29 de janeiro de 2016

MICROPOLÍTICA E O PODER!

1. A expressão Micropolítica é um desdobramento de uma teoria que ganhou expressão no século XIX: a microssociologia. Microssociologia, cujo maior expoente foi o francês Gabriel Tarde, tinha –e tem- como coluna vertebral a ideia que a opinião pública se forma a partir da opinião dos indivíduos e dos fluxos de suas interações.

2. As escolas estruturalistas –Marx e Durkheim- ganharam hegemonia no século XX (apagando a microssociologia). Foi assim até a ascensão da interação eletrônica que, partindo de um simples correio eletrônico, ganhou projeção e amplitude com as redes sociais. A equipe de comunicação política de Margareth Thatcher foi a primeira, nos tempos recentes, a usar a micropolítica para transformar suas ideias em opinião pública e, assim, atuar eleitoralmente e em governo.

3. O marketing político, como meio de atingir as massas, é a negação da micropolítica. Por isso a equipe de Thatcher ficou isolada no uso desse método no ciclo de hegemonia do marketing político de massas. A explosão das redes sociais impôs ao marketing político outra leitura do indivíduo como ator político e eleitoral, e dessa forma relançou a micropolítica que volta a ser um método hegemônico de formar opinião pública.

4. A economia neoclássica passa a ser um vetor de explicação da dinâmica econômica a partir do século XIX. Foi a expressão do liberalismo renovado. Os cursos de economia passaram a ter dois vetores: a microeconomia e a macroeconomia. No entanto, são vetores teóricos que não se excluem na medida em que o indivíduo na microeconomia é um ser genérico que representa a demanda seus estímulos e desestímulos através dos preços, etc.

5. A versão recente da microeconomia é o empreendedorismo. Nesse sim, o indivíduo tem nome e sobrenome. Nesse sentido, passa a ser um terceiro lado do triângulo: microssociologia, micropolítica e microeconomia. Uma vez fechado este triângulo, as visões socialistas da política, da economia e da comunicação de massas perdem crescentemente a hegemonia que tiveram até bem pouco tempo.

6. As redes sociais são –nesse sentido- um método que sempre que usadas pelos socialistas, pela esquerda, só fazem reforçar a hegemonia metodológica da micropolítica e de seu triângulo constituinte. O marketing político finalmente entendeu que além da tela da TV as pessoas deveriam ser alcançadas cada vez mais pela interação direta, seja ela pessoal, seja ela eletrônica.

7. Essa ultrapassagem do triângulo Micro, sobre o triângulo Macro é recente e seu tempo histórico é mínimo, é como um ponto do tempo. Nesse sentido, a tendência é que os elementos teóricos constitutivos do Micro, o triângulo SPE (sociologia, política e economia) ganhem profundidade e sofisticação e se tornem a cada dia mais e mais hegemônicos, cada dia mais Poder.

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A CRISE FINANCEIRA DO ESTADO DE MINAS GERAIS!

(Monica Bergamo – Folha de SP, 28) 1. O governo de Minas Gerais anunciará em breve o corte de 165 mil vagas do funcionalismo que hoje não estão preenchidas. O número corresponde a 42% do total de trabalhadores ativos na máquina pública, que chega a 391 mil pessoas. Outros 228 mil são aposentados. A administração também anunciará a fusão de 26 órgãos e secretarias estaduais. “Vamos fazer um corte grande”, diz o governador Fernando Pimentel (PT-MG).

2. O governador afirma que as vagas serão fechadas e que, portanto, não serão realizados novos concursos para que elas sejam preenchidas, como demandam sindicatos de várias categorias. Algumas poucas áreas devem ser poupadas, como a de segurança.

3. Pimentel afirma que a medida é necessária para enfrentar a queda de receita causada pela recessão. Em 2015, a previsão de arrecadação estadual era de R$ 81 bilhões. Entraram nos cofres públicos, no entanto, R$ 75 bilhões. Só o ICMS caiu 8%. O Estado gasta 48,7% da receita com folha de pagamento –perto do teto de 49% autorizado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

28 de janeiro de 2016

NO RIO IMPACTO DA CRISE SERÁ MAIOR EM 2017 QUE EM 2016!

1. O ciclo imobiliário mais intenso no Rio até 2014, acentuado pelas mudanças permissivas na legislação urbanística e agregado aos incentivos à construção de hotéis para os JJOO-2016, rebaixando o ponto de equilíbrio da ocupação, gerou uma curva ascendente cujo declínio a partir de 2015 tem sido mais intenso que a média nacional.

2. Os JJOO-2016 suavizam o declínio desta curva e a estendem um pouco mais dentro de 2016 em direção ao final do ano. Com isso, a crise imobiliária no Rio terá um forte gap entre o auge e o fim do declínio, muito mais acentuado que a média nacional.

3. Na medida em que a curva descendente desse ciclo avança, a competitividade por preços se acentua e o impacto vai muito além do desemprego, afetando a própria capacidade financeira de várias empresas imobiliárias. As bolsas de valores já acusam a queda de preços das ações das grandes empresas abertas do mercado imobiliário. Mas essa transparência não é a mesma nas empresas de capital fechado e provavelmente seus problemas de capitalização e solvência são maiores.

4. Da mesma forma convergem as obras urbanas justificadas pelos JJOO-2016. O governo federal atua nas duas pontas. Numa como financiador das obras. Em outra como sócio dos JJOO-2016. Esta condição de sócio e a imagem externa do país nos JJOO-2016 exigem que que o governo federal garanta a sustentação dos JJOO-2016 até as delegações partirem.

5. A partir daí o tombo será explícito e as medidas compensatórias mais amplas. Todas essas são razões suficientes para se entender que no ano de 2017 a crise econômica do Rio será mais intensa que a de 2016 e que a da média nacional.

6. Os vetores da crise econômica nacional no Rio (Petróleo-Siderurgia-Veículos-Setor Imobiliário…) já são mais graves. A também grave crise fiscal do governo do Estado, que começou a ser verdadeiramente enfrentada a partir de 2016, entrará por 2017 para abrir caminho político para as eleições de 2018.

7. E a partir do final pós-olimpíadas de 2016, a prefeitura do Rio será parte do problema, seja pela queda natural dos investimentos, seja pelas consequências fiscais do esforço de gasto tendo os JJOO-2016 como justificativa. Além de ser o primeiro ano de um novo governo municipal, com o tradicional freio de arrumação, alternativamente, a herança perversa.

8. E pelo contra-ciclo do Rio, a situação fiscal municipal em 2017 será grave e se não ocorrer o ajuste inicial em 2017, poderá se tornar crítica. A sinergia de todos estes pontos garante que 2017 terá no Rio a crise mais intensa do Brasil.

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NORMAS DA AERONÁUTICA E AS TORRES DO PORTO MARAVILHA – CONFLITOS POTENCIAIS!

(Blog Urbe Carioca, 27) 1. Em julho/2014 entrou em vigor a Portaria nº 957/GC3 de 09/07/2015 do Ministério da Defesa – Comando da Aeronáutica, que “Dispõe sobre as restrições aos objetos projetados no espaço aéreo que possam afetar adversamente a segurança ou a regularidade das operações aéreas, e dá outras providências”. Entre os ‘considerando’ destacamos os que se relacionam a índices construtivos na vizinhança de aeroportos, heliportos e helipontos:
CONSIDERANDO que a segurança e a regularidade das operações aéreas em um aeroporto ou em uma porção de espaço aéreo dependem da adequada manutenção de suas condições operacionais, que são diretamente influenciadas pela utilização do solo;
CONSIDERANDO que a existência de objetos, aproveitamentos ou atividades urbanas que desrespeitem o previsto nas normas vigentes pode impor limitações à plena utilização das capacidades operacionais de um aeroporto ou de uma porção de espaço aéreo;
CONSIDERANDO a importância da aviação para as atividades sociais e econômicas, requerendo o constante aprimoramento dos mecanismos que estimulem a coordenação entre os órgãos de âmbito federal, estadual e municipal, visando ao cumprimento das normas e à adoção de medidas para regular e controlar as atividades urbanas que se constituem, ou venham a constituir, potenciais riscos à segurança operacional ou que afetem adversamente a regularidade das operações aéreas (…).

2. Tema complexo para quem não lida com as questões da aeronáutica, a longa portaria apresenta gráficos e tabelas que, entre vários aspectos, definem as alturas máximas de obstáculos permitidas na vizinhança de aeródromos, helipontos, em rotas especiais de aviões, helicópteros, e em zonas de proteção de auxílios à navegação aérea (v. artigo 1º). As medidas determinarão eventuais restrições, por exemplo, para as zonas de influência dos aeroportos do Galeão, Santos Dumont, e de Jacarepaguá. Artigos publicados em sites ligados à indústria da Construção Civil e ao Mercado Imobiliário demonstram preocupações a respeito:

Sinduscon-CE promove Seminário Técnico sobre a nova Portaria do Comaer –20/11/2015
Nova portaria da Aeronáutica que dispõe sobre entorno de aeroportosmotiva protestos do setor da construção – 29/12/2015
Portaria 957/GC3 de 2015 – Comando da Aeronáutica – Comentário da ADEMI

3. O site da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro – ADEMI-RJ também informa que é possível verificar se os empreendimentos pretendidos estão nas áreas de influência definidas pela Portaria 957/GC3 através do site do DECEA na página:  http://servicos.decea.gov.br/aga/

4. Resta saber se as novas regras atingirão os terrenos do Porto Maravilha e suas torres projetadas com até 150,00m de altura e as pretendidas quitinetes que voltarão à cidade quase meio século após terem sido banidas da legislação urbanística do Rio de Janeiro. Portaria nº 957/GC3 na íntegra.

27 de janeiro de 2016

2015: HOMICÍDIOS DOLOSOS NOS ESTADOS DO RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO E SUAS CAPITAIS! TAXAS, NÚMEROS E CARACTERÍSTICAS!

1. Há pelo menos 15 anos que as Taxas de Homicídios Dolosos no Rio de Janeiro e em São Paulo vem decrescendo. Este Ex-Blog já comentou algumas vezes que a razão básica para isso é o deslocamento dos corredores de exportação de cocaína para a Europa (Ásia e África) para o Nordeste do Brasil. A entrada passou a ser feita pela África Ocidental, em função do policiamento ostensivo nas costas do sul da Europa. E a proximidade com o Nordeste é evidente.

2. Antes, o tráfico de drogas para a Europa usava basicamente os grandes Portos e Aeroportos Internacionais brasileiros. Vale Dizer: Santos, São Paulo, Rio de Janeiro –Porto e Aeroporto. Com o deslocamento dos corredores de exportação de cocaína para o Nordeste, com destino à África Ocidental, o processo ficou mais simples através de avionetas e barcos médios.

3. Desta forma, ocorreu uma “troca” na taxa de homicídios dolosos: caem as taxas no Rio e S. Paulo e sobem no Nordeste, especialmente nas suas capitais, todas com seus aeroportos e portos pelo menos médios. Um segundo movimento ocorreu em S. Paulo. Como se sabe, cerca de 2/3 dos homicídios ocorrem diretamente relacionados com os pontos de venda de drogas e seu processo.  No Rio continuaram 3 facções e seus desdobramentos, inclusive em presídios. Mais recentemente, algumas Milícias se associaram ao tráfico de drogas num perigoso processo de mexicanização.  

4. Em S. Paulo, o Primeiro Comando da Capital (PCC) foi progressivamente eliminando a concorrência de outras facções até se tornar monopólico. Com isso, os homicídios dolosos, cuja maioria ocorre diretamente relacionados com os pontos de vendas de drogas e seu processo, sofreram uma redução adicional à transferência dos corredores de exportação de cocaína para o Nordeste. Esse processo de transferência dos corredores para o Nordeste tem sido contínuo e ainda prossegue.

5. Por isso, a queda dos homicídios dolosos deixou de ser uma referência de violência. As estatísticas de outros delitos (especialmente roubos+furtos, estupros, celulares, veículos, etc.) mostram isso, já que em vários casos continuaram subindo e em outros tiveram um leve declínio. O uso da Taxa de Homicídios se descolou da tendência dos demais indicadores de violência dos demais delitos.

6. Os governos dos Estados do Rio e de São Paulo divulgaram nesta semana as estatísticas completas de Homicídios Dolosos de 2015. A taxa de Homicídios Dolosos se calcula por 100 mil habitantes, usando as projeções das populações pelo IBGE para 2015.

7. Estado de S. Paulo. 2015. Número de Homicídios Dolosos: 3.757. População 44.396.484. Taxa de HD/100 mil habitantes: 8,46. / Cidade de S. Paulo: 991 Homicídios Dolosos. População: 11.967.825.  Taxa de HD/100 mil habitantes: 8,28.

8. Estado do Rio de Janeiro. 2015. Número de Homicídios Dolosos: 4.197. População 16.550.024. Taxa de HD/100 mil habitantes: 25,36. / Cidade do Rio de Janeiro. 1.202 Homicídios Dolosos.  População: 6.453.682. Taxa de HD/100 mil habitantes: 18,62.

9. O Estado do Rio e sua Capital com população muito menor têm quantidades de Homicídios Dolosos maiores que S. Paulo, tanto Estado como Capital. A razão dessa diferença, como explicado acima, é que em S. Paulo o tráfico/varejo de drogas é monopolizado pelo PCC e no Rio há pelo menos três facções (Comando Vermelho, Terceiro Comando…), além da perigosa entrada de algumas Milícias se associando.

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CAMPUS DA GOOGLE PARA STARTUPS, EM S. PAULO!

(Maria Cristina Frias – Folha de SP, 24) 1. Uma semana depois de anunciar um prédio para abrigar start-ups (novas empresas de tecnologia) em São Paulo, o Google recebeu 5.000 pedidos de pessoas interessadas em trabalhar no centro, chamado de Campus. Os postulantes poderão frequentar o edifício, de seis andares, e participar de encontros lá, mas não terão espaço fixo para suas atividades. Os critérios de escolha das empresas que vão se instalar no local não foram revelados.

2. A maioria dos interessados é de sócios de start-up ou trabalham em uma, diz André Barrence, diretor do Campus. Mas a porcentagem de pessoas que ainda não pertencem a esse universo e se inscreveram surpreendeu, afirma o executivo. “Eles foram 35%, o que indica que há demanda reprimida de gente que gostaria de trabalhar com novas empresas de tecnologia.” Cerca de 25% dos que pediram acesso ao prédio são mulheres. É um índice mais alto do que o de outras cidades, como Madri e Tel Aviv, de onde saiu o Waze.

3. O centro de São Paulo será inaugurado no dia 17 de fevereiro. É o sexto que a empresa dos EUA abre no mundo.

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DEM SUSPENDE A VENDA DA GASPETRO!

(Drive Político, 26) Uma decisão da Justiça Federal de ontem (25.jan) suspendeu a venda de 49% da Gaspetro à japonesa Mitsui.

Oposição em ação
Uma outra ação, com o DNA do Democratas, acabou prosperando. A Justiça Federal da Bahia então suspendeu de uma vez a venda da Gaspetro. A Petrobras deve recorrer, mas a chance de esse caso ser solucionado com rapidez é mínima.

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PROFESSOR DA PUC-MG: MONOPÓLIO DO PCC TAMBÉM EXPLICA A QUEDA DE HOMICÍDIOS EM S. PAULO!

(Professor PUC-MG – Luis Flavio Sapori – Folha de SP, 27) 1. São dois os fatores que explicam esses resultados tão bons. Primeiro, uma boa atuação das polícias Militar e Civil na investigação dos homicídios. São Paulo adotou medidas muito consistentes de inteligência policial, na investigação de homicídios, de aumento do aprisionamento. Isso ajudou muito na redução.

2. No segundo aspecto, no decorrer disso houve uma clara mudança do PCC. Uma clara monopolização do tráfico, no varejo, por parte da facção criminosa, com uma imposição de uma prática de tráfico não violenta. A combinação desses fatores é, pra mim, a principal explicação.

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CRISE AUMENTA VENDAS DAS FARMÁCIAS! DEPRESSÃO? DOR DE CABEÇA?

(Maria Cristina Frias – Folha de SP, 27) As grandes drogarias cresceram 12% em vendas no ano passado, de acordo com a Abrafarma (entidade do setor). As empresas movimentaram R$ 35,9 bilhões em 2015. Na comparação entre dezembro de 2015 com o mesmo mês do ano anterior, o aumento foi de 13,1%.  A comercialização de medicamentos atingiu R$ 23,86 bilhões, alta de 7,41% entre 2014 e 2015. Já o número de lojas cresceu 7,1%, de 5.570 para 5.964 no mesmo período. No ano passado, os genéricos somaram R$ 4,1 bilhões. O montante é 11,5% superior ao de 2014. Ao todo, foram vendidas mais de 271,5 milhões de unidades.

26 de janeiro de 2016

GOVERNO DO ESTADO DO RIO VAI FECHAR O CENTRO DE ESTUDO E PESQUISA DO ENVELHECIMENTO!

1. Esta semana os servidores foram informados que o Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE), localizado no bairro da Gávea será desativado pelo Governo Estadual do Rio de Janeiro. Este serviço vinha desenvolvendo programas educativos interessantes, direcionados tanto aos profissionais da especialidade quanto à comunidade em geral, com incentivo a projetos de pesquisa e realização de intercâmbios e parcerias com entidades internacionais.

2. O CEPE foi inaugurado em Março de 2012, pertence à Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro e está sob a gestão do Instituto Vital Brazil. Mais um retrocesso lamentável nos projetos públicos direcionados a questões sobre a Pessoa Idosa e o Envelhecimento no Brasil. O presidente de honra do CEPE é o médico Alexandre Kalache, há mais de 20 anos o chefe do projeto de pesquisa do idoso da Organização Mundial de Saúde, autoridade máxima do envelhecimento reconhecido do mundo.

3. Vídeo com o professor Kalache. São 17 minutos.

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IBOPE: 82% ACHAM QUE BRASIL ESTÁ NO RUMO ERRADO!

(José Roberto Toledo – Estado de SP, 25) 1. Desde o início da era petista, em 2003, nunca tantos brasileiros avaliaram que o Brasil está indo na contramão quanto agora. Recordes 82% acham que o País está no rumo errado, segundo pesquisa inédita do Ibope, exclusiva para a coluna. Só 14% acham que o Brasil vai na direção certa; 4% não sabem dizer. É como se o País seguisse pelo acostamento da mão oposta.

2. A contrariedade com o rumo nacional é maior entre os jovens (88%), nas grandes cidades (87%), no Sudeste (87%) e entre quem ganha mais (88%). Mas também é alta em redutos governistas: 77% no Nordeste e entre os mais pobres. Pior: pela primeira vez, as opiniões dos brasileiros sobre os rumos do País coincidem com o que eles leem e ouvem falar. A percepção pessoal costuma ser bem mais otimista do que a coletiva. Não mais: 82% versus 85%.

3. No Brasil, a incapacidade de a oposição ganhar uma eleição que lhe era francamente favorável bloqueou a mudança de rumo pelas urnas, levando a um impasse que paralisou o País política e economicamente ao longo de 2015. E, pelo que indica esta pesquisa Ibope, o “standoff” deve se estender em 2016.  Em relação à política, apenas uma minoria dos brasileiros – 28% – acredita que o novo ano será melhor. Como 2015 foi de impasse, os 31% que apostam que 2016 será igual somam-se aos 38% que acham que o ano será ainda pior. Ou seja, dois em cada três não demonstram esperança de saída para a crise política. Como consequência, 46% acham que a economia do País vai piorar, e 26%, que ficará igual – ou seja, na pior recessão desde 2002.

25 de janeiro de 2016

O DILEMA DA POLÍTICA ECONÔMICA DO GOVERNO DO PT:  IMPEACHMENT OU IMPASSE!

1. Na campanha eleitoral de 2002, a busca da vitória ao meio de uma crise econômica levou Lula, conduzido pela publicidade e por Duda Mendonça, a falar com o eleitor básico de FHC, que saía. A prioridade era “acalmar os mercados”.

2. Deu certo e criou mais que um compromisso com “os mercados”, um compromisso e convencimento a si mesmo. Na medida em que os primeiros movimentos da política econômica do governo Lula construíram a “calma” desejada, a partir daí o autoconvencimento da Carta aos Brasileiros construiu a política econômica do governo Lula.

3. O ‘documento’ básico desse processo foi uma reunião do ministro José Dirceu com o partido no auditório de sua sede. A razão era o susto de todos com a adoção de medidas “neoliberais” tão criticadas pelo partido. José Dirceu explicou -a uma câmera oculta da TV Globo que se encarregou de divulgar- que todos entendessem bem que a correlação de forças exigia essas medidas para se fazer a travessia. E que a política efetiva do partido estava sendo realizada no setor externo, entregue à Marco Aurélio Garcia.

4. Essa disjuntiva -interna/externa- serviu para acalmar o público interno e os resultados da política econômica agregados a medidas de inclusão social pela renda foram catapultados por uma conjuntura econômica externa favorável, impactando a popularidade de Lula.

5. A apropriação do Estado pelo Partido (e daí os escândalos posteriores) construiu o consenso partidário necessário e o interesse patrimonialista da base aliada. Tudo ia muito bem com a sinergia de uma política econômica adotada por pragmatismo, a política de renda mínima e a conjuntura externa favorável.

6. A crise internacional de 2008 começou a expor as dificuldades que esse trinômio teria para sua sustentabilidade. Um keynesianismo de consumo disfarçou a crise e sustentou o PIB. Mas começou a estilhaçar a política econômica adotada. O resultado era inevitável.

7. A política econômica -dita neoliberal- num quadro de crise tem um custo social elevado, como se vê na Europa. E o hibridismo petista -na tentativa de ganhar tempo- levou a economia e a política ao impasse e ao fundo do poço que vemos hoje.

8. A política econômica de Cristina Kirchner assumiu a sua natureza, abandonando qualquer expectativa em relação aos investidores e ao mercado internacional. Assumiu uma política econômica populista de intervenção direta nos mercados -especialmente o comércio exterior- e deixou a inflação subir à vontade, fixando-se na manipulação dos índices. Deu certo política e eleitoralmente, até na eleição recente que perdeu por uma diferença mínima.

9. Mas Dilma optou pelo hibridismo e trouxe para ministro da Fazenda Joaquim Levy. O consenso interno do PT se desintegrou. A mudança de ministro nada pode mudar. A única saída -pela esquerda- da política econômica do governo Dilma seria abandonar qualquer expectativa em relação ao controle da inflação, intensificar a intervenção nos mercados interno e externo e, assim, fazer uma nova opção política, importando o kircherismo.

10. Mas nem isso dá mais tempo, até porque -nesse caso- a espada de Damocles do impeachment baixaria inevitavelmente. Ou seja: se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. Abrir mão da política econômica por uma alternativa populista é jogar com o impeachment. Manter o discurso atual é afundar na crise com o hibridismo do governo e do PT e da CUT.

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SECRETARIA DE SAÚDE DA PREFEITURA DO RIO FECHOU 80 CONTRATOS SEM LICITAÇÃO EM DOIS ANOS!

(G1, 21) 1. Em meio à crise que a saúde do Rio de Janeiro vive desde o ano passado, um levantamento mostra que quase 70% de tudo o que foi contratado nos últimos dois anos pela RioSaúde foi feito com dispensa emergencial de licitação. Ou seja, a empresa pública de saúde da Prefeitura do Rio – que administra quatro unidades municipais – fechou 80 contratos sem licitação alguma. Foram quase R$ 13 milhões gastos dessa forma. A informação foi divulgada com exclusividade pela GloboNews nesta quinta-feira (21).

2. A empresa pública de saúde do Rio de Janeiro, conhecida como RioSaúde, foi criada por lei em 2013, e começou a funcionar no ano seguinte. O órgão, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde, administra quatro unidades de saúde da cidade do Rio: o Centro de Emergência Regional da Barra da Tijuca, e três unidades de pronto atendimento nas zonas Norte e Oeste da cidade. Em 2014 e 2015, a RioSaúde fechou 116 contratos, sendo que 80 deles não precisaram de licitação. Isso corresponde a 69% do número de contratos. Dos mais de R$ 28 milhões contratados, quase R$ 13 milhões foram gastos sem que nenhum processo licitatório fosse feito.

22 de janeiro de 2016

ASSALTOS NO CENTRO DO RIO!

(Cel-PM-R-L) 1. Gostaria de levar aos amigos minhas impressões sobre o que vem acontecendo no Centro da nossa Cidade e que tem sido muito explorado pela mídia. Temos visto na TV uma série de reportagens sobre ação de Quadrilhas de Pivetes, comandados por maiores de idade, que vêm agindo no Centro da Cidade, praticando uma modalidade criminosa (furto/roubo ao transeunte) que muito afeta ao Cidadão, causando grande sensação de insegurança na população.

2. Parece-me, e isto é apenas a observação de um Oficial Reformado, que houve uma pasteurização das ações policiais, visando, principalmente o Narcotráfico, o que a meu ver não deveria ser a visão do Comando do 5 BPM. As características do Centro da Cidade são completamente diferentes das características das demais áreas de atuação dos nossos diversos Batalhões.

3. O nosso Centro da Cidade conjuga diversas atividades que fazem com que a afluência de pessoas a este espaço seja muito grande, além de diversificada, pois ademais de área comercial e financeira, temos um grande afluxo de turistas que para ali se deslocam em busca de um turismo cultural sobre a formação da Cidade do Rio de Janeiro, que recebeu a família Real Portuguesa, no início do Século XIX, etc. Ali se concentram, além de Bancos, Casas Comerciais e outras Empresas, uma série de Equipamentos Culturais, tais como Museus, Espaços Públicos, Conventos, enfim, uma série de Equipamentos que mostram o desenvolvimento da nossa Cidade, e artes plásticas, fazendo com que mais de 70% dessas pessoas se desloquem a pé, para conhecer tais pontos.

4. No meu Ponto de Vista, o tipo de policiamento empregado deveria ser, prioritariamente a pé, com a colocação de Viaturas em alguns Pontos Estratégicos para o rápido Apoio Tático, quando necessário, à tropa destendida no terreno. O que vemos hoje é um grande número de Viaturas se deslocando o tempo todo e, sabemos, por experiência que, de dentro de uma Viatura, nosso poder de observação diminui em relação a quando patrulhamos a pé.

5. Se quisermos copiar algo, poderíamos colocar nas principais Avenidas do Centro, onde o fluxo de pessoas é muito grande, aquelas Cabinas de Observação que existem em São Paulo (Av Paulista e outros logradouros de grande movimento), onde o Policial, munido de rádio transmissor, fica num nível mais elevado que os pedestres que se deslocam pela via, observando e informando ao efetivo que patrulha aquela via a pé, sobre situações suspeitas que venham a acontecer no local.

6. Note-se que isto não são Cabinas de Policiamento, onde o Policial fica imobilizado, tomando conta da Cabina ou no seu interior lendo jornais, completamente alheio ao que acontece fora dela. Este tipo de Cabina de Observação, pode ficar descoberta a qualquer momento e em qualquer horário, pois em seu interior não tem qualquer tipo de Equipamento que se tenha que tomar conta, nem mesmo um banco para o Policial sentar.

7. Hoje a Viatura passou a ter uma relevância no Policiamento que, falar em Policiar é falar em adquirir mais Viaturas e mais Equipamentos. Na crise que hoje o Estado enfrenta, e a PMERJ deve ser também afetada por ela, este procedimento de colocar o Policial a pé, além de mais eficaz é também, mais econômico, pois diminui o gasto com Viaturas, manutenção, gasolina e mais gastos.

8. Outra atitude que considero fundamental é o entrosamento com os Delegados responsáveis pelas Delegacias de Centro da Cidade, visando uma ação conjunta da P/2 do Batalhão com os Investigadores da Policia Civil, levantando local de reunião desses Meliantes; quem são os Adultos que os protegem e orientam? Onde é dividido o produto do furto? etc. Tudo isto acompanhado de uma forte divulgação das ações na Mídia. Caso contrário, vamos a cada troca de Comando, oferecendo excelentes Oficiais em holocausto, vendo a Imprensa desqualificando-os, diariamente.

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GOVERNO FEDERAL ESTÁ DEMITINDO 600 MIL AGENTES DE VIAGEM!

(Agentes de Viagem) 1. A imprensa não destacou talvez por faltar informação. Mas os momentos são angustiantes que nós, agentes de viagem, estamos passando. No dia 1o. de janeiro entrou em vigor a nova lei que taxa todas as remessas ao exterior em 33,33%. As associações do nosso mercado como a ABAV e a BRAZTOA já haviam negociado em dezembro com o Ministro Joaquim Levy uma taxa menor de 6,38%, igual à cobrada pelos cartões de crédito em compras no exterior.

2. O ano virou, a taxa de 33% entrou em vigor e novamente houve uma reunião em Brasília com o Ministro do Turismo no dia 14 de janeiro onde ficou acertada a nova taxa de 6,38% a ser publicada no Diário Oficial até o dia 19 de janeiro. Dia 19 de janeiro chegou e nada foi publicado.  Ou seja, se você com passageira comprar um hotel em Miami pela internet por US$ 100 no seu cartão de crédito, o total pago na fatura será de US$ 106,38. Se você comprar em qualquer agência ou operadora de turismo, o mesmo hotel sairá por US$ 133,33.

3. Esta nova tributação aniquila todo o mercado de agências e operadoras no Brasil, inclusive as gigantes CVC e Decolar.com. Por serem as maiores prejudicadas, estão lutando em Brasília em nome de todo o mercado.  As consequências são graves. 600 mil desempregados e o fechamento de milhares de agências e operadoras de turismo por todo o Brasil. A melhor forma de entender é lendo os artigos do Jornal do Panrotas que representa a nossa classe.

Projeto de Cesar Maia pretende transformar a Rua das Flores em patrimônio cultural

Matéria de O Globo sobre Projeto de Lei de autoria do vereador Cesar Maia.

Beleza preservada
Projeto que tramita na Câmara dos Vereadores pretende transformar a Rua das Flores em patrimônio cultural

Referência na Tijuca quando o assunto é amor ou saudade, e muito procurada em datas comemorativas, a Rua das Flores é um dos endereços mais charmosos do bairro. A pequena via de pedestres, que tem sete quiosques centrais que formam um grande canteiro, ganhou a configuração atual em 1993 e está perto de se tornar tornar patrimônio cultural do Rio. A iniciativa é do vereador Cesar Maia (DEM), que busca proteger a tradição da especulação imobiliária e, assim, preservar o tradicional comércio popular de arranjos florais.

O projeto de tombamento foi aprovado em primeiro turno na Câmara dos Vereadores no dia 27 de novembro de 2015. A segunda votação está prevista para acontecer a partir de fevereiro, quando acaba o recesso parlamentar.

Dona do quiosque número um da Rua das Mores, a vendedora Cineida Lopes lembra como era a via antes da reurbanizaçâo que permitiu que os lojistas se instalassem no local. Sem saudades dos problemas enfrentados na época, apoia a iniciativa de Cesar Maia.

— Ela deve aumentar a atenção e o cuidado com a Rua das Flores, o único ponto da Tíjuca que funciona 24 horas. Antes das obras, isto aqui era uma via muito perigosa, com moradores de rua, assaltantes e uma vala negra. Hoje há uma igreja na esquina. Na época, funcionava ali o Cinema Carioca, que não podia abrir suas entradas laterais por causa do risco de assalto — lembra.

Cesar Maia era prefeito do Rio quando a área foi revitalizada. Ele defende que a ação do município no local foi a primeira experiência bem-sucedida de requalificação de um espaço e de seu entorno na cidade.
— Em 1993, a Rua das Flores era como uma cracolândia piorada. Fizemos uma operação de acolhimento dos moradores de rua e uma transformação, com urbanização e embelezamento. Depois disto, os quiosques foram autorizados a se instalar e fizeram um contraponto à situação anterior. O projeto atual busca preservar a qualidade de vida alcançada pelos moradores — explica o parlamentar.

Marido de Cineida, Humberto Lopes administra o negócio junto com a mulher. Ele se lembra da recepção dos moradores aos lojistas na chegada.

— Ficávamos em variados pontos do Rio e depois nos concentramos aqui. O pároco da Igreja de Santo Afonso abençoou a rua e pediu para que os fiéis nos ajudassem, comprando nossas flores. Estávamos às vésperas do Dia das Mães e vendemos muito. Só restou a estrutura dos quiosques, de metal e madeira. Flor e planta, não havia mais — conta Lopes.

Dona de outro ponto, Patrícia Oliveira conta que os moradores, ainda traumatizados com os episódios de violência que aconteceram no trecho, ficaram felizes com a mudança.

— Muita gente passava pelas galerias e lojas para ir à Rua Santo Afonso só para não passar por aqui. Depois das obras de reurbanização e da nossa chegada, eles vinham conversar. Alguns traziam água, café e bolinhos para nos agradecer — recorda a vendedora.

O sucesso do comércio no local foi tão grande que, em 1998, o trecho se emancipou e deixou de ser parte da Rua Major Ávila para se tornar, oficialmente, Rua das Flores.

21 de janeiro de 2016

O BOCA A BOCA E O DEDO A DEDO POLÍTICO E ELEITORAL!

1. No jornal Estado de SP (14), o analista José Roberto de Toledo comenta os novos números de pesquisas que mostram uma redução na proporção dos eleitores que afirmam que suas decisões políticas e eleitorais tomadas pelo contato direto com outras pessoas, o “boca a boca”, vem perdendo importância a favor do que ele chama de “dedo a dedo”, via internet.

2. Ele escreve: “Na política, o boca a boca está perdendo espaço para o dedo a dedo. Ao decidir o voto, pesa cada vez menos o bate-papo a viva-voz e, cada vez mais, chats digitados no celular. Segundo o Ibope, as conversas com amigos e parentes caíram à metade na hora de o eleitor escolher candidato, enquanto as interações digitais foram multiplicadas por seis. Essa revolução de comportamento terá impacto determinante nas eleições deste ano.”

3. “Em 2008, apenas duas eleições municipais atrás, 47% do eleitorado dizia ao instituto que o diálogo cara a cara com as pessoas do seu círculo familiar, de amizades e profissional era muito importante para coletar informações e alimentar seu processo decisório sobre em quem votar. Em dezembro de 2015, o Ibope descobriu que essa taxa caiu para apenas 22%. Em grande parte, essa perda de importância das conversas presenciais foi compensada pelo crescimento explosivo das consultas a sites de internet: subiu de 3% para 14% a fatia de brasileiros que cita esse meio de informação eleitoral.”

4. “Ao mesmo tempo, as redes sociais (Facebook, WhatsApp e Twitter), ignoradas em 2008, são lembradas hoje por 5%. Somando-se sites e redes, os meios digitais influenciam 19% do eleitorado. Ficam tecnicamente empatados com a propaganda eleitoral oficial (19% de citações como fonte de informação), com as conversas com amigos e parentes (22%) e com o rádio (18%). Só perdem para a TV, cujo prestígio segue aparentemente inabalado. Era citada por 48% em 2008, foi lembrada por 51% em 2015.  Os meios impressos (jornais e revistas) oscilaram de 12% para 10%.”

5. Não há nenhuma dúvida que o multiplicador do boca a boca cresceu enormemente com o boca a boca eletrônico que Toledo chama de dedo a dedo. Mas continua prevalecendo a lógica de Gabriel Tarde (As leis da Imitação, final do século XIX). É no contato pessoal direto que uma opinião individual se afirma e dá força para que o indivíduo repasse essa opinião com argumentos.

6. Uma vez nas redes e confirmados pessoalmente, o multiplicador cresce e ganha velocidade. Se antes (Gabriel Tarde) a opinião pública se formava por estes fluxos de opinamento pessoais e individuais e era multiplicada ou acelerada primeiro pelos panfletos e pichações, depois pelo telefone, depois pelo rádio e finalmente de forma explosiva pela TV, agora as redes sociais passam a cumprir a função dos meios de comunicação tradicionais.

7. Por um lado -via redes- ganham velocidade e alcance, mas, por outro lado, pela característica desierarquizada, individualizada e pulverizada das redes, esse multiplicador das redes tem um grau muito grande de dispersão. De certa forma ocorrendo o que Tarde entende como fluxos de opinamento, nos pontos onde surgem convergências, as redes aceleram a formação de opinião enormemente.

8. Tarde destaca os indivíduos iniciadores de fluxos (que chama de “loucos”). Nas redes, com certeza o número e a proporção de “loucos” é muito maior que no boca a boca pessoal. E a quantidade de fluxos de opinamento aumenta nesta proporção. A TV e os jornais sabem tanto disso. Depois de resistirem entrar neste jogo, hoje são parte integrante e importante dele.

* * *

“QUEM GANHA COM OS JOGOS OLÍMPICOS É O COI!”

(BBC, 18) 1. E em meio aos prognósticos de que a situação neste ano não melhorará, a BBC ouviu economistas e analistas para saber se os Jogos poderão agravar ainda mais o cenário ou até trazer benefícios econômicos. “Quando falamos sobre retorno econômico financeiro, a conta parece não fechar em lugar nenhum do mundo”, diz o economista Juan Jensen, ‎da 4E Consultoria e professor do Insper. Para ele, o balanço financeiro dos Jogos é “deficitário”.  

2. O especialista em Gestão, Marketing e Direito no Esporte da FGV Pedro Trengrouse, que foi consultor da ONU para a Copa, afirma que os Jogos Olímpicos “são um bom negócio para o COI (Comitê Olímpico Internacional), mas nem tanto para o país-sede. “É preciso desmistificar essa ideia de que Jogos Olímpicos têm o poder de transformar a realidade de uma cidade.

3. Sem o “lucro” imediato com o evento, a melhor estratégia, segundo Jensen, é fazer das duas semanas de Jogos uma “bela festa” para que isso contribua para a imagem do Rio de Janeiro como destino turístico – algo que pode gerar ganhos econômicos à cidade e ao país no futuro.

* * *

COMÉRCIO ENTRE PAÍSES DA AMÉRICA LATINA CAIU 21% EM 2015!

(Estado de SP, 21) 1. A evasão fiscal chega a US$ 320 bilhões anuais nos países latino-americanos, segundo a secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Barcena. O dinheiro enviado ilegalmente ao exterior soma US$ 150 bilhões por ano. O estudo com esses dados e informações detalhadas por país ainda será publicado pela organização. A secretária Alicia Barcena coordenou ontem à tarde, no Fórum Econômico Mundial, um painel sobre transformações na região.

2. Ela mesma contribuiu com um dado importante para mostrar a baixa integração econômica na região. No ano passado, enquanto o comércio exterior latino-americano diminuiu 14%, as trocas intrarregionais encolheram 21%. Os países mais fechados da América Latina continuam sendo os do Mercosul e sua negociação mais ambiciosa – com a União Europeia – continua emperrada.

19 de janeiro de 2016

DUAS QUESTÕES: ESTRATÉGIA POLÍTICA E HERANÇA NA CRISE FISCAL DO ESTADO DO RIO!

1. O governo Pezão completará em março 2 anos de mandato. Portanto, todos os dados e informações fiscais estavam disponíveis para sua equipe desde março de 2014. É compreensível que durante o ano eleitoral de 2014 não pudesse levantar o quadro crítico que já se vivia, independente dos royalties do petróleo. Receitas em 2014, como R$ 5 bilhões na venda de imóveis, não poderia se repetir, assim como um endividamento crescente com empréstimos privados e garantia da União, que alcançaram em 2014 quase R$ 10 bilhões. A execução orçamentária até agosto/2014 já acusava um déficit primário de R$ 7 bilhões.

2. Mas passadas as festas e comemorações pela vitória, as medidas drásticas já deveriam ser adotadas, especialmente porque a grave situação econômica do país e fiscal do governo federal estavam abertas, além das repercussões na economia do Estado do Rio, como a queda do preço do barril do petróleo, a crise no setor automobilístico, no setor siderúrgico, no setor imobiliário e na cadeia da Petrobras. Ganhar tempo contando apenas com receitas por uma vez (depósitos judiciais, anistia…) seria um respirador provisório que meses depois seria insustentável. Como o foi.

3. Logo depois de a equipe do governador Cabral entregar os cargos no final de 2014, caberia a nova equipe aplicar um ensinamento de Maquiavel, tão repetido: “Maldade se faz de uma vez, e bondade aos pouquinhos”. Criaram-se falsas expectativas, incluindo o apoio da amiga Dilma, que naturalmente seria limitado pela crise fiscal federal e pela paridade federativa a ser exigida por outros Estados em crise. O desdobramento espontâneo foi o aumento exponencial das inadimplências do governo, que terminaram atingindo os servidores já no final de 2015.

4. E a partir daí cria-se um quadro político que dificulta enormemente a introdução de medidas na profundidade necessária. O ano de 2016 é ano eleitoral, o que envolve o interesse dos deputados estaduais por onde as medidas terão que tramitar. Aquelas relativas a aumento de impostos tramitam com mais facilidade e algumas já foram adotadas. Mas aquelas que afetam a remuneração real dos servidores são de difícil tramitação ou acordo. E perdeu-se o prazo para aplicar o ensinamento de Maquiavel.

5. Além da herança de curto prazo recebida, ainda há a herança de longo prazo, cujo efeito cumulativo foi construindo um quadro previdenciário particularmente delicado. Quando do processo de Fusão entre os Estados do Rio e da Guanabara, a lei relativa determinou que todas as responsabilidades previdenciárias da Guanabara fossem inteiramente repassadas ao Estado do Rio. O novo município –Rio de Janeiro- foi criado sem nenhuma responsabilidade previdenciária. As despesas previdenciárias só viriam com as novas aposentadorias e pensões. Mas as receitas continuaram a entrar, gerando um sistema previdenciário fortemente superavitário por quase 20 anos.

6. Com isso, o IPERJ –estadual- foi esfacelado. A tentativa de reconstrução veio com a lei de criação do Rio-Previdência. Mas outra vez se caiu na armadilha (ou na transferência de responsabilidades para o futuro), com a generosa decisão do presidente FHC de emprestar (antecipar royalties) R$ 9 bilhões de reais para “capitalizar” o Rio-Previdência, cuja amortização do principal seria feita com o barril do petróleo a 17 dólares. Não houve a capitalização e sim o facilitário de receitas novas para cobrir despesas diversas.

7. E mais grave agora, com o barril do petróleo a 30 dólares, se aproximando dos 20 dólares, a receita líquida dos royalties (com o ressarcimento do empréstimo dos R$ 9 bilhões por um barril hipotético de 17 dólares) fica reduzida ainda mais que proporcionalmente à redução do preço do barril.

* * *

BTG CONFIRMA PEDIDO DE FALÊNCIA DA LEADER!

(Estado de SP, 19) A crise que se instalou no BTG Pactual, desde a prisão do fundador André Esteves em novembro do ano passado, acabou de ganhar mais um capítulo. A varejista Leader, controlada pelo banco, teve sua falência pedida na semana passada pela família Furlan, fundadora da rede de lojas Seller – que foi comprada pela Leader em 2013. O pedido judicial de falência foi confirmado pelo banco em um comunicado ao mercado na noite de sexta-feira. Um atraso no pagamento de uma parcela referente à venda da varejista do interior de São Paulo foi o que motivou o pedido de falência.

18 de janeiro de 2016

AS TARIFAS DE ÔNIBUS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO!

1. Em 1992, quando venceu a eleição para prefeito do Rio, a primeira medida adotada por Cesar Maia foi unificar as tarifas de ônibus. Eram cinco, proporcionalmente às distâncias, o que prejudicava os moradores das Zonas Oeste e Norte do Rio. Foi uma medida fundadora no Brasil. Se não fosse isso, hoje as linhas radiais estariam custando mais que o dobro. As radiais de Santa Cruz e Campo Grande pelo menos 8 reais.

2. As linhas de ônibus são permissões do serviço público que são autorizadas como concessões. Durante muitos anos, desde o princípio do século XX até o final eram autorizações, ou seja, as linhas eram autorizadas individualmente por ato da Prefeitura e depois do governo da Guanabara e do Município do Rio de Janeiro.  Essa transformação em permissão até se chegar à concessão ocorreu por pressão do Ministério Público.

3. Foi fixado um prazo para as concessões, que venceriam em 1998 (prefeito Conde), mas foi prorrogado por lei para 2008. Em 2008, a prefeitura do Rio (Cesar Maia) iniciou o processo de licitação das concessões das linhas, enfrentando enorme dificuldade pela resistência política e empresarial e a negativa de informações. Mas havia informações de cada linha de ônibus e, assim, foi aberta a licitação onde a empresa vencedora seria a que oferecesse a menor tarifa. A expectativa é que ocorresse uma redução média de 25% nas tarifas.

4. As empresas conseguiram interromper esse processo por decisão judicial através de mandado de segurança. Entrando o novo governo (Eduardo Paes), a licitação foi cancelada e aberta uma nova. Surpreendentemente, as concessões –das mesmas linhas, basicamente- foram feitas sem nenhum pagamento. Ao mesmo tempo, o Estado licitava uma ou outra linha da Baixada à Barra da Tijuca, etc., e o valor individual na época era de quase 20 milhões. Um levantamento do valor global das linhas intramunicipais por 20 anos prorrogáveis acusava mais de 30 bilhões de reais. São Paulo, neste momento, está licitando por mais de 40 bilhões de reais.

5. Uma vez garantida as linhas de ônibus sem nenhum pagamento pela concessão, se iniciou um processo de aumento da lucratividade das tarifas. O reajuste do custo da tarifa é o custo da mão de obra + o custo dos materiais e equipamentos + a depreciação + os impostos e a taxa de lucro. Isso tudo é multiplicado pelo que que se chama de IPK, ou Índice de Passageiro por Quilômetro.

6. Se um ônibus leva 50 passageiros, o IPK é muito maior do que se leva 100 passageiros, ou seja, o custo por passageiro é muito menor levando mais passageiros. A atual Prefeitura do Rio adotou medidas que reduziram muito o IPK e, portanto, reduziram o custo unitário das passagens. Os BRTs são uma dessas medidas, eliminando linhas de ônibus. Os passageiros sentem isso na superlotação que enfrentam. A eliminação de milhares de vans e de Kombis, da mesma forma, obrigando os passageiros a usarem os ônibus. Os corredores exclusivos de ônibus da mesma forma.

7. E mais recentemente a eliminação de dezenas de linhas de ônibus, reduzindo o IPK das linhas que passarão a cobrir os trajetos diretamente ou com baldeação. Com a significativa diminuição do IPK, ou seja, com a redução do custo unitário das passagens de ônibus, se esperava que as tarifas de ônibus fossem reduzidas proporcionalmente.

8. Mas o que ocorreu foi ao contrário. Na cidade do Rio de Janeiro –este mês- as tarifas de ônibus foram reajustadas em 11% para uma inflação de 10%. O menor IPK serviu –apenas- para aumentar o lucro unitário das tarifas das empresas de ônibus, onerando os cidadãos.

* * *

OSs NA SAÚDE DA PREFEITURA DO RIO GASTAM TODO O IPTU ARRECADADO!

(Globo, 18) Quase 40% do orçamento da saúde. Nos últimos cinco anos, o orçamento destinado pelo município às OS aumentou à medida que novas parcerias surgiram. Até 2015, as oito investigadas foram contratadas para receberem um total de cerca de R$ 9,2 bilhões, ficando efetivamente com 64% do valor: aproximadamente R$ 6 bilhões. No orçamento de R$ 4,9 bilhões da saúde para 2016, aprovado pela Câmara, as organizações sociais terão 38,8%, ou R$ 1,9 bilhão. O valor é maior do que a maioria dos orçamentos previstos para os 32 órgãos do Poder Executivo, só perdendo para Educação (R$ 6,6 bilhões), Saúde (R$ 4,9 bilhões), Administração (R$ 4,8 bilhões), Obras (R$ 2,7 bilhões) e Conservação (R$ 2,6 bilhões).

15 de janeiro de 2016

CRIMES DE RESPONSABILIDADE DA PREFEITURA DO RIO!

1. Estatísticas dos Requerimentos de Informação apresentados pelo Vereador Cesar Maia durante todo ano de 2015. A Prefeitura do Rio respondeu apenas 1 de 44 (6 desses ainda têm prazo, ou seja, 37 sem respostas com prazo estourado) até o momento. 37 crimes de responsabilidade conforme a Constituição do Brasil.

2. Estatísticas de Requerimentos de Informação – 2015. Levantamento de 7 de janeiro de 2016.

44 para Município
2 para o Estado
2 para TCM
1 para CEDAE
1 para Judiciário Estadual
1 para LIGHT
1 para Câmara Municipal
1 para Agência Nacional do Petróleo
1 para INSS
1 para Concessionária Porto Novo
1 para Aeronáutica
Total: 56

Respondidos
1 Município (RI 1286/2015 – Respondido dentro do prazo pela SMA)
1 CEDAE
1 Judiciário Estadual
1 Agência Nacional do Petróleo
1 INSS
Total: 5

Observações:
* APENAS Prefeitura e a própria Câmara têm obrigação de responder
* Os 6 mais recentes para o Município ainda estão no prazo para resposta
* Com prazo estourado e não respondidos até hoje temos 37 RIs para o Município em 2015.

                                                    * * *

AGORA O PROBLEMA É A SAÚDE DOS ANIMAIS! IBAMA FECHA ZOO DA PREFEITURA DO RIO!

(Folha de SP, 15) 1. Constatando más condições no zoológico do Rio, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) suspendeu a visitação do público até que a administração do espaço se adeque às exigências do órgão.

2. O instituto aplicou multa diária de R$1 mil à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, à qual a Fundação Rio Zoo, que gere o zoológico, é subordinada. O Ibama diz que encontra irregularidades no zoológico desde 2012, e que a fundação já fora notificada.

3. As principais irregularidades dizem respeito à densidade populacional nas instalações e à necessidade de obras estruturais urgentes. A inadequação da densidade populacional é especialmente grave em recintos que abrigam aves.
Os problemas estruturais constatados pelo Ibama incluem espaços de tamanho inferior ao que diz a legislação, ausência de áreas de abrigo e fuga e acúmulo de lixo.

                                                    * * *

DEMOCRACIA DIGITAL!

(Marta Suplicy – Folha de S. Paulo, 15) 1. Sob a guarda da internet, e por esta potencializada, se processa uma verdadeira revolução no processo político contemporâneo. O fenômeno é global. As pessoas, jovens especialmente, manifestam-se e influenciam os processos decisórios da sociedade, mas o fazem, porém, longe dos canais partidários. Fomentam a democracia direta.

2. Ninguém ainda descobriu os limites dessa política 2.0 que inunda as redes sociais. Alguns a saúdam, por enxergarem nela uma superação do velho regime republicano, representativo, baseado na eleição de vereadores, deputados, senadores. Outros enxergam nela apenas um modismo, que mobiliza as pessoas, mas jamais conseguirá sobrepujar a democracia assentada nos partidos políticos.

14 de janeiro de 2016

UM QUADRO MUITO ADVERSO À CONTINUIDADE DO PMDB NO RIO DE JANEIRO – ESTADO E CAPITAL!

1. Há 5 razões principais para antecipar as dificuldades que o PMDB terá para manter controle do governo do Estado em 2018 e da Prefeitura da Capital em 2016. A primeira é o quadro geral da economia do país, que afeta mais que proporcionalmente a economia do Rio de Janeiro. Isso ocorre em geral em todo o Estado. O efeito econômico não é apenas relativo à Petrobras e ao preço do Petróleo e seu impacto fiscal em função dos royalties. Da mesma forma, desabam o setor imobiliário na capital, o setor siderúrgico, o setor automobilístico. O desemprego mais que dobrou no período, cresceu o emprego precário, a perda de nível em postos de trabalho através da rotatividade e explodiu o desemprego juvenil com os nem-nem (nem estuda, nem trabalha).

2. Em segundo lugar, é ingenuidade a Prefeitura da Capital querer se diferenciar do Estado através de atos, fatos e declarações. O eleitor não diferencia desemprego e a crise nos serviços públicos por responsabilidade estadual ou municipal, especialmente quando é o mesmo partido que governa as duas instâncias de governo. Nesse sentido, a Prefeitura da Capital assumir dois grandes hospitais na Zona Oeste não é ato de solidariedade, mas de sobrevivência. Na pesquisa GPP de dezembro-2015, Saúde com 54% era destacada como o mais grave problema da Capital (mais que Segurança 24%).

3. Em terceiro lugar, a expectativa que o PMDB da Capital tinha em relação aos Jogos Olímpicos de 2016, como efeito político favorável, se desintegrou. Em dezembro de 2015, em pesquisa na Capital, o GPP mostrou que enquanto 42% acham a Olimpíada positiva para o Rio, 52% acham negativa.  Esses números tendem a se agravar, pois o enorme destaque da Olimpíada –suas obras, etc.- terminam produzindo uma reação espontânea, nas pessoas que se sentem prejudicadas nessa conjuntura.  Se falta tudo –dizem- porque gastam tanto nesse evento.  Normalmente estes grandes eventos, pelas restrições que impõem a mobilidade e ao funcionamento dos serviços públicos, geram uma percepção crítica naqueles que não estão envolvidos com o evento.  Mas agora com um entorno crítico como o atual, se produz uma sinergia entre as duas reações.

4. Em quarto lugar o impacto estadual sobre os servidores públicos. Mais de 60% dos servidores estaduais ativos, inativos e pensionistas do Estado vivem e/ou trabalham na Capital.  E pelo fato do PMDB estar governando Estado e Capital, entendem que a responsabilidade pelos problemas que enfrentam, é comum, e não estão dispostos a mantê-lo no poder –seja em 2018 seja em 2016. Isso se agrava muito pelas relações pessoais, sejam de parentesco, ou de proximidade e o multiplicador delas. E nas funções que tem contato direto com as pessoas, como Saúde e Educação, muito mais.

5. Finalmente, em quinto lugar a questão política. Durante anos –Estado e Capital- exaltaram o casamento com o governo federal.  Agora com os desgastes político de Dilma, do PT e de Lula que são maiores no Rio de Janeiro, a proximidade dos três só produz desgaste no PMDB local. E nem um nem outro pode fazer gestos de distanciamento ou de crítica. Ambos tem que frequentar Brasília e eventos, abraçados. Ambos dependem do governo federal para não naufragarem de vez com a interrupção de obras que dependem amplamente dos repasses federais ou mesmo de empréstimos (vide Metrô do Rio).

6. Uma equação político-eleitoral muito difícil para o PMDB superar: quase insuperável.

* * *

A CRISE DO RIO: PASSO O PONTO!

(Paula Cesarino Costa – Folha de SP, 14) 1. A rua Vinicius de Moraes é delimitada pela praia de Ipanema, na esquina com a Vieira Souto, e pela Lagoa Rodrigo de Freitas, margeada pela avenida Epitácio Pessoa. São apenas sete quarteirões. Nesta semana, placas de “passo o ponto” ou “aluga-se” decoravam seis pontos comerciais (quase 10% dos que estão à vista). No coração de um dos bairros mais turísticos do Rio, a crise assombra quem passa por lojas fechadas e obras abandonadas ao meio.

2. Dados da empresa Buildings indicam o crescimento de imóveis vagos em 2015, chegando a 13% em toda a cidade do Rio de Janeiro; na zona sul, são 7%. Esse cenário se completa com a queda assustadora do rendimento médio real da população ocupada no Rio, que teve a maior retração das seis principais regiões metropolitanas. Entre novembro de 2014 e novembro de 2015, houve redução de 10% contra a média de 8,8%, segundo o IBGE. Se considerados apenas os empregados no comércio, a queda foi ainda maior, de 16,4%. No lugar das vitrines multicoloridas e de novos negócios, abandono e placas de aluga-se e passo o ponto.

13 de janeiro de 2016

TRANSIÇÃO E PÓS-TRANSIÇÃO: QUAL O JOGO A SER JOGADO EM 2018?

1. Este Ex-Blog, anos atrás, comentou casos que em processos de transição política, de forma aparentemente surpreendente, o líder responsável por esta mesma transição desmonta eleitoralmente na eleição seguinte. Lembramos dois casos destacados de forma ampla pela imprensa e pelos analistas: Adolfo Suarez, o condutor da transição espanhola à democracia e Ulysses Guimarães, o condutor da transição brasileira à democracia.

2. Qual a razão do fracasso rotundo, abismal desses dois grandes líderes na eleição que se seguiu à transição democrática, e de outros? A explicação mais comum dos analistas é que de tal forma os líderes da transição à democracia estavam tão natural e inexoravelmente envolvidos no processo, que quando a transição culmina, a memória do eleitor grava não só a força política que será expelida pela transição, como a força política que ganhou protagonismo e destaque ao impulsionar a mudança. É como se fosse uma moeda e suas duas faces.

3. Esta introdução deve nos levar a pensar em profundidade o processo político brasileiro atual. A primeira pergunta é: Trata-se de uma transição? A resposta a ser dada é SIM. Quem transformou uma natural alternância democrática em transição, em mudança, foi o PT, ao afirmar a continuidade de seu projeto como algo necessário e inevitável para o interesse dos mais pobres e do país.

4. Essa afirmação convenceu muitos e se manteve assim, como um pensamento hegemônico, durante mais de 10 anos, desde 2002 até meados de 2013, quando as manifestações -espontâneas e massivas- desintegraram esta lógica. A partir daí, a alternância passou a ser mudança e a dinâmica política passou a ser de transição a um “novo” regime de democracia econômica, política, social e ética.

5. A questão que se coloca é: Que forças serão jogadas para fora do tabuleiro nessa transição? O PT, obviamente. O PMDB, provavelmente. E que força de oposição? Provavelmente aquela que mais destaque consegue, seja pela presença maior de seus líderes, pela própria cobertura que faz a imprensa, construindo um sistema binomial inexistente. Inexistente pois a pulverização da Câmara de Deputados é mostra disso, com 28 partidos e onde aquele de maior bancada -o PT- não chega a 15% dos parlamentares.

6. A suave oposição do PSDB talvez explique os cuidados que tem tido nessa transição, de forma a não se atracar de tal forma com o PT que produza um abraço de afogados. Numa lógica política de personagens, como a nossa, a dinâmica dessa transição tenderá a afogar personagens e exaltar personagens. Não é difícil indicar os nomes dos personagens que se afogarão nessa transição. Também não é difícil sugerir nomes de personagens da oposição que correm sérios riscos para 2018.

7. Alguns políticos mais experimentados avaliam este quadro e sentem que os espaços para se lançarem como os personagens pós-transição está aberto, deixando os personagens da transição para trás. Seria até irresponsável destacar afirmativamente esses personagens, até porque a volatilidade da política brasileira não permite fazê-lo seriamente.

8. Mas alguns políticos já sentiram que o jogo é esse e que se propõe a jogá-lo para liderar na eleição de 2018 a pós-transição. Talvez, por isso, Marina Silva, Ciro Gomes e Álvaro Dias, todos eles com forte carisma a seu modo, já se anteciparam nesse processo. Marina quer derrubar a chapa Dilma-Temer e, com isso, se apresentar como candidata a eleição já e a reeleição em seguida. Ciro Gomes foi para o PDT como candidato a presidente. Álvaro Dias foi para o PV como candidato a presidente.

9. Isso não garante competitividade deles, mas sinaliza que esse é o jogo que -assim- será provavelmente jogado, com estes ou outros nomes.

* * *

ENERGIA EÓLICA AVANÇA NO BRASIL!

(Maria Cristina Frias – Folha de S. Paulo, 11) 1. A instalação de parques de energia eólica foi recorde no ano passado no Brasil. No total, foram 111 inaugurações, um aumento de 15% em relação a 2014, quando passaram a funcionar 96 centrais. A capacidade instalada de energia incorporada ao sistema foi de 2,75 gigawatts, 10% a mais do que em 2014. Na soma, a capacidade é a mesma que seria gerada por uma hidrelétrica de grande porte, afirma Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica, a associação do setor.

2. O investimento para a expansão dos parques eólicos em 2015 foi de R$ 19,25 bilhões.  O custo de cada novo megawatt de energia eólica fica entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões, diz Horst Kesselmeier, diretor da Statkraft, empresa de capital norueguês.   Hoje a empresa tem um parque de 57 máquinas em operação que gera 100 MW, mas um novo está nos planos para 2016, com capacidade de 30 MW, na cidade de Brotas de Macaúbas (BA). O principal risco para os investimentos são eventuais atrasos nas construções de linha de transmissão de energia, segundo o executivo.

3. 6,2% é o quanto a eólica representa da matriz elétrica do país.

4. Ranking.

12 de janeiro de 2016

SUGESTÕES AOS CANDIDATOS A PREFEITO PARA O PRIMEIRO SEMESTRE!

1. No último dia do mês de janeiro as prefeituras são obrigadas a publicar a execução orçamentária relativa a 2015. Aí estão as receitas, as despesas por natureza, por secretária e por função, a dívida pública, o balanço previdenciário, as aplicações constitucionais em educação e saúde e um quadro muito importante –resultado primário- pois compara o ano de 2015 com 2014 e permite uma visão mais ampla.

2. A difícil situação financeira dos municípios termina caindo na cabeça dos servidores. A visão fiscal ortodoxa –em geral adotada pela imprensa- aponta neles os ajustes fiscais. Esse tema vai desgastar os atuais governos e deve ser destacado pelos candidatos de oposição. Idem a previdência dos servidores. Nos primeiros meses, os prefeitos em exercício terão mais fôlego em função da antecipação do IPTU. Isso dura até junho.

3. Saúde e Educação são temas de desgaste de quem governa, especialmente nessa conjuntura. São despesas vinculadas constitucionalmente. O número de servidores destas duas secretarias, incluindo terceirizados, soma mais de 60% do total. Servem para desgastar, mas não para capitalizar. Os candidatos de oposição, em geral, não capitalizam, pois os profissionais dessas áreas já estão cansados de promessas.

4. A pré-campanha é muito importante. É ela que cria os cenários, os personagens e os temas para a campanha eleitoral. A pré-campanha –até julho- é como se fosse a primeira parte de uma novela. As restrições da lei eleitoral nessa fase não inibem os espaços para fazer política, portanto, para colocar no palco os temas, os personagens e os cenários. Só inibe a campanha explícita eleitoral: votem em fulano para tal coisa.

5. As redes sociais são fundamentais para a pré-campanha. Na lógica das redes sociais, a crítica tem um multiplicador muito maior e, por isso, espalham muito mais o desgaste dos alvos políticos. Por isso, toda a parte propositiva –alternativas- deve ter foco e recorte nas redes sociais.

6. Este ano o número de inserções (comerciais) aumentou muito. Os candidatos a Vereador não terão mais blocos, aliás, sempre chatos e ridicularizados. Por isso, desde já se deve pensar bem como aproveitar os comerciais, levantar o número deles para cada partido (aqui não entram as coligações para vereador, só para prefeito) e –em função da frequência- avaliar o que será mais memorizável. E os partidos avaliarem como distribui-los.

7. A questão chave nas eleições majoritárias –no caso prefeitos- é a taxa de confiança nos candidatos. Essa é a parte essencial da TV. Nas cidades menores, o porta a porta tradicional ganhou uma enorme sofisticação depois da campanha dos republicanos nos EUA em 2004.

8. Não se assuste com os números de abstenção, brancos e nulos nas pesquisas. Esses números somados alcançam algo como 25%. Nas pesquisas, neste ano de crise, devem crescer. Mas isso atrasa a decisão do eleitor que decide cada vez mais na parte final. Guarde munição para os últimos 15 dias ou menos. A munição deve ser usada numa curva ascendente em direção ao dia da eleição.

9. Com a proibição de financiamento por parte das empresas, os recursos aplicados em campanha serão muito menores e a fiscalização será muito mais intensa e mais fácil de fazer. Estimula o caixa 2, que passa a ser um risco muito maior que antes.

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41% DOS IMÓVEIS VENDIDOS FORAM DEVOLVIDOS ÀS CONSTRUTORAS EM 2015!

(Estado de SP, 11) 1. Se o setor imobiliário tivesse de escolher uma palavra para se lembrar de 2015, ela certamente seria “distrato” – jargão usado pelas empresas, e agora também conhecido dos consumidores, para devolução de imóveis comprados na planta. Esse foi o pesadelo de incorporadoras e proprietários de imóveis novos no ano passado, quando o setor registrou recordes históricos no volume de devoluções.

2. O levantamento recente da agência de classificação de riscos Fitch, com nove companhias, mostra que, de cada 100 imóveis vendidos, 41 foram devolvidos de janeiro a setembro de 2015. Isso significa quase R$ 5 bilhões de volta às prateleiras das grandes empresas. “Historicamente, o porcentual de distratos girava em torno de 10%, um patamar saudável para a indústria”, diz Meyer Nigri, fundador da Tecnisa e vice-presidente da Abrainc, associação que reúne as 18 maiores companhias do setor.

3. Os distratos sempre existiram, mas eram exceção, pois o comprador que decidia se desfazer de uma unidade até a entrega das chaves em geral conseguia negociá-lo com outro interessado por um valor maior do que tinha desembolsado até ali. Agora, vender “por fora” significa perder dinheiro, já que o preço do imóvel está em queda e as incorporadoras estão cheias de unidades para desovar. Em 2016, no entanto, vai persistir. O relatório da Fitch estima que, se 35%das unidades vendidas forem canceladas, os distratos chegariam a R$ 6 bilhões entre as principais empresas do setor.

11 de janeiro de 2016

DILMA E A TEORIA DO VIOLINO!

1. Uma conhecida e repetida assertiva política aplicada à economia é que a boa política econômica é aquela da Teoria do Violino, quando um governo segura a economia com a esquerda e toca com a direita.

2. Isso, em geral, ocorre quando a economia está em equilíbrio e vai bem. Dessa forma, um governo de esquerda se garante contra oscilações brutas e perda de controle. Mas com a economia em crise, um governo de esquerda deixa de ser destro e assume sua natureza de canhoto.

3. Com Lula empurrado pela economia internacional, com vento a favor e a economia arrumada em seus fundamentos (fiscal, cambial e monetário), a Teoria do Violino funcionou até 2008. Quando veio a crise financeira global de 2008, o violino caiu e quando voltou a ser tocado obedeceu a lógica do canhoto.

4. Dilma assumiu segurando o violino como canhota. Segurava com a direita para fins de comunicação e agradar a elite e a mídia, mas tocava com a esquerda e de forma cada vez mais intensa, insinuando acordes fortes da Quinta Sinfonia de Beethoven.

5. Com a crise se tornando explícita e profunda pós-eleição de 2014, Dilma, sem saber o que fazer, chamou Joaquim Levy para assumir o violino. Ela seguraria com a esquerda e ele tocaria com a direita. Não durou um ano.

6. E não há como durar mais. A esquerda -política, petista e sindical- não quer servir de apoio ao braço do violino. E a direita econômica não quer mais ser usada para acalmar os empresários, os economistas e a opinião econômica e política internacionais.

7. O violino de Dilma caiu no chão. Ninguém quer segurar. A oposição propõe impedir o violonista de tocar. E Dilma só tem uma política: conseguir que tenha autorização para segurar o violino até 2018. Mas sem saber que mão o vai segurar e que mão o vai tocar.

8. Daqui para frente a orquestra tocará um concerto para violino…, sem violino. Ou se preferir: não há como essa orquestra tocar mais.

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DESOCUPADOS HÁ MAIS DE 7 MESES CRESCERAM DE 24,1% PARA 33,8% EM 2015!

(Estado de SP, 10) 1. Em pouco mais de um ano, o brasileiro saiu do quase pleno emprego para engrossar a fila dos desocupados, sem data para voltar ao mercado de trabalho. Um levantamento feito pela Tendências Consultoria Integrada, mostra que, com a rápida deterioração da atividade econômica em 2015, o trabalhador está demorando mais tempo para conseguir um novo emprego.

2. O porcentual de desocupados há mais de sete meses subiu de 24,1%, em janeiro do ano passado, para 33,8% em novembro – o maior nível mensal desde 2006. A faixa que mais cresceu foi a que inclui desempregados entre 7 e 11 meses, cujo porcentual dobrou no período, de 7,3% para 14,2%. Enquanto isso, o porcentual de trabalhadores que conseguia emprego no curto prazo, em até 30 dias, caiu de 29,6% para 20,2%. A faixa entre 31 dias e seis meses ficou estável, com 46% dos desocupados.

3. Segundo Thiago Xavier, economista da Tendências, a recolocação mais lenta dos trabalhadores desestimula a busca por uma nova vaga e pressiona o aumento da população desalentada, que desiste de procurar emprego. Ele explica que esse grupo de trabalhadores cresceu 17,6% no acumulado de 12 meses até novembro de 2015. No mesmo período do ano anterior, havia queda de 8,25% nessa população. “Em parte, a demora para conseguir emprego também explica a reversão da tendência de crescimento da população economicamente ativa (a partir de outubro).”

08 de janeiro de 2016

AS ÚLTIMAS DA SAÚDE-RJ E DO MARACANÃ!

A. SAÚDE! 1. Em sua primeira entrevista, o novo secretário de saúde do Estado do Rio foi eloquente em relação às despesas de sua secretaria, mostrando que o corte de custos será drástico, propondo até municipalizar hospitais e UPAs.

2. Na verdade, o que o secretário de saúde deveria garantir é que cumprirá sua obrigação constitucional de aplicar 12% das receitas constitucionais em saúde. E que fará os ajustes necessários para aumentar a produtividade e ampliar e diversificar os atendimentos cirúrgicos, ambulatoriais, exames, etc.

3. Se o governo do estado não vem aplicando os 12% em saúde, incorrendo em crime de responsabilidade, a redução de custos, coibindo os desvios e os erros, assim como a municipalização de hospitais e UPAs, servirá para aumentar os atendimentos e melhorar a qualidade e a diversidade dos mesmos e não reduzir o gasto global. As funções de saúde e educação são especiais e vinculadas constitucionalmente, e a boa gestão dos serviços deve ampliar o público atingido e a qualidade dos atendimentos.

B. MARACANÃ! 1. Quem ainda não sabia ou não acreditava que o fechamento do Engenhão tinha sido orquestrado pela concessionária do Maracanã para garantir o controle dos grandes clubes de futebol e aumentar as receitas agora ficou sabendo.

2. Com o encerramento antecipado em mais de 20 anos do contrato de concessão e a demissão dos funcionários, o temor em falar terminou, e agora se sabe o que se sabia nos bastidores. Não havia nenhum risco na cobertura do Engenhão e os ajustes na retirada dos suportes eram normais e previsíveis.

3. Nenhuma corrente de ventos -levando em conta os recordes ocorridos no sudeste- afetaria minimamente a cobertura. Quem acompanha de dentro as “obras” sabe disso. E por esta razão a empreiteira concessionária do Maracanã sequer reclamou quando a prefeitura informou que ela deveria assumir os custos do falso reforço que seria colocado.

4. Agora -reassumindo o Maracanã- virá mais uma despesa para o Estado. Um castigo para a fraude.

07 de janeiro de 2016

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS: O VERDADEIRO X DO PROBLEMA DE 2014!

1. A versão da oposição, especialmente do PSDB, assim como de analistas acadêmicos e da grande imprensa para a vitória de Dilma na eleição presidencial de 2014 foi de um golpe eleitoral com falsificação de dados e da real situação da economia brasileira.

2. Mas se olhando a campanha em toda a sua dinâmica e cronologia, se verifica que a razão insistentemente explicada pelo estelionato eleitoral não se sustenta. Usando o tradicional binômio -razão/emoção- para explicar a decisão de voto, a explicação via estelionato eleitoral é, em boa medida, simplista.

3. Por mais que a coordenação da campanha presidencial à reeleição quisesse ser realista, não poderia projetar o desastre econômico que se seguiu. Alguma dose de otimismo teria que acompanhar a campanha no segundo turno. FHC, na campanha à reeleição de 1998, fez diferente? Os populismos fiscal e cambial que adotou foram muito diferentes?

4. Certamente não. A diferença veio após a vitória, quando as medidas corretivas foram adotadas, comprovando uma situação pelo menos tão grave quanto em 2014. A rapidez com que foram adotadas medidas corretivas em 1999 mostra que havia consciência dos populismos fiscal e cambial adotados para vencer de qualquer jeito a eleição.

5. Mas e as motivações do eleitor? Samuel Popkin, em seu clássico “The Reasoning Voter”, introduz a -digamos- ‘teoria do atalho’. O eleitor médio não decide racionalmente na forma que se compreende o que seja uma decisão racional. Para Popkin, o eleitor médio utiliza atalhos para passar de sua prática, de seu cotidiano, para avaliar e projetar o que é melhor para ele.

6. As análises e fórmulas sofisticadas dos economistas publicadas na imprensa circulam apenas dentro das elites econômicas e políticas. Não são compreensíveis para o eleitor médio. Este parte de seu dia a dia e projeta sobre os candidatos a sua confiança ou não, em dias melhores com este ou aquele candidato.

7. O elemento chave que explica o resultado da eleição presidencial de 2014 foi a estratégia eleitoral da campanha de Dilma após a morte de Eduardo Campos e a ascensão de Marina Silva. Marina cresce e abre frente folgada sobre Aécio Neves. Nesse momento, todas as baterias da candidatura de Dilma apontam para Marina e vão se tornando crescentemente eficientes.

8. A postura da candidatura de Aécio -pela omissão ou pela suave indução- foi deixar que a estratégia de Dilma resultasse. E resultou a favor de Dilma e dele. A equação confiança / não confiança levaria Marina à vitória num segundo turno. A queda de sua candidatura e a ascensão de Aécio na reta final do primeiro turno desfez a equação confiança / não confiança e reabriu a busca dos atalhos pelo eleitor.

9. O resultado -um quase empate- traduziu isso.  E favoreceu Dilma, pois o atalho que diferenciaria a taxa de confiança foi mitigado com Aécio, em vez de Marina.

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“O COMPORTAMENTO DOS GOVERNANTES DO RIO DE JANEIRO NOS ÚLTIMOS QUATRO ANOS”!

(Deputado Luiz Paulo – Globo, 07) 1. Gastaram a rodo, se endividaram, apostaram que o petróleo estaria, sempre, em crescente valorização e que, associado à indústria automobilística, formaria um binômio arrecadador imbatível.

2. No período entre 2011 e 2015, adicionaram R$ 32 bilhões ao endividamento do estado. Foi um crescimento exponencial; e jactavam-se, à época, de ter conseguido espaço fiscal para tal. Não pensaram que poderia haver inverno (barril de petróleo perder preço e receitas se deteriorarem), nem mesmo quando sinais negativos foram emitidos pelo mercado em 2014.

3. Associada a uma governança perdulária, a Petrobras de vanguarda da cadeia produtiva de óleo e gás, responsável por um terço do PIB do Rio de Janeiro, ficou em situação crítica e seu valor patrimonial se reduziu em cinco vezes, nos últimos oito anos. Tal situação fez a cadeia produtiva do ICMS se deteriorar, agravada pela recessão/depressão da economia nacional, levando o imposto do estado a ter uma perda significativa de 15% em 2015, caindo a arrecadação para R$ 32 bilhões, de uma previsão de R$ 36,8 bilhões, um tombo de R$ 4,8 bilhões. A arrecadação total perdeu 20%, ficando reduzida a R$ 62 bilhões (média de 2012/13). O rombo do caixa atingiu R$ 4,571 bilhões, sendo 31% na área da saúde.

4. Registre-se que a situação não foi pior graças à colaboração que os poderes Legislativo e Judiciário deram ao Executivo, propiciando receitas extras ao caixa do estado de R$ 6,77 bilhões em depósitos judiciários e outros R$ 5 bilhões oriundos de legislações para resgate de receitas devidas.  Quem está pagando as contas negativadas do Rio de Janeiro é a população através dos seus impostos e recebendo, como contrapartida, políticas públicas inaceitáveis, principalmente nas áreas de saúde e segurança.

06 de janeiro de 2016

PT X PT: ONDE ESTÁ A REAL DIFERENÇA SOBRE A POLÍTICA ECONÔMICA DE DILMA!

1. De forma cada vez mais explícita, o PT se divide em dois PTs no apoio e crítica à política econômica de Dilma. Só que não há o PT mais e o PT menos importante. Há, na verdade, dois focos cuja diferença entre eles está no tempo político.

2. O primeiro foco se refere ao interesse político de curto prazo, a começar pelas eleições municipais seguidas por eleições sindicais e gremiais. Uma política econômica de forte ajuste fiscal, monetário e cambial produz amplo desconforto, a começar pela crescente taxa de desemprego, pela precarização do emprego e pela rotatividade para emprego de menor remuneração.

3. A amplíssima maioria do PT disputa poder nessas eleições locais, mesmo que muitos estejam empregados em nível federal nas administrações direta e indireta. A Lava-Jato eliminou a renda informal (ou por fora) e emagreceu as finanças partidárias. Derrotas em eleições municipais, sindicais e gremiais impactariam terminalmente setores importantes do PT acostumados às amizades políticas coloridas.

4. O segundo foco é o que prioriza as eleições de 2018 e entende que os sacrifícios em curto prazo, tenham a intensidade que tiverem, são fundamentais para manter a competitividade do PT em nível presidencial, de senadores, governadores e deputados federais. É este segundo vetor que é naturalmente hegemônico no governo federal.

5. São dois focos, duas estratégias incompatíveis. Atuam como se fossem dois partidos, um no governo e outro na “oposição”. Só se encontram e convergem na questão do impeachment de Dilma, pois isso anteciparia a debacle do conjunto.

6. É importante salientar que os estudos do politólogo Jairo Nicolau mostram que a vinculação, correlação maior entre todas as instâncias eleitorais se encontra nas eleições municipais e de deputados federais. Isso fortalece o primeiro foco.

7. O PT “curto prazista” defende uma política econômica e o exercício político de corte kircherista, alardeando que as críticas “neoliberais não foram confirmadas no ano eleitoral, seja pela popularidade ascendente da presidente Cristina Kirchner, como no resultado das eleições com vitória kircherista no primeiro turno e um quase empate no segundo, apesar de as pesquisas exaltarem uma vitória bem mais elástica de Macri.

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FUNDOS DE PRIVATE EQUITY QUEREM SUBSTITUIR EMPREITEIRAS NAS CONCESSÕES PÚBLICAS!

(Mercado Aberto, Maria Cristina Frias – Folha de S. Paulo, 05) 1. Os fundos de private equity pretendem ocupar espaços que antes eram dominados pelas construtoras, como concessões de aeroportos e contratos de obras de infraestrutura, diz Fernando Borges, presidente da ABVCap, a associação que reúne esses gestores de recursos.

2. “Licitações e concessões vão ser feitas com mais holofotes e escrutínio do que no passado. Será um ambiente mais favorável” à atuação de private equity, afirma Borges. Esses fundos fizeram mais investimentos em aquisições em 2015 do que no anterior, segundo o executivo, que trabalha no Carlyle.

3. “Historicamente, houve um pico [de investimentos] em 2013, com R$ 18 bilhões. Em 2014, caiu para R$ 14 bilhões. Ainda não temos os números de 2015, mas será mais do que isso.” A melhora aconteceu porque a incerteza sobre quem ganharia as eleições, em 2014, era um fator mais determinante para investimentos do que a recessão de 2015, diz.

4. O segmento tem cerca de R$ 123 bilhões comprometidos e R$ 30 bilhões não alocados. Uma parte desse dinheiro irá para aquisições, que devem ter momento favorável, afirma. Com a recessão “os preços finalmente diminuíram, caiu a ficha das empresas” na hora de precificar ativos. A perda de grau de investimento e as dúvidas políticas não influenciam tanto o setor. “Private equity olha para um horizonte maior”.

05 de janeiro de 2016

A CRISE E A REJEIÇÃO À POLÍTICA PELA JUVENTUDE!

1. Com os números do TSE, a Folha de SP (25/12) divulgou a tabela com a proporção de jovens entre 16 e 34 anos inscritos nos partidos políticos. Feita a tabulação para 2011 e 2015, o que se vê é uma forte redução da participação dos jovens nos partidos. O PT em 2011 tinha 25,7% de jovens entre seus militantes. Já em 2015 essa proporção havia caído para 19,2%. O PMDB, em 2011, contava com 13,7% de jovens e em 2015 com 10,8%. O PSDB contava com 19,7% de jovens em 2011, caindo em 2015 para 15,5%. O PDT em 2011 tinha 16,4% de jovens e em 2015 esse número caiu para 12,9%. No PP a proporção de jovens caiu de 12,8% para 9,6%. É de se imaginar que em um recorte até 20 ou 25 anos, essa queda seja ainda maior. A única exceção é o PSOL com 40,3% de jovens entre seus militantes.

2. Desde 1988, quando a Constituição reduziu a idade do eleitor para 16 anos, mas tornando o voto opcional entre 16 e 18 anos, que a proporção dos inscritos no registro eleitoral vem caindo. No Rio, a relação dos jovens de 16 a 18 anos inscritos sobre o número de jovens nessa faixa de idade, caiu progressivamente atingindo meros 10%.

3. Em 2015, até novembro, a polícia do Rio de Janeiro deteve 10.622 adolescentes entre 12 e 17 anos ou 32 por dia. Em 2008, nesse período, esse número era de 1.821 adolescentes detidos (Folha de SP, 30). O retorno dos arrastões nas praias da Zona Sul do Rio gerou um polêmico processo de pente fino no deslocamento dos jovens de bairros da cidade às praias. No mesmo momento, na manifestação política de dezembro de 2015, na avenida paulista –segundo o Datafolha- apenas 5% eram jovens de 12 a 20 anos.

4. A UNE foi aparelhada pelo governo Lula/Dilma com generosos subsídios. A UNE saiu das ruas depois de mais de 60 anos. O movimento estudantil passou a ser atividade de uma cúpula profissional: manipulado foi sendo despolitizado.

5. Esse processo afeta muito mais do que a atual conjuntura de crise econômica. Afeta novas gerações políticas que estariam sendo formadas na dinâmica de suas participações. Já se sente o envelhecimento da atividade política e especialmente das lideranças políticas num processo que é crescente e numa renovação declinante.

6. As pesquisas mostram a alta proporção de jovens decepcionados com o quadro moral e que veem a política como atividade suja. Esse é certamente o efeito mais grave do ciclo petista no poder culminando com uma crise moral, política, econômica e social, e rejeição à política formal.

7. E há um fenômeno que deve ser analisado em profundidade pela importância que tem. A crescente e significativa presença e participação parapolítica dos jovens através das redes sociais. Essa ocorre desconectada da dinâmica partidária e governamental. Na medida em que a lógica das redes é desverticalizada, horizontal e individualizada, é uma dinâmica que afasta os jovens dos canais formais de representação. Mas há exceções, que permitem olhar para frente e pensar na aproximação das redes sociais da política formal. Espanha, Grécia e Chile são exemplos, independentemente de cortes ideológicos.

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O WAHABISMO DA ARÁBIA SAUDITA É TAMBÉM RAIZ IDEOLÓGICA DOS FUNDAMENTALISMOS!

(BBC, 01) 1. Era de manhã em Karbala, cidade a cerca de 100 quilômetros ao sul de Bagdá, e o mercado local estava cheio quando todos ouviram gritos. Um grupo de homens vestidos de preto, levando espadas e bandeiras negras, invadiu o mercado matando crianças, mulheres, idosos e adultos.  Eles, então, avançaram pelas ruas até tomar o controle de toda a cidade. Alguns afirmam que, apenas neste dia, cerca de 4 mil pessoas morreram.

2. Os homens vestidos de preto que organizaram esta matança não eram do grupo autodenominado Estado Islâmico.   O massacre ocorreu há mais de 200 anos e o grupo era comandando por um dos primeiros governantes da Arábia Saudita, que acabava de formar um novo movimento religioso: o wahabismo.

3. O wahabismo, uma forma rígida e conservadora do islamismo e é, nos dias de hoje, a religião oficial da Arábia Saudita. E alguns afirmam que é o “pai ideológico” do Estado Islâmico.
“O wahabismo sempre foi descrito popularmente como a mãe de todos os movimentos fundamentalistas”, disse à BBC o professor Bernard Haykel, especialista em teologia e lei islâmica.

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PREÇOS DE MATERIAL ESCOLAR SOBEM ATÉ 35% EM 2016!

(Folha de SP, 05) 1. Além de impostos como IPTU e IPVA, o início de um novo ano no Brasil também é marcado por alguns gastos tradicionais à época, como a compra de material escolar.  Neste ano, os preços dos artigos escolares estão até 35% mais caros que no ano passado, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares e de Escritório (ABFIAE).

2. De acordo com a entidade, a valorização do dólar ante o real, que atingiu 49% em 2015, é o principal motivo da alta nos preços. “Mochilas, estojos e lancheiras irão subir mais porque são importados e, por isso, afetados rapidamente pela alta do dólar”, diz Rubens Passos, presidente da ABFIAE.

3. Segundo Passos, o aumento médio, que deverá ficar em 10%, só não é maior pois os produtores estão segurando o repasse ao consumidor.  “Os produtos fabricados aqui vão subir menos agora, pois se o reajuste for repassado de uma vez só, ninguém mais compra ou vende os produtos aqui no país. Então os produtores estão segurando