Europa registraram queda de audiência na TV aberta, em relação aos Jogos de Londres. Por exemplo, entre 3 e 6 de agosto, a audiência da BBC caiu para 24,6 milhões de espectadores, contra 39,2 milhões em 2012. Quedas semelhantes foram observadas nas redes France 2 e La 1, que detêm os direitos de transmissão na França e na Espanha. Já na Alemanha e na Itália a audiência se manteve no patamar de quatro anos atrás, nas redes ARD e ZDF, alemãs, e RAI, italiana, segundo a “Variety”.

2. A NBC, que adquiriu os direitos para os EUA, vem decepcionando desde a cerimônia de abertura, que marcou audiência 35% inferior à da transmissão de Londres. Recuperou-se um pouco a partir de terça (9), mas não superou 2012 em dia nenhum.  Em média, a audiência para o Rio está 20% abaixo da anterior na NBC. No sobe-e-desce, os números diários se mostram dependentes do desempenho de estrelas, como Simone Biles na ginástica ou Michael Phelps na natação.

12 de agosto de 2016

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA PREFEITURA DO RIO -PRIMEIRO SEMESTRE DE 2016- 2016 X 2015 (CORRIGIDO PELO IPCA DE 8,84%)!

RECEITAS

1. RECEITA TRIBUTÁRIA: 2016: R$ 5,388 bilhões. Em relação a 2015. Valores reais. Menos (-3,1%).
2. IPTU: 2016: R$ 1,594 bilhão. Em relação a 2015. Valores reais: +1,5%.
3. ISS: 2016: R$ 2,784 bilhões. Em relação a 2015. Valores reais: Menos (-7%).
4. ITBI: 2016: 267,8 milhões. Em relação a 2015. Valores reais. Menos (-19,8%).
5. FPM: 2016: 102,9 milhos. Em relação a 2015. Menos (-9,2%).
6. ICMS 2016: R$ 932 milhões. Em relação a 2015. Menos (-7,5%).
7. IPVA: 2016: R$ 542,36 milhões. Em relação a 2015. +11,4%.
8. Dívida Ativa: R$ 128,77 milhões. Em relação a 2015: Menos (-19,2%).
9. Operações de Crédito: 2016: 1,272 bilhões. Em relação a 2015: +29,3%.

DESPESAS:

1. Pessoal e Encargos. 2016:  R$ 6,561 bilhões. Em relação a 2015: +4,2%.
2. Juros da Dívida: 2016: R$ 283,4 milhões. Em relação a 2015: mesmo valor.
3. Amortização da Dívida: 2016: R$ 125,7 milhões. Em relação a 2015: Menos (-34,3%).
4. Investimentos: 2016: R$ 2 bilhões. Em relação a 2015: +22,2%.
5. Despesas Previdenciárias: 2016: R$ 1,801 bilhões. Em relação a 2015: +7,2%.
6. Aposentados 2016: R$ 1,527 bilhão. Em relação a 2015: +7,7%.
7. Pensionistas: 2016: R$ 275 milhões. Em relação a 2015: +4,9%.

DÍVIDA CONSOLIDADA: 31/12/2015: R$ 17,657 bilhões. 30/06/2016: R$ 11,702 bilhões. Redução produzida por legislação federal de 2014.

RESULTADO PRIMÁRIO:

Em relação às despesas liquidadas, ou seja, pagas ou prontas para serem pagas, no primeiro semestre de 2015 houve um superávit de R$ 574,2 milhões. No primeiro semestre de 2016 houve um déficit de (- R$ 482,3 milhões). Uma redução de R$ 1,056 bilhão.

OBS.1. As receitas lançadas, ou seja, definidas por decreto ou alteração da lei e sua aplicação, cresceram. O IPTU + 1,5% é o IPVA por medidas do Estado + 11,4%. Da mesma forma, as operações de crédito em função do último ano de governo cresceram +29,3%.

OBS.2. As receitas orgânicas (tributárias e constitucionais transferidas) somaram R$ 7 bilhões. Agregando outras receitas tributárias e o desconto do imposto de renda (que é transferido ao tesouro), que alcançaram R$ 740 milhões de reais, chegamos a R$ 7,7 bilhões.

OBS.3. As despesas de pessoal ativos, inativos e pensionistas somaram R$ 8,3 bilhões nesse primeiro semestre de 2015. A essa diferença de R$ 600 milhões de reais deve-se somar o serviço da dívida que, mesmo sendo fortemente reduzida pela lei federal de 2014, alcançou R$ 409 milhões. São R$ 1 bilhão que são cobertos por transferências federais. Em parte orgânicas como parte do SUS.

OBS.4. Sendo assim, 100% dos investimentos são cobertos por operações de crédito projetando problemas futuros se o perfil dos investimentos não produzir receitas orgânicas como o são os investimentos públicos em infraestrutura urbana que sempre têm uma defasagem de médio prazo. Portanto, não alcançando o próximo governo.

OBS.5. As despesas com Saúde (R$ 2,577 bilhões) e Educação (R$ 1,955 bilhões) somam R$ 4,532 bilhões, ou 84% das receitas tributárias.

11 de agosto de 2016

ELEIÇÕES PÓS-CONSTITUINTE PARA PREFEITO DO RIO: SITUAÇÃO EM AGOSTO DE CADA ANO!

1. As pesquisas eleitorais para Prefeito do Rio -nos anos de 1992, 1996, 2000, 2008 e 2012- sempre no mesmo mês de agosto, mostraram duas tendências: a) nas reeleições dos anos de 2004 e 2012, as pesquisas em agosto já sinalizavam claramente a reeleição em primeiro turno dos prefeitos em exercício Cesar Maia e Eduardo Paes.

2. Em 2004, com maior dificuldade, pois o campo era de “veteranos” de outras campanhas majoritárias: Crivella, Conde (ex-prefeito), Jandira, Chico Alencar. Em 2012 com maior facilidade, pois 3 deputados debutavam com o objetivo de testar seus nomes em eleições majoritárias.

3. Nas demais, 1992, 1996, 2000, e 2008, a situação das campanhas em agosto era muito diferente dos resultados finais do primeiro turno.  Em 1992, em agosto, Cidinha tinha 24%, terminou com 16%. Albano Reis tinha 13% e terminou com 5%. Amaral Neto, que vinha caindo durante a campanha, tinha 8% e terminou com 4%. Benedita tinha 9% e terminou com 24% (incluindo brancos e nulos), e Cesar Maia, que tinha 6%, terminou com 16%.

4. Na eleição de 1996, não havia ainda reeleição, Cabral, nesse momento de agosto, liderava com 29% e terminou com 22%. Chegou a ter, em julho, mais de 35%. Conde havia subido, com apoio do prefeito Cesar Maia, dos 10% em fins de julho e alcançava 24%. Terminou com 33%. Chico Alencar com 4% terminou com uns 20%. O “erro” das pesquisas foi enorme e os analistas afirmaram que se isso não tivesse ocorrido Chico Alencar teria ido ao segundo turno.

5. Em 2000, embora sendo uma eleição com reeleição, o fato de o ex-prefeito Cesar Maia (com 1 minuto e meio de TV) ter sido responsável pela vitória de Conde em 1996, o eleitor votou confuso.  Conde teve no primeiro turno mais de 11 minutos de TV. Em agosto, Conde tinha os 30% com que venceu o primeiro turno. Benedita tinha 12% e fechou com 20%. Cesar Maia em agosto tinha os mesmos 20% com que fechou o primeiro turno.

6. Em 2008, Crivella segurava a liderança em agosto com mais de 20%. Jandira vinha a seguir com uns 17%. Eduardo Paes começava a crescer, mas ainda não havia chegado aos 10%. Terminou com 28% (incluindo brancos e nulos). E Gabeira que só cresceu na última semana, em agosto alcançava uns 8% e fechou com 21%.

7. A reeleição de 2012 foi resolvida no primeiro turno. Freixo, que em agosto alcançava uns 10%, fechou com 23% (incluindo brancos e nulos), recebendo o voto útil dos que não queriam votar na reeleição do prefeito Eduardo Paes.

8. Agora, em agosto de 2016, Crivella repete os mais de 20% de agosto de 2008. Mas, agora, com imagem própria e equipe muito mais diversificada. Freixo tem a metade da porcentagem de votos que teve em 2012, confirmando que em 2012 recebeu o voto útil dos que não queriam votar no prefeito. Bolsonaro vem com quase 10%. Índio com uns 6%, Jandira logo em seguida, e Pedro Paulo logo atrás. No final, com uns 2%, Osório e Molon.

9. Aguardemos a campanha e o resultado eleitoral para conhecer a dança das intenções e das decisões de voto.

10 de agosto de 2016

A ORIGEM DA CERIMÔNIA DE ABERTURA E DO REVEZAMENTO DA TOCHA OLÍMPICA!

1. Em nota, semanas atrás, este Ex-Blog lembrou por que as cidades (países) passaram a lutar tanto para sediar a Olimpíada, especialmente após a Olimpíada de 1936 em Berlim.  

2. As cidades e seus países estão dispostos a investir bilhões na Olimpíada e a realizar um enorme esforço em torno de suas candidaturas, o que, em geral, dura pelo menos 12 anos. A nota de abertura (08/08) contava a história da candidatura do Rio, lembrando que partiu de 1993, portanto 23 anos atrás, por orientação dos Srs. João Havelange e Roberto Marinho, iniciou-se esse processo, conquistando em 2009 a sede, 16 anos depois.

3. A razão da disputa de sede de uma Olimpíada tem 4 vetores. a) A progressão esportiva do país que deve começar antes e reforçar a candidatura, e crescer depois.  b)  Justificativa para fortes investimentos urbanos surgindo como legado da Olimpíada. c) A construção de grandes equipamentos esportivos que passariam a ser a infraestrutura esportiva básica desse país.

4. d) Finalmente a difusão da imagem global da cidade e do país, com reflexos econômicos e políticos. Este quarto vetor passou a ter um grande destaque na Olimpíada de Berlim em 1936 e depois na de Moscou com a coreografia do ursinho Misha que encantou e ajudou a humanizar a imagem do regime soviético.

5. Além destes 2 casos muito estudados, a busca de projeção internacional da cidade-sede passou a ser um objetivo de todas. Os demais vetores passaram a ser uma obrigação. Outro grande destaque foi Barcelona, que além do fator imagem mostrou a importância e reconhecimento do legado urbano.

6. O segundo caderno do Globo (05/08) publicou uma ampla matéria analisando a inauguração do fator imagem na Olimpíada de Berlim de 1936. Como foi usada para manipular a opinião pública internacional em relação a Alemanha nazista, a matéria do Globo chamou de “farsa”. E lembrou que, para isso, foram criadas a Cerimônia de Abertura e o Revezamento da Tocha. Essa Olimpíada é matéria de um filme rendem lançado na Alemanha.

7. (GLOBO, 05/08) 7.1. Quando a tocha olímpica chegar ao Maracanã, hoje, o mundo verá de novo uma tradição que começou há 80 anos, quando Joseph Goebbels, chefe da propaganda nazista, fez da Olimpíada de Berlim uma encenação tão perfeita que foi capaz de convencer o mundo de que o ditador Adolf Hitler era, na verdade, um pacifista.

7.2. Os detalhes da montagem dessa farsa, que deu ao regime a chance de se preparar com calma para atacar quase toda a Europa, a partir de 1939, são revelados em um novo filme, “Der traum von Olympia” (O sonho da Olimpíada), produzido pela TV alemã ARD, que acaba de ser lançado no país por ocasião do jubileu daquele evento.

7.3.  O filme parte das perspectivas do nazista Wolfgang Fürstner (interpretado por Simon Schwarz) — membro do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães e comandante da aldeia olímpica — e da saltadora judia Gretel Bergmann (Sandra von Ruffin), a melhor da sua geração, banida da Alemanha por ser judia, depois chamada de volta como medida de propaganda, e por fim impedida de treinar e de saltar.

7.4. Planejados a partir de 1931, os Jogos corriam o risco de boicote porque tanto o Comitê Olímpico quanto outros países participantes viam Hitler, no poder desde 31 de janeiro de 1933, como um tirano que era uma ameaça para o mundo. Submetida às regras ditadas pelo Tratado de Versalhes desde a derrota na Primeira Guerra Mundial, a Alemanha começava a dar sinais de que descumpria exigências de desmilitarização.

7.5. Com a máquina de propaganda de Goebbels, Berlim conseguiu, porém, convencer o mundo do “pacifismo” de Hitler. Embora o regime continuasse tão racista quanto antes, os truques de Goebbels deram certo. Nos quiosques, os jornais nazistas foram substituídos pela imprensa internacional. Durante um ano inteiro, foi mostrada na Alemanha uma exposição sobre os Jogos Olímpicos bastante didática, ensinando como funcionava a avaliação, para aumentar o júbilo e a participação popular no evento.

7.6. Para garantir o efeito de show dos Jogos, o primeiro evento esportivo a ser transmitido pela TV, Goebbels introduziu a viagem da tocha olímpica, que percorreu milhares de quilômetros, da Grécia até o estádio olímpico de Berlim, ideia que entusiasmou o comitê e passou a fazer parte do programa oficial de todas as Olimpíadas desde então. A viagem da pira olímpica é sem dúvida uma ironia da História: símbolo da paz e da união entre os povos, foi concebida por um dos maiores inimigos do mundo no século XX, Joseph Goebbels.

7.7. Baseado no livro do historiador Oliver Hilmes “Berlin 1936 — Sechzehn tage im august” (“Berlin 1936 — 16 dias em agosto”), lançado há poucas semanas, o filme mostra como foi possível a Hitler ofuscar os alemães, que só quando já era tarde demais descobriram como eram conduzidos pelo seu Führer para o precipício. — Berlim, o epicentro de uma ditadura brutal, parecia uma cidade em clima de festa — diz Hilmes, que no livro mostra os truques de Goebbels para enganar o mundo.

7.8. Conhecida até agora sobretudo pelas imagens de Leni Riefenstahl em “Olympia” (1938), a Olimpíada de Berlim é mostrada no novo filme da perspectiva dos bastidores: como os nazistas conseguiram encenar o espetáculo e desviar as atenções do mundo das suas intenções reais. Exibindo os acontecimentos sob a perspectiva de personagens históricos, como Gretel Bergmann e Wolfgang Fürstner, Oliver Hilmes mostra como o espetáculo foi possível, derrubando um depois do outro alguns mitos dos Jogos de 1936.

7.9. Enquanto nas encenações de Riefenstahl a Olimpíada acontece debaixo de um céu azul durante um verão que teria batido o recorde de tanto sol, na realidade, decifrada por Hilmes nos arquivos, o tempo foi chuvoso e o céu estava quase sempre coberto. Segundo Hilmes, com a ajuda desses truques, ainda hoje usados na publicidade, a competição de 1936 teve para Hitler um efeito político muito mais importante do que se julgava até agora. — Trata-se do primeiro grande evento esportivo que foi instrumentalizado totalmente pela política — afirma o autor.  Para desviar as atenções das suas intenções reais, Hitler teria ordenado até uma pausa na política antissemita. O ódio contra os judeus continuava sendo um dos principais programas do partido, mas a política racista foi ocultada dos visitantes.

09 de agosto de 2016

OS DADOS OFICIAIS DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NO PRIMEIRO SEMESTRE (D.O. 28/07)!

Inflação –IPCA- de 8,84% no primeiro semestre 2016 em relação ao de 2015.

RECEITAS!

1. RECEITA TRIBUTÁRIA TOTAL: 2016: R$ 14,887 bilhões. Em valores reais (inflação de 8,84% no primeiro semestre 2016 em relação ao de 2015): Menos (-7,05%).
2. ICMS: 2016: R$ 9,586 bilhões. Em valores reais Menos (-6%).
3. IPVA: 2016: R$ 980 milhões. Em valores reais + 14,6%.
4.  ITCD (imposto de transmissão): 2016: R$ 440,5 milhões. Em valores reais + 73,2%.
5. FPE (fundo de participação): 2016: 634,2 milhões. Em valores reais +13,4%.
6. Dívida Ativa: 2016: R$ 145,3 milhões. Em valores reais + 196,5%.
7. Operações de Crédito: 2016: R$ 941,4 milhões. Em valores reais Menos (-39,4%).

DESPESAS!

1. Pessoal e Encargos Sociais: 2016: 9,268 bilhões. Em valores reais Menos (-7,6%).
2. Juros da Dívida: 2016: R$ 1,335 bilhão. Em valores reais Menos (-30,8%)
3. Amortização da Dívida: 2016: R$ 957,6 milhões. Em valores reais Menos (51,5%).
4. Investimentos: 2016: R$ 1,351 bilhão. Em valores reais: Menos (-50,3%).
5. Aposentadoria Pessoal Civil: 2016: R$ 3,904 bilhões. Em valores reais Menos (-11,4%).
6. Pensões Pessoal Civil 2016: R$ 1,487 bilhão. Em valores reais Menos (-7,5%)
7. Reformas Pessoal Militar 2016: R$ 1,666 bilhão. Em valores reais Menos (-2,4%).
8. Pensionistas de Militares 2016: R$ 263 milhões. Em valores reais Menos (-10,6%).

Déficit Primário 2016: R$ 3,961 bilhões.

Dívida Pública Consolidada: 31/12/2015: R$ 107,569 bilhões. 31/06/2016: R$ 103,448 bilhões.

Obs. 1. Os dados fazem parte da execução orçamentária em valores LIQUIDADOS. Ou seja, pagos ou prontos para serem pagos. Portanto, despesas empenhadas, realizadas, mas não liquidadas ficam excluídas.

Obs. 2. As receitas ampliadas por força de decreto –IPVA- ou por força de lei –ITCD- são as que crescem. As receitas em função da dinâmica econômica tiveram uma queda real –descontando a inflação- de uns 7%.

Obs. 3. As despesas intransferíveis (pessoal, previdência social e serviço da dívida) alcançam R$ 19,143 bilhões. As Receitas Orgânicas –excluindo royalties e convênios- alcançam R$ 15,666 bilhões. Somadas aos descontos/contribuições de servidores alcançariam mais de R$ 17 bilhões. A diferença de mais de R$ 2 bilhões é menor que a receita dos royalties do Petróleo. Restam as despesas por serviços inclusive terceirizados.

Obs. 4. Se as despesas liquidadas intransferíveis correspondem aproximadamente às despesas empenhadas do mesmo teor, é provável que a situação de insolvência do Estado se refira muito mais ao acúmulo de débitos e aos serviços como terceirizações, que a insustentabilidade orçamentária. Se for assim, há que separar a execução orçamentária, daqui para frente, das despesas carregadas do passado, para se ter uma avaliação clara e definir o que fazer. E talvez aplicar o critério de recuperação judicial para os débitos acumulados.

* * *

NÚMEROS OLÍMPICOS E METAS!

(Editorial – Folha de S.Paulo, 05) 1. É grande a expectativa, ainda, com o desempenho da delegação brasileira nas provas. A meta do COB (Comitê Olímpico do Brasil) é pôr o país entre os dez primeiros colocados no quadro de medalhas. Dado o histórico de participações nacionais, trata-se de propósito ambicioso. A melhor colocação até hoje se deu em Atenas-2004, com o 16º lugar; em Londres-2012, o Brasil ficou na 22ª posição.

2. O objetivo, de todo modo, se afigura factível. O time nacional terá, nesta edição, o maior número de atletas de sua história, 465 esportistas —contra os 259 de 2012, em Londres. É a segunda maior delegação, depois da norte-americana, que conta 555 esportistas.

3. O grupo, porém, é bem menos experiente que nos últimos Jogos: 67% da equipe fará sua estreia olímpica no Rio de Janeiro. Em 2012, eram 52%. O maior tamanho da representação é prerrogativa do país-sede, pois este pode inscrever esportistas em quase todas as modalidades sem que seja atingido o desempenho classificatório mínimo.

                                                    * * *

OURO E PRATA PARA AS FFAA DO BRASIL!

(Eliane Cantanhêde – Estado de S.Paulo, 09) As duas primeiras medalhas do Brasil na Olimpíada foram de atletas militares: Rafaela Silva, ouro no judô, é sargento da Marinha e Felipe Wu, prata no tiro de pistola, sargento do Exército. Além disso, dos 467 integrantes da delegação brasileira, 145 (quase 1/3) são militares, 52 deles do Exército. Como as Forças Armadas vão herdar o Complexo Desportivo de Deodoro, pode-se prever que a combinação de bons preparadores, recrutamento de talentos e boas pistas, quadras, piscinas e stands poderá dar um bom samba para a próxima Olimpíada. Vamos torcer.

Cesar Maia fala sobre a origem das Olimpíadas Rio 2016

P- Como começou a campanha da Rio-2004? Quem a criou?
R- Após ser eleito em 1992, em março de 1993 fui procurado pelos srs. João Havelange e Roberto Marinho e os recebi no Palácio da Cidade. Afirmaram que superação da crise de longo prazo do Rio era ser sede de uma Olimpíada. Que eu deveria inscrever o Rio como cidade-candidata. Não seria escolhida a primeira vez, mas a terceira ou a quarta vez. Assim foi feito. Brasília era a cidade candidata à Olimpíada. O COB reuniu seu Conselho e o Rio assumiu o lugar de Brasília. E começou o processo das candidaturas do Rio.

P- O sr pode dar mais detalhes da reunião de Havelange e Marinho com o sr em 1993? Esse debate havia na campanha para prefeito? O pedido deles foi inspirado no sucesso de Barcelona?
R- Em todas as experiências anteriores inclusive Pré-Guerra.

P- Por que decidiu-se deixar de fora o COB nessa campanha? Nuzman se queixa bastante disso.
R- O COI havia decidido que as candidaturas olímpicas deveriam ser coordenadas pelos comitês olímpicos nacionais. Não sabíamos. Tivemos apoio do Globo para substituir Brasília. Erramos ao tentar fazer uma coordenação política e depois o apoio voltou. Demonstrado porque na disputa Rio x S. Paulo (MARTA era prefeita de SP eu do RIO) a simpatia total foi pelo Rio. A cobertura das apresentações das cidades no auditório do BNDES e a cobertura de nossa vitória foi total. A proximidade do COB (Nuzman) e da Rede Globo é muito grande.

P- Por que a proposta do Fundão não vingou? Urbanistas dizem que faria mais sentido do que a expansão para a Barra.
R- Essa foi a proposta de Barcelona. Só eu fui contra. Meu argumento era operacional. Na Barra da Tijuca a caneta do prefeito decidia tudo. No Fundão seriam 5 canetas: Conselho Universitário, Governo Federal, Governo Estadual, COB e Prefeitura. O golpe final veio em 1996, quando a Comissão do COI esteve aqui analisando o projeto do Rio. Fui contatado reservadamente por um espanhol que compunha a Comissão do COI que me disse que o Fundão era inviável. Nas suas palavras: A Olimpíada é uma festa da raça. As teleobjetivas não podem fazer um foco ao mesmo tempo num superatleta e em alguém subnutrido.

P- Como foi a decisão de disputar o Pan-07?
R- Quando retornei à prefeitura após a eleição de 2000 fui procurado pelo Nuzman pedindo que eu subscrevesse a carta que o Conde havia preparado para a ODEPA. Trouxe a proposta da Região do Maracanã ser a base do complexo Olímpico. Eu disse que não concordava. Teria que ser a Barra da Tijuca por duas razões: 1) segurança pública, pois era uma área de 3 entradas/saídas e edificações separadas pelo plano Lúcio Costa. 2) porque permitia construir um complexo Olímpico amplo e integrado. Nuzman aceitou.

P. Quando o sr fala que o Fundão era uma “proposta de Barcelona”, refere-se a que? Os organizadores de Barcelona-92 ajudaram a elaborar a proposta da Rio-04?
R- Desde 1993 até 2000 a equipe de Barcelona foi consultora da prefeitura do Rio no Plano Estratégico. Conde era muito próximo deles. Consultoria profissional com os mesmos arquitetos-urbanistas responsáveis pelos JJOO-Barcelona.

P- Quem decidiu transformar o Pan-07 em padrão olímpico? Originalmente, ele já não era uma vitrine para a futura candidatura do Rio para a Olimpíada?
R- Vencemos em 2002, na Cidade do México, de San Antonio que era uma cidade dos EUA pronta com todos os equipamentos. Três argumentos nossos foram vencedores: a) Nuzman falou em descentralizar pelos Comitês Olímpicos nacionais a cobertura unitária e integrada da TV, o que permitia a eles ganhos de patrocínio. b) Segurança Pública pelas características da Barra da Tijuca e pela ausência de riscos de terrorismo. c) a importância da paralimpíada que teria apoio semelhante. Vencemos. O projeto era simples e barato. O COB foi chamado pelo COI com a presença de um ex-presidente Samaranche que disse que projeto não ganhava mais candidatura. Era necessário dar garantia aos patrocinadores potenciais. E que, para isso, os equipamentos previstos para o PAN deveriam mudar completamente e ser equipamentos olímpicos. E assim foi. As críticas sobre os novos custos do PAN não levaram isso em conta.

P- O que significa a proposta do Nuzman, para o Pan-07, de “descentralizar pelos COs a cobertura unitária e integrada da TV”? Não houve uma OBS no Pan, como há na Olimpíada? Os direitos de imagem foram pulverizados?
R- O COB garantiria os direitos de imagem (aliás pagos pela prefeitura) e os COs latino-americanos definiriam as coberturas que lhes interessavam. Seriam feitas estas ampliações e garantidos os links aos COs que poderiam negociar os patrocínios em seus países.

P- Qual foi a importância da candidatura de 2012?
R- Na lógica de Marinho e Havelange as candidaturas sucessivas se reforçam e se ajustam. Todas são importantes por isso.

P- O Rio recebeu uma nota pior do que o Doha na primeira avaliação para 2016. Como se classificou e como superou as desconfianças?
R- Numa reunião no Palácio Guanabara, Havelange disse que a cúpula do COI estava muito preocupada com o poder “influenciador” dos países árabes-petroleiros. E que a imagem que ficaria era de cumplicidade. O argumento da Comissão no dia da escolha das finalistas em Atenas em junho de 2008, depois de lido o nome de Doha é que as áreas de Doha exigiriam descentralizar a Olimpíada, o que não seria possível. O Rio foi incluído no lugar de Doha e já partiu com equipamentos testados no PAN, com a presença dos presidentes das federações internacionais e do COI e com o projeto integrado na Barra pronto na área do autódromo, com 3 equipamentos já construídas e articulados pela Linha Amarela com o Estádio Olímpico para o atletismo, modalidade fundamental.

P- Paes disse que no plano estratégico de seu primeiro governo já havia a previsão de buscar a Olimpíada, como forma de alavancar uma cidade que perdeu sua vocação. Foi isso mesmo? Isso já foi inspirado em Barcelona? Por que a Olimpíada era vista como um catalisador para isso?
R- Foi como contei, uma iniciativa conjunta de Roberto Marinho e João Havelange. Esse foi o start, ponto de decisão.

P- Quais mudanças a proposta de 2012 sofreu para 2016? Metro, arenas, finanças…
R- Lembro que o projeto da candidatura para 2016 foi entregue pela prefeitura do Rio e o COB, ao COI em dezembro de 2008 com as cópias traduzidas. Curiosamente a única atividade que o RIO teve nota 10 em 2007 pelo COI foi mobilidade/transportes. O fundamental foi o gerenciamento do tráfego. As linhas fechadas eram flexíveis nos horários, ao contrário de hoje, cuja rigidez produziu os engarrafamentos. 2016 medido pelo número de atletas na Vila Olímpica é o dobro de 2007. Bem. Basicamente seguimos as recomendações do COI em relação a dar segurança total em relação a qualidade dos equipamentos –olímpicos- desde o PAN-2007 e a Vila Olímpica. Aliás, a Vila do PAN, definida pela prefeitura seria onde está localizada a Vila Olímpica. Mas uma imobiliária conseguiu mudar a localização para onde foi feito apesar dos riscos por ser um terreno turfado. O TCU identificou um sobre-faturamento de aluguéis pagos pelo Ministério dos Esportes e mandou reduzir. O ministro Vilaça esteve comigo e explicou. Mas os aluguéis estavam cobertos pelo aumento de gabarito para 12 andares. Aliás, agora é a mesma coisa. O que pagaria os aluguéis seria o aumento de gabarito (modelo Barcelona) de 12 para 18 andares. Mas o CO–2016 está pagando ao mesmo tempo pelo menos 250 milhões (valor de 2014) pelo aluguel dos apartamentos dos atletas.

P- O sr. acha que valeu a pena essa busca? O Rio conseguiu encontrar sua vocação?
R- A busca de sede da Olimpíada pelas cidades têm 4 vetores: a imagem global da cidade, a inserção na elite esportiva preparando atletas, o legado urbano e os eventos esportivos em si. O Rio, pela coincidência da crise de 2014-2016, perdeu o efeito imagem, perdeu o ponto de preparação de atletas para subir os degraus de elite esportiva e fez a escolha de legados urbanos que só poderão amadurecer em prazos mais dilatados, como o Porto Maravilha que micou com a crise do mercado imobiliário. Mas não há dúvida que o quarto vetor, a qualidade dos eventos esportivos, será conquistada.

P- Os filhos de Roberto Marinho também participaram da origem da candidatura de 2012 e 2016?
R- Basicamente a partir do PAN, quando um representante da TV apresentou o projeto da Globo, que se mostrou muito positivo, pois integrava “heróis anônimos” que criavam pequenos polos de um esporte e integrava as escolas e professores de educação física. Com isso, a cobertura desde uns anos antes era nacional e inclusiva. 15 dias depois do PAN fui convidado pelo Dr. João Roberto Marinho para participar da reunião, acho que mensal, das mídias do sistema Globo. Havia uma discussão entre eles se um grande evento como aquele e esse atual valeria a pena para a cidade e para a empresa. Defendi e justifiquei. A opinião favorável dos diretores foi vitoriosa, especialmente porque a cobertura pela TV aberta e especialmente paga (SporTV) foi um sucesso, segundo o diretor de jornalismo Schreder, hoje diretor geral da Rede Globo. Mas pelo que senti havia 60% a favor e 40% contra. Na saída reclamei de um artigo no Globo de Ali Kamel, segundo do jornalismo na época, criticando duramente o PAN e grandes eventos. Dr. João Roberto disse que aquilo mostrava a liberdade interna da Globo.

P- Urbanistas criticam o fato das PPPs olímpicas preverem a exploração imobiliária na zona oeste, o que seria uma pressão para a ocupação dessa área considerada ambientalmente frágil. O sr acha que a escolha da Barra provoca essa pressão? Ela foi boa para a cidade? Não seria melhor insistir no Fundão?
R- O ponto não é esse. Até porque será o mercado que ditará os prazos de ocupação. O ponto é que não se conheceu nem se conhece os valores incorporados nas concessões de espaço e gabaritos. Por exemplo: Na área do autódromo –onde está todo o Parque Olímpico –25% é ocupada pelos equipamentos esportivos e 75% pelos prédios que serão construídos.